História I'll always remember - Não olha as mensagens

Giovanna não podia acreditar naquilo, apesar de sempre ter pedido aos pais pra que voltassem ao Rio onde tinha nascido e tinha vários amigos, os pais nunca fizeram isso. Agora depois daquela tarde, ela não via motivo aparente pra voltar, apesar de ter os amigos e a sua melhorar amiga lá, aquela tarde foi diferente, embora a sensação que ela sentisse não fosse boa, a garota tinha esperanças em Murilo, mesmo sabendo o tipo de garoto que ele era.

G: Eu não vou!- Giovanna disse depois de um tempo em silêncio, o espanto dos pais foi evidente, afinal ela quase nunca discordava das decisões dos pais. Apesar do gênio forte da garota e a personalidade forte também, ela sempre acatava ordens vindo dos pais.
S: Como assim? Você vai sim, ou melhor iremos sim.- A mãe de Giovanna falou rindo da reação da filha, pois ninguém esperava aquilo logo dela mais nova e pensavam que era apenas brincadeira da filha, mas na verdade ela estava falado sério.
G: Mãe... Quando eu pedi pra voltar pro Rio vocês não deixaram, falaram que aqui era melhor, agora eu não posso e não quero voltar...- Giovanna falava nervosa e séria, o que deixa os pais e o irmão em alerta, pois viram que ela falava sério.

L: Maninha, calma! Eu te entendo, sei que deve ser difícil ter que se adaptar tudo de novo e ainda mais em ano de vestibular, mas acho que vai ser bom pra todo mundo. – o irmão sempre acalmava muito ela, mas naquele momento ela só queria mesmo desabar, ela sabia que Murilo assim que ela fosse embora ou até mesmo antes espalharia pra todo mundo que eles ficaram. Giovanna sabia desde o início, mas foi tola e se deixou levar.

G: Não! Eu não vou! – Ela altera o tom de voz, claramente nervosa.

H: Ei! Parou! Ninguém nessa casa se altera e você principalmente, o que tá acontecendo Giovanna? – O pai fala direcionando o olhar firme a filha que encarava as mãos e não os olhava. – Você pode até ficar chateada, nervosa, mas se alterar desse jeito? Você não é disso! O que aconteceu? – Como previsão o pai sentia que a filha não estava bem e Giovanna se arrepende na mesma hora de ter gritado.

S: Minha filha nós vamos primeiro e você vai apenas em julho junto com Leonardo, porque assim você irá ter tempo de arrumar tudo e se despedi de todos os seus amigos direito... -  a mãe da morena fala e a notícia deixa ela mais triste, porém decide não dizer nada.

G: Desculpa... Eu só fiquei nervosa. - Ela sai em direção ao quarto, precisa desabar e sabia exatamente onde iria colocar todas aquelas frustrações que sentia, onde ela sempre corria quando tudo estava indo mal.

Ligação On
A: Deusaaaaaaaaaaaaaaaa.- Amora como sempre escandalosa atendeu Giovanna.
G: Oi, Amo...- Ela não se aguentava, apenas chorava o que deixou a amiga loira em alerta.
A: Onw, meu amor, o que aconteceu? Conta pra titia Amora que ela te ajuda.- Giovanna contou tudo pra amiga, contou tudo; desde sua primeira vez até a notícia dos pais, o que fez Amora ficar feliz, mas sabia que a amiga precisava de sua imparcialidade.
A: Bem, Deusa, eu sou suspeita pra te falar algo, óbvio que eu estou morrendo de saudades de você, afinal faz 3 anos que você ta aí em Sampa né? Mas meu amor, não fica assim, você nunca discordou ou entrou em conflito com seus pais por ninguém, agora vai ficar contra por esse menino? Que foi um babaca e estúpido com você? Não né? Descansa, pensa bem sobre tudo isso e amanhã converse direito com seus pais, ok? – Amora tinha o dom de acalmar a morena, ela era agitada, mas sabia ser calma quando precisava. Elas eram amigas desde criança, desde que eram apenas pirralhas indo pro maternal com suas mães, desde aí era ligadas e grudadas, irmãs separada na maternidade. Como Amora dizia, elas eram Alma gênia, elas se completavam, elas eram iguais e totalmente diferente uma da outra.

G: Tá bom... Amanhã converso com eles. – Ela falou sorrindo do jeito rápido da amiga em falar, sabia que era do mesmo jeito, mas achava a amiga muito mais intensa.

A: E ôh, vai com aquela tua amiga daí “Laixx” ao médico e depois conte a tia Suely sobre, sem medo das consequências, sabe que ela iria querer saber de tudo, né? – Laís era uma amiga muito próxima de Giovanna nos 3 anos que a morena estava lá, Amora sentia ciúmes mas entendia que a amiga precisava de alguém pra desabafar pessoalmente e mesmo que todo final de ano se vissem, acontecia muita coisa durante o ano. – E ahhh, trata de vir logo pra cá, vagaranha! – Elas eram amigas, eram irmãs e sentiam saudades do convívio, falavam-se todos os dias, mas mesmo assim era diferente.

Giovanna se despediu da amiga e sentia-se melhor, elas se davam muito bem, mas fazia três anos que moravam em cidades distintas e não tinha a rotina que eram acostumadas a ter durante 14 anos, mas nada disso abalava a amizade delas.
Ao entrar no quarto dos pais a morena sabia que a amiga estava certa, tinha que pedir desculpas aos pais e depois ao seu irmão, mas por hora devia aquele pedido aos pais, eles só queriam o bem de todos. E ir para o Rio era uma das melhores coisas que poderiam acontecer.

G: Pai... Mãe...-  Ela diz antes de entrar de fato no cômodo. – Eu vim conversar com vocês.

S/H: Entra... – Os pais tinham sintonia, eram o melhor espelho de casal, Giovanna lembra de Murilo e pensa se um dia ele seria assim com ela, mas logo as lembranças de como ele a tratou vem a tona e ela foca apenas na desculpa dos pais.

G: Pai, mãe, só queria pedir desculpas pela hora do jantar. Eu fiquei nervosa e acabei me exaltando com você... – Ela diz um pouco envergonhada e fita o chão. A mãe se aproxima e a abraça.
S: Meu amor, nós entendemos você, sabemos que é difícil mudar sua vida assim e é por isso que você só vai na metade do ano, agora só vai eu e seu pai, você fica com seu irmão aqui.- A mãe de Giovanna tinha a voz mansa o que acalmava a garota, logo ela entendeu que aquela decisão ia ser melhor pra todos, e principalmente pra ela.
G: Tudo bem, mãe... To com saudades meixmo daquele sol do errejota.- a morena brincou com o sotaque arrancando gargalhadas dos pais.
H: Maixxx não é que ela ainda é carioca meixxxmo.- O pai de Giovanna puxou a filha para um abraço e a menina o abraçou como se fosse o último abraço.- Calma, Gio, tem papai pra todos.- E entre sorrisos e brincadeiras com o sotaque paulista e carioca foram se distraindo e Giovanna foi ficando melhor.

Quando Giovanna subiu até o seu quarto, reparou que seu celular não parava de apitar, toda hora mensagem no whatsapp e ligação perdida de alguns amigos do colégio. Resolveu retornar pra Laís que era uma de suas amigas em São Paulo.

Ligação ON

L: Giovanna, caceta, onde tu te meteu? To te ligando a uma vida.- A amiga estava claramente eufórica, preocupada e desesperada. Laís era amiga dela e eram tipo melhores amigas, mas não tanto porque Giovanna sempre falou de Amora e seu ciúmes, Laís sabia que Giovanna tinha uma relação muito forte com a  “nome de fruta”, sentia inveja por não ter isso, mas adorava implicar com Amora também.

G: Calma na piriquita, to aqui mona, o que é de tão importante? Deu pra quem? AHAHHAHA to brincando.- Mesmo nos seus piores momentos ela sempre brincava, era o jeito dela de viver, sempre alegre, independente do que acontecesse, ela mostrava o seu sorriso pro universo e regada de mantras.

L: Giovanna... Você já viu o grupo da sala? Ou melhor já viu aquele instagram de fofoca do Eficaz?- Giovanna não entendeu o motivo do desespero da amiga tinha haver com ela, a amiga sabia que Giovanna sempre estava online e conectada a tudo.
G: Não, agora que peguei meu celular, por quê?- A morena ouviu um suspiro do outro lado da linha e ficou em uma confusão e tanta, Laís era sempre muito direta e nunca fazia rodeios pra falar alguma coisa, era curta e grossa. Quando enrolava Giovanna sabia que tinha algo por traz e naquele instante sabia que tinha haver com ela. – Anda, Laíx, responde, por quê? – Ela estava nervosa e sabia que seu nome estava envolvido em algo e em alguma fofoca, porque para o grupo da esola está movimentado e com post do “eficazvenenoso”, era bomba!

L: Eu estou indo aí, me espera, não olha antes de eu chegar, viu maridão? -Giovanna não sabia o que era e preferiu fazer o que a amiga pedia, ela não seguia regras, mas no momento ela queria apenas refletir sobre o que havia acontecido, ter um momento só dela.
Giovanna foi pensando tudo na sua vida, em toda, desde suas brincadeiras com Amora quando eram crianças, até a sua infância repleta de felicidade no Rio com os amigos do prédio, festas do pijamas, primeiro beijo, primeiro amor... ahh AMOR, essa era uma palavra pela qual Giovanna precisava encontrar pra ver se era tudo isso que falavam, porque até então só sentia “paixões”. A morena era sonhadora, era uma apaixonada pelo universo, adorava pegar um cinema, ver filme agarradinho, amava ser mimada e paparicada, adorava declarações feitas de livre espontânea vontade. Ela era carente, sim, carente, apesar de ser amada, Giovanna sentia que faltava algo nela, sentia que não estava completa; tentava de todas as formas preencher esse vazio e nunca conseguia, nunca! Giovanna pensou na sua primeira vez, ou melhor, pensou em como poderia ter sido se ela estivesse esperado a pessoa certo e não ser deixada levar pelo momento, ela precisava ter sido tratada com carinho, com amor. Ela pensa que foi burra, mas lembra que Murilo poderia mudar, na verdade ela acreditava que todos podiam mudar e ser pessoas melhores, ser seres humanos melhores, porém sabia também que pessoas eram sujas, desonestas e desumanas com outras. Ela precisava achar que Murilo não era assim, mas sabia que poderia se enganar muito.

L: Gio... – Laís disse batendo na porta da amiga que estava de olhos fechados e fora trazida de volta a realidade. – Tá dormindo? – Giovanna não tinha percebido, mas pensando em tudo aquilo tinha chorado, os olhos vermelhos acusavam isso. – Por quê tá chorando? Você viu o grupo? – A amiga estava realmente preocupada com as mensagens do grupo da sala.

G: Não, maridão, só estava pensando na minha vida mesmo... – Ela suspirou e lágrimas novas surgiram nos olhos, mas ela tratou de afastá-las. – Preciso te contar duas coisas, uma ruim e outra bem pior. – Giovanna não sabia o que era pior, mas sabia que a amiga precisaria saber. – AH vou precisar da sua ajudar pra ir ao médico... – Giovanna viu a amiga suspirar e isso não passara despercebido pela morena.

L: Eu que preciso te contar umas coisas... Mas antes vou só lá embaixo pra beber água e falar com a tia Suely que tava lá na cozinha e acabei não falando direito. – A menina já saia do quarto quando falou as últimas palavras, Giovanna apenas suspirou e viu uma mensagem de Amora no whatsapp, abriu direto nela, obedecendo o que Laís tinha dito a ela.

“Pode ser egoísta da minha parte querer você só pra mim aqui e deixar seus súditos paulistas aí chupando dedo, mas eu vou fazer isso. Amo você, Deusa!” – Amora como sempre surpreendendo Giovanna... Ela vê a mensagem que surge na aba de notificação do grupo e lê a metade “Essa menina paga de santinha e senta...”, ela precisava ver aquilo, mas não queria ir contra os pedidos da amiga, mas a curiosidade tava grande demais.

L: Giovanna... Voltei – Ela voltou e a morena agradeceu ou teria lido.