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História Um chamado para o coração - Save me


Escrita por: Miraah

Notas do Autor


Oi, gente, tudo bom? Eu acho que vcs já repararam que eu to tentando seguir um padrão pra postagem, né(fds a noite.)
Esse cap ficou bem grande, nem preciso dizer que ele extrapolou o esperado, né?rs. Eu passei literalmente o mês inteiro trabalhando nesse cap( migalhinha por migalhinha,claro.)porque, sinceramente eu queria finalizar ele na parte que o Luffy dizia que achou o Law, mas eu achei isso sacanagem demais HAUSHA. Então, sim, o cap ficou bem completo e a formação dele como um todo acabou me agradando muito. Eu trabalhei um pouco no personagem do Luffy, assim como no cap passado porque eu venho achando ele meio raso quanto a desenvolvimento, não sei se sou só eu, me digam o que acham.
Mas enfim, estamos MT perto do final, talvez vcs ainda não devem ter noção do quanto porque não sabem do rumo como um total, mas realmente falta pouco e eu estou bem ansiosa quanto a isso!
Boa leitura!

Capítulo 32 - Save me


Fanfic / Fanfiction Um chamado para o coração - Save me

 

Luffy deixou seu rosto descansar sob a superfície de vidro, de maneira que seus braços ficassem jogados sob a mesa e sua face deitada contra ela. Ele estava na sala, esperando debruçado contra a mesa.

Ele soltou um suspiro, cansado. – Ele ainda conseguia ouvir as vozes de Nami e Kid dali. Eles haviam ido pra cozinha e já estavam ali apenas conversando há mais de meia hora ou talvez uma, Luffy já havia perdido a conta.

Luffy gostava muito da casa de Nami(apesar de toda a bagunça) mas naquele momento, não havia nada no mundo que ele gostaria mais do que sair dali. A atmosfera tensa que pairava naquele lugar era terrível. Em começo pela a frustação de Nami e Kid por terem perdido Law na boate, que foi o suficiente para os dois permanecerem em silêncio o caminho inteiro até ali e se isolarem na cozinha apenas para tentarem achar uma maneira de resolver aquilo. – Ou discutir um com o outro, como Luffy julgava pelo tom alto e irritado em suas vozes.

E em adicional a aquilo, havia seus irmãos que estavam praticamente fingindo que ele não existia em todas as vezes que eles acabavam e cruzando pela casa. Luffy não sabia se estavam irritados com ele ou simplesmente não sabiam mais como se comportar quando ele estava por perto e preferiam ignorar ele ao invés de fazer um simples cumprimento. Ou talvez, eles desprezavam Luffy tanto agora a um ponto que não se davam ao trabalho nem de considerar a presença dele ali. – Sendo honesto consigo mesmo, Luffy não queria descobrir a resposta, nenhuma delas era agradável.

E então havia Law, cujo eles não haviam recebido noticia desde o ocorrido na boate. Luffy tentava manter sua mente longe dele, mas ela continuava voltando. Continuava repetindo a aquela imagem de Law em sua mente, com as olheiras no rosto, os olhos vazios e aquela expressão perdida em sua face. A voz rouca e fria que Luffy não ouvia há tanto tempo, agora era clara em sua cabeça. Onde ele estaria agora? Em outra boate? Bebendo, fumando, se drogando? Fazendo o que e com quem?

Luffy suspirou, levando as duas mãos sob sua cabeça como se de alguma forma aquilo fosse interromper seus pensamentos. – Ele tinha que parar de pensar um pouco.

                                                    

Neste mesmo instante, Luffy fora surpreendido pelo barulho da porta da cozinha se abrindo, com Kid e Nami finalmente deixando o cômodo. Nami olhou para o garoto um pouco nervosa antes de dizer:

— Ela está aqui.

Luffy engoliu em seco, erguendo a cabeça. Ele não queria ver Bonney de novo, mas estava curioso pra saber o motivo dela voltar. Será que ela sabia algo de Law? Luffy se levantou indo atrás de Nami e Kid até a porta, não demorando muito para os três encontrarem-se com a mulher de cabelos rosa, que se destacava em meio ao jardim escuro.

Luffy se sentiu ligeiramente preocupado ao reparar na escuridão da noite. Ele havia ficado tão distraído pensando no moreno que nem notou o tempo passando. O que Law estaria fazendo àquela hora?

— Já deu. – Bonney disse. — Eu quero meu telefone de volta.

Nami e Kid tiveram um pequeno sobressalto. A ruiva franziu o cenho.

— Mas Law ainda está sumido, nós nem tivemos tempo de... – Começou Nami.

— Eu não me importo. – Bonney interrompeu rispidamente. — Eu só deixei vocês tentarem por puro capricho e assim como eu esperava, vocês não conseguiram nada, nem mesmo com o pirralho. Se ele ficou sumido por todo esse tempo, é muita ingenuidade da parte de vocês acharem que o Law vai aparecer agora. Vocês o conhecem melhor do que isso.

Nami mordeu o lábio, nervosa.

— Talvez com mais um pouco de tempo...

Bonney soltou uma risada irônica.

— Francamente, se meu pessoal não está encontrando ele, quem você acha que vai? Está acabado, Nami. Law já sumiu de mapa. Eu quero meu celular de volta. Agora.

Nami suspirou, derrotada, abaixando os olhos por um momento.

— Kid, devolva o celular pra ela.

Kid franziu o cenho, olhando pra Nami de forma aborrecida.

Não.

— Nami, o que você está fazendo? - Luffy encarou Nami em confusão. Aquele era o único meio que eles tinham de achar Law.

— Ela está certa. Vocês sabem disso. – Nami ergueu o rosto para fitá-los. — Luffy, eu sei que você quer acreditar que ainda temos alguma chance de achar Law e acredite eu também, mas... – Nami parou um pouco apenas para puxar ar para dentro de seus pulmões, parecendo cansada. — Já são quase meia noite e se Law tivesse ido pra algum outro clube ou em qualquer lugar do Japão nós teríamos ficado sabendo imediatamente... Então, eu detesto ser a realista aqui, mas o mais provável agora é que ele tenha deixado o país. É o que Law faria.

Luffy virou o rosto para Kid, cuja expressão no rosto parecia silenciosa. De maneira que o ruivo abriu a boca para falar algo e a fechou logo em seguida. – Ele havia cedido.

— Vocês dois não podem estar considerando... – Luffy balbuciou, agora olhando para Nami, que desviou o rosto dele. — Nami.

— O celular é dela, Luffy. – Nami lamentou. — Me desculpe.

Kid suspirou, ainda que com certa relutância e contragosto em seu rosto, ele retirou o celular do bolso e moveu-se até perto da rosada, entregando o aparelho na mão de Bonney.

Bonney sorriu sem dentes, assistindo Kid fazer seu caminho de volta para a fachada da casa.

— Obrigada, Kid. Eu acho que isso basicamente resolve todos os nossos problemas aqui. – Ela estendeu o sorriso ao observar a expressão frustrada no rosto de Luffy. — Ao julgar pela sua cara o encontro com Law deve ter sido terrível. Não se sinta tão mal por isso, Luffy. Você não é o primeiro que falhou numa “missão de resgate ao Law”. Bem, pergunte aos seus amigos aí. Eles têm uma boa noção.

— Você tem o seu celular agora.  Por que não pode simplesmente ir embora? – Nami rangeu os dentes.

— Tudo bem. - Ela concordou, por alguma razão parecendo divertida com a irritação de Nami. — Acho que vejo vocês por aí. – Ela deu um pequeno aceno, se despedindo, antes de fazer seu caminho para fora do jardim.

Uma vez que os três foram deixados sozinhos novamente, o clima pareceu apenas intensificar mais ainda. De maneira que a primeira coisa que Nami fez foi fitar Kid com um olhar aborrecido no rosto. E Kid, que já não estava com uma cara muito feliz, fechou ainda mais o rosto em sinal de confrontação.

— Se você quer dizer algo apenas diga.

Os olhos de Nami brilharam em resposta e ela molhou os lábios antes de falar:

Tudo bem.  Eu acho que isso é sua culpa.

Kid soltou uma risada sarcástica.

— Ok. Como isso é minha culpa, Nami? – Ele quis saber.

— Se você apenas não tivesse quase quebrado o pescoço do Law naquela boate, talvez ele estaria aqui.

— Ah, certo. – Kid sorriu irônico. — Porque o discursinho de vocês realmente estava algum efeito.

Talvez teria feito algum efeito se você não tivesse feito aquilo. – Nami apontou, erguendo o tom de voz. — Nós estávamos tentando trazer ele de volta, mostrar que nos importamos com ele. E o que você faz? Você quebra a mesa na cara dele. É isso que faz efeito pra você, Kid?

— Nami... – Luffy chamou, vendo o modo que a ruiva estava irritada.

— Ele estava chapado, Nami. – Kid ressaltou, erguendo a voz também. — Nada no mundo ia o fazer ouvir a gente.

— Certo, continue falando isso até se convencer, mas se algo ruim acontecer a Law, algo realmente ruim, eu espero que você saiba de quem é a culpa.

Após dito isso,  com os pés pesados, Nami fez seu caminho para dentro da casa.

Kid bufou, passando a mão pelo rosto.

Luffy olhou para ele e engoliu em seco sem saber exatamente o que fazer, ainda um pouco nervoso e perdido com a rapidez dos acontecimentos.

— E-Eu tenho certeza que a Nami só está chateada. Ela não quis...

Kid fez um gesto com a boca em frustação e respondeu em um grunhido:

— Tanto faz.

Logo depois também entrando na casa e sumindo da vista de Luffy.

 

                                                       ...

 

Luffy deixou suas costas relaxarem no tecido macio, deitando a cabeça e seu corpo no sofá de Nami.

Ele não sabia para onde Nami e Kid haviam ido e, por alguma razão, algo o dizia para não procurar por eles.

Luffy soltou um suspiro. - Mesmo que entendesse totalmente a frustação dois, ficar culpando um a outro não ajudaria em nada agora. Law ainda estava sumido e era simplesmente frustrante como Luffy não podia fazer nada. Ele se sentia tão inútil daquela forma, seguindo Nami e Kid pra todo canto como um cachorrinho obediente. Por que ele não podia fazer nada por si mesmo? Por que sempre havia o dedo de outras pessoas metido em suas ações? Aquilo o irritava.

Luffy inspirou profundamente, tentando acalmar sua mente e corpo, mas sem muito efeito. Ele queria tanto ver Law.

Pensar nele o fez fechar os olhos por um momento, escondendo a cabeça por entre os braços. Luffy sabia que por baixo do álcool e de todas as palavras frias Law estava sofrendo. Deus, ele devia estar devastado.

Mas uma parte de si mesmo ainda se perguntava se pelo menos uma parcela do que ele havia dito era verdade. Será que Law realmente havia desisto de Luffy? Ele não o culparia por isso depois de tudo, apesar. Ainda que seu coração apertasse ao pensar naquilo.

Não demorou muito para que Luffy se relembrasse das memórias dele com Law. As conversas no avião de Nami e em sua casa, as viagens, o dia no parque...

“Parece que a Cinderela acordou.”

Luffy prendeu a respiração quando recitou aquelas palavras em sua mente. Foram as primeiras que Law havia dito para ele. Cerrou mais forte os olhos, apreciando a lembrança que era calorosa, mas ao mesmo tempo dolorosa. Dolorosa por pensar que as coisas talvez nunca mais voltariam como eram.

Dessa forma, já exaustado por todo cansado de andar de um lado para o outro desde manhã, Luffy adormeceu por alguns minutos, perdido em suas memórias e pensamentos.

 

                                                     ~~~

 

— Luffy! – A mulher de cabelos negros chamou mais uma vez, um pouco impaciente ao ver o garotinho correndo em direção ao lago novamente. O seus irmãos distraídos demais um com o outro pra sequer prestar atenção nele.

— Luffy. – Ela ergueu a voz dessa vez, fazendo com que seu filho parasse no meio do caminho. — Eu não quero te chamar de novo.

Luffy virou o rosto para trás, parecendo considerar o quão encrencado ele acabaria se a mãe tivesse que levantar-se de onde estava sentada na grama (as costas apoiadas numa grande árvore) e ir até ele. Por fim, ele acabou fazendo seu caminho de volta até a mulher, que suspirou e sorriu aliviada.

— Vem cá, vem. – Ela estendeu os braços para ele e sorriu calorosamente quando ele afundou-se em seu abraço.

Ela achava curioso e não entendia muito bem: Ao mesmo tempo em que Luffy era tão grudado com ela a ponto de recursar-se ir brincar no parque sem sua mãe, o que em sua maioria irritava os irmão, Ace e Sabo que estavam sempre com alguma travessura em mente; ele sempre parecia correr pra longe dela. Como se a quisesse perto, mas ao mesmo tempo não. – Isso a lembrava muito o pai dele.

Lisa soltou um suspiro, tristemente. O parque em que eles estavam também reascendia algumas memórias dos seus tempos mais jovens.

— Eu sinto muito, mamãe. – Ele murmurou entre seus braços.

A mulher baixou os olhos para fitar o garoto, em confusão.

— O que foi, Luffy? Por que está se desculpando?

— Por causa do papai.

Lisa buscou o rosto de seu filho e o puxou suavemente com uma das mãos, fazendo com que Luffy a fitasse nos olhos.

— Do que está falando, querido?

— Ace me disse. – Ele murmurou baixinho. — É por isso que você não consegue ficar melhor. Porque nos parecemos com o papai e fazemos você lembrar dele. E pensar no papai te deixa triste.

Lisa encarou o filho pensativa por um tempo. – Era isso. Eles todos estavam agindo estranhos desde que receberam a noticia que o pai havia falecido. Havia acontecido há alguns meses já, mas as cicatrizes ainda permaneciam. Luffy não se lembrava muito bem das memórias com seu pai, mas a dor de seus parentes era perceptível o bastante pra mexer com ele também.

— Isso não é verdade, Lu. – Ela falou, seriamente. — É o contrário. Quando eu olho pra vocês, eu me sinto muito feliz. Muito muito mesmo. Tão feliz a ponto que meu coração poderia explodir a qualquer momento.

Ela afegou os cabelos de Luffy, que fez uma careta assustado.

— Isso é perigoso!

A mulher riu, puxando o garoto pra mais perto.

— É, é! – Ela apertou o nariz de Luffy, divertida. — Mas eu não me importo de me correr esse risco com vocês.

Luffy sorriu também.

 

                                              ~~~

 

Os pés de Nami se moveram lentamente até a área de fora. Ela mordeu os lábios e sentiu suas pernas falharem por um momento assim que identificou a figura ruiva em meio ao jardim escuro, sentada no banco de madeira.

Nami respirou fundo e depois se aproximou mais, seus passos na grama chamando a atenção do homem em sua direção, que a fitou em silêncio até ela fazer seu caminho para perto dele. Nami ainda ficou alguns segundos sem falar nada, parada de pé em frente a ele, até que resolveu disser baixinho:

— Eu pensei que você já tinha ido.

Kid a espiou por um tempo antes de voltar seus olhos para baixo.

— Já está tarde. Se você quer que eu vá embora é só dizer.

— Não é isso que eu estou dizendo. – Ela franziu o cenho, se sentindo na necessidade de explicar.

— Então, o que está fazendo aqui? – Kid perguntou, sem a olhar nos olhos, por alguma razão parecendo entretido em estalar seus dedos.

— Eu... – Nami começou, parecendo um pouco hesitante quando pareceu se perder em suas próprias palavras. Por fim a ruiva suspirou, sentando-se do lado de Kid.

— Me desculpe, certo? – Ela enfim disse, fazendo com que Kid erguesse as sobrancelhas e unisse os lábios em surpresa. Nami soltou mais um suspiro, sentindo os olhos de Kid curiosos sob ela, fazendo com que fixasse seus olhos no jardim, os focando em um canto qualquer a sua frente. — Pelo o que eu disse antes. Eu realmente... Eu não quero que você se culpe pelo que aconteceu na boate.

— E o que te faz pensar que as suas palavras importem tanto pra mim? – Ele indagou, as palavras saindo asperamente.

Nami engoliu em seco e mordeu os lábios. Tudo bem. – Ela merecia um pouco daquilo.

— Eu não acho. – Nami falou. — Mas eu sei que você se importa com o Law. Pelo menos um pouco. É por isso que eu pensei que talvez...

Kid não disse nada em resposta. Então, Nami suspirou de novo e continuou.

Olhe, apesar de eu não concordar com os seus métodos, eu sei que você estava apenas tentando ajudar. Eu não tinha o direito de dizer aquilo pra você. Não depois de toda a ajuda que você nos deu. Me desculpe.

Kid ficou mais alguns segundos em silêncio para o nervosismo de Nami que apenas o encarou apreensivamente, esperando por alguma coisa. Até que enfim, ele acabou dando um sorriso sem dentes, dando de ombros.

— Hm. Quem diria que uma socialite podia ser tão madura?

— Ei, não esqueça que eu sou uma empresária também! – Nami o advertiu, apesar de seu tom de voz ter saído um pouco divertido. Ela não esperava arrancar um sorriso genuíno de Kid. Aquilo a fez sorrir pra ele também por um breve momento.

— Eu só... Essa situação é muito estressante pra mim. Eu estou realmente com medo, sabe? – Ela falou, finalmente descansando as costas no assento, parecendo levada em algum devaneio de repente. — Eu não tenho nenhum parente vivo. Law é minha única família. Eu não quero perder ele também. Só de pensar nisso eu... – Sua voz se perdeu na sentença.

— Você não é a única. Eu estou com medo também. – Ele admitiu, mexendo nos cabelos.

Um tanto surpresa com o que disse, Nami ergueu os olhos para fitá-lo melhor.

 — Mas não é como se tivesse alguma coisa que a gente possa fazer agora além de esperar. - Kid suspirou, complementando:

— Não fique a noite inteira pensando nisso. Talvez ele só precise de um tempo sozinho até cair na real.

— Sim, talvez... – Nami concordou, com um aceno de cabeça. Ela não acreditava que havia realmente mais nada que eles podiam fazer. Pelo menos por hoje.

Kid de repente pôs a se levantar, esticando os braços preguiçosamente.

— Está tarde. É melhor eu ir indo. – Ele anunciou.

— Te vejo mais tarde, então, eu acho... ?                      

— Até mais tarde. – Ele sorriu curtamente mais uma vez, acenando para Nami antes de fazer seu caminho para fora do gramado.

Nami inspirou o ar frio da noite, movendo seus olhos para o céu. Havia muitas estrelas iluminando o céu naquela noite, mas a lua não estava em lugar algum a ser visto.

Ela se deixou relaxar ali por um tempo. Passara o dia inteiro correndo de um canto para o outro. Quando tudo aquilo acabasse. Bem, se acabasse, a primeira coisa que ela faria seria tomar um bom banho quente.

Era uma situação um pouco engraçada a que ela estava. – Nami pensou, enquanto admirava a beleza do céu. Algum tempo atrás, quando ela e Law saiam com frequência, ele costumava dizer que ela gostava de enrascar ele nas piores situações possíveis. E Law não estava muito incorreto. Nami tinha uma estranha atração por problemas.

Nami fechou os olhos brevemente. Há pouco tempo atrás, ela nunca poderia imaginar que ela teria uma conversa pacifica com Kid. Sempre havia construído uma imagem corrompida dele, mas eles estavam cooperando um com o outro agora e talvez ela não o achasse mais tão desprezável como costumava achar.

 “Quem é que arrasta os outros para enrascadas agora, em Law? Olhe onde me meteu.” Nami suspirou, cansada.

— Nami...!

Nami fora rapidamente despertada de seus pensamentos ao ouvir a voz de Luffy a chamando, acompanhada do barulho de passos apressados em sua direção.

Nami se ajeitou no assento e ergueu o pescoço apenas para fitar o garoto ofegante que agora estava em sua frente.

— Luffy, você ainda está acordado. – Nami observou, um pouco surpresa. — O que você está...

— Nami, eu sei onde o Law está! – Luffy disse, muito agitado. — Nós precisamos ir agora!

 

                                                      ...

 

— Ei, Luffy! Calma aí! – Nami gritou, ao ver o garoto saindo do carro apressadamente uma vez que este foi estacionado no encalce da calçada.

Nami desfez o cinto de segurança e saiu do carro também, o trancando logo em seguida e olhando ao redor nervosamente. Na parte oeste da região, eles estavam um tanto afastados da cidade. O grande parque circundado por um portão de altura média se destacando por ali, tendo apenas algumas mercearias e casinhas humildes por perto.

Nami não entendeu de imediato porque Luffy estava tão convencido de que Law estaria ali, mas sabia que o garoto não ia conseguir dormir pensando nisso. Então, acabou concordando apesar dos riscos de ir pra um lugar afastado como aquele naquela hora da noite.

Mas, uma vez que mais próxima do lugar, não demorou muito para que as memórias voltassem rapidamente.

Ah, sim. Ela se lembrava daquele lugar. Estavam planejando construir um shopping enorme naquela área no inicio do ano, até que Law conseguiu a façanha de comprar o lote primeiro. Um sorriso tímido se plantou em seu rosto ao lembrar daquilo. – Law adorava ser um estraga prazeres.

Mas o que os dois estavam fazendo naquele parque, afinal? Estava muito tarde. Nami demorava a acreditar que Law estaria ali. E se estivesse, estaria fazendo o que?

— Nami, aqui! – Luffy chamou, fazendo com que a ruiva se aproximasse mais da entrada aonde ele estava. Luffy estava apontando dramaticamente para o portão aperto. — Está aberto! – Ele ressaltou.

Os olhos e a boca de Nami abriram-se em comoção. Talvez Law estaria ali mesmo? Nami pensou, ligando a lanterna de seu celular e guiando o caminho para Luffy que ia na frente já adentrando o parque. Ou talvez, algum lunático havia arrombado o portão e os dois acabariam mortos assim que encontrassem com ele. – Ok, era melhor não pensar em outras possibilidades.

Luffy movia seus pés apressadamente pela grama, tentando se lembrar do caminho que Law havia feito da primeira vez que eles foram ali.

Quando Luffy acordou, ele não entendeu por quê, mas o parque foi a primeira coisa que veio a sua cabeça. Talvez ele tenha sonhado algo relacionado a isso, ele não sabia. Luffy nunca se lembrava dos seus sonhos. Ainda assim, ele tinha certeza daquilo. Law tinha que estar lá em algum lugar.

 

                                                      ~~~

 

— Mãe. – Ace chamou, a voz baixa e um pouco falha, enquanto ele pousava a mão no ombro da mulher que chorava desoladamente, com o rosto escondido entre suas próprias mãos. — Você foi lá, de novo? – Ele tentou esconder um pouco o tom repreensivo de sua voz, mas era difícil de evitar. Ele estava preocupado com sua mãe. — O médico disse pra você, lembra? Não é bom para a sua saúde. Por que você continua indo para aquele lugar?

Aquele dia iria completar um mês desde que o pai de Ace havia se suicidado em sua cela na cadeia. Apesar do choque inicial, ele e Sabo já haviam se conformado com aquilo. Depois de tanto abandono para sua família, era difícil sentir os mesmos sentimentos que sua mãe sentia em relação a seu pai. Contudo, diferente deles, a mãe de Ace insistia em voltar à cadeia de tempo em tempo para tentar entender aquilo de alguma forma.

A mulher fungou mais uma vez, abaixando as mãos do rosto, revelando os olhos e o nariz vermelhos de tanto chorar.

— Eu só queria entender por quê...O que estava passando na cabeça dele...Por que seu pai faria algo assim...

— Ele não é nosso pai, mãe. – Ace elevou o tom de voz de repente, frustrado por sua mãe estar passando por aquilo. — Tudo que ele fez foi trazer dor pra a gente.

— Isso não é verdade, Ace!

— É sim e você sabe! – Ace gritou em compartida, ligeiramente irritado. - Por quê? Porque mesmo depois de morto seu pai continuava fazendo com que eles sofressem?

— Não é. – Sua mãe disse, a voz vacilante por causa do choro. — Eu sei exatamente o que você pensa do seu pai, Ace. O que você sempre pensou. – Ela levantou-se subitamente, caminhando para mais perto do adolescente, que franziu o cenho, um pouco nervoso. — Eu sei que você pensa que ele nos trocou pelas drogas e...

— E eu estou errado?! – Ace exclamou. — Ele te machucou, mãe! Ele sempre fez! E ainda assim, você continua-

— Eu não estou dizendo isso! – Lisa falou, as lágrimas ainda escorrendo pelo seu rosto. — Mas o seu pensamento sobre ele ainda está errado.

 Lisa agora apoiou as mãos sob os ombros de Ace.

— Ace, por favor. Eu não quero que você cresça odiando seu pai. – Ela pediu, os olhos trêmulos sob o rapaz que agora a olhava sem saber o dizer. — Eu não quero que você cresça odiando o mundo. Então, por favor...

— Então o que você quer eu faça? – Ele interrompeu.

Lisa molhou os lábios antes de dizer.

— Eu quero que você entenda... – Ela começou. — Quero que entenda que pessoas boas cometem erros também. Alguns maiores do que o normal...

Ace estava pronto para responder sua mãe novamente até que sentiu os braços dela o envolvendo em um abraço.

— Quero que saiba que não desistimos delas por isso. Não quando o nosso coração nos diz que estamos certos.

Ace estava estático, os olhos e a boca abertos sem saber o que dizer.

— Por favor, faça isso por mim e por seus irmãos também. Se lembre das memórias boas e não só das ruins. – Sua mãe estava chorando novamente. — Não odeie seu pai.

— M-Mãe... – Ele balbuciou, sentido pelas palavras de Lisa. Ace respirou fundo, envolvendo as costas de sua mãe com os braços também e retribuindo o abraço.

O pequeno Luffy que espiava perto da porta da cozinha deixou seu lugar dali assim que viu sua mãe e seu irmão envolvidos em um abraço. Ele não entendia muito bem o que estava acontecendo com sua família agora, nem o que havia acabado de acontecer ali, mas ele ficou feliz em ver os dois se abraçando, significava que haviam finalmente feito as pazes.

 

                                                  ~~~

 

Luffy sentiu o ar faltar aos seus pulmões quando ele finalmente enxergou uma figura escura debruçada sob a grama. Era Law. Luffy correu até ele e Nami seguiu atrás também, em passos mais lentos, iluminando com o celular a direção em que ele estava.

Law, nas mesmas roupas surradas e desleixadas de antes – que agora pareciam em uma situação mais precária ainda, com uma espécie de líquido derramado sobre elas. – virou-se em súbito, estreitando os olhos com a claridade.

Nami deu uma melhor olhada nele: Ele estava sentado de pernas cruzadas sob a grama, com o celular em sua mão direita, uma garrafa de bebida pela metade na direita e na grama, próximo a seu colo, havia um pequeno frasco de pílulas. Ele ainda estava bêbado, aquilo era uma certeza.

Luffy se aproximou mais de Law e fez um sinal com a mão para que Nami movesse a luz para longe de Law que parecia um tanto atordoado. Nami abaixou o celular e afastou-se alguns passos dos dois.

Luffy se agachou e se pôs a frente de Law, tocando em seu rosto.

— Law? – Luffy chamou, preocupado. — Torao?

Law sobressaltou-se com o toque, arregalando os olhos para Luffy, parecendo tocar-se da presença do garoto apenas naquele momento.

— Luffy...? O que você... Por que está aqui?

Luffy engoliu em seco em apreensão. – Os olhos de Law estavam muitos vermelhos.

— Eu e Nami viemos te levar pra casa, Law. – Ele disse, baixinho, o rosto bem próximo ao do maior. — Vamos.

— Não...Por que você... – De repente, Law parecia desesperado. Ele engatinhou um pouco para trás, os olhos ainda tensos sob Luffy. — Vai embora.

— Eu não vou embora... – Luffy franziu o cenho, tentando se aproximar de Law novamente.

— Não! Você não pode ficar aqui! – Law gritou repentinamente, fazendo com que Nami e Luffy o encarassem surpresos. Nami tentou chegar perto para ajudar, mas Luffy a impediu no momento em que seus olhos se cruzaram, fazendo um aceno de “não agora” com a cabeça. — Só vai embora...

— Por favor, Law. Corazon não ia querer isso... – Nami tentou também.

— Corazon vai morrer. – Law rebateu mais alto. — Ele vai morrer e eu vou ficar sozinho de novo... Eu sempre fico. É assim que funciona, assim que sempre funcionou... – Law lamentou, sua voz saindo um pouco presa, refletindo a dor em suas palavras.

Por alguma razão, Luffy se sentiu imensamente angustiado com aquele ato, quase que automaticamente movendo seus olhos para as pílulas derramadas na grama em seguida.  Ele não queria pensar naquilo, mas estava bem na frente de seus olhos. Law havia realmente ido ali pensando em se matar?

— Não que alguém se importe... – Ele complementou, erguendo a mão que estava segurando a garrafa, a fim de tomar o líquido novamente, mas antes que pudesse, Luffy a arrancou de seus dedos.

Law e Nami o fitaram com os olhos bem abertos, surpreendidos com a ação de Luffy que franzia o cenho e respirava com dificuldade.

— Eu me importo! – Ele disse, a voz carregada de emoção. — Eu me importo com você! Eu e Nami... Nós... – Luffy pausou um pouco, em busca de ar. Engolindo o choro, ele voltou a falar determinado:

— Eu me importo com você, Law. Eu o faço, tanto. De verdade! E eu... Eu sinto muito que eu te fiz pensar o contrário em algum momento... Me desculpe por ser ciumento e inseguro...Por te fazer pensar em algum momento que eu te deixaria...Mas eu estou aqui agora. Estou aqui por você. – O rosto de Luffy se contorceu em uma expressão dolorosa.

Os dedos de Luffy fraquejaram em torno da garrafa, que caiu na grama.

— Luffy... – Nami murmurou.

— Você importa pra mim e se algo acontecesse a você... Isso me machucaria muito, muito mesmo. Então, por favor... – Ele pediu agora, os olhos molhados e suplicantes. Luffy se aproximou de Law, segurando seu rosto com as duas mãos.

— Eu sei que você não se importa mais com você, mas comigo... Você realmente quer fazer isso comigo?

Law o encarou de volta intensamente, os olhos cinzas bem abertos agora, fazendo com que o coração de Luffy falhasse uma batida.

— Por favor... – Luffy pediu mais uma vez.

Law ficou mais alguns segundos em silêncio, olhando para o garoto, até que finalmente moveu-se para a frente, praticamente deixando seu corpo cair sob o de Luffy que o segurou em um abraço.

— Desculpe... – Ele choramingou. — Eu não quero machucar você...

Luffy sentiu sua garganta secar com o contato. Ele abraçou Law com mais força, acariciando sua cabeça que agora deitava na curva de seu pescoço e ombro.

— Está tudo bem... – Luffy disse baixinho, sentindo-se ofegante. — Vamos voltar agora, certo? Está tudo bem... – Luffy tentou tranquilizar Law, mas não demorou muito para que o ouvisse chorando contra seu ombro.

— Eu não posso...

— Torao, o que foi? O que está acontecendo? – Luffy puxou levemente Law para fora de seu corpo, fazendo com que o maior ficasse apenas alguns centímetros de distância em frente a ele. — Me diga. – Ele pediu, preocupado.

— Eu não posso... Pra ninguém... – Law estava soluçando agora e aquilo só fez crepitar o desespero de Luffy.

— Eu não sou ninguém. Sou eu, Law. Está tudo bem. – Ele segurou as mãos de Law firmemente. — Eu te amo. — As palavras escaparam de seus lábios nervosamente, os olhos castanhos fitando Law de forma apreensiva. — Não tem nada que você diga que possa me fazer ir embora.

Law abaixou os olhos, parecendo ponderar sobre aquilo enquanto as lágrimas ainda caiam pelo seu rosto.

— O que foi, Torao? – Luffy acariciou a mão de Law e perguntou mais uma vez, da forma mais gentil que conseguiu.

Law parou de chorar de repente. Luffy ficou esperando ansiosamente por alguma coisa enquanto Law o encarava com aflição e medo em seus olhos. Ele respirou pesadamente antes de dizer:

— Eu matei alguém.

 


Notas Finais


Obs: Estou escrevendo outra oneshot rsrs.


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