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História Safe and Sound - O dia que minha vida mudou


Escrita por: wolfiverse

Notas do Autor


Me desculpem por qualquer erro, revisarei com mais calma depois. Boa leitura

Capítulo 1 - O dia que minha vida mudou


Fanfic / Fanfiction Safe and Sound - O dia que minha vida mudou

Creio que no ponto de vista de muitos, minha vida era perfeita. Eu tinha uma bela casa, morava em um lugar de classe alta, estudava em uma escola particular, tinha amigos, e era feliz. 

Mas eles estavam errados. 

Minha casa era vazia, ficava sozinho nela, eu era emancipado pois meus pais viajavam constantemente, eu quase não lembrava do seus rostos, praticamente morava nela sozinho. O lugar onde eu morava era cheio de gente arrogante que te julgaria pelo seus bens materiais. A escola que eu estudava era apenas movida de aparência assim como meu bairro, se você tirava uma nota um pouco baixa, já era motivo de chacota. Meus amigos eram falsos, gostavam de pisar nos outros para se sentirem melhores consigo mesmo, para se sentirem superiores. E o mais importante, eu não era feliz. 

   Eu já não acreditava mais na felicidade, não tinha porque acreditar, ela não existia, a "felicidade" que muitas pessoas diziam era apenas uma máscara, uma máscara que elas faziam para se sentirem melhores com elas mesmas, para exibirem suas supostas felicidade na cara dos outros, uma verdadeira competição de quem é mais feliz. As pessoas são nojentas, ambiciosas, intolerantes, interesseiras, falsas, mentirosas, vão te ajudar apenas se você der algo em troca. Talvez você ache que eu estou sendo dramático, que o mundo não é tão ruim assim. Dizem que a primeira impressão é a que fica, certo ? Essa era a impressão que eu tinha do mundo, essa era a impressão que eu tinha da minha vida.

   Todas as pessoas eram dessa forma, exceto ele.

   Eu o conheci de uma forma bem peculiar, digamos que eu era um garoto depressivo, odiava minha vida, ao meu ver, eu era só mais uma pessoa que não faria diferença nenhuma para o mundo, foi por isso que eu constantemente tentava me matar. 

   Porem eu era covarde, o mais longe que tinha conseguido foi quando tomei vários remédios de uma vez no dia do meu aniversário, que meus pais se recusaram a comparecer. Eu tinha ficado tão triste que tentei botar um fim em meu sofrimento. Mas por sorte -ou não- uma empregada de minha casa me viu desmaiado e me levou para o hospital. 

   Eu acordei com uma dor de cabeça infernal, consigo lembrar até hoje dela, a lembrança é tão intensa que eu podia até senti-la novamente. Meus pais nem ficaram sabendo sobre o acontecimento, pedi que a Tiffany -a empregada que me levou até lá- que não contasse aos meus pais, não, não foi porque eles podiam se preocupar, foi porque eles iam me deixar mais mal do que eu já estava, iam vir com aquele mesmo assunto de que eu tinha que parar de agir como uma criança rebelde, que eu tinha tudo nas mãos e não precisava fazer isso. Mas eu não tinha o que eu mais queria: amor. 

   Nesse dia, tive que ficar mais tempo no hospital, pelo menos até os resultados dos exames. Foi nesse dia que eu o conheci. 

 

   Estava andando pelos corredores daquele hospital, só queria matar o tempo até aqueles malditos exames de sangue saírem. Definitivamente ficar na sala de espera não era uma opção válida, não pra mim. Eu odiava a atmosfera que o hospital exalava, eu odiava seu cheiro, as cores que eram pintadas eram cores mortas, um cinza bem escuro e a iluminação não era tão boa. aquele local me mandava uma energia ruim, talvez porque fosse um lugar para pessoas doentes, porém sempre me perguntei por que eles não deixavam o lugar mais alegre. Com cores vivas. Mas talvez eu estivesse errado, e o hospital não fosse um lugar onde você pudesse sorrir.  

   O lugar menos deplorável era o jardim, e foi pra lá que eu fui. andei até a parte externa do hospital, o tempo estava lindo, sem nenhuma nuvem no céu, o vento soprava as árvores e arrancava suas folhas secas. De fato, o jardim era a parte que eu mais gostava, era um lugar colorido, cheio de flores, estava praticamente varrido de flores rosas, e arbustos bem cuidados. Caminhei até um pequeno banco branco que tinha ali e me sentei, comecei a observar a grande árvore na minha frente, acho que ninguém nunca para para reparar as coisas ao redor, mas eu sempre parei. Mas algo acabou me chamando a atenção. 

   Escutei um barulho vindo de um pequeno arbusto que estava ao lado da grande árvore , e como um bom curioso, fui ver o que era. Levantei-me e andei até aquele conjunto de folhas. Estava se remexendo bastante. Cautelosamente elevei minha mão até o local e afastei as folhas me dando a visão do causador dos barulhos : Um pequeno gato alaranjado.

   Ele estava enroscado em alguns pequenos galhos e tentava inutilmente sair. O peguei com cuidado para que não se assustasse e o segurei no colo afagando suas orelhas macias. Eu sempre gostei muito de animais, eles são companheiros, e diferente das pessoas, não pedem nada em troca. 

   Logo me sentei novamente com ele em meu colo, peguei um pedaço de capim qualquer e brinquei com o pequeno gatinho. Ele era adorável, uma verdadeira figurinha.

   Eu estava super distraído, até que senti alguém sentar em meu lado. Olhei de súbito para a pessoa em questão. 

   Um garoto. Um garoto estava sentado ao meu lado, suas íris negras faziam um pequeno brilho devido ao sol e ele sorria com os lábios fechados. Franzi o cenho. 

— Não se incomode comigo, pode continuar brincando com meu gatinho. — Sorriu de uma forma infantil e fez carinho na cabeça do gatinho que o recebeu muito bem. 

— É seu ? — Perguntei. O garoto assentiu animadamente. Não quis conversar, apenas me virei pra frente e voltei a observar a árvore. 

— Qual o seu nome hyung?

   Ao contrário de mim, o garoto parecia realmente querer conversar, pois quando voltei a olha-lo, percebi que ele não tinha tinha tirado seus olhos de mim por nenhum segundo. Tanto que me assustei com a forma que me olhava tão intensamente. 

— Jimin, Park Jimin. — Falei simplista. Ele ficou mexendo suas pernas pra frente e pra trás de forma infantil.

— Que nome bonito. O meu é Jeon Jungkook. 

— Jungkook. — Falei, testando em como o nome soaria. 

— Sim, isso isso. — Riu batendo palmas animadamente. — O que você está fazendo aqui Hyung? 

— Só uns exames de sangue idiotas. — Disse bufando. Não ia falar o real motivo de eu estar aqui, primeiro que eu não devo explicações a estranhos, segundo que não queria toca no assunto, provavelmente ele diria que sou fraco ou que quero chamar atenção. — E você? — Perguntei fazendo carinho no gatinho que brincava com meu casaco.

   O sorriso alegre que até agora não tinha visto sair de seus lábios, se transformou em um sorriso melancólico e triste. 

— Eu tenho leucemia. —  Murmurou brincando com os próprios dedos. 

   Meu coração palpitou. Ele não estava com cara de doente, muito menos de alguém que tinha câncer. Foi uma grande choque para mim, tanto que não consegui evitar de arregalar os olhos. Uma onda de pena me devastou. Ele parecia tão novo... 

— Eu sinto muito. — Foi tudo que consegui dizer. 

— Não sinta hyung, não se preocupe com isso. — Riu soprado.— Nao quero que sinta pena de mim. 

— Eu não estou com pena. — menti. — De qualquer forma eu já vou.

   Fiz um último carinho no gatinho alaranjado que lambeu a ponta de meu dedo e me levantei a fim de ir embora, provavelmente os exames já tinham saído. 

— Não espera. — Me virei e o garoto levantou num ápice. — Não vai... Não vai embora.

— Por quê? 

   Estranhei bastante, por qual motivo, uma pessoa que nem sequer conheço desejaria minha companhia ? Era completamente estranho e sem sentido nenhum. 

— Eu não quero ficar sozinho. — Falou olhando para as flores do local. Seus dedos se entrelaçavam uns nos outros em um óbvio gesto de nervosismo. — Você não precisa conversar comigo, pode ficar brincando com meu gato, só... só fique mais um pouco. Por favor. 

   

   Naquele dia, não sei bem o porque, só sei que acabei aceitando. Talvez fosse pelo fato de que eu também não queria ficar sozinho, não tinha ninguém me esperando em casa. Acabei passando o resto da tarde com Jungkook. Tínhamos pontos de vista bem diferentes, digamos que eu era do tipo que não via lado bom em nada e ele do tipo que via lado bom em tudo. De início, fiquei com pé atrás se continuava a falar com aquele garoto, sei que pode ser besteira pensar assim, porém não queria fazer amizade com um garoto que tinha uma doença que podia levar ele a óbito a qualquer momento. Mas o seu jeito infantil de sorrir me causava tranquilidade, me confortava de alguma forma. 

   Quando ele me propôs a idéia de ir te visitar todo final de semana a fim de lhe fazer companhia, achei a idéia absurda, estava fora de cogitação, mas por incrível que pareça eu não consegui recusar, sim, eu não consegui recusar algo a um garoto estranho que eu tinha acabado de ver. Mas para deixar claro, eu só fui por causa de seu gato. Pelo menos de início foi por causa dele. 

   Me sentia a pessoa mais idiota do mundo por estar fazendo aquilo, mas eu sempre ia com a desculpa de que não tinha nada pra fazer, então não faria diferença. Mas a verdade era que eu gostava. Por mais que não falássemos muito, aproveitavamos bem a companhia um do outro, seu jeito infantil me intrigava. De certa forma, eu gostava de o ver sorrindo, e não precisava de muito para realizar esse feito, Jungkook sorria com extrema facilidade. Em praticamente todas as minhas visitas, ficávamos sentados naquele mesmo banco, ele ficava cantarolando alguma música enquanto eu fazia carinho em seu gatinho cujo eu já tinha me apegado.

   Mas um certo dia, parecia que minha angústia tinha piorado mil vezes mais. Eu estava péssimo, normalmente quando acontecia isso, eu ficava trancado no quarto chorando baixinho, e era o que eu teria feito, pelo menos se eu não tivesse que ir visita-lo. Pensei na possibilidade de não ir, ele entenderia, porém resolvi contrariar meus próprios pensamentos e ir, eu definitivamente precisava me distrair. 

Foi nesse dia, que ele descobriu minhas fraquezas.

 

Estava com o rosto visivelmente abatido, nenhuma maquiagem conseguiria esconder isso. Suspirei pesadamente antes de adentrar em seu quarto do hospital. Não queria que Jungkook me visse dessa forma, não gostava que ninguém me visse assim, odiava quando as pessoas viam minhas fraquezas, elas certamente se aproveitariam disso. 

— Hyung, achei que você não viria hoje... Você demorou. — Levantou de sua cama esboçando o sorriso de sempre. 

   Caminhei sem muitas cerimônias para o gatinho que estava deitado no canto da cama e acariciei sua barriga, ele vendo meu agrado se esticou completamente fazendo um gesto adorável com as patinhas. Se eu estivesse em meus dias normais, teria sorrido com a cena, porém eu não estava, e Jungkook percebeu.

— Você tá bem? — Se colocou na minha frente me encarando de forma preocupada. 

   Senti minha garganta secar só com essa pergunta, eu não estava bem, porém, você nunca pode dizer isso pra uma pessoa, elas não querem saber dos seus problemas. 

— Estou. — Respondi, e Jungkook negou, me deixando intrigado. 

— Você não tá não.

— Estou sim. — Me sentei na cama e ele logo se sentou ao meu lado ainda me fitando — Eu já falei que estou bem. 

— Para de mentir — murmurou. 

— E o que exatamente você sabe sobre mentira? Você é só um garoto.

Jungkook apenas me olhou sério.

— Sei que mentiras machucam. — Recitou quase como um sussurro. — Elas machucam tanto as pessoas em sua volta quanto você. 

— Por que esta fingindo se importar? Hun? Você nem me conhece. — Levantei da cama e caminhei pelo quarto.— Para de fingir que se importa, as pessoas nunca se importam, elas fingem, só sabem fingir. — Despejei. meus olhos já ardiam denunciando as possíveis lágrimas

   Jungkook permanecia me encarando calado. 

— Como você pode falar que entende? Você não... Não entende... — Já podia sentir lágrimas molharem minha bochecha sem minha permissão. 

   Ele apenas se levantou e foi até mim, achei que ele falaria mais alguma mentira como todos os outros sempre faziam. mas me abraçou, me abraçou muito forte, como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo, eu não lembrava a última vez de ter recebido um abraço, e nem lembrava também de ser algo tão bom. 

   Ele tinha cheiro de remédios, seu cheiro me lembrava o hospital, e sua pele era pálida e fria, como se ele só tomasse sol naquelas poucas vezes que ia ao jardim do hospital. Depois de alguns significativos segundos finalmente nos separamos, coisa que me arrependi na mesma hora, pois instantaneamente senti falta do calor de seu corpo.

— Obrigado. — Sussurrei. Já estava me sentindo mais calmo, talvez eu só estivesse precisando disso: um abraço. 

— Minha mãe sempre dizia que a melhor forma de acolher alguém triste, é abraçando. — Sorriu encarando as próprias mãozinhas parecendo se lembrar de algo. 

— E aonde ela está? — Perguntei ainda fungando, mas já estava mais calmo.

— Ela está no céu agora hyung. — Sorriu docemente. Eu o olhei confuso, como ele conseguia sorrir dessa forma mesmo em horas como essa ? — Você deveria desabafar mais com seus amigos, não é bom guardar tudo sozinho. 

— Eu não tenho amigos. — Ri sem humor. 

— Por que não? 

— Porque as pessoas são falsas. — Disse e me sentei na cama novamente. 

— Nah. — Negou com a cabeça e riu soprado. — Nem todas.

— Todas! — Afirmei rápido. — Sempre querem algo em troca, vão sempre te apunhalar pelas costas. 

— Você não precisa ter tanto medo das pessoas. Algumas delas são boas 

— Nunca me provaram o contrário...— Murmurei já irritado. Até que sentir suas mãozinhas quentes acolherem as minhas, levantei meu olhar até si e o olhei um pouco surpreso, ele esboçou um dos seus melhores sorrisos.

— Você só precisa olhar para o caminho certo, tenho certeza que ainda vai achar pessoas maravilhosas em sua vida. 

 

   Dali em diante, fiquei mais próximo a Jungkook, no fundo, eu acreditei em suas palavras. E foi a melhor coisa que eu poderia fazer, pois resolvi mudar algumas coisas em minha vida. Primeiro me afastei drasticamente dos meus "amigos", porém tentei olhar as coisas por um outro ângulo, foi difícil, mas eu acabei achando uma pessoa que hoje em dia posso chamar de amigo, ele era um completo idiota, fazia muitas besteiras, mas ele era uma pessoa boa. E jamais eu teria me deixado me aproximar se não fosse as palavras de Jungkook. Taehyung me apoiou muito, ele também percebeu que eu tinha depressão e me ajudou, vinha constantemente na minha casa alegando que não queria que eu  ficasse sozinho. E ter alguém se preocupando comigo foi muito bom. 

   Por alguns meses eu fui mudando completamente meu comportamento, já não tinha os mesmos pensamentos, e estava sendo mais aberto em relação a muitas coisas, tentei não guardar nenhuma mágoa de meus pais. Ter pessoas ao meu lado era uma sensação maravilhosa, era algo que eu estava negando para mim mesmo sem perceber. 

   Por insistência de taehyung acabei aceitando seu convite de tomar sorvete em um tempo extremamente frio, ele alegou que não tinha problema, mas é claro que deu problema, resultou em dois idiotas doentes de cama por quase duas semanas. Faltou muito pouco para eu ir na casa dele só para o bater. Avisei a Jungkook que não poderia ir no hospital pois estava doente, e ele compreendeu. 

   Depois de alguns dias eu finalmente melhorei, confesso que estava morrendo de saudade de Jungkook, e de seu gato também, mas nunca iria admitir em voz alta. Eu apenas fui lhe visitar

   Foi nesse dia, que eu percebi uma coisa 

   Praticamente corri para o hospital, eu estava ansioso para ver Jungkook novamente, lhe contar como tinha sido meus dias tediosos, já que ele sempre parecia interessado em tudo que eu falava, era agradável contar lhe coisas.

   Mas assim que adentrei em seu quarto, senti meu estômago revirar. Jungkook estava sentado na cama, ele estava com a aparência cansada, sua boca estava com menos tonalidade do que de costume, seus olhos estavam com olheiras. Mas mesmo assim, quando ele me viu, levantou num ápice

— Hyung!  — Correu até mim e me abraçou com força, eu apenas retribui com a mesma intensidade. — Que saudade que fiquei de você, queria lhe contar tantas coisas. — Gostaria de gritar que também gostaria, mas nunca conseguiria falar algo assim. — Eles estão me dando remédios mais fortes, e o gosto é muito ruim. — Falou baixo soltando um riso. 

   Meu coração instantaneamente se apertou, e meu reflexo foi abraçar ele um pouco mais forte. Eu às vezes esquecia que Jungkook tinha leucemia, foi como um choque de realidade, um balde de água fria. Foi aí que caiu a ficha :

Jungkook estava cada vez mais fraquinho

   

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, eu realmente entrei de coração nessa fic. De início, pensei em fazer apenas um One Shot, porém resolvi adicionar mais capítulos já que a história ficou um pouco longa. Por favor, não esqueçam de comentar para apoiar a fic como puderem, eu gostaria muito de saber a opinião de vocês

Nos vemos no próximo capítulo ~


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