História Um clichê sobre amor a primeira vista - Amor de uma noite

Até então eu sou um cara normal, fazendo minhas coisas normais, na verdade se eu fosse um cara normal do século vinte e um eu estaria em alguma balada beijando alguém bêbado por ai, mas esse não é o tipo de coisa que eu faço no sábado de noite, eu não vou para um lugar cheio de pessoas vazias tentando preencher o seu vazio com outras pessoas vazias, eu fico em casa, sendo vazio, sozinho e tentando encher esse vazio com falsas esperanças de que um dia eu vou encontrar alguém que me faça sentir o amor, mesmo sabendo que eu nunca encontrarei essa pessoa. Decido colocar uma série, mas acabo sempre na boa e velha How I Met Your Mother, os episódios vão passando e pareço nem perceber, o celular vibra, ignoro, ele vibra mais uma vez e eu decido olhar afinal a pessoa é persistente não? É uma mensagem do meu melhor amigo, me chamando para uma pequena House Party, que é o nome que dão a essas festinhas em casa, eu resisto de primeira mas acabo concordando em ir, afinal a garota que ele é afim desde os 13 anos estará lá, e ele não desiste mesmo. Após me arrumar, demorar anos pra arrumar uma posição em que meu cabelo me satisfaça, marcar de encontrar o Ruan e ele demorar anos para chegar, nos finalmente achamos a “pequena” festa, não vou poder negar que eu não estava nada animado para aquilo, eu meio que tenho alma de 70 sabe? Mas eu fui mesmo assim, acho que foi uma boa escolha, ficamos bebendo, conversando um pouco eu o Ruan e a garota, e quando menos esperei ja estava sozinho, não fazia a menor ideia de onde tinham ido, e tinha medo de onde e em que situação eu poderia encontrar, sentei em um banco, perto da piscina, segurando o copo pela metade em minhas mãos.

POV Loren

Eu sei que eu deveria estar estudando em casa, mas afinal amanhã ainda é domingo, a prova ainda é terça e até lá tem chão, eu não posso parar a minha vida só porque entrei para Medicina em uma Federal, okay, na verdade eu deveria parar mesmo minha vida, mas ja é tarde, agora ja estou aqui enchendo um copo com vodca, decido dar uma volta pela parte de fora da casa, a verdade é que mesmo fingindo, eu nunca gostei muito desse barulho todo, assim que passo pela porta que da acesso aos fundos eu avisto várias pessoas, mas uma em especial me chama a atenção, não pela beleza, não pelo nível em que está alcoolizado e vomitando em tudo, mas pelo modo como me parece solitário, eu quase posso sentir aquela solidão e a tristeza em seus olhos, em um ato de impulso me aproximo, acabo recuando quando penso em sentar ao teu lado, mas parece que meu coração consegue compreender tanta tristeza e faz dela minha, e simplesmente solto um:

-Com licença, eu posso me sentar?

POV Ian

Normalmente eu teria sido arrogante, sou do tipo de pessoa que evita o começo pois sabe que depois vem a decepção, mas ela só perguntou se poderia sentar, e pra mim parecia uma pergunta inofensiva sabe? Quase como um “tudo bem?” que você solta por educação para aquela pessoa que você encontra rapidamente na rua, então respondi que sim, ela poderia sentar, continuo olhando para o meu reflexo no copo, mas eu estava olhando mais por vergonha mesmo, não sabia muito bem para onde olhar, não podia negar que garotas bonitas me deixavam um pouco nervoso, e ela era, era muito bonita, tinha os cabelos longos e loiros, estava usando um vestido florido delicado, vários anéis no dedo, seus olhos pareciam brilhar sobre a luz da lua, ela tinha uma pinta no braço direito, batia o pé como se estivesse nervosa, mas de todas aquelas “Almas vazias” me parecia a única completa, viro meu rosto para ela quando ouço sua voz:

-Qual o seu nome?- agora posso ouvir sua voz calma

- O meu nome é Ian, e o teu?

-Prazer Ian, eu sou a Loren- sorrimos ao mesmo tempo

-Você gosta de música Ian?

-Gosto de música clássica

-SÉRIO?? Eu adoro música clássica, toco violino.

E assim foi, a noite toda, naquela noite eu descobri muitas coisas sobre a Loren, e ela descobriu muitas coisas sobre mim, eu não costumo me abrir com as pessoas, não costumo falar da minha vida, mas com ela parece ter sido diferente desde o começo, descobri que a família dela vem do Sul do país, e que ela se mudou por causa da faculdade, que sente muita falta de casa, descobri que começou a praticar violino com 4 anos, e que sempre teve amor pela música, descobri que faz Medicina na Universidade de São Paulo e que quer ser pediatra, ela também me disse que sempre amou ajudar as pessoas principalmente as crianças, e que quando se formar quer trabalhar em uma daquelas ONGs que ajudam crianças pobres, doentes e com desnutrição, descobri que ela adora poesia, mas naquela noite também fizemos muitas coisas, naquela noite nós saímos da festa, dei meu casaco a ela, andamos no parque, corremos com medo de ser assaltados enquanto riamos da situação, naquela noite ela fingiu que tocava seu violino imaginários enquanto eu dançava com minha parceira imaginária, e depois dançamos juntos ao som do nosso violino imaginário, invadimos o playground do parque e brincamos de escorregar, nos divertimos, demos risadas e então nos beijamos, antes de abrir os olhos eu respirei fundo pelo que temia, e quando abri, o meu casaco estava no banco, e ela ja não estava mais la.