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História Um Ano - A minha vida sem ela


Escrita por: yfmelo

Capítulo 1 - A minha vida sem ela


Eu queria poder parar de chorar, mas nos últimos meses, isso era algo que eu já não conseguia mais fazer. Eu queria respirar, mas por mais que o ar entrasse nos meus pulmões, era como se ele fosse feito se areia.

365 dias. Esse era o tempo que fazia que ela tinha partido. Um ano. Um ano que eu não via os seus olhos verdes, um ano que não tocava na sua pele macia, um ano que não ouvia a sua voz rouca... Um ano que eu não sorria.

Eu sabia, sabia que não devia entrar nas redes sociais, ligar a televisão ou sequer sair da cama, e isso foi tudo o que eu fiz.

Me levantei da cama, calçando as minhas pantufas de coelho e indo na direção do banheiro. Tomei um banho banho demorado, algo que eu não fazia a mais de meses. Sentir a água quente percorrendo o meu corpo era revigorante, o que era bom. Eu me distraia com as gotas d'água que na minha cabeça apostavam corrida para ver quem chegava primeiro. Uma boa distração, de fato. Mas quando finalmente uma chegava no final, morria, deixando a outra -a mais lenta- sozinha, e sem saber, caminhando lentamente para o seu fim. A vida era assim. Todos corríamos para a morte, estando a cada segundo mais perto dela, estando um segundo mais perto de deixar aqueles que nos amam sozinhos, caminhando lentamente para a sua destruição. A verdade era essa, que a partir do momento em que nascemos, a nossa única certeza era a morte. Uma em cada cem pessoas morre, umas antes, outras depois, mas o importante não era a maldita ordem -é como dizem, a ordem dos fatores não altera o resultado. E o resultado era sempre o mesmo, nós podíamos até adia-lo, mas não evita-lo.

A morte era algo que eu até esperava, mas nunca acreditei ser capaz de tirar a minha própria vida, de deixar para trás tantas pessoas que me amam, então o que me restava era esperar.

Sai do banho, me enrolando na toalha e colocando um vestido preto qualquer, acompanhado de uma simples rasteirinha. Me olhei no espelho, sem a menor vontade de passar maquiagem ou pentear o cabelo, eu estava decidida a sair assim mesmo. Ja não me importava mais o que os outros pensavam ou diziam, afinal, foi isso que a tirou de mim.

Peguei o dinheiro do táxi e o coloquei no sutiã, respirei fundo e sai de casa, entrando no elevador e ouvindo o meu coração bater cada vez mais rápido conforme ele descia.

Isso tudo apenas tornava o meu pesadelo mais real.

No saguão, pude ver incontáveis repórteres me esperando, e o taxi logo ali na frente. Eu teria que encara-los, teria que encara-los, teria que...

Sem pensar duas vezes, me pus a andar na direção dos gaviões que cercavam o meu prédio sem dó ou piedade, prestes a atacar.

-Como você se sente hoje, sabendo que faz um ano que a sua ex-colega de banda morreu?

-Camila, qual era a sua relação com Lauren Jauregui?

-Camren era real?

-Era verdade que você e Lauren tinham um romance?

-Senhorita Cabello, é verdade que Lauren apenas pegou o avião por sua causa?

-Camila, o que você realmente sentia pela Lauren?

As perguntas eram todas ao mesmo tempo, mas depois de muito tempo, passei a conseguir compreende-las, quase como se as facadas fossem uma de cada vez.

Entrando no táxi, já com lágrimas nos olhos, olhei para os repórteres e disse:

-Eu a amava. Eu amava Lauren Jauregui com todas as minhas forças.

Não me importei com a repercussão que isso teria, nao me importei com o que as pessoas achariam e muito menos com o preconceito alheio, eu apenas precisava dizer aquilo, dizer as palavras que por muito tempo guardei para mim, as palavras que nunca pude dizer a ela.

As palavras que, todos os dias, eu me arrependia por não ter dito.

No táxi, peguei o meu celular é entrei no Twitter, mesmo sabendo que me arrependeria amargamente por isso. E de fato, me arrependi. Tudo o que falavam era sobre Lauren, sobre o um ano que tinha se passado desde a sua morte.

E isso fazia o meu coração doer, fazia com que eu me lembrasse, com que eu me lembrasse de tudo.

-Camila, eu já não aguento mais!- Ela disse. -Já não aguento mais viver assim, esconder a verdade! Dói em mim não poder dizer ao mundo que nós estamos juntas! Te ver beijando aquele filho da puta só para que as pessoas não saibam sobre nós!

-Lauren...- Murmurei. -Você sabe que isso é necessário...

-Necessário é o caralho!- Ela gritou. -Porra! Eu sei que vão xingar, sei que vão falar merda! Eu já passei por isso, e realmente não queria que você precisasse passar também... Mas eu quero ter uma vida com você! E isso não vai ser possível se nós continuarmos escondendo a verdade!

-Lauren, tem a minha família, eles não iam aceitar, e você sabe, o ódio... você sabe como eu lido com ele! Você é forte, mas eu não suportaria tudo isso que você suportou!

-Suportaria se você me amasse de verdade.- Eu sentia a dor na sua voz, e isso doía em mim também. Mas o que eu poderia fazer?

-Lolo...

-NÃO ME CHAMA ASSIM!- Gritou. -Amanhã as 11 a.m eu tenho um vôo marcado para Nova York, você tem até lá para pensar, se até lá você não me disser nada... aí nós estaremos terminadas.

-Pode pegar essa merda desse avião, a minha resposta já esta dada.

Dez da manhã eu recebi uma ligação de Normani, o avião em que Lauren estava tinha explodido. Lauren estava morta.

Foi um choque, não apenas para nós como para o resto do mundo. A morte de Lauren foi, sem dúvidas, um dia para se lembrar. Imagino como as pessoas reagiriam sabendo que Lauren morreu por minha causa.

O que eu falei foi por impulso, um ataque de raiva que eu me arrependeria pelo resto da minha vida, mas eu não tinha escolha. A minha mãe tinha descoberto tudo e, se nós trouxessemos isso a público eu jamais veria Sofi novamente.

Mamãe realmente sabia como me chantagear.

Finalmente chegamos no cemitério. Limpei as minhas lágrimas, paguei o taxista e sai do carro, indo na direção do túmulo da única pessoa que eu queria ver, abraçar e dizer que amava.

O caminho era curto e solitário, algumas finas gotas de chuva caiam, combinando perfeitamente com o clima mórbido da manhã.

-Oi, Lauren.- Eu disse para o túmulo, já chorando novamente. -Eu sei que já faz um tempo que eu não tenho vindo aqui, e me desculpe por isso. É que as coisas ficaram complicadas nos últimos dias... eu... eu sinto a sua falta, mais do que eu imaginei ser possível sentir, Lauren. Ter dito aquelas palavras para você, ter feito aquilo... esse foi o meu maior arrependimento, e eu juro que faria qualquer coisa para poder mudar as minhas escolhas. Sabe, eu costumava pensar sobre o que eu abriria mão para poder ter mais um único segundo com você, e o que eu diria se o tivesse. Bem, eu abriria mão da minha casa, da minha carreira, da minha vida... eu abriria mão de tudo apenas para poder dizer que eu te amo, Lolo. Te amo para sempre e eu juro, seria capaz de fazer qualquer coisa por você. Hoje eu vejo isso, hoje vejo o quão errada fui em ter te deixado, mas agora já não da mais tempo. Hoje vejo que devia ter dito que te amava quando tive a chance. Hoje vejo que a minha cama sem você ao meu lado parece mais fria. Hoje vejo que a minha vida sem você não faz sentido, mas já não adianta mais ver tudo isso porque hoje eu vejo que te perdi para sempre, e não tem nada que eu possa fazer para mudar isso, assim como não tem nada que eu possa fazer para parar de te amar. Lolo, não tem nada que eu possa fazer para deixar de ser a sua Camz.

Eu já estava de joelhos, chorando descontroladamente, a saudade era tanta que chegava doer fisicamente. Uma dor intensa que doía em todo lugar, mas que se me perguntassem, eu não saberia dizer onde era. O ar parecia não chegar aos meus pulmões, o meu coração batia tão forte que eu realmente acreditei que morreria.

E então eu me permiti sorrir.

Eu me encontraria com Lauren, finalmente.

Acordei num pulo, olhando ao redor. Eu estava em casa, mas como tinha chego ali?

Repassei os últimos acontecimentos na minha cabeça. Eu estava no cemitério e então...

Tudo não passara de um sonho.

Desesperada, olhei no calendário. 27 de novembro de 2016. O dia do acidente. Como isso seria possível? Na minha cabeça, eu jurava que fazia um ano que Lauren tinha morrido.

LAUREN!

Olhei no relógio, nove horas da manhã. Levantei correndo, completamente desesperada, vestindo a primeira roupa que encontrei na frente e correndo na direção do elevador, e então do ponto de táxi que tinha na frente do edifício.

No caminho, não conseguia pensar em nada além de Lauren, do que poderia acontecer se eu não chegasse a tempo. Em como a minha vida seria sem ela, percebendo então que não existiria. Eu seria incapaz de viver sem Lauren, não poderia suportar perde-la. Eu a teria de volta, custe o que custasse.

Aos poucos, já conseguia separar melhor o sonho da realidade. O sonho tinha sido tão real que, no calor do momento, realmente acreditei que tinha sido real. E talvez poderia ser.

Teria sido o sonho uma premonição? Isso ja não me importava. Nada mais me importava além de Lauren.

Depois do que pareceu ser uma eternidade, finalmente cheguei no aeroporto, indo na direção da área de embarque.

-Desculpe senhora, mas você só pode passar por aí se tiver uma passagem.- Disse o segurança me barrando.

-Vai se fuder.

Fui no balcão, pedindo uma passagem para o próximo vôo que tivesse e fazendo o chek-in. Foram incontáveis minutos de pura tenção e medo, medo de Lauren entrar no avião, do meu sonho ser real.

Nunca fui muito em acreditar nessas coisas, ao contrário de Lauren que sempre falava de sinais, premonições e baboseiras do tipo, mas depois de te-la "perdido", eu simplesmente não poderia arriscar.

E não arriscaria.

Peguei a passagem, a mostrando para o segurança e entrando na área de embarque.

10:55.

Comecei a me desesperar.

-Chamada para o vôo 7677 com destino a Nova York, portão de embarque número 13.

Eu estava no dez.

Comecei a correr, completamente desesperada. Portão onze, doze... O ar já não entrava nos meus pulmões e as minhas pernas começavam a dar espasmos, me desequilibrando de tempos em tempos, elas cederiam a qualquer momento.

Cheguei no portão treze a tempo de ver o avião decolar.

Eu pensava que nada nunca doeria mais que perder o meu pai, mas eu estava errada. Nada nunca superaria a dor de ver o avião decolar, explodindo quando já quase não conseguia mais ve-lo.

Lauren estava morta, e eu me sentia do mesmo jeito.

Morta.

Eu sei que gritava desesperada chamando o seu nome, sei que estava no chão, chorando desesperada, mas nao sentia nada disso. Tudo o que eu sentia era dor, uma dor intensa que dominava todo o meu ser.

-Camz?- Pude jurar que tinha ouvido a voz de Lauren me chamar, e o pior, podia jurar que a estava vendo bem ali, na minha frente.

Eu havia enlouquecido.

-Oh meu amor! Não chore, eu estou aqui!- Ela dizia, me abraçando.

Eu sentia o seu toque. Ela... ela...

-Você está viva?- Perguntei, a mindireito.a um fio, tão baixa que nem eu era capaz de ouvi-la direito.

-Eu desisti de entrar no avião no último instante, eu... Eu não queria viver sem você, não suportaria isso. E se você não quiser anunciar ao mundo que nós estamos juntas, eu não importo porque eu...

Cortei a sua frase, beijando-a ferozmente, sem me importar com quem via ou fotografava, sem me importar com o que diriam, com o que pensariam ou em quais revistas isso poderia sair. Tudo o que importava era que Lauren estava ali, comigo. Viva.

-Eu te amo, Lolo.- E por fim, pude dizer as palavras que por tanto tempo estiveram presas na minha garganta.

-Eu também te amo, Camz.


Notas Finais


Então, gostaram?

Achei essa fic Camren que eu escrevi faz um tempo e bem, resolvi postar! Se vocês gostaram, não se esqueçam de votar e comentar, que isso ajuda muito <3

Se quiserem falar comigo, eu tenho dois Twitter's: yasfmelo que é o pessoal e starswlauren que é o FC!

Aliás, o que acham de uma fic de Camren? Estou pensando seriamente em escrever! Quem sabe uma continuação dessa aqui, não é?

Eu também tenho histórias originais aqui, se vocês quiserem ler, é só ver no meu perfil <3

É isso e espero poder ver vocês mais vezes!

Também disponível no Wattpad pelo user: yasfmelo


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