História Um Ano Nem Tão Incrível Assim - Sim, quero

Depois daquela tarde chuvosa, Joseph e eu saímos para comemorar a nossa volta. Nosso programa foi ir ao cinema assistir a um filme de terror: Felicidade Demoníaca 4, O Retorno do Palhaço. Recordamos o período em que namorávamos quando mais novos. Foi divertido.

Mas agora, já com o diploma em mãos, não temos mais tanto tempo para irmos jantar fora, irmos ao cinema... Rafa e eu temos feito muitas viagens com a banda - que é, na verdade, um duo entre ele e eu, obviamente. - Joseph tem acompanhado tudo de perto, fazendo exposições de suas obras magníficas.

Minha rotina dos últimos meses tem sido: hotel, show, reunião da escola de música, show, hotel. Está sendo difícil, cansativo, mas sei que vai valer a pena.

No momento, me encontro jogada no chão do camarim, descansando até que chegue a hora de adentrar o palco e detonar esse sentimento de ansiedade com o calor de todos na plateia. As coisas aconteceram muito de repente, o que é bom. Não sobrou tempo para sofrer, e a rapidez logo se transformou em adrenalina, deixando tudo muito mais maluco e divertido, até. 

- Jade, está na hora. - a acessoa diz através da pequena fresta que ela abre na porta. Faço que sim com a cabeça e me levanto. Faço um pequeno instante de reverência a Deus, agradecendo a Ele por aquele momento e por tudo  que tem acontecido e dado certo em minha vida.

Quando chego no palco, saltando de cima do piano com um salto mortal, Rafa começa uma melodia barulhenta e contagiante na bateria. Todos gritam histéricos, ansiando por música. Então, damos a eles aquilo que pedem, aquilo que amamos fazer: música.

Fizemos o segundo show do dia, tarefa cumprida. E Joseph resolve dar uma de louco e invade o palco, já no final da  performance, bem na hora em que estamos nos despedindo do público. Os gritos histéricos voltam, com todos dizendo em uníssono os nomes de Rafa e meu namorado. Há uma brincadeira na internet entre o fandom com a amizade de meu irmão e Joseph. Dizem que eles são brotp supremo, e, particularmente, amo isso. É muito engraçado. Jo vai em direção a Rafa e lhe dá um beijo na bochecha, depois pega o microfone no pedestal e se dirige a mim.

- Hoje a minha declaração não vai para Rafa, infelizmente. Desculpe, cara. A sua hora vai chegar. - ele brinca. - Eu só subi aqui para deixar claro o meu amor pela Jade, e deixar bem claro que quero passar o resto de meus dias mortais ao lado dela, porque ela é a mulher da minha vida. Te amo, querida. - ele me beija e fico um pouco envergonhada, é a primeira vez que nos beijamos na frente de mais de trinta mil pessoas, mas retribuo o beijo.

- Isso é uma mentira! Ele disse que me amava tanto quando a ama. - Rafa pega o microfone e nos afasta. Todos da plateia gargalham.

- Em minha legítima defesa, eu não tenho nada a ver com isso. Onde está Sam? Aquela garota com um piercing no septo, cabelos curtos, e bem estilosa e que dá muito carinho ao meu irmão fura-olho? - minha vez de falar no microfone. Sam sobe ao palco e toma o microfone da minha mão.

- Estou bem aqui, para impedir que Rafa fique com Joseph e você possam se casar. - não sei o que falo... Todos começam a gritar, dizendo para eu olhar para trás. Não entendo nada, mas mesmo assim faço o que me pedem. 

Minhas mãos decolam e pousam na frente da minha boca, abafando um grito desafinado de felicidade. 

Quer ser a mulher da minha vida na saúde e na doença, na felicidade e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe?

Quando olho para essa frase no telão, que é acompanhada de pétalas brancas caindo d cima da estrutura do palco, e em seguida me viro para frente e me deparo com Joseph ajoelhado, segurando uma caixinha com um anel dentro, lágrimas quentes de felicidade inundam minhas bochechas. A adrenalina do momento me deixa com uma respiração difícil. Meus pulmões trabalham freneticamente, mas ainda tenho dificuldade. Quando a minha respiração se normaliza, consigo dizer o que estava entalado na minha garganta, impedindo-me de respirar: sim, eu quero. 

Foi tudo muito lindo, ele me entregou flores mais tarde, quando fomos pra casa. E me escreveu um poema:

A menininha de antes agora cresceu
A garotinha tola se perdeu
Dando agora lugar, a uma mulher que quer amar
Uma mulher incrível, com quem vou me casar

Aqui estamos agora
Esperando pela aurora
Vamos comemorar sempre
Até o amanhecer
Obrigado, por em minha vida comparecer.

Ah... Nem sei o que dizer... Com certeza, os próximos anos serão os melhores da minha vida.

Meses mais tarde

Minha mãe não me disse que se casar era algo tão difícil, que mexe com nosso psicológico. Minha sanidade? Nem sei mais o que é isso. Minha ansiedade vem de tal maneira que nem sei mais o que é real e o que não é. São muitas as tarefas para se realizar um casamento. Lista de convidados, salão, buffet, vestido, cerimônia... Por isso, resolvi fazer igual a minha mãe: me case na praia, com uma vestimenta simples - um vestido branco longo, com uma fenda que se abre até um pouco além da metade da minha coxa, descalça, uma coroa de flores nos cabelos que estão modelados com leves ondas. Basicamente, a cerimônia foi idêntica a da minha mãe. A minha ansiedade não é pelo preparativos, é pela cerimônia.

Joseph e eu queríamos algo discreto e apenas para os amigos mais próximos e família. Rafa aproveitou o embalo e, naquele pôr-do-sol, pediu Sam em casamento também. Eles são o casal mais zoeiro que conheço, vivem pregando peças um nos outro, mas dessa vez foi sério. Ela, é a garota da vida de Rafa, e fico feliz por isso. 

Estão todos aqui: Mauro, minha mãe, Rafael, Mary, Sam, Tio Mikael, Tia Maju, meu noivo... Amigos da família... Foi tudo perfeito. 

Quem diria que eu, Jade Gilbert Müller, a garota que não acreditava na possibilidade de um dia amar, está se casando e muito feliz por isso.

Jogo o buquê e ele cai nas mãos de Sam. Todos riem com a coincidência e ela e Rafa se beijam.

Todos estamos felizes agora.

P.O.V Joseph

Se estou feliz por ter me casado com Jade? Imensamente feliz.