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História Um casal nada convencional (A Jily Story) - Capítulo Único


Escrita por: Freakazoid

Notas do Autor


Olá, pessoal
Voltei a escrever sobre Jily, YAAAYY
A ideia mede um casamento entre eles me fascina há muito, e hoje mesmo escrevi tudo. Espero que tenha ficado tão bonito quanto eu imaginei. Logo postarei outra fic sobre a lua de mel deles, e até mais. Eles passaram quase 4 anos juntos. Dá pra fazer muuuita coisa.
Espero que gostem da fic, e me deixem saber se gostaram.
Boa leitura ^^

Capítulo 1 - Capítulo Único



Não fora um pedido de casamento nada convencional. Há quem diga também que não fora um bom momento. No entanto, a Primeira Guerra Bruxa explodia lá fora. As pessoas tinham medo, que alimentava os dementadores e fazia os dias parecerem sempre nublados e sem vida.
    Ninguém pensaria em se casar em tempos assim.
    A não ser que o casal em questão não fosse nada convencional.
    Fazia um ano desde que Lily Evans e James Potter concluíram Hogwarts. Pouco mais de um ano que estavam juntos. Para James, um sonho realizado. Para Lily, um amor que fora descoberto na pessoa mais inesperada.
    Em outros tempos, os alunos não estariam tão mudados desde o fim da escola. Provavelmente ainda estariam em dúvida sobre o que fazer, ou mofando dentro de casa, curtindo algum tempinho de liberdade antes do cárcere da vida adulta.
    No entanto, era um ano tenebroso. Lord Voldemort ganhara poderes inimagináveis. Os mais velhos temiam. Os mais jovens lutavam. 
    E era exatamente isso que Lily, James e seus amigos, Remus, Sirius e Peter estavam fazendo no momento.
    - Rabicho! - gritara Sirius, entre feitiços berrados e jorros de luz - Deixa ele pra mim. Eu dou conta.
    Mais do que satisfeito, Peter rolou para o lado e deixou Sirius concluir a tarefa de desarmar um comensal. Os garotos, pouco mais de 18 anos, lutavam pela Ordem da Fênix. Arriscavam suas vidas para salvar o mundo bruxo. 
    Naquela rua trouxa deserta, os garotos encurralaram alguns comensais, que planejavam mais destruição pela Londres trouxa. Explodiram um cinema ainda mais cedo, deixando dezenas de pessoas mortas e outras dezenas feridas. As autoridades não-mágicas não sabiam explicar como se dera a explosão.
    Mas os bruxos sabiam muito bem.
    Os Marotos duelavam com maestria. Sirius e Remus formavam uma dupla formidável, assim como Lily e James. Vendo seus cabelos acaju dançarem enquanto ela empunhava a varinha e desferia maldições sempre despontava nele uma mistura de medo e admiração. Vez ou outra, durante uma batalha, ela virava-se para ele, bem no momento em que algum comensal iria lhe acertar. O coração do rapaz quase parava; ela, no entanto, desviava-se no ultimo instante, e recomeçava a peitar quem quer que estivesse tentando lhe matar.
    - Acho que esses daí não se alimentaram muito bem ao sair de casa - falara Sirius, finalmente derrubando um dos comensais - tá caindo de maduro, o pobrezinho. Nem foi tão divertido. 
    O comensal que duelava com James também fora vencido, e restara apenas o que Lily estava se concentrando em derrotar. Antes, porém, que os garotos fizessem menção de ir ajudá-la, ela estuporou o último com tanta força que o mesmo fora arremessado para o outro lado da rua e o clarão do feitiço iluminara por um breve instante aquela noite escura.
    - Parabéns, Evans - cumprimentou James, maravilhado.
    - Obrigada, Potter. 
  - Agora precisamos voltar urgente pra sede da Ordem - informou Remus, que estava verificando seu relógio de pulso desgastado - Aparentemente, esses aqui queriam apenas tocar o terror nas...
    Porém, sua voz se interrompeu ao perceber que Lily apontava para cima. Os outros seguiram sua mão, e perceberam o que estava acontecendo.
    Alguém voava para o centro da cidade. Rápido, vestes tão escuras como a noite e pele tão pálida quanto a lua. 
    - Então, os boatos são reais - comentou Remus, estupefato - ele sabe mesmo voar.
    Antes que pudessem fazer qualquer coisa, Lily disparara pela noite, e James foi ao seu encalço, seguido pelos outros.
    - Evans! EVANS, ESPERE!
    - Não podemos esperar! É a nossa chance de pegá-lo!
    - Mas pra onde ele pode estar indo? - ouviu-se a voz ofegante de Rabicho mais atrás.
    - Eu tenho uma ideia - respondeu Lily, igualmente ofegante.
    - Mas que merda! - Sirius bradou - Aqueles ali eram só uma distração! Como não nos informaram disso?
    - Não é hora de questionar, Sirius.  - Aluado estava bem ao seu lado.
    James observava Lily correndo, e tentava acompanhá-la. Ele sabia o porquê de ela estar tão determinada em encarar Voldemort. Ela tinha uma expressão dura no rosto, e algumas lágrimas escapavam de seus olhos muito verdes.
    Ele sabia que queria justiça pelo seu pai, morto no mês anterior pelo bruxo das trevas. 
    E ele iria com ela. Não podiam deixar que mais pessoas como o sr. Evans morressem.
    Lily parou, quase derrapando, em frente à uma construção monumental: o Palácio de Buckingham. 
    -  Mas que diabos...?
    - Seja lá o que for que ele veio fazer aqui, tenho certeza de que não foi tomar chá com a rainha - comentou Almofadinhas, sombrio.
    Os guardas que normalmente ficavam em frente ao palácio estavam estatelados no chão. Alguns comensais mascarados assumiram seu posto.
    Lily corria os olhos pelo lugar, e James percebeu que ela estava procurando um jeito de entrar. O garoto lançou um olhar para os amigos, aflito. Os três se entreolharam e acenaram uma vez.
    - Nós cuidamos desses aqui - disse Sirius, estalando o pescoço - Vão e tragam a cabeça do Voldemort pra gente espantar as moscas da sede da Ordem. 
    Remus, Sirius e Peter entraram em posição de combate. Os comensais ainda não haviam reparado neles, tratando de afastar os corpos dos guardas trouxas. Lily, que estava se preparando para escalar as grades, foi pega por James pelo braço;
    - James, me solte! Eu vou entrar!
    - Nós vamos - corrigiu ele, tirando a capa da invisibilidade do bolso interno do casaco - pra quê pular as grades se podemos entrar pela porta da frente?
    Ela sorriu, e deu-lhe um beijo rápido.
    Jogando a capa por cima dos dois, James encolheu-se um pouco para ficar na altura da namorada e, juntos, entraram, ainda ouvindo Sirius desdenhar das técnicas de combate dos comensais da morte.
    O Palácio de Buckingham era deslumbrante por dentro. Em qualquer outro dia, Lily estaria maravilhada por estar ali, mas, naquela noite, não haveria tempo para admirar a decoração luxuosa do palácio. Voldemort estaria por ali em qualquer lugar. Enquanto andavam, invisíveis, pelos corredores majestosos, seus corpos e pensamentos pareciam apenas um. Eles sabiam que Voldemort os estaria esperando. Também sabiam que tomar o Palácio de Buckingham significava, para ele, a supremacia máxima sobre o mundo trouxa.
    Enquanto avançavam, em silêncio, James percebeu que lágrimas silenciosas rolavam pelo seu rosto.
    Parando de andar, ele a guiou para um canto do corredor, atrás de uma pilastra; a garota deixou-se ser conduzida por ele.
    - Lily, olhe para mim. 
    - Está tudo bem, James. Não estou com medo.
    - Sei que não está. Sei que está querendo justiça pelo seu pai. E nós faremos isso. 
    Ela concordou com a cabeça e limpou as lágrimas.
    - Ele pode ser poderoso, mas não é invencível. Lily, nós iremos acabar com ele. Dessa vez, ele não escapa.
    Os olhos verdes dela encontraram os dele. Segurou sua mão quente em contraste com a sua, gelada. 
    - James, se algo acontecer aqui hoje, quero que saiba que...
    Mas ele impediu-a de continuar. Colocou um dedo em seus lábios e disse, firme:
    - Nada vai acontecer aqui hoje. Eu sou James Potter, esqueceu? - e ele sorriu, uma sombra de sua velha arrogância passando pela sua face, que a fez sorrir também - Ninguém é páreo para mim, nem mesmo aquele cabeça de balaço voador. 
    - Ninguém? 
    - Bom... talvez você.
    - Talvez?
    - Tá, só você.
    Ela apertou sua mão. Ele sorriu, e beijou novamente seus lábios.
    - Espero não estar atrapalhando nada.
    A voz fria e aguda inundou as veias dos garotos como água gelada. Parado em sua frente, Voldemort fez um aceno com a varinha e a capa de James foi arremessada ao chão.
    - Tentando enganar Lord Voldemort com truques infantis? Eu esperava mais de quem ousa me desafiar.
    Lily e James apertaram ainda mais as varinhas em suas mãos. 
    - Eu não esperava que uma sangue-ruim fosse capaz de conseguir duelar com alguns de meus comensais. Acho que está na hora de eu parar de recrutar inúteis que caem nas mãos de escória.
    James deu um passo, os dentes trincados, se posicionando frente à ela.
    - E você deve ser o menino dos Potter, aqueles traidores do sangue. - Voldemort analisou James com os olhos brilhantes. Seu rosto deformado se deformou mais ainda com um sorriso nada sincero - Quanto desperdício de sangue mágico... mas eu o aceitaria com prazer no meu exército. 
    - Ele nunca vai se juntar a um grupo de porcos! - bradou Lily, que saíra de trás de James - Estupefaça!
    Voldemort bloqueou o feitiço sem ao menos desviar o olhar de James. 
    - Tolo. Ainda podendo salvar sua vida, passando para meu lado, prefere lutar ao lado de sangues-ruins.
    - Lave a boca para falar da minha noiva!
    James avançou, lançando cada feitiço que lhe passava pela mente. Lily ajuntou, e os dois travaram uma árdua batalha contra o bruxo das trevas.
    - Noiva? - perguntou Lily, confusa, enquanto bloqueava mais do que tudo.
    - Eu... estava esperando... - mas não concluiu de imediato, pois fora quase atingido por uma maldição da morte, que passara a centímetros dele.
    Lily e James, juntos, eram geniais. Pensavam e agiam como um só organismo. Quando Voldemort mirava em um, o outro já estava pronto para defender e vice-versa. Nenhum deles tinha medo. Só determinação. Voldemort começara a perceber que subestimara os jovens, muito embora ainda não os visse como perigo algum. Estava agora empenhado para matá-los. As maldições ricocheteavam pelas paredes, pelas pilastras, quebravam janelas, produziam cacos que cortavam suas peles. Nenhum deles recuou, nenhum deles foi acertado. Juntos, eles eram imbatíveis.
    Ninguém, nem mesmo Voldemort, poderia discordar que Lily Evans e James Potter, com varinhas nas mãos, eram bruxos excepcionais. 
    E eles sabiam disso.
    Em um momento, estavam ambos bloqueando e fugindo, procurando alguma brecha. Então, como se tivessem lido os pensamentos um do outro, James fez uma das pilastras explodirem, e tentou fazer com que caísse no bruxo. Voldemort, porém, foi mais rápido, e jogou a pilastra para o lado dos garotos.
    O peso do mármore tombou. James não viu. Lily viu.
    Correndo para o garoto, ela o emburrou, e juntos caíram no chão de pedra. James sentiu um osso do ombro trincar. O ombro direito.
    Seus óculos foram atirados para o outro lado, mas ele pôde ver, com a vista embaçada, que Voldemort avançava para eles, a varinha apontada para os corpos dos dois.
    - Lily...
    Ela, por cima dele, acenou uma vez com a cabeça, e deu uma piscadela.
    E tudo aconteceu em menos de um segundo.
    Voldemort erguera a varinha, Lily rolou para o lado e lançou outro feitiço. O bruxo voltou a atenção para ela, achando que James estava demasiado ferido. Porém, o garoto, com a mão esquerda, mirou seu rosto, errando por pouco. Ele ainda estava com a atenção voltada para Lily.
    Então, sem avisar, James transformou-se em cervo e correu, avançando.
    Foi a distração perfeita.
    - Mas o que...
    - Expelliarmus!
    A varinha de Voldemort voou de sua mão com o feitiço de Lily. Seus olhos corriam de um para outro, incrédulo. Pronta para acabar o serviço, ela ergueu a varinha de novo.
    Mas Voldemort, recolhendo a própria, alçou vôo e saiu por uma janela, sem mais nem menos.
    Depois de alguns segundos, Lily virou-se para encarar o namorado. Ele havia voltado a ser humano, e abraçou-a com o braço bom.
    - Dessa vez foi quase, meu bem.
    Ela acenou com a cabeça, em parte aliviada que nada de mal acontecera a nenhum deles, salvo os arranhões em ambos e o ombro deslocado do rapaz. Olhando em seus olhos, ela perguntou:
    - Então... noiva?
    James corou um pouco, mas deu de ombros.
    - Eu estava pensando em fazer isso hoje a noite, jantando em sua casa. Mas...
    - Mas?
    - Mas essa podia ser nossa última batalha. Queria ter pedido logo. Que bom que nós estamos aqui.
    James então ajoelhou-se e tirou de dentro das vestes sujas de poeira e sangue uma caixinha, contendo duas alianças pequenas.
    - Lily Evans... gostaria de ter o prazer de se tornar uma Potter?
    Ela revirou os olhos.
    - Faz a droga do pedido direito.
    - Tá, tá bom... Lily, quer casar comigo?
    Ela finge pensar por um instante, e depois fala:
    - Que romântico, Potter. Me pedir em casamento no meio do palácio de Buckingham. Pra ser mais romântico, só se ele não estivesse em parte destruído e a gente não tivesse acabado de encarar o Voldemort. Mas...
    Ela baixou os olhos verdes, e James sentiu o estômago despencar.
    - Mas? - ele insistiu.
    - Estamos numa guerra, e... e ninguém está em clima pra festa, e quase formos mortos - enquanto ela falava, percebeu que esses motivos eram mais do que suficientes para dizer sim. - Quer saber? Que se dane! Sim, eu caso com você, Potter!
    Ele mal pode se conter de felicidade. Levantando-se de um pulo, ergueu a menina no ar (embora tivesse esquecido do ombro deslocado e quase tenha a derrubado no chão).
    - EU TE AMO, EVANS. OBRIGADO, VOLDEMORT!
    - Como é?
    - Se não fosse por ele, esse momento não seria tão fantástico. Nós quase o derrotamos e vamos nos casar!
    Lily riu, também feliz. Dando as mãos, que agora exibiam uma delicada aliança dourada, foram em direção à entrada novamente, torcendo para que Sirius, Remus e Peter estivessem bem para poder ouvir a notícia.
    Obviamente, estavam, para o alívio dos dois. 
    - Pontas! Evans! - gritou Rabicho - Olhem, eles estão bem! 
    Sirius foi o primeiro a chegar, quase esmagando os dois num abraço.
    - Cara, vocês estão bem! Cadê o corpo daquele lixo? Esperava que vocês trouxessem chutando.
    - Ele fugiu - informou Lily.
    - Quê? Mas que merda!
    - É, mas Lily o desarmou - disse James, orgulhoso.
    - Caramba, Evans. Que bom que você salvou a pele do Pontas!
    James olhou feio para o amigo, mas Lily riu com gosto.
    - Por nada, Almofadinhas. Mas acho que vou ter de roubar ele de você por um tempo.
    E mostrou a mão com a aliança nova.
    Os olhos negros de Sirius brilharam de entusiasmo.
    - Aluado! Rabicho! OLHEM ISSO AQUI!
    Remus e Peter chegaram, o primeiro espanando pó das vestes.
    - Qual o motivo do escândalo dessa vez, Sirius?
    - O PONTAS VAI CASAR!
    Nem mesmo Remus, com sua calma monumental, pôde segurar o riso.
    - VOCÊ PEDIU ELA EM CASAMENTO LUTANDO COM O VOLDEMORT?
    - Quase isso - murmurou James, agora vermelho como um tomate.
    - QUE ADORÁVEL - ajuntou Peter, forçando olhos sonhadores.
    - VOLDY CHOROU? - perguntou Sirius, com lágrimas de riso nos olhos - VAI SER A DAMA DE HONRA?
    Os garotos riram de se acabar, Lily e James rindo com eles, imaginando a cena descrita por Sirius que incluía Voldemort entrando na frente e jogando flores no tapete e os comensais cantando num coral.
    Apesar dos risos, eles sabiam dos riscos que corriam. Sabiam que o riso poderia ser silenciado tão rápido quanto começara, mas não pararam. Juntos, os cinco companheiros desaparataram numa rua deserta, enquanto a polícia dos trouxas chegava, tarde, para averiguar. Os bruxos faziam coisas muito estranhas. E querer se casar no meio de uma guerra era apenas uma delas.


     Aquela tarde de primavera estava belíssima. Nem que estivessem escolhido aquele dia a dedo, ele teria sido tão perfeito.
    O jardim na casa dos Potter estava lindamente enfeitado com lírios e rosas. As mesas em que os convidados se acomodariam estavam forradas com delicadas toalhas brancas bordadas. 
    O céu estava tão límpido que seria um crime enfeitar mais com velas flutuantes.
    Estava tudo adorável, graças à sra. Potter e à sra. Evans, que se juntaram para que os filhos tivessem a festa mais bonita do mundo. 
    Havia dois dias que Lily não via James. Com todos os preparativos, mal tiveram tempo para conversar. Naquela tarde, Lily estava enfiada no quarto da sra. Potter, sendo esticada, apertada, espetada para todos os lados. Sua mãe havia ajudado a escolher o vestido, e estava ajustando-o no corpo da filha, enquanto a mãe de James se ocupava com o cabelo dela.
    Marlenne e Alice também andavam para lá e para cá ao redor de Lily, cuidando de sua maquiagem, fazendo coisas voarem pelos ares para organizar alguns últimos detalhes restantes.
    Quando finalmente acabaram, as mulheres se afastaram, suspirando. Lily rodou no vestido branco, e foi olhar-se no espelho. Marlenne soltou um gritinho.
    Estava simples, mas muito bonita. Do jeito que ela queria. Sua mãe segurou sua mão e chorou, manchando um pouco sua maquiagem. A noiva usava um vestido sem muitos adornos, com bordados delicados nas mangas compridas. Seus cabelos estavam presos num coque bem elaborado, com algumas mechas soltas propositais. O véu longo, preso no coque, contrastava graciosamente com seus cabelos acaju, e a maquiagem sutil realçara de maneira sensacional seus olhos incrivelmente verdes.
    A mãe de Lily caiu no choro.
    - Como eu queria que seu pai estivesse aqui, meu bem...
    Lily teve de se conter para segurar o choro, também. Abraçada à mãe, lançou um olhar de gratidão à sra. Potter e às suas amigas.
    - Obrigada, por tudo.
    - Ah, que é isso, Lily - falou Alice, também emocionada - Você está um sonho.
    - Ver vo-cê casan-do com o Pon-tas - soluçava Marlenne, agarrada ao pulso de Alice - Tão linda... Ai, amiga, eu estou tão feliz...
    - Não precisa agradecer, querida - disse a mãe de James, com um sorriso enorme - É um prazer ver um pouco de amor nesses tempos tão sombrios. E não vejo a hora de você encontrar o James... ele está tão bonito...
    Lily sorriu, certa disso. Seu coração parecia martelar no peito.
    - Vamos - disse a mãe, ajeitando ainda a barra do vestido da filha - Está na hora.
    Inspirando fundo, Lily assentiu. Segurando a mão da mãe, desceu, as pernas trêmulas, seguida pela sogra e pelas amigas lacrimosas.
    A entrada para o jardim estava coberta com ramos de folhas. As duas mulheres mais velhas, deixando Lily ali, segurando seu buquê de flores multicoloridas. O coração chegava a machucar o peito. 
    As amigas abraçaram Lily e se despediram momentaneamente. 
    - Falta pouco, Lils - sussurrou Lenne, apertando carinhosamente o seu braço - se ele não estiver lá, eu declaro aberta a temporada de caça.
    Só Marlenne pra fazer Lily rir numa hora daquelas.
    Quando ela foi deixada sozinha na sala, seus pensamentos voaram. Ela sempre imaginara com quem casaria, como seria o dia... imaginara o vestido, o noivo, a decoração, a comida...
    Mas nunca imaginara que nem sua irmã, nem seu pai, estariam ali.
    Há um ano, seu pai era morto numa chacina dentro de uma loja trouxa. As autoridades não souberam dizer a causa da morte de mais de cinquenta pessoas dentro do estabelecimento.
    No entanto, para os bruxos, ficara claro o uso da maldição da morte. Lily sabia que fora a mando de Voldemort, que caçava os trouxas e planejava dizimá-los. 
    Depois, alguns meses antes, logo depois que James fizera-lhe a proposta "romântica" no Palácio de Buckingham, ela tratara de mandar convites a todos que amava e queria que estivessem presentes na cerimônia. Petúnia fora uma das primeiras.
    No entanto, alguns dias depois, o convite belamente escrito voltara, com um cartão sem graça e nada especial de felicidades aos noivos.
    Então, embora ela estivesse imensamente feliz, também estava imensamente triste. Não sabia como podia sentir tantas coisas ao mesmo tempo, mas escolheu se concentrar. Mais do que consolidar sua união com o homem que ela aprendera a amar, eles estavam ali como um protesto. 
    A melhor forma de protestar contra uma guerra era espalhar o amor.
    E, melhor ainda, entre uma nascida trouxa e um sangue-puro. 
    Lily sorriu, satisfeita. Quando ouviu a música suave começar a tocar do jardim, soube que era a sua hora de entrar. Inspirou fundo diversas vezes, achando que fosse desmaiar. 
    As folhas que cobriam a entrada do jardim se abriram, e ela pôde vislumbrar tudo.
    Caminhando lentamente, percebera com o canto dos olhos as pessoas mais queridas para ela ali. Eram poucas, é verdade, mas era o suficiente. Ela queria sorrir para todos, acenar para todos, mas seus olhos foram atraídos para o altar.
    Onde James Potter estava a esperando.
    Seus cabelos, se é que era possível, estavam mais desarrumados do que nunca. No entanto, de uma forma elegante. Usava um terno bem ajustado, uma gravata vermelha e dourada e um lírio na lapela.
    Lírios, por toda a parte.
    Escolhidos por ele em homenagem a ela.
    James se mexia, inquieto, no mesmo lugar.
    Vê-la vestida de noiva, andando em sua direção, era como um sonho realizado. Tinha a consciência de Sirius ao seu lado falando alguma coisa, mas não estava prestando atenção. Lily Evans, os olhos verdes sorridentes, caminhava para ele, sozinha, mas radiante.
    Sentiu que podia explodir de felicidade.
    Quando ela finalmente chegou ao altar, James, emocionado, estendeu um braço para ela, que o pegou. Ambos tremiam.
    O bruxo que realizaria a cerimônia tinha um rosto bondoso. Começara a falar da importância do amor naqueles tempos difíceis, mas James e Lily não conseguiam prestar atenção. Só tinham olhos um para o outro. Depois de algum tempo, ele disse:
    - James Potter, você aceita Lily Evans como sua legítima esposa?
    - Sim.
    - E você, Lily Evans, aceita James Potter como seu legítimo esposo?
      Ela ficou em silêncio por alguns instantes. Por mais que já soubesse a resposta, ela gostava de ver James, o metido, tenso. 
    - SIM!
    - Então eu vos declaro unidos por toda a vida - e derramou, com a varinha, uma chuva de estrelas sobre o casal.
     Eles nem esperaram o bruxo dizer que James podia beijar a noiva. Virando-se para ela, ele ergueu a garota no ar e a girou, beijando seus lábios apaixonadamente.     
     Sirius soltou fogos, quase deixando todos surdos, gritando de se acabar "MEU PONTAS CASOU!"
    De mãos dadas, Lily e James cumprimentaram a todos que vieram lhe desejar felicidades. Remus foi o primeiro.
    - Que alegria, hein, Pontas? Fico feliz por vocês - e abraçou os dois amigos.
     Peter veio depois, desejar felicidades um tanto desajeitado.
     Sua mãe mal conseguia falar. Abraçou a filha e o genro.
    - Faça minha filhinha muito feliz, rapaz. 
    - Darei o meu melhor para isso, sra. Evans.
     A Sra. Potter veio logo depois, também chorosa, e tentou mais uma vez em vão arrumar os cabelos rebeldes do filho. Envolveu Lily em um abraço apertado e disse-lhe a mesma coisa que a Sra. Evans dissera para James.
    Sirius entrou diversas vezes na fila, despejando pétalas sobre os dois, soltando faíscas pela varinha, pulando no meio das fotos. Estava visivelmente bêbado.
    - O que vai ser dos Marotos agora que um de nós foi laçado? - Repetia ele, em um tom triste fingido.
    As amigas de Lily envolveram-na num abraço caloroso, ambas com os olhos marejados.
    - Foi tão lindo, Lils - bradou Marlenne - Mal posso esperar pela minha vez - e mirou Sirius, que agora soltava mais fogos e bebia do gargalo de uma garrafa de uísque de fogo.
    - Quando for a sua vez, - ajuntou James - posso lhe assegurar que o noivo estará sóbrio - e piscou para ela.
    O resto da festa foi bastante animado. A mãe de Lily trouxera seu toca-discos favorito e, como música inicial, a noiva escolhera I wanna hold your hand. Lily já tinha apresentado James e os marotos aos Beatles, que haviam adorado. Reconhecendo os acordes, James puxou sua esposa, cantarolando os versos da canção para ela.
    - Oh, please, say to me, you'll let me be your man... 
    - Mas eu já disse, James.
    - Shiu, deixa eu cantar.
    - Também quero dançar com Evans,  Pontas - comentou Sirius, que, apesar de bêbado, mandava muito bem nos passos de rock .
    - Você quer dançar com Potter, agora - respondeu James por sobre a música, dando ênfase ao novo sobrenome dela, e Lily percebeu que ele quisera dizer isso desde sempre. Revirou os olhos para os dois.
    - Certamente eu quero dançar com Potter. Escolho você primeiro - e, puxando James, começaram a dançar como um casal. Lily não conseguiu conter o riso ao ver aqueles dois se divertindo.
    Remus apareceu, e chamou Lily para dançar; Marlenne, que também ria de se acabar vendo Sirius e James dançando feito mocinhas, juntou-se a Alice e à Frank Longbottom.
    E a festa de casamento de Lily e James Potter durou a noite inteira. Lily, perto do fim da festa, jogou o buquê, na esperança de que sua desesperada amiga Lenne o pegasse. Quem o pegou, porém, foi a pequena e tímida Alice.
    - Já sabemos qual será o próximo laçado - comentou Peter, que estava comendo ao lado de Frank Longbottom. O rapaz, que já era tímido, quase desapareceu por debaixo da mesa.
    Despendindo-se de todos, Lily e James dirigiram-se para fora da casa. A partir dali, Lily não sabia o que iria acontecer. Aquela seria uma surpresa preparada pelo seu esposo, com ajuda de Almofadinhas, Aluado e Rabicho. O lugar em que eles passariam a lua de mel.
    - Espere aqui - pediu James, e correu para dentro da casa. Não precisou esperar muito; ele voltava momentos depois, segurando sua vassoura. A nova sra. Potter arregalou os olhos.
    - James, eu não sei se...
    - Não confia em seu marido? No melhor jogador de quadribol dessa década?
    Lily revirou os olhos com força.
    Assim, sentando na vassoura, ele convidou Lily a subir. Ela obedeceu, e juntos alçaram voo. À medida em que a vassoura subia, eles viam os convidados. Lily soprou um beijo para a mãe e James gritava para Sirius se acalmar. Pouco a pouco, foram ficando cada vez menores, até sumirem por completo.
    - É muito longe? - perguntou Lily, nervosa. Não gostava muito de voar de vassoura.
    - Não muito, querida. Prometo que chegaremos rápido.
    - Não seria mais fácil aparatar?
    - Seria, mas achei que um voo de vassoura fosse mais romântico.
    - E vai demorar?
    - Você vai ver. Vamos chegar rapidinho, com essa belezinha aqui.
    - E você não acha que vamos assustar muitos trouxas pousando no meio deles de vassoura?
    - E quem disse que vamos pousar no meio deles?
    Lily estava cada vez mais curiosa. O nervosismo pelo voo estava quase esquecido. Começava até a admirar as paisagens. 
    Algumas horas mais tarde, James pediu para Lily fechar os olhos. 
    - Então chegamos?
    - Quase. Não espie.
    Lily fechou bem os olhos e sentiu a vassoura perder altitude. Agarrou-se firme ao cabo da vassoura do marido. No entanto, a descida durou bem mais do que esperava.
    - Pode abrir - informou James.
    Lily fez o que ele pediu, e quase caiu para trás.
    Continuavam no alto, era verdade. Mas não mais na Grã-Bretanha.    
    - James, você... você me trouxe... me trouxe pra Paris?
    Ele encolheu os ombros.
    - Você dizia que adoraria conhecer. Achei que seria uma boa ideia.
    - Mas tão longe? Eu não trouxe roupa nenhuma, achei que...
   - Não se preocupe. Pedi pros meninos arrumarem tudo pra gente. Está tudo nas nossas malas, num hotel bruxo. Presente do meu padrinho.
    - Almodfadinhas não existe.
    - Não mesmo.
    - Então... quer ir pros finalmentes ou admirar um pouco a vista?
    Lily fingiu pensar.
    - Acho que vou ficar aqui mais um pouco. Já te vi sem roupa, mas nunca vi Paris de cima da Torre Eiffel.
    - Ai. Magoou.
   - Pobrezinho do Sr. Potter. - Lily puxou-o pela gravata e colou seus lábios nos dele. Ele retribuiu, apaixonado, e Lily achou que não conseguiria ser mais feliz do que já estava. Apesar de tudo o que passaram, de todos os problemas e conflitos, eles finalmente estavam juntos. Nada mais importava.
    Suas varinhas produziam faíscas multicoloridas. Seus corações pulsavam no mesmo ritmo.
    Suas vidas se encaixavam como duas peças de um quebra-cabeça.
    - EI! O QUE ESTÃO FAZENDO AÍ? COMO CHEGARAM AÍ?
    Lily e James se separaram e olharam para baixo. Um guarda subia, furioso, ao encontro deles. A garota olhou para o Potter, que apenas sorriu, despreocupado, e lançou um feitiço da desilusão no homem. 
    Então, ao mesmo tempo, ouviram gritos e estampidos lá embaixo. Dois vultos avançavam para eles, ao mesmo tempo que aterrorizavam os trouxas turistas.
    Novamente, James e Lily se entreolharam.
    - A lua de mel pode esperar - afirmou ela. 
    - Fechado.
    Assim, James Potter montou sua vassoura, e puxou Lily Potter para a traseira. Juntos, varinhas à mão, foram primeiro encarar o perigo.  Teriam basante tempo para curtir, para se amarem, para viverem como um casal normal.
    Mas se tivessem de enfrentar comensais da morte em Paris, vestidos de noivos, para depois partirem para a lua de mel, que assim fosse.
    - Eu fico com o da esquerda e você com o da direita. Pronta, Sra. Potter?
    - Eu nasci pronta, Sr. Potter.
    E a batalha recomeçou, para o prazer do mais novo casal. 
    No futuro, eles se orgulhariam de contar a seus filhos os feitos do passado. No momento, porém, eram apenas dois jovens recém-casados que não imaginavam o que a vida tinha lhes reservado. Só sabiam de duas coisa: não teriam medo de nada e estariam juntos até o fim. 
    O Sr. e a Sra. Potter se orgulhavam de dizer de que não eram nem um pouco convencionais, muito bem, obrigado. 
 



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