História Um amor (Luna parte 2) - Bastidores

VICTOR

Somos cumprimentados pelo segundo lugar por muitos colegas, meus, antigos colegas de Luna e rivais que ficaram em menor posição. A treinadora parece satisfeita, mais um troféu para a galeria da nona sinfonia.

-O que acha de comemorarmos ?

-Luna, tenho que conversar com você.

A treinadora me chama. Ainda não podemos trocar de roupa, assim que a audiência for embora teremos que tirar as fotos oficiais da competição para publicação, a organização e os primeiros colocados não podem faltar, claro.

-Diga.

-Victor, Luna é um achado. Não sei como você conseguiu, pensei que teríamos de desistir da vaga. É o seguinte, quero propor a Luna que dance com você no MOVE, teremos um mês para ensaiar uma coreografia nova. Já até posso sentir o cheiro de um primeiro lugar...

-Sophia, calma. Luna topou me ajudar, mas nem sei se ela pretende voltar ao mundo das competições. Ela está no ano do vestibular. Não posso garantir nada.

-Ela pode fazer o vestibular no ano que quiser, Victor! Na dança o corpo tem prazo de validade, se ela quer fazer parte desse mundo, tem que voltar agora. Não vai aparecer oportunidade melhor para ela.

Eu paro e reflito. Sophia está certa, Luna tem talento demais. Ela tem que aproveitar a chance agora e isso me pouparia o trabalho de ter que achar uma outra substituta... Além de que... Eu gosto de Luna. Decido que não vou deixa-la escapar!

-Você está certa. Vamos jantar em um restaurante depois, você, luna e eu. Vou aproveitar e convidar a mãe a tia de Luna. Tenho certeza que elas ficaram do nosso lado. A tia de Luna foi quem falou com tio Ragnor sobre Luna voltar a dançar, mas ela pensava em algo como aulas de treino com a equipe de dança do tio... Ela mandou para ele um vídeo de Luna, não era uma apresentação profissional, ela dançava na sala da sua casa. Quando eu vi o vídeo... sabia que ela era especial! Foi fácil depois ajudar o destino. Convites dados a tia dela, uma boa conversa com a mãe, todos pareciam querer que Luna volta-se a dançar. Sophia, Luna pertence a este mundo e eu vou não vou perdê-la.

ROSALYA

Passaram horas, os seguranças começaram a pedir educadamente que a plateia deixasse o auditório. Vejo tia Isabel se erguer e começar a andar para o palco.

-Vamos atrás dela, Lys.

-Certo.

Ela mostra algo aos seguranças e eles a deixam passar para as coxias. Droga! Os seguranças me barram.

-Desculpem, vocês devem seguir para a saída. É por aquela direção.

Ele aponta para a grande porta principal do salão.

-Mas aquela senhora, a filha dela é minha amiga. Ela pode passar...

-Ela tinha um crachá de acompanhante. A senhorita também possui um?

Droga, droga, droga. Claro que eu não havia pensado nessa possibilidade.

-Não, não tenho!

-Então sinto muito.

Olho desanimada para Lys-fofo.

-Tudo bem Rosa, não tinha como você saber. Porque você não liga para dona Isabel e pergunta se podemos encontrar Luna no saguão do hotel ou coisa parecida?

-Está bem.

Enquanto saímos do salão, eu ligo uma, duas, três vezes para tia Isabel e nada. Resolvemos esperar no saguão, o acesso dos hospedes aos quartos só pode ser feito por ele. Esperamos uma, duas horas. Finalmente não aguento mais, estou faminta e cheia de tédio.

-Lys-fofo, o que você acha de irmos comer alguma coisa?!

-Você pode ir Rosa, pode subir para o quarto, se eu ver Luna, prometo que a levarei para ver você ou te ligo.

-Tudo bem.

Subo desanimada para o meu quarto.

VICTOR

Meu celular vibra, bem no meio do jantar. A mãe e a tia de Luna estão muito animadas com a ideia de Luna retomar a carreira da dança. Luna parece um pouco vacilante. Não reconheço o número, peço licença e me levanto para atender a ligação.

-Alô?

-Alô! Aqui quem fala é o Lysandre. Você me disse para ligar.

-Ah claro, sou Victor.

-Você pode mesmo arranjar um jeito para que eu veja Luna?

-Posso! Acho mesmo que vocês dois devem conversar.

-Quando?

-Hoje! Estamos num restaurante agora, mas vamos voltar ao hotel onde encontrei você hoje, estamos hospedados nele.

-Eu também estou.

-Ótimo. Qual seu quarto?

-Porque você quer saber?

-Para mandar a recepcionista lhe avisar quando chegarmos.

-Prefiro que você me ligue, nesse número mesmo.

-Certo.

~

As distintas senhoras que nos acompanhavam decidiram voltar ao hotel, mas Luna e eu resolvemos procurar uma sorveteria que esteja aberta, afinal de contas devo lhe dar o décimo segundo sorvete. Além disso, será mais fácil conversar com Luna se estivermos sozinhos.

-Ali! Uma gelateria. Venha, Victor.

Ela sai me puxando pela mão.

-Luna, preciso conversar com você.

-Olha, Victor, a Sophia já foi bem eloquente no jantar... vamos esquecer isso por alguns minutos e...

-Não é nada disso. Luna, Lysandre me ligou hoje.

Ela estanca no meio da rua.

-Ele quer conversar com você.

-Poque?Co...como? Victor?

-Ele está atrás de você Luna, está no nosso hotel e quer conversar.

-Você que chamou ele?

-Não, eu apenas dei sorte de esbarrar nele no saguão enquanto ele gritava seu nome para a porta do elevador.

Ela me olha parecendo muito confusa.

-Ta, eu sei que você não está entendo, mas não é isso que importa. Ele quer falar com você. Veio de outra cidade só pra isso, acho que você deve...

-Eu quero ver ele também. Estou com tanta saudade! E você tinha razão, precisamos conversar. Estava querendo voltar para casa amanhã mesmo. Você pode ligar pra ele e passar o número do meu quarto? Não quero correr o risco de que tia Agatha ou minha mãe nos pegue juntos em alguma aérea comum do hotel.

-Sem problemas. Vou passar uma mensagem dizendo qual o número e o andar do seu quarto. E dizer que vou ligar para ele assim que retornarmos ao hotel.

Eu digito a mensagem e envio. Luna pula em meu pescoço e tasca um beijo na minha bochecha. Eu a abraço.

-Victor, você é a melhor pessoa. Obrigada por tudo.

-Que obrigada o que?! Meu preço vai sair muito caro.

Falo de forma marota e Luna soca meu braço.

-Vem, ainda te devo sorvete.

-Certo, me diga qual o seu preço!

-Quero você como parceira! E não vou aceitar um não como resposta. Você tem talento e sabe disso, por favor não o desperdice.

-Prometo a você que irei pensar.

Reviro meus olhos.

LUNA

Finalmente estou no hotel. Victor já está ligando para Lysandre, estou tão cansada, mas nem posso aguentar os poucos minutos que faltam para vê-lo.
Se ele não ligasse para mim, não estaria aqui, não é mesmo? Será que ele lembrou de tudo? Pelo menos de uma parte?
Ah, quem se importa?! Mal posso esperar para abraça-lo!
Victor diz que ele não atende. Mas que vai mandar uma mensagem para ele dizendo que eu já estou no quarto e que vou deixar a porta destrancada.
Vou para meu quarto e troco de roupa. Até agora nada de Lysandre, resolvo que vou ler um livro deitada na cama, ele não deve demorar muito.