História Um amor (Luna parte 2) - Eloquência

LUNA

Mas ao invés de explodir, respiro e me acalmo!

-Pai? Você e mamãe também trabalham muito e só temos a tia Agatha como família. E se fosse eu? Seu fosse eu a perder a memória e se você estivesse tendo que se dividir entre mamãe e eu no hospital, você não ficaria feliz que meus amigos fossem me fazer companhia?

Você como neuro deve saber que os estímulos neurológicos são importantes. Iria impedir meus amigos de me mostrarem fotos, de contas historias, de me ajudar?

Ele me encara calado... Como não tenho resposta, eu prossigo.

-Acha mesmo que eu, EU? Iria impedir ou dificultar que a própria família do Lysandre o visse no horário de visitas?

Falo encarando o prato.

-Se a família dele não gostasse da ideia, o senhor acha mesmo que eu iria ficar tentando me infiltrar para visita-lo, mesmo sabendo que não é o desejo da mãe dele? Eu falei com Leigh antes, perguntando se podia fazer a visita. Ele pareceu muito feliz, pois Leigh tem que tocar a loja, além de tratar das burocracias do plano de saúde com as quais ele vem tendo problemas. E a mãe de Lys (deixo escapar o apelido dele para meus pais pela primeira vez) estava muito grata aos amigos dele que querem ir para fazer companhia, nós ligamos para ela afim de saber sua opinião. E já que seu marido se encontra num quadro muito delicado de saúde e o filho fora de perigo agora... Ela quer dedicar mais tempo ao marido. Eles adoraram minha ideia do álbum de fotos. Você como médico, diverge da opinião deles?

Dessa vez não falo mais nada, estou realmente irritada e não sei se poderei continuar sem berrar que a ideia de me impedir de ver Lys é ridícula.Olho para minha mãe e ela... ela está sorrindo?

-Eu lhe disse Charles: Uma advogada nata! Viu como ela usou bem os argumentos?!

Meu pai não parece muito feliz, mas logo muda de expressão.

-Acho que você está enganada querida, viu como ela falou dos estímulos neurológicos? Só alguém com conhecimento da aérea da saúde falaria com tanta convicção. E a ideia do álbum? Brilhante! Eu mesmo recomendo isso para meus pacientes.

A situação é tão surreal que fico sem ação.

-Você pode ir, querida. Irei ás compras sem você. Me faça uma lista de coisas que seu amigo gosta de comer. Vou mandar uma cesta para o hospital em nome de nossa família, afinal, você parece se importar muito com ele, e isso é o suficiente para mim.

Ela fala se levantando e seguindo para a cozinha. Meu pai se levanta e começa a recolher os pratos.

-Mande Leigh me ligar. Gosto muito de Rosa e posso ajuda-lo a resolver os problemas com o plano de saúde. Também quero dar uma olhada no pai deles e em seu amigo. Você tem razão no que disse e eu como medico, não posso ficar parado vendo apenas você fazendo tudo o que pode.

Ele me entrega seu cartão social e eu entendo que deve ser repassado a Leigh. Minha mãe volta da cozinha.

- Por que a demora com os pratos?

Os vejo lado a lado, tenho tanto orgulho deles e quando estou preste a dizer um “obrigada” emocionada, meu pai pegando o último prato solta uma frase:

-Só espero que você escolha medicina ao invés de querer vender artesanato na praia!

Meus pais começam a rir e eu rio tanto que isso faz meu cérebro me assaltar com uma lembrança...