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História Um estrangeiro em Paris - Sentimentos e cigarros


Escrita por: camieroux

Notas do Autor


E air, monamores? ♥

Eu sei.
Eu sei que deveria ter postado esse capítulo semana passada. Mas, acreditem, eu poderia mentir para vocês. Poderia dizer que fiquei presa no laboratório ou fazendo planos de aula, mas a verdade é que eu dormi horrores. Isso mesmo, dormi até tarde, fiz o almoço e voltei a dormir! E não me envergonho!

Com esse clima triste de fim de férias, venho agradecer a todxs que deram aquele favorito lindo e também a quem me deixou um comentário fofíssimo!
Muito, muito obrigada!
Vocês são incríveis demais!

Esse capítulo foi feito para a minha amiga Danny. Quem tem a sorte de conhecer as fanfics dela entenderá o motivo. Amiga, fique com todas as minhas energias positivas, você merece! ♥

Boa leitura! ♥

Capítulo 14 - Sentimentos e cigarros


– Saga! Acorde!

O mais velho dos gêmeos sentia uma pressão sobre suas costas nuas e outra sobre seus glúteos.

–Acorda, porra! – Sentado sobre o irmão, Kanon desceu as mãos das costas largas para a cintura em sua frente, apertando-a com força.

– Kan... – Soltou um gemido abafado devido a face afundada no travesseiro – Que horas são? – Virou o rosto de lado.

– Já são 4:30h! Hora de levantar! Hoje tem praia! – Começou a cavalgar de ansiedade sobre o irmão. Esqueceu-se, apenas, de que não era tão leve assim.

Por sua vez, Saga sentia o corpo ir para frente e para trás. Rosnou e se virou com dificuldade, ficando de frente para o mais novo.

– Não vai dar para continuar assim... – Disse com a voz sonolenta enquanto espalmava as mãos nas coxas grossas ao redor de seu corpo – Precisamos nos mudar para o litoral, Kanon.

– Você sempre fala isso. – Revirou os olhos, apoiando-se no colchão e prendendo a cabeça do mais velho entre seus braços. Inclinou-se para lhe dar um beijo.

– Mas é sério dessa vez. Podemos usar o Milo como desculpa, quando ele voltar a gente volta junto. O que me diz?

Kanon afundou o rosto nas ondas aloiradas do irmão enquanto seu pescoço era tocado pela ponta de um nariz afilado. Suspirou. Seria verdade?

– Você está realmente falando sério? – Não queria nutrir esperanças.

– Estou. – Disse convicto. Estava cansado de ver o irmão sofrer para se adaptar àquele lugar.

– Jura? – Subiu o tronco, voltando a encarar Saga com um sorriso encantador.

– Kan, você nunca gostou de Paris. Podemos ao menos tentar, nunca tiveram provas concretas contra nós. Além disso, concordamos em vir de boa vontade, se lembra? – Sorriu também. Sentiu o gêmeo passar os braços por debaixo de sua cabeça e lhe beijar com força. Engoliu uma risada e rodeou a cintura do irmão, devolvendo o carinho.

– Mas espere! – Kanon interrompeu o beijo bruscamente – E se o Milo não for? Nós ainda iremos?

– Sim, mas eu acredito que ele irá.

– Eu acho que ele ficará na França. Ele está realmente gostando do Camus.

– Nisso eu concordo, mas não acho que esse amor será recíproco. – Disse pensativo – No final, creio que ele irá querer se afastar de qualquer lembrança do ruivo.

– Eu espero que você esteja errado. – E voltou a beijá-lo. Apertou as coxas grossas ao redor do corpo do irmão, cavalgando lentamente de modo a deslizar sua ereção sobre a do gêmeo.

Saga rosnou baixo e estreitou o cerco que mantinha com os braços fortes ao redor da cintura do mais novo. Após alguns beijos, fez menção de despi-lo, mas foi impedido imediatamente.

– Ei, espera... – Kanon interrompeu o beijo, erguendo-se com a blusa do pijama suspensa pela metade, exibindo o abdome trincado.

– Não! – Saga rosnou com a voz grave, invertendo completamente as posições.

Kanon não teve tempo de associar o que estava acontecendo. Em questão de segundos Saga estava sobre si, encarando-o com olhos felinos e um sorriso enviesado. Os cachos loiros e desalinhados do irmão caiam sobre seu peito como uma manta. Tentou se soltar, percebendo que suas duas mãos foram afundadas no colchão macio devido à pressão que o mais velho exercia sobre seus pulsos.

Saga se deleitava com os olhos assustados do irmão, a boca entreaberta devido a surpresa, convidativa.

– Não. – Kanon respirou fundo, assumindo uma expressão resoluta. Precisava se impor.

– Como não?! Foi você quem começou isso. – Saga soltou uma das mãos do mais novo e a guiou até seu pênis terrivelmente rígido.

– Mas nós vamos nos atrasar para a praia! – Disse com voz chorosa.

– Você vai ter a coragem de me deixar assim? – Enfatizou a palavra coragem, mirando o mais novo com descrença – Esqueceu que é sua vez de ficar por cima? – Sorriu malicioso.

Kanon suspirou, cedendo.

– Tudo bem. Mas vamos fazer de um jeito rápido, sem preparações. E não podemos fazer barulho ou acordaremos o Milo. – Havia buscado o caçula no apartamento de Camus na noite anterior. Já havia sido previamente combinado que Milo iria dormir com os gêmeos na noite da viagem para facilitar as coisas.

Saga levantou uma das sobrancelhas grossas. Por mais que ele e o irmão sempre revezassem na dominância, sem preparação não era agradável.

– Tudo bem, podemos fazer como você quer. – Disse receoso, saindo de cima do irmão e ajoelhando-se sobre o colchão. Sentiu a rigidez de sua ereção diminuir perante a expectativa de dor.

– Vamos começar com algo simples. – Sorriu travesso, sentando-se confortavelmente na cama – Me chupa, seu vagabundo gostoso.

Sorrindo, o mais velho fez como lhe foi ordenado. Deitou de bruços e acomodou-se entre as pernas do irmão. Sentiu dedos firmes se enroscarem em seus cabelos, acompanhando os movimentos que realizava. Viu Kanon sorrir e segurar a base do próprio pênis, oferecendo-o para si. Com a ponta da língua, Saga perscrutou a longa extensão a sua frente, tomando o cuidado de deixar uma linha de saliva por onde passava. Chegando ao topo, sentiu seus cabelos serem puxados com força ao abrir a boca para engolir a glande. O mais novo gemeu ao observar a cena, Saga lhe encarava com os olhos nublados, submissos. Os lábios desenhados estavam entreabertos, deixando escapar uma gota de saliva quente, abandonada sobre sua glande.

– Aaah, Saga... – Gemeu novamente, soltando as mechas aloiradas. Mordeu os próprios dedos para que impedir um possível grito ao sentir a língua do mais velho derreter-se sobre si. Saga desceu com leveza sobre o membro do gêmeo, até sentir a glande tocar-lhe o fundo da garganta. Seu próprio pênis vibrou ao ouvir o som rouco e baixo que deixou os lábios de Kanon. Subiu devagar, espalhando o máximo de saliva que conseguiu. Ao terminar o percurso, olhou com tesão para o irmão e lambeu a glande com vontade, fazendo o membro do mais novo vibrar na mão que o prendia.

Kanon não conseguiria manter aquilo por mais tempo, mesmo que parar agora não estivesse em seus planos originais.

– Saga, pare... – Chamou a atenção de um gêmeo confuso – vamos mudar de posição, sim?

Como esperado, o mais velho aceitou tranquilamente as novas instruções. Kanon o guiou para que se deitasse de costas sobre o colchão. Retirou o short do pijama que o irmão usava, fazendo o mesmo com o seu próprio, abandonado na altura dos joelhos. Com cuidado, posicionou-se entre as pernas abertas e mirou o ser semelhante a si. O receio palpável de Saga o fez sorrir de maneira misteriosa.

Kanon fechou os dedos longos sobre o próprio pênis, masturbando-se de maneira lenta enquanto mirava o irmão com desejo.

– Ah Saga... – Empurrou o falo grosso para baixo, vendo-o retornar à posição original com rapidez, como se estivesse brincando com uma barra rígida e presa à uma parede – Hoje eu vou foder você.

Abaixou-se para depositar um delicado beijo sobre os lábios do irmão.

– Vai ser uma delícia foder essa boca gostosa que você tem. – Continuou, trocando beijos gentis que contrastavam com o palavreado chulo.

Saga se sentiu relaxar. Fazer sexo oral em seu irmão não era doloroso como ter o corpo invadido sem preparação, tinha certeza que o outro o assustou por querer. Quando abriu a boca para protestar, sentiu seu sexo ser envolvido por mãos fortes, uma em cima da outra, cobrindo toda a extensão.

Esqueceu de tudo o que tinha em mente e se permitiu apenas aproveitar, enrijecia novamente. Levou o antebraço aos olhos, desfrutando do toque preciso.

Apesar de se esforçar para que a brincadeira durasse, Kanon estava impaciente. Não mais suportava ver o peito forte sob a camisa fina subir e descer, o lábio inferior úmido e avermelhado ser mordido suavemente. Olhar para Saga nesses momentos minava sua capacidade de raciocínio.

Sentindo o próprio peito arfar, Kanon desistiu de sua ocupação, precisava seguir com o plano. Recebeu um grunhido de protesto do mais velho, que destapou os olhos para mirá-lo com indignação e descrença.

– Eu disse que ia te foder, não disse? – Sorriu malicioso – Não podemos perder mais tempo.

Kanon engatinhou sobre a cama, sendo observado por olhos confusos. Ainda de quatro, parou quando estava de costas para o irmão, passando uma perna por cima do dorso forte abaixo de si.

Uma luz de compreensão invadiu o mais velho, que também sorriu de maneira perversa. Este espalmou as mãos nos glúteos duros a sua frente, apertando com as pontas dos dedos até formar círculos avermelhados. Hipnotizado pelo ponto rosado e extremamente convidativo, Saga decidiu acaricia-lo com o polegar, fazendo uma leve pressão. Segundos depois, sua glande foi envolvida pelos lábios quentes e macios do mais novo, impedindo-o de continuar.

– Pelos deuses, Kanon! – Gemeu com a voz grave, jogando a cabeça para trás. Seu falo era engolido com uma lentidão dolorosa.

Enrubescido de prazer, Saga jogou os quadris para cima com o intuito de penetrar mais fundo na cavidade quente. Em resposta, Kanon parou imediatamente.

– Nanão. Sou eu quem vai foder aqui hoje, maninho. Eu sei que minha bunda é incrível, mas pode começar a chupar. – Disse obsceno.

Saga sentiu seu pênis pulsar ao ouvir a voz grossa do irmão. Dobrou o travesseiro sob sua cabeça de forma a elevar-se e guiou o membro do caçula à boca. Pode ouvi-lo gemer baixo e, sem que esperasse, seu próprio membro foi circundado novamente pela cavidade úmida.

Quando abriu a boca para ofegar, sentiu os quadris sobre si se movimentarem. Kanon cumpria sua promessa, chupando o irmão em uma lentidão tortuosa, porém intensa. Saga mal conseguia retribuir, só abria a boca para intercalar a respiração pesada com o pênis que ia e vinha, lhe invadindo.

Era sempre assim, quando mais novo assumia o controle, Saga sabia que perdia toda a autoridade. Não que fosse humilhado, claro que não. A questão é que Kanon lhe dava tanto prazer, que todas as suas capacidades cognitivas lhe escapavam por entre os dedos, como grãos de areia. Sentia-se afundar em um abismo colossal de desejos e sensações.

Ficaram nesse vai e vem por um longo tempo. Saga sentia o orgasmo se aproximar a cada investida do irmão, porém lentamente. Todas as vezes que o caçula o provocava desse jeito, a sensação antecessora ao orgasmo lhe arrebatava por vastos minutos, lhe arrancando gemidos lânguidos e sôfregos. Estava quase...

Por sua vez, Kanon afundava as mãos com bastante força no lençol, transpirando para adiar o orgasmo o máximo possível, enfrentando um novo desafio a cada som agonizante que escapava dos lábios do irmão. Se esforçava para manter o ritmo lendo, além de tomar o cuidado de não se enterrar muito fundo na boca de Saga, fazendo-o engasgar. As veias de seus braços fortes estavam dilatadas devido à força descomunal que os músculos realizavam.

Quando o mais novo viu as coxas de seu gêmeo tremerem sob si, sabia que o orgasmo se aproximava. Aumentou linearmente a velocidade de suas investidas, indo cada vez mais rápido.

Saga mantinha os olhos rasos de desejo e engolia Kanon involuntariamente, vez ou outra se lembrando de trabalhar com a língua. O orgasmo se aproximava, lento e avassalador. Sentiu a onda se formar em seus testículos e quebrar-se, espalhando por seu corpo. Gemeu alto e, instantes depois, o líquido quente era expelido por sua glande.

Kanon não foi capaz de manter o autocontrole hercúleo, nem o queria. Deixou que seu orgasmo viesse, retirando como pôde o pênis de dentro da boca do irmão para evitar que este engasgasse. Deixou que o ar abandonasse seus pulmões com cuidado, já haviam feito barulho demais.

Temendo que o seu copo pesado desabasse com força sobre o irmão, Kanon resistiu às contrações involuntárias e dobrou um cotovelo, inclinando o corpo até cair de costas sobre o colchão macio.

– Se nos atrasarmos a culpa é sua. – Saga murmurou.

– Eu sei. – Sorriu.

O mais velho também sorriu, esforçando-se para se sentar na cama. Tinha que tomar um banho rápido, acordar Milo e levar as coisas perecíveis para o carro. O resto já tinha sido aprontado no dia anterior.

Mas isso iria acabar, eles voltariam para a Grécia.

 

Camus levantava a xícara de café com uma mão e segurava um livro aberto na outra. De pernas cruzadas em um dos bancos do balcão da cozinha, lembrava-se do dia anterior.

Havia se divertido tendo Milo como companhia. Claro que sempre tinha Afrodite por perto, mas o irmão tinha a própria vida, não estaria sempre ao seu lado. Sentiu-se um pouco triste quando o grego ligou para que os gêmeos viessem buscá-lo, mas, em contrapartida, o que poderia ter feito? Pedido para que Milo ficasse? Claro que não.

O francês suspirou, soltando o livro sobre o balcão e subindo os óculos de armação fina com o indicador. Deixou a xícara dentro da pia e foi buscar suas coisas. Já estava na hora de sair.

Guardou chaves e celular no bolso da bermuda escura. Como a mochila já havia sido deixada no carro anteriormente, bastou pegar a caixa de isopor com sanduíches antes de subir para o apartamento do andar de cima.

Fez menção de abrir a porta do irmão, como de costume, mas desistiu por estar ridiculamente cedo. Apesar do combinado, apenas bateu duas vezes e aguardou.

O italiano o recepcionou, convidando-o a entrar.

– Bom dia, Camus. – Fumava despretensiosamente.

– Bom dia, Mask. Como vai? – Viu o cunhado segurar o cigarro entre o dedo médio e o indicador, soltando uma baforada de fumaça antes de responder.

Camus levantou uma sobrancelha, Afrodite detestava cigarros.

– São exatamente – Conferiu no relógio analógico em seu pulso – 4:37h da manhã. Estou ótimo. – Revirou os olhos e sorriu – Já tomou café?

– Sim, obrigado. – Seguiu o anfitrião até a varanda da sala, deixando a caixa de isopor no caminho. Visualizou o canteiro de rosas de Afrodite, chamando mais atenção que a Torre Eiffel ao fundo. Havia uma verdadeira paleta de cores ali, imitando as que o irmão usava para trabalhar.

Paris, apesar de nunca apagada, ainda não havia sido beijada pela iluminação solar. O vento soprava frio.

Ambos se sentaram na mesa branca, redonda e delicada que o sueco mantinha na varanda para conversas e refeições descompromissadas.

– Muito atrasado? – Camus perguntou, olhando para as luzes no horizonte.

– Não, já até tomou banho. – Tragou profundamente, fechando os olhos como se não o fizesse há anos.

– Menos mal. – Respondeu aliviado.

– Camus, – Olhou na direção do cunhado – gostaria de conversar com você sobre o Milo. O atraso do Dite até que foi propício. – Riu de si mesmo.

O francês retesou. Sempre que Carlo desejava falar a sós consigo o assunto nunca era ameno.

– Diga. – Disse indiferente, disfarçando a ansiedade.

– Eu sei que não tenho nada a ver com a sua vida... – Parou para dar outra tragada.

Camus viu a caixa de Benson & Hedges repousando sobre a mesa e se inclinou para pegar um. Aprendeu a fumar quanto ainda era um estudante de filosofia, mas, persuadido pelo irmão, passou a ignorar a vontade.

Bastava pensar em Milo para que todos os seus nervos aflorassem. Segurando o cigarro entre os lábios finos, recebeu o isqueiro prateado de um cunhado desconfiado.

 Tragou como há muito não fazia, inflando o peito para caber o máximo possível. Fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás enquanto soprava suavemente a fumaça esbranquiçada sobre a cidade luz.

– Prossiga, Mask. – Disse com tranquilidade palpável perante o silêncio do interlocutor.

– Bom, apesar de não ter nada a ver com a sua vida, – Frisou novamente – eu gosto de você.

– Eu também gosto de você. – Disse com a voz grave, tragando novamente.

– E, por gostar de você, não quero te ver sofrer. Mesmo por que, se você sofre, o Dite sofre e eu sofro.

– É aí que o Milo, entra, não? – Mirava o céu parisiense com os olhos claros e rígidos.

– Exato, meu caro. – Deu outra tragada – Camus, ser babá do Milo naquela festa me deu a oportunidade de te dar um conselho hoje.

O ruivo não respondeu e Carlo prosseguiu.

– Se você gosta dele como o Dite acha que gosta, não o deixe ir. – Levantou o indicador na direção do cunhado ao ver um intento de reclamação – Deixe-me continuar. O Milo é muito atraente, é carismático e chama atenção. Ele pode ter quem quiser, assim como mostrou na festa.

Camus estreitou os olhos. Havia tanto preso em sua garganta...

– Eu concordo quando o Dite fala que ele aparenta realmente gostar de você. O jeito que ele tratou as pessoas foi ridiculamente vago pelo do jeito que ele te trata.

– Ele só me trata diferente por que sou como um superior.

– Não, você é importante para ele além disso, não finja que não vê.

– E o que você sugere? – Elevou um pouco a voz – Que eu largue tudo para ficar com um aluno? Jogar no lixo a minha carreira? Ser processado por inúmeros pais de estudantes por favoritismo, pela Sorbonne por não seguir o regimento e, como se isso não bastasse, ainda acabar com o futuro do Milo? Por que é exatamente isso que vai acontecer se eu me envolver com aquele garoto! – Nesse momento se encontrava extremamente exaltado.

– Camus, acalme-se! – Sussurrou nervoso enquanto olhava através da porta. Ao que tudo indicava o sueco não havia ouvido nada – Não estou dizendo para você e o Milo levantarem uma bandeira na Sorbonne declarando o amor homossexual de vocês. Estou dizendo para você tentar, em segredo. Se bobear nem vai pra frente. Mas você se corroer por dentro sem saber no que isso pode dar não vai funcionar por muito tempo.

– E se eu tentar e der certo? O que farei? Viverei em segredo pelo resto da minha vida? – Disse mais calmo.

– Bom, aí é outra história. Mas te respondo com outra pergunta: Se não tentar, libera o Milo para outras pessoas. Vai conseguir presenciar isso?

– Isso o que? – Perguntou o sueco, entrando na varanda e indo em direção ao colo de Carlo. Contudo, parou ao visualizar a fumaça que ambos exalavam – Mas que merda é essa?!

– Dite, calma...

– Calma, Camus? Calma?! Desse aqui eu até esperava – Apontou com o indicador de modo acusatório para o namorado – mas não de você. Que decepção!

– Ei! – Carlo objetou em vão.

– Vão apagar isso imediatamente! – Fez um movimento de enxotar com a mão, vendo ambos sumirem em direção à cozinha – Ärligt! Ovanpå mina blommor!¹ – Reclamou em sueco enquanto tentava afastar ao máximo os resquícios de fumaça de suas rosas.

Quando se viu livre da nuvem tóxica, Afrodite mirou a caixa que repousava sobre a mesa e amassou raivosamente o maço entre os dedos, decidido a continuar a bronca.

Camus pisava no pedal da lixeira metálica quando o sueco entrou enfurecido. Os cunhados haviam apagado os cigarros na torneira da cozinha, aguardando o fim da reprimenda.

– Onde você comprou essa porcaria? – Perguntou ao namorado, mostrando a caixa amassada entre os dedos.

– Mi amore, calma... – Levantou as mãos em sinal de paz.

– Onde? – Interpôs de modo irrefutável.

– Na Itália. – Disse arrependido. Camus apenas observava, assustado o suficiente para falar algo.

– Por que? – Perguntou nervoso, o cenho franzido contrastando com a face delicada. Algumas mechas loiríssimas caiam em desalinho sobre a vestimenta impecável.

– Por que estava ansioso.

– Ansioso?! Tudo por culpa dessa porra desse mestrado. – Abriu a torneira e mergulhou a caixa de cigarros caríssimos na água corrente – Você sabe que é bom.

Os mais velhos se entreolharam. Camus levantou os ombros, sinalizando que não fazia ideia do que o irmão falava.

– Que sou bom? – Ecoou Carlo.

– Sim! – Vociferou – Sabe que é bom, que fez um bom trabalho, que sua tese era a melhor da banca... não precisava de cigarros, idiota.

– Dite, – Se aproximou do sueco, envolvendo-o de modo receoso – Eu não estava ansioso com a tese.

– Então estava ansioso com o que, seu estúpido? – Se aninhou nos braços do amante.

– Estava ansioso por que você não estava lá comigo.

Afrodite sorriu contra o peito do namorado, mas logo se afastou, recuperando a expressão de superioridade.

– Ainda não é suficiente para salvar sua pele. – Manteve o cenho franzido e espalmou as mãos abertas no peitoral do italiano, empurrando-o levemente.

Andou até o ruivo e lhe estendeu a mão.

– Chaves, por favor.

– Do meu carro? – Camus disse confuso.

– Claro. – Disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – Mask já foi punido, você não. Além do mais, vocês dois vão atrás. Não quero sentar perto de fumantes, obrigada. – O sueco enfiou a mão dentro do bolso de Camus, retirando a chave do Cadillac. Pegou um delicado chapéu de praia sobre a mesa de vidro e saiu, deixando ambos para trás.

 

Os três chegaram em silêncio em frente ao apartamento de Mu e Shaka, como haviam combinado na noite anterior.

Camus e o cunhado se entreolharam novamente quando o sueco desceu do carro, batendo a porta do motorista. Resolveram imitá-lo.

– Dite, eu posso dirigir agora? – Camus perguntou enquanto deslizava os dedos pela tela do celular para avisar Mu de sua chegada.

– Pode. – Disse ainda emburrado.

Quando o casal surgiu na portaria, Camus foi o primeiro a cumprimentá-los.

– Nem acredito que você vai hoje! – Se adiantou para abraçar o melhor amigo – Muito bom te ver.

– Nem me olha com essa cara, eu concordo com o Dite. Você e o Milo formam um belo casal! – Disse Mu, enquanto retribuía o amplexo, sorrindo.

– Um momento! – Camus se afastou, segurando o tibetano pelos ombros. Mirou o rosto a sua frente com seriedade – Por que você disse isso? Só falei que estou feliz em te ver.

– Não se atreva a tentar me ludibriar, meu caro amigo. – Mu sorriu ladino – Assim como acordado previamente com o seu irmão, todos nós nos esforçaremos para que você tenha bastante tempo disponível com o grego, não vai adiantar se apoiar em mim. – Disse convicto.

Camus mirou Afrodite com o cenho franzido. O sueco recebeu o olhar teso, levantando uma sobrancelha bem-feita em desafio. Somente desviou o olhar para cumprimentar os amigos.

– Muito bom revê-los, Mu, Shaka. – Abraçou um por um. Carlo se limitou a manear a cabeça – Vamos? – Disse com entusiasmo, sentando-se atrás com o casal.

Nos bancos da frente, Carlo escolhia uma playlist no iPad do cunhado. Já Camus guiava o Cadillac em direção ao apartamento dos gêmeos Halkias enquanto pensava nas palavras que escutara mais cedo.

Não era mais possível negar, ele gostava do grego. Além disso, tudo indicava que seus sentimentos eram correspondidos. Mas o que deveria fazer? Se declarar ao grego? Entrar em uma conversa e surpreendê-lo com um beijo? E se alguém descobrisse? Ele jamais seria aceito no ramo acadêmico novamente, suas amadas pesquisas não teriam credibilidade. Além disso, Milo perderia o diploma e dificilmente seria aceito em outra universidade.

Não, isso não daria certo. Como se não houvessem empecilhos suficientes, Milo iria conhecer pessoas mais bonitas e interessantes, iria deixá-lo.

Lembrou-se novamente da festa, respirando fundo. Se mal conseguia suportar alguém com o grego agora, o que iria fazer quando este o deixasse? Quando soubesse o gosto que os lábios desenhados do grego possuem?

Tinha que virar a próxima à esquerda. Deu seta, imaginando as pestanas loiras encobrindo delicadamente os olhos cor de mar devido ao contato de um qualquer. Um beijo de um qualquer. Cerrou o cenho sobre os olhos claros, fazendo a curva com severidade, sem recuar marcha.

Todos dentro do carro foram arremessados com força para a direita.

– Ei! Se for para dirigir mal desse jeito acho melhor me devolver a chave! – O sueco gritou no banco traseiro, após ter sua animada conversa com o casal interrompida pela curva brusca.

Camus abriu a boca para se desculpar, sem realmente se importar. Após murmurar algo, os lábios delicados retornaram à posição anterior, retos e duros.

Ele sofreria de qualquer modo, que ao menos soubesse qual gosto teriam os lábios do grego.

 

Os gêmeos se apressaram em guardar todos os perecíveis no carro.

Enquanto Saga deslocava os alimentos e bebidas da geladeira para a segunda caixa de isopor, Kanon levantou a primeira, já cheia, sobre o ombro. Passou pela sala chutando o sofá para que o caçula acordasse.

Milo sentou-se de imediato, parcialmente assustado. Vestia uma camisa cinza grande demais, cujas mangas curtas quase alcançavam seu cotovelo. Os cachos loiros se encontravam em completo alvoroço.

– O que houve? – Disse olhando para o gêmeo mais velho sob a luz que emanava da cozinha. Kanon teve a compaixão de manter apagada a lâmpada da sala.

Saga se virou ao ouvir a voz do mais novo, ainda segurando uma garrafa d’água.

– Milo, bom dia. – Disse pesaroso – Eu juro que tentei te deixar dormir mais, mas sabe como o ogro do seu irmão é.

– Que horas são? – Esfregou os olhos com a mão fechada.

– Quase 5h da manhã. Em breve seu homem chega.

O caçula, ainda sonolento, sorriu bobamente. Levantou-se, subindo a samba canção que escorregava pelo seu corpo devido à um elástico relaxado.

– Vou tomar um banho de dois minutos, prometo.

“É hoje!” Pensou.

 

Alguns minutos depois, os três gregos aguardavam os demais na calçada. Todos os pertences já estavam no interior do Audi azul.

Milo chutava o meio fio despretensiosamente. Vestia uma camiseta listrada em preto e branco, lembrando uma roupa de mímico. As mãos se encontravam nos bolsos frontais da calça jeans clara, repleta de rasgos propositais. Estava com frio, mas seus irmãos o alertaram sobre o calor que sentiriam se andassem com roupas de inverno.

– Milo. – Kanon o chamou.

O mais novo levantou os olhos claros.

– Vai passar o dia com o seu francês, já pensou como não deixar passar essa chance?

Saga, que fumava seu Malboro mais afastado dos outros dois, sorriu ao ouvir a sentença.

– Claro. Vou investir pesado hoje. Ou retorno para Paris com o ruivo, ou livre para voltar à ativa. – Estava terrivelmente ansioso. Teria a chance de dizer para Camus como se sentia?

– Vamos nos esforçar para deixar vocês juntos.

– Obrigado. Eu já tinha conversado com o Dite também, ele me certificou que o Camus seria todo meu hoje.

– Esse Afrodite parece ser um cara legal. – Saga deu uma última tragada, jogando o cigarro no chão e amassando-o com a ponta do tênis.

– Ele é. – Milo sorriu para o mais velho.

Nesse momento o ambiente foi invadido por luzes de faróis. Os três se viraram a tempo de ver o Cadillac ser estacionado atrás do Audi.

Viram os cinco descerem do carro. Camus encostou a porta do motorista e mirou Milo de imediato, recebendo um sorriso radiante, um dos mais bonitos que se lembrava de ter visto.

– Bom dia! – Kanon se dirigiu aos cinco, cortês.

– Nossa, toda a família Halkia é composta de loiros altos e bonitos desse jeito? – O sueco andou na direção do gêmeo mais novo, lhe estendendo a mão – Eu sou Afrodite.

– Bom, sua família não perde muito para a minha em questão de loiros bonitos, não é mesmo? – Kanon sorria enquanto apertava a mão que lhe fora oferecida.

Todos se cumprimentaram animadamente. Afrodite e Carlo se apresentaram aos gêmeos e foram recebidos com entusiasmo. O sueco se arrependeu novamente de não ter conhecido a família do amigo no jantar de boas-vindas.

– Então, eu gostaria de propor algo. – A voz alta e grave de Saga se sobressaiu sobre as conversas paralelas. Quando teve a atenção de todos, prosseguiu – Como o Olia e a Marin não vieram, a gente pode diminuir o incômodo de viajar com cinco pessoas e bagagens dentro do carro.

– Verdade, percorrer quatro horas em um carro cheio de pessoas e bagagem é completamente desconfortável. – Emendou Kanon, cruzando os braços fortes sobre o peito.

– Como você sugere então, Saga? – Afrodite, que tinha o braço dado ao namorado como um casal de tempos antigos, gostou da ideia, percebendo as intenções encobertas pela proposta.

– Bom, – Sorriu astutamente – eu iria sugerir que o Shaka viesse conosco. Porém, não se deve separar casais, não é mesmo? Então que o Mu venha junto. Desse modo alguém do nosso carro passa para o de vocês.

– Acredito que o Milo seja a melhor opção. Não faz muito sentido o Kanon trocar. – Afrodite acompanhou o sorriso do gêmeo mais velho.

Camus cruzou os braços e franziu a sobrancelha. Estavam armando para si.

– Concordo absolutamente. Ideia brilhante, Afrodite.

– Obrigado!

Cínicos. Pensou Camus, revirando os olhos.

Após o teatro, Kanon explicou parcialmente o caminho para o ruivo. Mesmo que tivessem combinado que um seguiria o outro, seria bom que Camus tivesse alguma noção do percurso escolhido.

Já dentro do Cadillac, Afrodite tentou quebrar o silêncio.

– E então, Miluxo, dormiu bem?

– Dormi sim, Dite. E você? – Percebeu que o francês havia aumentado consideravelmente a temperatura do aquecedor, provavelmente por sua causa.

– Dormi maravilhosamente bem! O único problema que tive, veja bem, não foi acordar cedo, foi encontrar esses dois fumando no meu jardim, acredita? – Disse acidamente.

– Pelos deuses, Dite, já te pedi desculpas! – Camus se exasperou, batendo as palmas das mãos no volante – Seu rancoroso!

– Minhas mágoas são eternas, querido, você já sabe disso. – Retrucou ferino.

– Não sabia que você fumava, Camus. – Milo resolveu se pronunciar.

– Não fumo. – Olhou para os olhos tão claros quanto os seus através do retrovisor, rígidos sobre sobrancelhas loiríssimas. Suspirou – Tudo bem, apenas vez ou outra.

– Entendo. Eu não sou muito fã de cigarros.

– Mas é implacavelmente contra, assim como o Dite?

– Não, eu tolero. Afinal de contas meu irmão fuma.

– Qual deles, o misterioso ou o selvagem? – Afrodite entrou no assunto.

– O misterioso. – Milo respondeu rindo.

– Ótimo, eu sempre preferi os selvagens. – O sueco olhou para o namorado, passando a mão delicada sobre os músculos de seu braço. Carlo sorriu de volta.

 

Após algumas horas de viagem, ambos os carros chegavam ao seu destino. Assim que começou a dirigir pela encosta com o mar azul claro brilhando abaixo de si, Saga decidiu acordar seu irmão. Todos dentro do carro dormiam.

– Ei, acorde. – Sussurrou enquanto fechava a mão direita sobre o joelho do mais novo.

Viu de relance que o outro despertava e voltou sua atenção para a pista, sorrindo amavelmente.

Kanon abriu os olhos e foi invadido pela luminosidade solar que tanto amava. Sorriu ao constatar que finalmente haviam chegado. Se livrou do cinto de segurança e abriu a janela do passageiro com ansiedade, jogando o tronco para fora, como se fosse um cachorro. Sentindo o sol aquecer seu corpo, abriu os braços e começou a rir, acordando Mu e Shaka no banco traseiro.

Camus, que seguia no carro e trás, riu baixinho. Viu o braço de Saga sair pela janela do motorista e apontar tortamente para si. Seu bom senso lhe dizia que era um sinal para acordar Milo.

Olhou para o loiro que ressonava tranquilo sobre o banco recostado, o peito forte subia e descia compassadamente. Sua atenção foi fixada nos lábios rosados e entreabertos. O rosto estava corado, provavelmente devido à alta temperatura dentro do carro.

Sim, poderia tentar.

Se virou apressado para frente, lembrando que tinha um carro para guiar.

– Milo. – Sussurrou.

Não houve resposta.

– Ei, Milo! – Sussurrou um pouco mais alto.

O mais novo não esboçou nenhuma reação.

–Você consegue, Camus. – Incentivou a si mesmo, retirando a mão direita do volante para tocar a coxa grossa do aluno.

– Milo, acorde. Nós já chegamos. – Disse com a voz mais indiferente que conseguiu, apesar de aguardar ansiosamente um outro belo sorriso do aluno.

O grego esfregou os olhos e, como previsto pelo ruivo, sorriu lindamente.

– Isso! – Disse alto, acordando os demais – Isso! Chegamos! Sol, mar, casa! – Fechou o punho e o jogou no ar, em sinal de vitória.

O casal no banco de trás ria da euforia de Milo. Até Camus foi incapaz de esconder um sorriso.

– KANON, SEU FILHO DA PUTA! – Gritou em grego, jogando o tronco pela janela assim como o irmão mais velho – VALEU CARA!

O coração de todos se apertou quando o gêmeo mais novo usou os braços fortes para se elevar até sentar na janela, virando-se desajeitadamente para se comunicar com o caçula. O coração de Saga, por sinal, havia falhado uma batida.

– DE NADA, CARA! – Se sentia bobo de tanta felicidade.

Milo apoiou as mãos na janela para imitar o irmão, porém sentiu dedos firmes se fecharem em sua coxa, impedindo-o.

Se virou, vendo olhos claríssimos e bem abertos, complementando uma face assustada.

– Nem tente, seu maluco! – Camus estava levemente desesperado.

O grego fechou a cara e voltou a se sentar no banco do passageiro com uma expressão emburrada.

 

Após saírem da encosta, os carros entraram em um ambiente mais urbano. Inúmeras lojas de conveniência, restaurantes e bares surgiram na vista dos visitantes. Do outro lado estava a extensão de areia e o mar, infinito no horizonte.

Em pouco tempo Camus visualizou as luzes de freio do Audi se acenderem, assim como a seta indicando que o carro iria entrar no estacionamento à frente. Imitou o mais velho dos Halkias, prendendo momentaneamente a respiração ao constatar que eles haviam chegado.

O estacionamento era a céu aberto, em frente a um enorme porto repleto de embarcações de diferentes modelos. Pessoas andavam de um lado para o outro nos decks de madeira, esbanjando sorrisos e alegrias.

Kanon rapidamente deixou o Audi, indo em direção a um barco moderno e elegante com o nome Sea Dragon desenhado em sua lateral. O gêmeo mais novo cumprimentou o homem que cuidava da embarcação com um abraço apertado e batidas amigáveis nas costas. Os demais integrantes da viagem desceram dos carros com calma, observando tudo ao redor enquanto Saga se prontificava em dar as informações necessárias.

– Todos fizeram uma boa viagem?

Viu uma onda de acenos de cabeça, todos pareciam animados.

– Ótimo. – Sorriu – O barco que eu e o Kan temos o costume de alugar é aquele ali, o Sea Dragon. Já está tudo combinado, então podemos levar nossas coisas pra lá e curtir o dia.

Afrodite sorria, havia colocado o chapéu de praia com detalhes floridos e os óculos escuros de armação branca. Ao seu lado, Camus observava o dia de um azul vibrante, como os olhos de Milo. O sol não havia poupado esforços, deixando todas as cores da cidade ainda mais vivas. Sua inspeção do ambiente terminou no rosto sorridente do aluno, que havia se afastado do grupo para se aproximar do mar.

Kanon retornou, unindo-se aos amigos na tarefa de levar as mochilas e caixas de isopor para dentro da embarcação. Pouco tempo depois tudo estava devidamente arrumado e os tripulantes sustentavam uma conversa animada no deck enquanto Kanon recebia as instruções de rotina.

Após arrumar os sanduíches e bebidas na geladeira da cabine interna, involuntariamente os olhos de Camus buscaram pelo grego. Passou pela popa perscrutando o ambiente até descer do barco, vendo o aluno apoiado na proteção do deck enquanto mirava as ondas tranquilas abaixo de si.

Milo parecia tranquilo... feliz, como se fosse outra pessoa, alguém leve e despreocupado. Não que o aluno não aparentasse alegria em Paris, mas a diferença estava no fato de, naquele momento, Milo não precisar se esforçar para tal. Ali era seu lugar, era onde o grego pertencia. Havia uma distância infinita entre o mundo cinza de Camus e essa praia, esse sol. Eles eram muito diferentes.

Milo não pertencia ao seu mundo. Estava sendo egoísta.

– O que você está fazendo aqui, garoto?

Milo foi tirado de seus devaneios pelo som grave da voz do ruivo.

– Ah, só vim olhar o mar.

– Perguntei sobre Paris. – Camus se portou ao lado do grego, também mirando o oceano.

Ambos encaravam o mar, ouvindo a música suave que as ondas faziam ao se quebrarem na coluna de madeira que sustentava o deck. O sol os aquecia delicadamente.

– Não entendi. – Milo se virou, encarando o professor. Cerrou um pouco os olhos, devido à claridade. Camus mantinha uma expressão estranha que o grego não soube decifrar.

– Seu lugar é sob o sol, não em Paris. – Camus também se virou para fitá-lo, os olhos curvados e resignados – Você vai embora assim que esse semestre acabar, não é mesmo?

Milo arqueou uma sobrancelha. Camus soava... triste? Era impressão sua ou havia algo implícito naquela conversa?

Kanon ligou a parte elétrica do motor da embarcação, tomando momentaneamente a atenção de Milo. Camus aguardava a resposta da pergunta sem desviar o olhar.

– Eu larguei tudo para vir te conhecer, Camus. – Disse sério, voltando a encarar os olhos do ruivo, que sob os raios solares se tornavam tão transparentes quanto gelo.

O professor prendeu a respiração, sentia que o pupilo ainda não havia terminado.

– E largarei tudo para ficar ao seu lado. Você foi a melhor coisa que me aconteceu. – Dizia sério, com as sobrancelhas franzidas – Meu lugar é onde você estiver, para sempre se você me permitir.

Os olhos de Camus se abriram ao máximo, ignorando completamente a claridade que os machucava.

– Milo, venha me ajudar! – Kanon gritou da popa, chamando a atenção do caçula.

Milo sorriu e começou a caminhar de costas, sem conseguir desviar o olhar do professor. As mechas aloiradas dançavam ao sabor do vento em uma moldura que Camus sabia que jamais se esqueceria.

– Camus! – Falou mais alto, rindo em seguida – Eu gosto de você!

O grego se virou em direção ao barco, imerso em gargalhadas alegres, deixando um atordoado francês para trás.


Notas Finais


1 - Honestamente! Em cima das minhas flores!

Usando o título de uma fanfic que sou muito fã: E AGORA? (Feliz aniversário, Sheilinhaaa!)
Camus perguntou o que o Milo queria dele no capítulo anterior e teve sua resposta!
Esse grego tá virando a vida do ruivão de cabeça pra baixo, né nom?

Aaaaaaaaah, eu fiz uma tatuagem do OTP! Cês acreditam? Vou mostrar aqui por que minha mãe achou que fosse uma cobra e isso me deixou bastante decepcionada. Vocês ao menos entenderão.
https://br.pinterest.com/pin/521573200586787005/

Por fim, gostaria de pedir desculpas se deixei passar algumas letras trocadas ou frases sem sentido. Eu sou disléxica e, como estou de férias, não fiz meus exercícios diários de concentração. É sério, eu comecei a perguntar pra todo mundo se tal palavra existia por que na minha cabeça não fazia sentido. Então, mals galerita...

No mais, obrigada pela sua leitura e espero que tenha gostado!


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