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História Um Cavaleiro: A história de Áries - Capítulo 3: O duro Fim da Infância...


Escrita por: GiullieneChan

Notas do Autor


Nota; Não estou seguindo as idades impostas por Massami Kurumada aos Cavaleiros, devido a certas incompatibilidades. Se assim fosse, quando Shion morreu no mangá, Mu teria sete anos de idade. Como Shion teria passado seus conhecimentos a uma criança tão nova? Por isso adaptei as idades para o que eu acho apropriado e certo.

Boa leitura...

Capítulo 4 - Capítulo 3: O duro Fim da Infância...


Onze anos...

Mu estava evoluindo em suas técnicas. Surpreendia cada vez mais o seu mestre, dominava a técnica de defesa do Muro de Cristal e agora estava tentando dominar as de ataque. O que era muito difícil para o jovem ariano, uma vez que demonstrava claramente que não apreciava a violência. Mu era exímio no ofício de reparar armaduras danificadas, ato este que parecia apreciar como uma arte, e deixava Shion orgulhoso.

Suas visitas à vila, e à amiga de infância Reena estavam ficando cada vez mais raras, uma vez que Shion exigia de Mu total dedicação aos seus treinos. Ele estava muito bem, mas ainda não havia chegado nem perto do sétimo sentido, um fato essencial para quem tencionava usar um dia a Armadura de ouro de Áries. Só os mais fortes cavaleiros, que houvessem atingindo o Cosmo máximo e escolhidos pelas constelações, poderiam usar uma armadura dourada.

Temendo que seus dias terminassem antes de Mu atingir o sétimo sentido, Shion mostrava cada vez mais severo em seus treinos.

E treinar significava que seu pupilo deveria ao menos estar por perto para continuar o treinamento. Estavam ficando frequentes as 'fugas' de Mu, em busca de um pouco de sossego entre uma atividade e outra, e isso não agradava o mestre, embora entendesse que Mu estava para enfrentar uma fase difícil em sua vida, e mal havia vencido a infância.

Shion olhou ao redor da paisagem de Jamiel, tentando ver se encontrava Mu, o rapazinho quando queria conseguia ocultar seu cosmo, mas ainda não era o suficiente para enganar um Cavaleiro com mais de dois séculos de vida e experiência.

Caminhou cauteloso até uma formação rochosa e de longe o avistou deitado em uma sombra, olhando as nuvens nos céus. Seus cabelos cor de lavanda estavam mais longos, amarrados em um prático rabo de cavalo meio desleixado, onde vários fios ficavam solto ao sabor do vento. Mu percebeu a presença de Shion e tratou de levantar-se rapidamente.

—O que faz aqui? Deveria estar meditando para alcançar o sétimo Sentido. -o mestre repreendeu.

—Estava meditando, mestre. -respondeu. -Mas fiquei cansado.

—Você meditou por apenas dez horas, Mu. -falou em um tom severo. -Muitos antes de atingirem o sétimo sentido ficavam dias em meditação.

—Talvez eu não seja a pessoa ideal para ser o seu sucessor. -falou com um tom meio irritado.

—O que disse?

—Que estou cansado disso tudo! -respondeu alterado. -Cansado de só treinar, de ficar longe de pessoas amigas como Maah e Reena! Longe de Charize, que não a vejo desde que me tirou dela! Cansado de esperar que me conte sobre meus pais e você sempre desconversar! Eu nem quero ser Cavaleiro!

Shion escutou a revolta de seu aprendiz em silêncio, fitou bem os olhos esmeraldas cheios de lágrimas dele e suspirou.

—Venha comigo. -e tocou no ombro de Mu, desaparecendo em seguida.

Quando deu por si, Mu não estava mais em Jamiel. Ele olhava uma paisagem abandonada, onde haviam restos de armaduras, estranhas estátuas humanas quebradas, ossos humanos estavam espalhados, mantendo uma atmosfera lúgubre. Tudo era assustador. Sentiu a mão de Shion em seu ombro novamente e o olhou.

—Aqui foi o cenário de uma guerra. -falou. -Há mais duzentos anos atrás, meus companheiros e eu lutamos contra Hades e seus espectros aqui. Vi companheiros, amigos, pessoas que amei e me eram caras perecerem. Mas não titubeei, pois senti em cada Cosmo que se apagava e se despedia de mim uma confiança, uma coragem, serenidade de que haviam dado sua vida por uma causa maior. Por Atena, pela humanidade. Cada homem e mulher que aqui lutou e morreu, inicialmente não desejavam serem cavaleiros, muitos almejavam uma vida simples e normal, mas o destino os escolheu para um fim. E eles o aceitaram.

—Foi aqui...a Guerra Santa?

—Um dos lugares onde a guerra foi travada. -Shion olhou o cenário e fechou os olhos como se relembrasse tudo o que aconteceu naquele dia fatídico. Podia ouvir as vozes de seus amigos, seus rostos, seus nomes que jamais esqueceria. –Essas batalhas se estenderam por vários lugares, nesse e no outro mundo. Sabe por que o trouxe aqui?

—Não.

—Em poucos anos Hades retornará. -ao dizer isso, Mu não conteve um leve estremecimento. -Atena renasceu há alguns dias, é o sinal de que uma nova Guerra Santa está por vir. E a deusa enfrentará perigos e provações em nome da humanidade que ama e jurou proteger. Mas Atena ao vir à Terra, abandona sua condição divina e se torna tão humana quanto eu e você, e é por isso que jovens são escolhidos para serem seus protetores, lutarem ao seu lado. Mu...você é um destes jovens.

—Como pode ter certeza disso, Mestre?

—Eu vi você usando a armadura de Áries em um sonho, antes mesmo de você nascer. -e sorriu. -Eu sei que você foi escolhido por Atena para esse fim. Mu, um cavaleiro luta por Atena, por aqueles que ama, para garantir que pessoas de má índole, que deuses gananciosos como Hades, façam o que bem querem com as pessoas que não podem se defender. Essa tem sido a missão do Santuário, desde tempos imemoriais.  E não é apenas Hades quem ameaça a paz na Terra. Muitos deuses almejam reinar aqui e criar uma nova humanidade destruindo a anterior. É nosso dever impedir tais ambições.

Mu ficou pensativo. A imagem de Reena e de sua irmã vieram a sua mente. Charize que foi como sua mãe por quatro anos e que jamais conseguiu esquecer. Todos os moradores da vila próxima a Jamiel que viviam com simplicidade e paz. Era por eles que deveria continuar, para protegê-los.

—Sinto muito, mestre. -Mu respondeu. -Prometo não duvidar mais da minha missão.

—Eu não tiro de você os motivos de sua raiva, Mu. Vamos.

—Para onde? -indagou o menino.

—Visitar um velho amigo antes de voltarmos. -e novamente desapareceram.

 

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Cinco Picos de Rozan.

Sentado imóvel, olhos serenos, no alto de uma cachoeira, o ancião parecia fazer parte da paisagem. Seu olhar estava fixo em um determinado ponto, como um sentinela incansável.

—Bem vindo, Shion de Áries. -falou o velho, instantes antes de Shion e Mu materializassem ao seu lado. -Que honra ser visitado pelo nobre Mestre do Santuário.

—Mestre Ancião...Dohko. -falou Shion. -Desde quando nos tratamos com tanta formalidade, velho amigo?

—Dohko? -Mu espantou-se. -Ele é o lendário Cavaleiro de Libra?

—Hehehehehehehe... Lendário? Eu? Hehehehehehehe! -o velho ergue-se apoiado por uma bengala. –Anda exagerando nas histórias que conta ao rapazinho, Shion?

—É ele mesmo, Mu.

Mu encarou o ancião, imaginando que jamais havia visto figura tão frágil à sua frente, mas que ao mesmo tempo lhe transmitia uma incrível força e sabedoria. O velho se aproximou de Mu e parecia examiná-lo.

—Então esse é o seu jovem sucessor?  -fechou um olho e com o outro o examinou dos pés à cabeça.

—Sim. Este é Mu. -ao apresentá-lo, Mu curvou-se em respeito. -Vamos conversar, Dohko?

—Sim.

E o idoso voltou a sentar em seu lugar perto da cachoeira, Shion foi até ele, mas antes fez um sinal para que Mu o esperasse mais adiante, e que a conversa entre eles seria particular. Meio contrariado, Mu obedeceu e sentou debaixo da sombra de uma árvore.

—O que veio fazer aqui, Shion? -o velho ancião perguntou.

—Atena renasceu.

—Sim. As estrelas nesse dia brilharam mais que o normal, e senti seu cosmo mesmo aqui em Rozan. Mas não veio apenas para me contar essa boa notícia, veio?

—Como sempre, não consigo esconder nada de você. -Shion sorriu. -Quero pedir uma coisa a você, caso algo aconteça comigo.

—Quer que eu cuide de seu filho?

—Sim.

—Embora acredite que não seja necessário, eu o farei. -Dohko lançou um olhar aos céus. -Deveria contar a ele a verdade.

—Eu sei. Pretendo fazê-lo em breve. Assim que retornar de uma última visita ao Santuário, terei uma conversa definitiva com Mu.

—Cuidado Shion. Sinto uma sombra envolvendo o santuário nesse momento. O mal planeja tomar conta dele.

—Sabe que não permitirei isso. Até breve, velho amigo.

—Até breve.

Shion levantou-se e caminhou até Mu. O Velho mestre lançou um olhar penalizado ao amigo, sentia que eles jamais voltariam a ser ver. Que aquela era uma despedida.

 

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Alguns meses se passaram, desde aquela visita ao campo de batalha e ao Mestre Ancião em Rozan, e Shion se preparava para uma nova viagem ao Santuário.

—Por quanto tempo o senhor ficará longe de Jamiel, Mestre? -Mu perguntava, vendo o mestre arrumando suas coisas.

—Com certeza, várias semanas. -respondeu. -Pretendo nessa última visita nomear meu sucessor como Mestre do Santuário, prepará-lo para o pesado fardo que carregará. Assim poderei retornar e continuar seu treinamento sem maiores preocupações.

—Semanas?

—Não se preocupe, Um. -Shion sorriu com confiança, antes de pegar suas coisas. -Continue a treinar até o meu retorno.

—Sim. Hã...mestre?

—O que é?

—Será que eu poderia...ver Reena? -perguntou corando um pouco.

—Claro. Não vejo problemas. -e afastou-se, tentando não rir diante do pupilo. Ele realmente estava crescendo.

Assim que Shion partiu, Mu pensou em visitar Reena no dia seguinte.

 

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De longe ele avistou a mocinha de cabelos castanhos, ocupada em seus afazeres. Reena estava com quatorze anos e estava ficando cada vez mais bela. Mu não entendia por que agora, sentia-se estranho perto de Reena. Seu coração acelerava e ficava nervoso, mal conseguia se expressar...e ela também estava diferente.

Não apenas fisicamente. Mas...estava diferente e ele não sabia explicar como. Não brincavam mais como antes, e ela passava muito tempo com as garotas da idade dela do que com ele.

—Reena. -ele a chamou, e a garota ao vê-lo sorriu.

—Oi, Mu. Seu mestre finalmente deixou que viesse nos visitar?

—Ele voltou ao Santuário. -respondeu sem graça. -Como você está?

—Bem. Tirando o fato do meu cunhado estar mais insuportável que antes. -respondeu triste.

—Sua irmã e ele ainda brigam muito?

—Direto estão brigando. -como se houvessem escutado o que Reena havia dito, ouviram Koh e Maah discutindo. -Vamos sair daqui?

O pedido dela era mais uma súplica, Mu concordou com um aceno de cabeça e pegou na mão de Reena.

—Quero mostrar algo pra você. -e desapareceu em seguida.

Reena ficou meio atordoada, nunca havia viajado assim, pelo teletransporte de Mu. Mas o torpor logo cedeu e ela abriu os olhos, vendo um enorme campo de flores silvestres.

—Que lindo!

—Estamos na Índia. -ele avisou apontando o dedo na direção das montanhas. -Do outro lado é Jamiel e o Tibet.

—Você está ficando forte, Mu! -ela disse sorrindo deixando-o sem graça.

Mu abaixou-se e pegou uma pedra.

—Veja isso. -ele jogou a pedra no meio das flores, fazendo com que milhares de borboletas brancas, azuis, amarelas voassem em debandada.

A garota ficou extasiada diante de tanta beleza, correndo entre as borboletas, aumentando a revoada. Depois parou diante de Mu.

—Obrigada por alegrar esse meu dia.

Ficaram ali, naquele lugar um bom tempo, conversando sobre muitas coisas e principalmente sobre o treinamento de Mu. Logo, anoitecera e observavam as constelações.

—Mu, posso perguntar uma coisa? -Reena quebrou o silêncio olhando as estrelas.

—Claro. -respondeu.

—Você já beijou uma garota antes?

Mu literalmente caiu da pedra onde estava sentado, levantando-se correndo e limpando a poeira das roupas, muito corado e nervoso.

—Do...do que está falando, Reena?

—Estou só curiosa. -ela se aproximou dele. -Nunca beijou? Eu sei que as meninas da vila ficam suspirando quando te veem. Mas nunca beijou nenhuma delas?

—Lógico que não! Quer dizer...sim...não...eu...ora, por que pergunta isso?! -mais nervoso ainda.

—Eu também nunca beijei.

—E o que é que tem?

—É que eu queria que meu primeiro beijo fosse com você.

Mu ficou mais vermelho que uma maçã madura. Nunca passou por uma situação dessas antes. Tinha curiosidade, como todos os meninos de sua idade, mas jamais imaginou que Reena quisesse beijá-lo!

—Você...não quer que eu o beije?

—Quero sim. -o garoto respondeu muito rápido, depois pigarreou e disfarçou. –Quer dizer... isso tá sendo precipitado, mas eu... quero sim.

—Então, feche os olhos. -ela mandou.

—Por que? -ele estranhou.

—Porque quando Koh e minha irmã se beijam, eles fecham os olhos. Deve ser obrigatório isso. -respondeu nervosa. -E se você ficar me olhando eu não vou conseguir.

—Tá. -mesmo estranhando, engoliu em seco e fechou os olhos.

Logo, Mu sentiu a respiração de Reena em seu rosto, e o contato tímido de seus lábios fechados sobre os deles. Ficaram assim, apenas o toque entre as bocas, que durou breves instantes.

Ele abriu os olhos, piscando várias vezes, assim que ela se afastou. Ambos corados se encarando.

—É só isso? -ele perguntou, vermelho.

—Como só isso? -Reena o encarou.

—Achei que era outra coisa. Pelo jeito que ouço as pessoas falando sobre beijos.

—É que...não é só isso. Minhas amigas que namoram disseram que tem mais.

—E como é?

—Você é muito pirralho ainda! -ela ficou nervosa, baixando o olhar.

—Ouvi dizer que usam a língua.

—Cala a boca! Você é criança demais pra falar isso! –mais vermelha ainda. -Quando ficar mais velho, vai descobrir. E se falar pra alguém que te beijei, eu te dou um olho roxo!

—Hunf! -resmungou colocando as mãos atrás da cabeça. -Como vocês garotas complicam!

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Voltaram logo depois a Vila, assim que chegaram, Reena deu alguns passos, mas parou e voltou até Mu, segurando o rosto dele e dando outro beijo rápido, de surpresa, nele.

—Boa noite, Mu. Apareça amanhã. -e foi embora, deixando o rapazinho com um sorriso em seus lábios.

—Não adiantou eu pedir que ficasse longe dela, não é?

Mu virou-se assustado e viu Koh, sentado na penumbra com uma garrafa na mão.

—Maah me pôs pra fora de casa hoje. -respondeu sorrindo, visivelmente embriagado. -Você cresceu, pirralho.

—Meu nome é Mu.

—Eu sei. -Koh levantou-se com dificuldade e caminhando trôpego parou diante dele. -É...cresceu muito, e não to falando de tamanho. Poderia ser um cavaleiro de bronze ou de prata se quisesse...nem isso eu consegui ser...um cavaleiro de bronze pé rapado...

—Koh...por que não gosta de mim?

—Por que? Porque você existe. -respondeu rígido. -Só por isso! Antes de você nascer, eu...eu... -apontava para si mesmo. -Eu seria o sucessor de Shion...mas ele disse que quem seria o escolhido era você. –depois começou a falar com uma pontada de tristeza. -Você... se parece tanto com ela...

—Ela?

—Maya... –ele disse com um sorriso triste, voltando o olhar para o horizonte. –Como odiei o dia que teu pai a levou embora e a trouxe apenas para ser enterrada com nossa família...

—Você conhece meus pais? Sabe quem são?

—Sei... -depois fez um sinal negativo com o dedo. -Mas se nem ele te contou...eu não vou fazer isso. Fiz uma promessa e um lemuriano sempre cumpre suas promessas!

Koh pegou Mu pela gola da blusa, mas ao contrário daquela vez anos atrás, o ariano não demonstrava medo.

—Fica longe da Reena. Não quero que ela sofra igual seu pai fez minha Maya sofrer!

—Como conhece minha mãe?

—Fica longe dela, pirralho!

—Não! -respondeu com seriedade.

—Como é?

—Não vou ficar longe dela. Vou vê-la sempre que me der vontade.

—Pirralho. -Koh ergueu o punho para socar Mu, mas desiste de dar o golpe ao fitar o rosto do menino. –Merda! Por que teve que ter os olhos dela?

Ele soltou Mu, voltando sua atenção a garrafa de bebida.

—Você amou minha mãe? –Mu perguntou, criando coragem para saber mais.

—Amei... –dá um sorriso triste. –Mas não da maneira que tá pensando. Ela era minha irmã...

Mu o olhou surpreso com tal revelação.

—Odiei tanto seu pai pelo o que ele fez a ela... queria te odiar também.

—Me fale do meu pai.

—Vai ter que perguntar ao Shion. -e Koh afastou-se de Mu, a passos trôpegos pela embriaguez. –Não vai fazer a Reena sofrer igual a Maya sofreu... não vou deixar...

 

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Mais tarde em Jamiel, Mu admirava o céu estrelado, pensando em Reena, nas palavras de Koh, no fato dele ser irmão de sua falecida mãe, e nas coisas que estavam acontecendo com ele. Lembrou-se que em alguns dias faria doze anos, e que esperava que seu mestre estivesse presente. Pretendia pressiona-lo para lhe contar tudo, que já era um homem e tinha o direito de saber.

Então, uma estrela cadente cortou os céus e Mu teve um mau pressentimento. Sentiu como se uma adaga houvesse sido fincada em seu coração, um estranho sentimento de perda tomou conta dele e não conseguiu evitar que as lágrimas viessem.

—Mes...mestre Shion... -murmurou olhando as estrelas.

Tinha certeza, era o Cosmo de seu mestre despedindo-se dele...Shion estava morto!

Um brilho intenso e a mesma estrela que cortava os céus parecia que caíra em frente à torre. O rapaz logo ficou diante dela, quando a luz cessou, havia em seu lugar a Armadura de Áries. A armadura de seu mestre...

—Mestre... -Mu ajoelhou e chorou.

 

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Alguns dias depois.

—Mu? -Reena o chamou em vão.

A garota havia ficado preocupada com a demora dele em voltar a vila e resolveu ir atrás dele por conta própria. Viu a torre, mas não havia ninguém por perto. Chamou por ele com a voz mais elevada e nada.

Deu a volta por detrás da torre e parou ao ver a estranha urna dourada ali. Aproximou-se querendo tocá-La, pois nunca antes havia visto algo tão bonito.

—Não toque. -Mu pediu.

Reena olhou assustada para trás e viu Mu sentado, meio escondido em um canto, com os olhos vermelhos de tanto chorar.

—Não me ouviu chamá-lo?

—Ouvi.

—E por que não me respondeu?

—Não sei... -ele baixou o olhar. -Mestre Shion morreu.

—Como você pode saber? -ela aproximou-se sentando ao lado dele, parecia muito fragilizado.

—Eu senti. Eu sei que ele se foi.

—E agora?

—Agora nada. Eu...não me tornarei cavaleiro sem um mestre. Ainda mais um cavaleiro de ouro! -ele olhou para a urna. -É impossível!

—Está desistindo?

—Sim...AAAAAAAAIIIIIIII! -logo estava esfregando o local onde Reena havia dado um cascudo com toda a força dela.

—Não pode desistir! -ela falou muito brava.

—Não dá, Reena! -ele respondeu de volta.

—Se vai desistir, vai ser tão fraco quanto eu, pirralho!

Reena e Mu olharam espantados para o homem que estava ali. Koh caminhou até a urna e a acariciou.

—Ele queria que você a usasse. O mínimo que tem que fazer, é ser merecedor dela. –olhando para a urna. –Sempre me deu arrepios ver essa urna. A armadura de Áries tem muitas histórias.

—Koh...

O homem olhou ao redor, como se relembrasse os anos que ali passou em treinamento e depois encarou o rapazinho.

—Fará doze anos.

—Sim.

—Se conseguir, com certeza será o mais jovem a vestir uma armadura dourada. Em geral, só aos treze ou quatorze anos alguém consegue. -comentou. –Vai quebrar o recorde de um garoto da última guerra santa que vestiu a de leão com doze anos e seis meses.

Mu o olhou como se não reconhecesse aquele homem diante dele.

—Também senti ele se despedindo da Terra. -comentou. -Apesar de tudo o que fiz. De tê-lo odiado, amaldiçoado, ... de tê-lo envergonhado como mestre, ainda se despediu de mim. Não desista, Mu.

—Não vou desistir. -respondeu o garoto erguendo-se.

Um novo dia estava apenas começando, e Mu provaria que ainda poderia usar a armadura de Áries.

—Koh?

—Fala, pirralho.

—Como era a minha mãe?

Reena olhou surpresa para o cunhado.

—Você tem os olhos dela. –Koh sorriu lembrando. –Ela não tinha medo de ir atrás do que acreditava. Era muito corajosa! Gostava de cantar...

Mu baixou o olhar.

—Eu a visitei antes de morrer. –o menino o fitou. –Faltava poucos dias para você nascer, e ela estava muito feliz! Havia escolhido seu nome e esperava que seu pai voltasse a tempo de vê-lo nascer.

—E o que houve? Como ela morreu?

—Seu pai era um cavaleiro de Atena, nunca pode estar perto dela quando precisava. Estava sozinha quando sentiu que iria nascer, demorou muito alguém encontrá-la e ajudá-la no parto, e por isso... –Koh sentiu a voz falhar. –Quando seu pai chegou você tinha algumas horas de vida e Maya estava morrendo. Ela resistiu para se despedir do homem que amava. Eu acho que nunca o perdoei por não estar com ela quando mais precisou. Eu também não conseguia me perdoar por não estar com ela quando precisou. E acredite, seu pai também não.

—Meu pai foi um covarde?

—Não! –Koh disse com rispidez. –Só temeu que não o perdoasse se soubesse a verdade.

—Fala como se ele não estivesse aqui mais.

—Ele não está mais entre nós, pirralho. –Desviou o olhar. –Mas seu pai não deixou de amar e de certa forma, à maneira dele, cuidou de você.

—Me deixando com Charize e com o mestre?

—Olha, depois te conto tudo está bem? Mas agora... melhor não.

—Entendo.

—Não desista, pirralho. Sua mãe não desistiria! E nem o idiota do seu pai. –ele falou por fim e Mu concordou com um aceno de cabeça. -Vamos Reena. Nossa presença aqui apenas o atrapalhará.

A garota concordou, seguindo o homem em silêncio, olhando para trás para ver o menino diante da armadura.

Menino? Não...não era mais um menino que estava ali. A infância daquele futuro cavaleiro fora bruscamente interrompida por uma grande perda, e pelas revelações que teve. Não havia mais o brilho inocente de um menino em seu olhar...ele agora entrava na dura adolescência...e se as guerras que seu mestre avisou chegassem, Mu teria que se tornar um homem bem antes que os demais.

—Mestre Shion...eu vou me tornar o Cavaleiro de Ouro de Áries! -falou com determinação.

O Cosmo de Mu explodiu, fazendo com que Koh e Reena olhassem para trás admirados. Era seu último ato de despedindo de seu mestre...pela última vez, dizia adeus.

 

Continua...


Notas Finais


Não foi fácil escrever o capítulo, dosando humor e drama. Tentando ser fiel a um personagem tão amado em CDZ. Espero que esteja agradando aos fãs com esse humilde fic.

Beijos e até o próximo capítulo.


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