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História Um amor (Luna parte 2) - Por do sol


Escrita por: Thalitad7

Notas do Autor


Muito obrigada por acompanhar a fic, pessoal! Vocês são maravilhosos :')
Boa leitura!

Capítulo 29 - Por do sol


Fanfic / Fanfiction Um amor (Luna parte 2) - Por do sol

LUNA

 

 

Recebi uma caixa de minha mãe, um motoboy deixou no hotel. Está cheia de roupas de treino para dança, além de duas sapatilhas velhas e uma nova em folha!

Resolvo por uma para o treinamento de hoje. Vou conhecer a treinadora de Victor, tenho certeza que hoje, vou trabalhar até o ultimo minuto para por os músculos em forma.

Ontem eu e Victor apenas brincamos de nos aquecer para ver o que meu corpo lembra.

Caramba, eu havia esquecido como as roupas são justas e curtas. O top amassa meus seios prendendo-os de modo que mesmo que eu fique pulando sem parar eles não balançam. Se Castiel me visse agora... ele realmente teria razão para me chamar de tábua. Sorrio ao lembrar das provocações dele... por falar nisso, tenho quase certeza que o aniversário dele está próximo. Franzo o cenho, tenho que checar isso depois.  Agora olho o minúsculo shorts ... gemo... como vou entrar nisso. Retiro a calcinha, qualquer coisa ficaria marcada usando esses shorts e ele é tão apertado que nunca vai dar para ver nada mesmo que eu ponha meu pé na testa.Depois de suar uns 5 litros, consegui entrar na roupa completa. Não adianta vestir uma roupa folgada hoje, até porque não tenho, a treinadora com certeza vai querer avaliar minha musculatura. Ponho as sapatilhas em uma pequena bolsa e coloco um vestido. Pronta para o primeiro dia.

~

Me enganei redondamente. Não, eu não estava pronta pra nada. Apenas uma hora de aula e eu estava pedindo para morrer. Me jogo no chão respirando com dificuldade. Victor se deita ao meu lado, o desgraçado nem se quer está sem ar.

-Você está indo muito bem.

-Mentiroso! Eu estou morrendo e quase caí de cara quando tentei me jogar de costas do seu ombro.

-As acrobacias são difíceis, eu sei! Mas é pras nacionais. Você logo vai entrar em forma.

-Que o deus da dança e nossa senhora dos desesperados te ouça.

Quando a treinadora finalmente nos libera para o almoço estou tão dolorida que só consigo andar na velocidade de uma lesma. Victor se abaixa em minha frente e diz que vai me levar até a cozinha. Eu aceito, primeiro porque realmente dói andar e segundo porque tenho que criar um vínculo de confiança, precisamos nos entrosar... na dança os técnicos sentem o cheiro de insegurança a quilômetros.  O que me fez desistir de dançar com outras pessoas foi justamente isso, em uma coreografia de grupo temos que estar na mais perfeita sintonia e minha antiga treinadora nos amarrava umas as outras com elásticos, não importava se você precisava de um ângulo maior para alcançar o equilíbrio, todas eram limitadas e se uma caia, todas caiam... por isso decidi investir nos solos, não tinha paciência para aguentar o ritmo lento de outra pessoa e agora, para meu azar eu é que sou a lenta. Eu não conseguia depender do empenho de outras pessoas para ter bom resultado. Apesar do grupo ser muito unido na época, eu queria depender apenas do meu esforço. Pura falta de confiança no talento e dedicação dos outros. Depois que eu sai as coreografias do grupo ficaram muito mais sincronizadas os ensaios rendiam muito mais, o grupo finalmente achou seu ritmo.

Victor me desce e me dá a noticia de que teremos de preparar nosso próprio almoço.

-Tem que ser algo leve e nutritivo, se não você pode passar mal com o esforço do treino.

-Ainda vamos treinar hoje? Por favor, me deixe desistir!

Falo unindo as mãos em súplica.

-Nooop, só temos 11 dias para deixar você tinindo. Cada minuto conta e vamos ter uma pausa de duas horas para o almoço, se tudo correr bem... hoje te pago o primeiro sorvete!

Ele fala piscando.

-Está bem... mas vai ter que ser um sorvete ENORME.

-Certo. Pare de reclamar e vá lavar esses tomates...

~

Victor, eu a treinadora entramos num regime espartano. Eu e minha tia nos mudamos para a casa de “tio Ragnor”, não fazia sentido continuar pagando o hotel se havia uma casa para ficarmos e isso facilitou o aumento de horários de treino. Aprendi que Victor cozinha muito bem e que tia Agatha é uma negação. Que Sonia, a doce empregada da casa, não gosta que arrumemos nossas camas, ela alega que ninguém faz direito e que só ela sabe por os lençóis sem nenhuma ruga, hoje fiz com que ela passasse vários minutos me ensinando esse método mágico para os lençóis. A treinadora de Victor, e agora minha também,  é excessivamente detalhista: gosto dela! Hoje, o décimo dia desde que conheci Victor, ela vai me apresentar os trajes para a dança e treinaremos com eles. Amanhã vamos viajar para a cidade vizinha, lá é que vai acontecer o JUMP. Já passei o endereço para minha mãe, ela irá. Já não respiro com dificuldade durante o treino, meu corpo ainda dói com hematomas das quedas e do trabalho muscular, mais voltei a adquirir o habito de trincar os dentes para disfarçar a dor. A música é tão melancólica, eu penso em Lysandre quando danço, apesar da dança retratar a dor de um relacionamento abusivo, em minha mente tudo se resume a uma garota que ama seu parceiro não importa a dor que ele lhe cause, foi bem mais fácil incorporar o equilíbrio cênico dessa vez, porque é muito similar a minha realidade. O ensaio hoje foi muito bom. Victor vai me pagar o décimo sorvete, mas antes tomamos banho e decidimos que apesar da sorveteria do condomínio ser ótima: vamos procurar uma a beira mar para aproveitar o último dia de “praia”, são 17h, talvez ainda dê para ver o por do sol.

~

Estamos sentados na areia admirando o por do sol, em minhas mãos um pedacinho de casquinha que está cheio de sorvete derretido. A brisa do mar está fria, estamos sem sapatos para sentir a areia em nossos pés. Victor diz que não se importa com a areia no carro.

-Por que?

-É alugado!

Ele fala sorrindo.

-Você quem vai dirigir amanhã?

-Sim. Por que, você prefere dirigir minha senhora?

-Não, nunca gostei de dirigir. Meus pais me atormentam bastante para que eu tire a carteira.

“E se acontecer uma emergência?” “Você teria muito mais liberdade!” “Andar de ônibus quando podia ter um carro. Só você mesmo!”. Mas sei que a partir do momento que eu tiver a carteira não terei mais desculpa, então...

-Luna, você é um ser muito intrigante.

Ele deixa a frase no ar. E eu observo o sol desce lentamente, sempre quis fazer isso com Lysandre, andar a beira mar, sentar e admirar o por do sol. Quando nos encontramos na praia  nas férias, era dia, choveu e... não estávamos juntos como casal. Suspiro triste, também não estamos juntos agora.

-Quem é ele?

-Do que você está falando?!

-O garoto por quem você sofre, ou talvez seja garota...

Faz dias que não falo sobre ele com ninguém. Não sei porque, mas eu preciso falar e confio em Victor... talvez o que eu precise seja exatamente falar com alguém que não vivenciou nada da história.

-O nome é Lysandre.

-Dançarino?

-Cantor, anônimo.

-E porque não deu certo?

-Longa história.

Ele puxa o celular do bolso checar alguma coisa e depois me aponta a tela do aparelho.

-Veja só, minha agenda diz que tenho muito, muito tempo de sobra para te ouvir, então...

Após dizer isso ele vira de frente para mim e apoia as duas mãos em baixo do queixo.

-... pode começar!

Abaixo minha cabeça e sem perceber o que estou fazendo: viro o conteúdo liquido da casquinha na areia.

- Certo, mas vou tentar resumir ao máximo. Nós namorávamos escondido. E alguns dos melhores momentos da minha vida foram vividos com ele. Depois de um dia que havia sido muito marcante para nós, ele se desentendeu com uma pessoa, por minha causa, e tentou ir atrás dela... eu não sei ao certo porque não vi, mas... ele salvou a pessoa de ser atropelada. Ele recebeu todo o impacto da batida...

A cena do acidente retorna em minha mente, fecho os olhos. Não vou chorar... ainda posso vê-lo deitado no chão, numa poça de seu próprio sangue.

-...ele...ele ficou muito mal. Eu, o vi imóvel, perdido no meio do caos, vários carros se chocaram, a poça de sangue ao redor dele ficando cada vez maior. Não me orgulho em dizer que não corri para ele e segurei sua mão até a ambulância chegar, quando o vi ... naquelas condições ,foi como se tivessem me roubado todo o ar, eu nem sabia como respirar... desmaiei.

Agora eu esmago os restos da casquinha nas mãos. Sou uma fraca! Fraca e covarde.

-Ele passou dias em coma, nunca fiquei tão ansiosa em toda a minha vida. Ia todo dia visitar seu irmão para ter noticias dele, me sentia impotente, ele nem podia receber visitas devido ao seu estado.

Victor vem para meu lado e me abraça, pouso minha cabeça em seu ombro.

-Quando ele finalmente acordou... foi um alivio tão grande, eu só conseguia pensar em vê-lo, toca-lo poder chorar de alivio ao senti-lo vivo em meus braços, mas não foi possível, ele acordou no meio da noite... eu tinha que esperar até o outro dia. Quando ele me viu...

Não me reconheceu... ele não lembrava de nada, nada que tínhamos vivido... nem mesmo antes do namoro começar... eu era uma completa estranha para ele. Eu pensei que isso passaria e que logo ele teria suas memórias de volta ou então que faríamos novas memórias, os sentimentos por mim deviam está guardados em algum lugar.

-Mas não foi assim?

-Não. Não foi... eu ia vê-lo todos os dias, passava todos os minutos que podia com ele, colocava musicas, filmes que havíamos visto juntos, contava histórias, tentava reproduzir conversas... tentei por dias, mas nada vinha. Ele me via como uma boa amiga e... Se apaixonou por outra pessoa.

-Luna...

Ele aperta mais meus ombros.

-Isso me quebrou, fiquei descontrolada, me tranquei em mim mesma e não queria ver ninguém, fazer nada, sentir nada...

Minhas mãos tremem.

-...Eu queria ter ajudado. Queria ter ficado com ele até o fim, mas não pude. Não aguentei ver o amor dele ser direcionado para outra pessoa, se você visse como ele falava o nome dela...

Enterro meus dedos na areia.

-Meu namorado morreu... morreu no dia do acidente. Só ficou vivo o cantor, meu “amigo” Lysandre... Não sei te explicar...

-Você ainda ama muito ele, não é mesmo?

Faço que sim com a cabeça.

-E vocês ainda não conversaram sobre nada disso?

-Não, ele não lembrava do relacionamento. Como íamos conversar sobre isso?!

-Luna, sei que é delicado, mas você precisa disso. Para dar um ponto final de vez, ou...

-Fácil falar, mas sou uma covarde. E se ele estiver feliz amando essa nova pessoa?... Por que eu deveria impedi-lo de sonhar?! Posso acabar fazendo mal para ele. Victor...posso deixa-lo ainda mais desorientado.

-Sei que você pensa que isso é uma espécie de prova de amor. Mas se você o ama, não deve deixa-lo no escuro. Por que privá-lo de saber que ele viveu uma coisa maravilhosa?


Notas Finais


Victor : um cara sensato u.u


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