História "Um café, por favor." - Tarde Demais...

Parte 39

No caminho de volta, já estavam quase chegando, começou a chover muito forte, vocês correram para o primeiro local que pudessem se proteger da chuva e ficaram abaixo da cobertura de uma lojinha.

-Aigooo! O céu estava tão limpo, o que houve?

-Eu gosto de chuva. Algumas pessoas dizem que um banho de chuva é capaz de lavar e purificar a alma.

-Você acredita nessas coisas?

-É claro que não.

-Pff…-você começou a rir, não sabia bem, mas deu vontade.-Ah… minha flor está toda encharcada, o que vou fazer agora?

-Quando chegar em casa, coloque ela dentro de um livro que goste muito e deixe-a guardada.

-Mas a beleza dela…

-Te ensino a cultivar algumas, não se preocupe.-ele sorriu.

-Komawo…

Ele percebeu que você já estava tremendo de frio e a chuva ainda estava forte, então se aproximou devagar e tentou abraçá-la, mas você reagiu um pouco assustada.

-Yah! O q-que está f-fazendo?!

-Você está com frio, imagino que queira se esquentar.

-An-n-nya!

-Ok.-ele disse enquanto se sentava no chão, pois não iria esperar a chuva passar ali de pé.

Você ficou quieta por longos minutos, mas o frio começou a aumentar e seu queixo já parecia ter vida própria de tanto que tremia naquele momento. Seu estado se agravou a ponto de devagarinho sentar-se ao lado do líder e deitar sua cabeça no ombro dele, abraçando um dos braços do rapaz.

-Q-Quentinho…

JB não resistiu a isso e te abraçou. Quando você já havia parado de tremer e o silêncio reinava entre vocês, a chuva também havia parado. Você e JB levantaram-se e seguiram para casa.

-S/N…

-Hum?

-Não quero ser chato, mas preciso mesmo saber. Porquê estava chorando hoje mais cedo?

-Ah… bom… Eu fui visitar Han Na.

-E como ela está?

-Segundo ela… bem. Disse que está melhor ali do que na própria casa.

-Meio exagerado isso, não?

-Aniyo.

-Aniyo?

-Somos amigas de longa data, mas nunca soube muita coisa sobre ela… é isso me faz a pior companheira que ela poderia ter.

-Ela falou isso pra você?

-Ani…

-Então porque pensar assim? Eu acho que ela gostava do fato de você não ficar perguntando sobre a vida dela.

-Talvez. Ela teve uma vida muito difícil… e se eu tivesse me intrometido antes, ela poderia não estar na cadeia agora.

-Tudo tem um propósito pra acontecer. Se ela tiver que sair, sairá.

-JB…-sua voz estava trêmula.

-Você está bem?

-O pai dela na verdade é o padrasto dela… e ele tem um temperamento muito forte e agressivo…

-Está dizendo que…

-A mãe dela apanhava todas as vezes que opunha às opiniões e ordens dele e Han Na se jogava na frente, porém ele continuava a bater.

-Omo…

-Chegou um tempo que de tanto ela defender, o padrasto começou a bater somente nela em todas as vezes que a mãe dela cometia algum “erro”.-Lágrimas já estavam passeando por seu rosto.

-E ela ainda não denunciou?

-Nem ela e nem a mãe dela tiveram coragem.

-S/N, eu…

-Eu pedi pra polícia ir investigar a casa dela e sabe-se lá se ele foi preso ou não… se descobriram algo… se a mãe dela está bem...

-Yah…-ele disse, parando em sua frente e enxugando suas lágrimas.-Eu sinto muito por tudo isso, mas se já pediu pra polícia investigar, vai dar tudo certo.

-Eu sou muito egoísta…-agora você chorava mais intensamente.-Nunca pensei nela, somente em mim.

-Yahh…-ele te puxou para um abraço forte.

Você abraçou firmemente a cintura do rapaz e após algum tempinho nesse consolo, conseguiu se acalmar e os dois voltaram a caminhar de volta para casa. Ao chegar, viu que alguns dos meninos estavam jogando e outros conversando no sofá.

-Annyoung~.-Você os cumprimentou.

-S/N, o que houve com seu cabelo?-Jackson perguntou.

-Foi a chuva.

-Waaahhrr… porque não toma um banho quentinho agora, hum?-sugeriu Jinyoung.

-Ne.

-Tome um banho e desça novamente, irei fazer algo pra você comer, ok?-JB completou.

-Ne…-você se curvou e se retirou do local.

Foi uma longa noite, mas conseguiu se abrir sobre o que acontecia em sua vida pessoal para o JB, isso era algo de grande importância pra ele. Você abriu um de seus livros favoritos e colocou a rosa púrpura dentro, após jantar com eles, adormeceu no sofá e depois de muita insistência dos rapazes JB a levou pra dormir na cama dele. Foi confortável e aconchegante, o melhor sono que já teve.

No dia seguinte, você acordou com o celular tocando. Abriu os olhos e viu que um dos braços de JB estavam por baixo de sua cabeça e o outro envolto em sua cintura, foi por isso que dormiu tão bem. Levantou um pouco a cabeça e avistou seu celular em cima do criado mudo, pegou-o e atendeu.

~

-Yeobosoyo?

(Senhorita… S/N… correto?)

-Ne.

(Aqui é do presídio feminino de Seul, você veio esses dias fazer visitas a So Han Na, confirma?)

-Ne… aconteceu alguma coisa?

(So Han Na se suicidou nesta madrugada.)

Aquilo causou um impacto em você… teve o mesmo efeito que levar um tiro. Rapidamente tentou se acalmar, pois já estava tremendo e sua voz mal queria sair e por incrível que pareça, nenhuma lágrima surgia em seus olhos.

-S-Suicídio…?

(Ne. Estamos mandando ela para o necrotério, o velório será decidido pela mãe dela. Você tem algum contato dela?)

-Aniyo…

(Irei passar-lhe.)

~

Após aquela ligação, você permaneceu em estado de choque. Não imaginou que Han Na iria se matar, talvez ela houvesse entrado em algum colapso emocional enquanto pensava sobre a própria vida e não tenha visto saída alguma para ela…

Após longos minutos tentando ao menos reagir, você levantou da cama, tomou um banho e fez o café da manhã dos meninos. Em seguida, foi para casa pra conversar com sua mãe, uma mania grande de sua parte era sempre querer ser consolada por ela… não que seja errado, mas já estava bem grandinha pra cuidar de si mesma sozinha. No caminho, ligou para a mãe de Han Na, vocês duas conversaram por um bom tempo e a mulher parecia completamente arrasada com a notícia… então lhe informou a hora do velório que seria no fim da tarde por volta das 17:30 PM.

Você chegou em casa e pôde ver sua mãe sentada no sofá, comendo kimbap e assistindo TV. Entrou e fechou a porta bruscamente, assustando a pobre mulher que se divertia com um dos programas de entretenimento favoritos dela.

-Aaaaiigooo! Sua palhaça, não bata a porta desse jeito!

Você permaneceu quieta, apenas seguiu em direção à ela e deitou no sofá colocando sua cabeça no colo dela.

-S/N? Aconteceu algo?

-Não saiu nas notícias ainda?

-Não estou assistindo o jornal.

-Han Na…

-O que aconteceu?

-Ela… se suicidou.

-O quê?!

-Vinham acontecendo muitas coisas com ela e acho que nem suportou ficar trancada numa cela sabendo que se saísse dali seria pior ainda.

-Como assim?!

-O padrasto dela batia na mãe dela… e a Han Na já chegou a apanhar muitas vezes no lugar da mãe.

-Meu Deus… por isso ela sempre vestia roupas longas…

-Ne…

-Mesmo quando estava calor…

-Ne…

-Ela se suici…-antes de continuar falando, sua mãe voltou o olhar para você, vendo que seus olhos estavam vermelhos, mas nenhuma lágrima descia deles.-E você? Como está?

-Mal… muito mal…

-Minha anjinha… eu sei que está se culpando por isso… mas ela não fez essa escolha por sua causa. Tenho certeza que Han Na sempre amou estar ao seu lado dividindo os mesmo momentos sempre.

-Anyaaa… eu fui muito egoísta… a deixei sozinha o tempo todo!

-S/N fique calma…

-Eu nunca dividi meus momentos com ela… sempre quis ficar sozinha e a expulsava sempre que tinha a oportunidade. Perdia a paciência facilmente com ela e a ignorava sempre que falava de seus gostos.-você se levantou e olhou nos olhos de sua mãe.-Que porcaria de amiga sou eu?!

-S/N… fica calma, por favor.

-Aniyo. Acho que vou dar uma volta pra espairecer a mente.-disse levantando-se do sofá e indo para a porta.-Só vim pra contar isso mesmo… e o velório será às 17:30. Annyoung.

-Yah, volte aqui! S/N!!! Meu Deus…

Mesmo com os berros de sua mãe, você prosseguiu em frente, andou até chegar na ponte do rio Han.