História Um amor (Luna parte 2) - Minha mãe não vai desistir de mim

LUNA

''Pensamos que você tinha se matado.''

Ela me olha com gelo no olhar. E eu sinto a punhalada certeira e ela sabe que me atingiu.

-Você nunca mais vai trancar a porta desse quarto, eu vou levar a chave. Por que nunca mais na minha vida eu vou descer novamente as escadas para chamar uma ambulância por achar que você está morrendo sozinha dentro desse quarto. Você é que vai me enterrar, está me ouvindo? E não o contrário!

Ela fala com tanta convicção de um jeito que faz com que mais lágrimas saiam dos meus olhos. Ela se dirige até a porta e leva a chave! Eu olho assustada para o meu pai.

-Tentamos do meu jeito, deixamos você em paz e não tivemos resultado. O que sua mãe decidir... Está decidido.

Ele levanta e sai. Até Minerva vai embora do quarto.
Apoio minha cabeça em meus joelhos. Estou destruindo todos a minha volta. Pego meu celular. Está descarregado. Conecto na tomada e o ligo. Ele trava com todas as atualizações de mensagens e ligações pendentes. Decido cuidar dele depois. Sigo para o quarto de meus pais. Vejo meu pai deitado na cama com o braço direito cobrindo seus olhos. Vou para o lado dele e me deito.

-Pai? Preciso de ajuda.

~

Tivemos uma conversa franca, contei a ele o que aconteceu no dia que passei mal, disse que foi a gota d’água para mim, mas nunca havia pensado em me matar.

-Eu acredito em você, princesa.

Minha mãe apareceu no quarto com bule e duas xícaras, é o ritual deles, não importa o que acontece. Toda noite eles tomam chá, geralmente de hortelã e tiram meia hora para conversar, coisas sobre os dois, não sobre a casa, não sobre mim, não sobre o trabalho, mas sobre coisas que gostam. Dessa única vez, sou permitida a participar.

É delicioso ouvir a conversa deles, fico calada absorvendo tudo. Minha mãe quer ver um filme novo que está no cinema, ‘’a culpa é das estrelas’’, lembro de que choramos muito lendo o livro. Eu não dou um pio. Fico só ouvindo. Meu pai promete que vai leva-la depois de amanhã quando sair do hospital. Ele diz que vai começar a fazer um curso online para aprender a mexer no youtube. Isso me impressiona. Quer implantar um projeto onde os médicos residentes possam acessar cirurgias para estudar em qualquer lugar. Eu mesma o vejo vendo esse tipo de vídeo sempre, mas geralmente são dvd’s de cirurgia do hospital.

Meus pais são incríveis jamais quis magoa-los.

Minha mãe decide que no fim da semana, vamos passar uma temporada na praia é quase o fim das férias dela. Ela quer aproveitar e como meu pai não pode deixar o hospital. Ela decide sozinha que vou junto!

Após ouvir a conversa de casal dos meus pais, vou para meu quarto e pego o celular já carregado. Respiro fundo e me preparo. Ou penso que me preparei. A primeira mensagem é dele. Minhas mãos tremem e meu estômago contrai. Olho a data da mensagem, é de um dia depois que passei mal no hospital.

“ De: Lysandre

Você vem me ver hoje? Baixei uma música nova e queria que você pudesse ouvir’’

As lagrimas caem, foi como ter meu Lys de volta, mesmo que por dois segundos. Passo para a próxima. É do dia seguinte.

“De: Lysandre

Rosa disse que também não consegue falar com você. O que houve? Ela está muito preocupada. Fale com ela, por favor.”

Fico me corroendo de ciúmes, é claro que no meu sumiço a única coisa que importa é os sentimentos de Rosa. Passo para a próxima.

É de hoje.

“De: Lysandre

Rosa me disse que você está doente. Espero que melhore’’

Suas palavras me parecem tão frias, ele parece quase indiferente. Se fosse antes do acidente, ele estaria louco de preocupação. Percebo que meu Lys morreu no acidente. Agora só está vivo  Lysandre, o cantor que não me conhece e que ama Rosalya. Decido que vou viver meu luto na praia, deixar o mar leva-lo embora. Vou voltar renovada. Largo o celular em cima da cama e decido que vou começar a planejar a mala.

O celular vibra com a notificação de uma mensagem nova, recém-chegada. Não me dou ao trabalho de ir ver... Já li as únicas mensagens que importavam!