Uma alma triste, vazia e fútil encara o seu reflexo no espelho pela primeira vez e constata algo que já sabia há tempos.
Tentou despir-se de todo e qualquer constrangimento, embora soubesse que não seria possível. Vendo todas as suas impurezas serem colocadas à mostra com total ausência de pudores, jamais pensou em ter que admitir para si, todo o orgulho, vaidade e sofrimento que guardava profundamente, mas não havia nada que pudesse fazer para mudar isso. Definitivamente não havia.
O espelho refletia a tristeza da alma, marcada por um passado violento que a beleza do corpo escondia. Presa em teias de uma futilidade que jamais poderia escapar. Estava fadada a ser apenas um rosto bonito. Um corpo e nada mais. Sua alma era vazia, um eterno mundo acinzentado e tedioso. Não foram poucas às vezes em que tentou escapar daquele trágico destino, mas como preencher o vazio que habitava dentro de si? Havia nascido destinada ao fracasso de sôfregos momentos de puro desespero e desamor.
Nada de interessante poderia sair dali e, embora soubesse disso, iria sorrir no dia seguinte como se nada tivesse acontecido, apenas esperando que a morte física alcançasse, por fim, a morte eterna da alma.
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