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História Um Futuro Escrito em Gelo e Fogo - Rosa Azul


Escrita por: crownprincess

Notas do Autor


Oi, gente! Capítulo novinho pra vocês, espero que gostem. Boa leitura!

Capítulo 12 - Rosa Azul


Fanfic / Fanfiction Um Futuro Escrito em Gelo e Fogo - Rosa Azul

O dia havia sido longo e a cabeça de Lyanna latejava tamanho era o seu cansaço. Depois de se encontrar com Rhaegar no bosque sagrado, a jovem havia jantado com o senhor seu pai, seus irmãos e Robert – este não conseguia esconder sua empolgação por enfim estarem partindo. Ela, por outro lado, ocultava o que realmente sentia naquele maldito momento; Lyanna era uma Stark de Winterfell, e seu lugar era no Norte, não em Correrrio ou Ponta Tempestade – mas também sabia que teria que ceder uma hora ou outra. Por mais que tentasse lutar contra os fatos, sabia que se fosse necessário, Rickard lhe obrigaria a se casar com o rapaz Baratheon, fazendo com que tivesse que se conformar com uma vida miserável cheia de infelicidade e traições ao lado de Robert. Aquele simples pensamento fazia seu estômago embrulhar, e Lyanna agradeceu quando o pequeno festim de despedida finalmente findou.

A moça recolheu-se aos seus aposentos e deitou-se mais cedo que o de costume porque o seu pai havia decidido que partiriam assim que o sol raiasse. Apesar disto, não conseguiu pregar os olhos e o sono não veio embala-la em seus suaves braços, pelo contrário; revirou-se entre os lençóis por horas até que um barulho a fez se sobressaltar. Lyanna levantou-se da cama, e em um movimento rápido, pegou uma pequena adaga que guardava escondida em seu criado-mudo. Percebeu que o barulho vinha da janela, e mesmo que sentisse um pouco de temor, criou coragem e foi ver o que se passava. Quase deu um pulo quando viu Rhaegar, utilizando um capuz que cobria seus cabelos e olhos, dando leves batidas na vidraça pelo lado de fora. Instantes depois, Lyanna abriu a janela e sussurrou:

― O que está fazendo aqui?

Rhaegar lhe estendeu a mão.

― Me ajude a subir ou cairei. Não vai ser nada bonito se eu despencar de uma altura dessas.

Lyanna rolou os olhos e largou o punhal que segurava, deixando-o cair no chão. Pegou a mão do Príncipe e puxou-o para dentro do quarto, esforçando-se para não fazer muito barulho e agradeceu aos Deuses quando Rhaegar aterrissou de modo silencioso.

― O que está fazendo aqui? ― ela perguntou novamente.

― Vim lhe ver. ― Rhaegar levantou-se e puxou seu capuz para fora, retirando algo de um de seus bolsos ― Vim lhe trazer isto.

Ele estendeu a mão e mostrou a Lyanna uma rosa azul de inverno, tão linda quanto a neve na qual florescia. A jovem pegou a flor e sentiu o coração disparar quando seus dedos roçaram nos de Rhaegar.

― Não é uma coroa como da última vez, mas o significado é o mesmo. Você recorda? ― o Targaryen perguntou, enquanto se aproximava dela.

― Sim. Como eu poderia esquecer? ― Lyanna fitou os olhos índigo.

― Eu me apaixonei por você em Harrenhal depois de descobrir que era o Cavaleiro da Árvore que Ri. ― Rhaegar aproximou-se ainda mais e passou a ponta dos dedos pelo rosto de Lyanna ― Você conseguiu derrotar três cavaleiros e saiu ilesa. Existe outra mulher como você?

A garota sentiu a cabeça girar quando a respiração do Príncipe batia em sua pele, e por um breve instante, parecia que estava flutuando sobre o chão.

― Eu te dei aquela coroa de flores porque, naquele momento, percebi que você era o meu destino. Dentre aquela multidão de pessoas, o único rosto que eu conseguia enxergar era o seu. ― ele confessou.

O coração de Lyanna apertou-se ao escutar aquelas palavras.

― Por que está me dizendo isto agora? ― ela perguntou, tentando não deixar as lágrimas transbordarem de seus olhos.

― Porque não quero perdê-la. Já é difícil o suficiente para mim o fato de eu ser casado com uma mulher que eu não amo. Não suportaria vê-la indo pelo mesmo caminho, presa a um casamento fadado ao fracasso, sofrendo por ser incapaz de lutar contra isto. ― Rhaegar respondeu com a voz firme, enquanto encarava Lyanna ― Deuses, se eu pudesse voltar no tempo, jamais teria me casado com Elia. Teria esperado por você, para que pudesse ser minha esposa.

Lyanan suspirou ao escutar aquelas palavras. Apenas os Deuses sabiam como ela desejava que o caminho fosse livre para que ela e Rhaegar pudessem ficar juntos. Não porque quisesse ser uma Princesa ou Rainha, mas sim porque queria estar com ele de um modo não clandestino, que não ensejasse julgamentos.

― Eu me casaria com você se fosse possível. ― Lyanna admitiu ― Fugiria ao seu lado e iria para Essos desbravar o continente, mas não posso. Eu não seria capaz de manchar o nome da minha família, não desta maneira.

― Então terei que vê-la em reuniões de família ao lado do meu primo, carregando o nome e os filhos dele no ventre? ― Rhaegar fez uma careta, parecendo ficar sentido pelo que acabara de escutar ― Serei amaldiçoado pelos Deuses por desejar a mulher de alguém do meu próprio sangue!

― Os Deuses jamais o amaldiçoariam! ― a mão de Lyanna repousou sobre o rosto do Príncipe ― Você é uma boa pessoa, com um coração tão belo...

Apesar da escuridão, os olhos de Rhaegar faiscavam e sua face permanecia bela mesmo com as sombras que lhe cobriam. Pensou em quanto o desejava e em como jamais o teria. Ao invés disso, passaria a vida toda ao lado de Robert, que provavelmente descobriria logo após o casamento que não a amava de verdade. O Baratheon teria tudo que era dela, sua juventude, seus futuros filhos e todo o resto, mas naquele momento, Lyanna decidiu que ele não possuiria uma única coisa além do seu amor.

Lyanna ficou nas pontas dos pés e passou os braços ao redor do pescoço de Rhaegar, forçando-o a abaixar-se. Depois, depositou um tenro beijo nos lábios do Príncipe e sentiu quando ele colocou as mãos ao redor de sua cintura. A urgência tomou conta das carícias e não tardou para que o Targaryen ficasse mais ousado e tentasse levantar a camisola que Lyanna usava. Parecendo perceber que passava do limite, ele se interrompeu e soltou a garota rapidamente.

― Me desculpe. Eu não devia ter feito isso.

Lyanna pegou a mão do Príncipe e disse com firmeza:

― Eu quero... Quero que me tenha esta noite.

Rhaegar olhou pra ela, visivelmente surpreso pelo que acabara de escutar.

― Tem certeza?

― Sim. ― ela respondeu sem hesitar ― Robert terá tudo, mas não isto. Minha virgindade é sua, se quiser.

Rhaegar pareceu mortificado ao escutar aquilo, talvez porque não esperasse uma atitude tão brusca por parte de Lyanna. De repente, ela sentiu que foi ousada demais e que não deveria ter dito aquilo.

― Eu quero. ― foi a única coisa que Rhaegar disse antes de tomar Lyanna nos braços novamente.

Os dois beijaram-se novamente com avidez. As mãos do Príncipe passeavam pelo corpo de Lyanna, e, de forma voraz, explorava cada canto da compleição da garota. Rhaegar começou a desabotoar a camisa de linho que usava, permitindo que Lyanna pudesse vê-lo daquela forma pela primeira vez. Os músculos, que já eram visíveis quando estavam cobertos por tecidos, ficavam ainda mais evidenciados sem eles; Rhaegar era um cavaleiro atlético, que costumava participar de torneios, batalhas e justas, mas a jovem Stark não tinha noção do quão belo ele de fato era.

As mãos dela tremiam devido à situação inédita que se passava, mas Lyanna puxou o laço que prendia a camisola que vestia, deixando o tecido solto. Rhaegar afastou uma das alças com os dedos e rapidamente a vestimenta caiu ao chão, deixando exposto o corpo nu da garota. Ela sabia que o clima do Norte era frio, mas no momento em que aquilo aconteceu, Lyanna sentiu calor graças à vergonha e timidez que tomaram conta de seu peito. Não fazia ideia de quantas mulheres haviam ido para cama com o Targaryen, mas imaginava que deviam ser belíssimas para estarem à altura dele. De repente sentiu-se feia, e as vozes de todas as pessoas que ao longo da vida lhe disseram que parecia um garoto vieram à tona em sua mente.

― Você é linda. A mais linda de todas... ― Rhaegar lhe sussurrou, como se pudesse ler sua mente.

O Príncipe lhe pegou pelos braços e a depositou sobre as pesadas peles espalhadas pela cama, deitando-se em seguida sobre o corpo de Lyanna e distribuindo beijos ao longo de seu pescoço. Era possível para ela sentir o pesado volume que se formava nas calças de Rhaegar roçar em sua região íntima, e aquilo era estranhamente excitante. A boca do Targaryen foi descendo aos poucos, até chegar aos pequenos seios da jovem e Lyanna fechou os olhos, sentindo algo que jamais experimentara em sua curta vida: um novo tipo de prazer, totalmente inédito. Ela gemia baixo enquanto Rhaegar passava a língua pela aréola do seio esquerdo e apertava o direito. A mão dele desceu mais um pouco, e após fazê-la abrir as pernas com um rápido movimento, chegou até o sexo da moça.

Ele começou a massageá-la com movimentos circulares e algo dentro de Lyanna foi acionado. Ela começou a retorcer-se entre os lençóis, mas não de dor, e sim pelo tipo de prazer recém-descoberto. Lyanna fechou os olhos e sentiu quando Rhaegar introduziu um dedo dentro dela, dando início a um movimento de ziguezague cadenciado, que aumentava a cada instante. Suas pernas ficaram bambas, e suas coxas molhadas; sentiu, então, necessidade de ter Rhaegar inteiro dentro de si.

― O que você está esperando? ― ela sussurrou entre os gemidos que escapavam de seus lábios.

― Você ficar pronta. ― ele lhe respondeu ― Acho que já está.

Rhaegar levantou-se e retirou os sapatos e desafivelou as calças. Abriu os botões lentamente enquanto encarava Lyanna, que àquela altura estava ávida para tê-lo de uma vez por todas; ele desceu as calças e a jovem surpreendeu-se ao ver que o volume que ficava dentro das calças correspondia à realidade, tão ereto quanto os mastros fincados no topo de um castelo. Não era hipócrita a ponto de dizer que nunca tinha visto um órgão masculino em sua vida, afinal de contas foi criada em meio de meninos e homens, mas nunca vira um tão próximo de si e a ponto de realizar o ato.

Apoiando as mãos nos joelhos de Lyanna, Rhaegar deitou-se sobre ela novamente, desta vez encaixando-se entre as pernas da Stark. Ele inclinou-se, deu um tenro beijo nos lábios dela e passou os dedos entre os espessos cabelos negros.

― Pode doer um pouco, mas logo vai passar, eu prometo. ― ele sussurrou entre um beijo e outro.

Lyanna assentiu com a cabeça, muito nervosa para dizer qualquer coisa; suas pernas tremiam e ela se perguntava se o Príncipe percebera aquilo. O corpo de Rhaegar, que era muito maior do que o dela, exercia certa pressão sobre si e a deixava um tanto quanto temerosa. Ele passou o órgão genital junto ao sexo de Lyanna, da mesma forma que os cavaleiros passavam suas espadas junto às pedras de amolação. Ele encaixou-se nela, forçou seu membro e após algumas tentativas falhas, finalmente conseguiu penetrá-la.

Uma dor excruciante tomou conta do corpo de Lyanna naquele instante. Ela fechou os olhos e levou à mão até a boca, tentando não fazer barulho para não chamar a atenção das pessoas do castelo, mas doía muito, como se um punhal tivesse atravessado seu ventre e a rasgado por dentro.

― Quer que eu pare? ― Rhaegar perguntou, e mesmo sem vê-lo, Lyanna conseguia sentir sua preocupação ecoar em sua voz.

Mais uma vez, a jovem negou com a cabeça, ainda sem abrir os olhos. Tinham lhe dito em certa ocasião que era comum sentir dor na primeira vez, mas que depois o corpo se acostumaria e ela poderia aproveitar o ato. O Príncipe movimentava-se com cautela e beijava sua testa, tentando acalmá-la e passar-lhe conforto e confiança. Ele segurou a mão de Lyanna e entrelaçou seus dedos juntos aos da garota de forma gentil.

A ação do rapaz fez efeito e corpo de Lyanna relaxou, fazendo a dor ceder após algum tempo. Rhaegar ainda segurava sua mão quando passou a movimentar-se dentro dela, utilizando-se de um ritmo constante.

― Abra os olhos. ― Rhaegar sussurrou no ouvido da garota enquanto distribuía beijos em seu pescoço.

Lyanna sentiu-se uma criança tola naquele instante por ter vergonha e medo de encará-lo; ela podia senti-lo dentro de si, saindo e entrando em uma cadência harmônica, mas não conseguia abrir os olhos para ver de fato o que acontecia. Com o passar do tempo, a frequência das estocadas aumentava e Rhaegar gemia baixo no ouvido de Lyanna, fazendo-a sentir todos os pelos do corpo se eriçarem com a sensação de tê-lo tão junto a si.

O Príncipe depositava beijos em seus lábios e não soltava sua mão, apertando-a cada vez mais forte enquanto adentrava mais fundo dentro de Lyanna. Ela, de forma inconsciente, passou a projetar seu quadril para frente e roçava suas pernas à de Rhaegar, tentando aproveitá-lo em toda sua plenitude. Sem querer, um rápido gemido escapou dos lábios de Lyanna, denunciando que ela começava a desfrutar da intimidade entre ambos.

― Abra... Abra os olhos... Por favor... ― Rhaegar pediu novamente, mas dessa vez as palavras começavam a falhar em sua boca e sua respiração estava entrecortada.

Mais segura, Lyanna obedeceu e lentamente esticou as pálpebras. Estava escuro e apenas o fogo da lareira iluminava o quarto, mas era o suficiente para que ela visse o belo rosto de Rhaegar esculpido em traços finos e delicados, emoldurados pelo cabelo prateado que começava a grudar na pele devido ao suor. Era possível ver o prazer estampado nos olhos cor de anil, que a fitavam com tamanha luxúria capaz de fazer seu coração, que já estava descompassado, disparar dentro do peito.

Lyanna sentiu sua própria respiração falhar e tonar-se irregular enquanto o ritmo das investidas de Rhaegar contra seu corpo aumentava e tornava-se mais urgente.

― Mais...

Foi a única palavra que saiu dos lábios de Lyanna antes do ápice do prazer atingi-la como uma onda, que nasceu no meio de suas coxas e subiu até o ventre, espalhando-se então pelo resto do corpo, fazendo-a contorcer-se entre os lençóis. Uma sensação que ela jamais sentira na vida, capaz de levá-la até as nuvens e tirar todas as suas forças ao mesmo tempo, que compensava toda a dor que ela sentira antes. Lyanna não conseguia respirar direito e sentiu-se tonta após a onda de prazer diminuir.

Rhaegar ainda estava em cima dela, entrando e saindo num ziguezagueado já descompassado e uma respiração ofegante e pesada. Ele apertou ainda mais sua mão em volta à de Lyanna e instantes depois, grunhidos quase animalescos saíram de sua boca enquanto seu rosto retorcia a jovem pôde senti-lo pulsar dentro de si antes de despejar algo quente entre suas coxas. Ele tombou sobre a garota, encaixando a cabeça entre os seios de Lyanna, soltando um pesado suspiro em seguida.

O Príncipe finalmente desentrelaçou seus dedos dos de Lyanna e de repente, mesmo ainda sentindo o peso do corpo dele, ela sentiu falta de Rhaegar, como se fosse estranho não tê-lo dentro de si. Suas partes íntimas latejavam e sua respiração ainda era irregular, o que fazia seu peito subir e descer de forma mais brusca. Ela podia ver o topo da cabeça prateada de Rhaegar, mas não conseguia enxergar seu rosto.

― Não quero que isto acabe. ― ele finalmente quebrou o silêncio que reinava no quarto ― Queria poder ficar com você assim para sempre.

Mas não podia, e Lyanna sabia o porquê. Elia veio à sua mente e lembrou-se de que quando a viu em Harrenhal, a Princesa carregava Aegon no ventre – o que não impediu Rhaegar de ignorá-la e preteri-la em detrimento à garota Stark. Lembrou-se também da princesinha, a pequena Rhaenys, que todo o reino comentava ser apegadíssima ao pai. O juízo voltou a sua cabeça e a culpa e a realidade atingiram Lyanna como um tapa no meio da cara. Não devia ter feito aquilo, não podia ter se entregado aos desejos.

― Você está me machucando! ― ela disse, tentando empurrar Rhaegar para longe de si.

Ele levantou-se e saiu de cima dela, fitando Lyanna longamente. Ela, no entanto, não conseguia fazer o mesmo; a vergonha havia regressado, mas de forma muito piorada, pois desta vez não tinha a ver com o mero pudor, mas sim com a sua moralidade de Stark.

Lyanna sentou-se na cama e viu uma mistura de sangue e um líquido branco viscoso escorrer entre suas coxas, manchando os lençóis dispostos sobre a cama. Puxou uma das peles que estavam ao seu lado e cobriu o corpo desnudo; olhou para o fogo da lareira, evitando fazer qualquer contato visual com Rhaegar.

― O que aconteceu? Por acaso está arrependida? ― ele indagou.

― Está feito. ― ela respondeu, de maneira seca ― Não há espaço para arrependimentos.

Mesmo dizendo aquilo, sentiu um nó formar-se em sua garganta e o rosto ardeu pela vontade de chorar.

Rhaegar sentou-se na cama novamente e tentou aproximar-se de Lyanna, mas foi repelido por ela.

― É melhor ir embora. Mesmo sendo o Príncipe de Pedra do Dragão, o senhor meu pai e meus irmãos não hesitariam em lhe matar caso o vissem aqui. ― a moça falou ― Robert também o mataria se soubesse que você se deitou com a futura esposa dele.

Ela não olhava diretamente para Rhaegar, mas viu quando sua postura ficou mais rígida ao escutar o nome do primo.

― Por que está agindo desta forma? ― a voz dele era mais séria do que o usual.

― Porque finalmente conseguiu o que tanto queria, Alteza. ― Lyanna finalmente o encarou, tentando segurar as lágrimas que tentavam escorrer dos olhos ― Enfim pode retornar para Porto Real e para a sua esposa e filhos.

― E nós?

― Não existe “nós”. Eu disse que lhe cederia a minha virgindade, e o fiz, mas esta foi a primeira e última vez que partilhamos a cama. ― Lyanna informou, tentando ser o mais indiferente possível ― Na verdade não haverá relacionamento que me ligue ao senhor a não ser o fato de que me casarei com um parente de Vossa Alteza e que será meu futuro Rei quando eu conseguir encontrar a chave para alterar o futuro.

A expressão no rosto de Rhaegar era vazia e a garota não conseguia identificar o que ele sentia naquele momento.

― Pois bem, então agradeço em nome da Casa Targaryen os serviços prestados por você à Coroa esta noite, Senhora Stark. ― ele levantou-se novamente, pegou sua calça que estava no chão e vestiu-a novamente.

Rhaegar apanhou também sua camisa, o capuz e seus sapatos e colocou-os rapidamente, visivelmente nervoso. Caminhou em direção à janela, abriu a vidraça e sem sequer olhar para Lyanna, desceu torre abaixo.

O frio da noite entrou no quarto pela abertura deixada pelo Príncipe, e todo o calor que antes Lyanna sentia foi embora. Ela correu e fechou a janela que ele havia deixado escancarada e catou a sua camisola, pondo-a novamente. Pegou o lençol manchado e passou-o por entre as pernas para tirar toda a sujeira que ali estava, jogando em seguida o tecido no fogo para que ninguém desconfiasse do que havia acabado de acontecer naquele quarto.

Lyanna voltou para cama e cobriu-se com as peles, tentando aplacar o frio que sentia. Abraçou as próprias pernas e enfim permitiu-se chorar, deixando todas as lágrimas que antes estavam presas rolarem por seu rosto. Tinha atingido o grau máximo de felicidade instantes antes, mas agora se sentia suja e indigna de qualquer coisa boa que a vida pudesse lhe oferecer. Sentia-se usada, mesmo que esta não fosse a intenção de Rhaegar, uma menininha tola que se deixara levar por uma paixão infantil e insensata. Tinha medo do preço que teria que pagar por aquilo.

 

***

 

Às portas da carruagem que a levaria para as Terras Fluviais, Lyanna deu um longo abraço em Benjen, que mesmo tendo apenas catorze anos, era alguns palmos mais alto que ela.

― Vou sentir sua falta, Ben. Muita! ― ela lhe disse.

― Eu também sentirei sua falta, Lya. ― o menino lhe respondeu, lhe fitando com os olhos cinzentos ― Ficaremos um bom tempo sem nos ver, então acho que isto é uma despedida.

― Não fale isso! Não é como se um de nós fosse morrer em breve. ― a garota rebateu ― Tenho planos de voltar à Winterfell.

― E você poderá visitar Lyanna em Ponta Tempestade, Benjen. Será bem vindo em nossa casa. ― Robert disse, intrometendo-se na conversa dos irmãos.

Ela ignorou o comentário do noivo e manteve os olhos fixos no caçula.

― Não poderei visitá-la, e creio que terá que ir mais ao norte se quiser me ver. ― Benjen respondeu ― Planejo entrar para a Patrulha da Noite.

Lyanna fez uma careta, genuinamente surpresa pela notícia que acabara de receber. Soube que quando estiveram em Harrenhal, um recrutador da ordem compareceu ao torneio para tentar angariar homens para defender a Muralha, e que inclusive conversara com os seus irmãos; mas não fazia a mínima ideia de que Benjen realmente tivesse levado à ideia a sério.

― Por que faria isso? Você é um Stark de Winterfell, o seu lugar é aqui ao lado do pai e dos nossos irmãos. ― Lyanna lhe disse.

― Existem Starks de Winterfell demais, se quer saber. ― ele respondeu ― Brandon será o Protetor do Norte quando o pai morrer, e Ned será o segundo homem em comando. Você casará com Robert e será a Senhora de Ponta Tempestade. E eu... Bem, eu sou apenas o terceiro filho, não herdarei terras ou títulos. Acho que seria de mais ajuda na Muralha impedindo que os selvagens atravessem para o lado de cá.

― Papai jamais permitirá que você se junte à Patrulha da Noite. Ele lhe casará com a filha de algum lorde importante pra tentar montar uma aliança estratégica. ― Lyanna aproximou-se do irmão e sussurrou baixinho em seu ouvido ― Da mesma forma que ele está fazendo comigo.

Os lábios de Benjen se repuxaram em uma risada ao escutar aquilo. Dos três irmãos de Lyanna, ele sempre fora o mais brincalhão e bem humorado.

― Se Robert lhe incomodar, tente jogar vinho na cabeça dele como você fez comigo tantas vezes. ― ele sussurrou de volta, ainda sorrindo.

Lyanna sorriu de volta e abraçou o irmão novamente.

― Eu te amo, Ben.

― Eu te amo, Lya. ― o caçula respondeu, dando-lhe um abraço apertado capaz de aquecer o coração da irmã.

 

***

 

As semanas passavam-se arrastando, e Lyanna sentia-se como uma prisioneira, encurralada pela própria família. Devido a presença de Robert, o senhor seu pai não lhe permitia andar a cavalo, restando-lhe fazer a travessia de Winterfell até Correrrio presa dentro de uma maldita carruagem que lhe causava claustrofobia. Depois de mais de dois meses dentro dessa rotina, Lyanna passou a sentir seu estômago revirar, ansiando o ar que ficava mais quente à medida que deixavam o Norte para trás. Após atravessarem os pântanos do Gargalo, onde a garota pôde reencontrar seu bom e velho amigo Howland Reed, e adentrarem às Terras Fluviais pelas Gêmeas (onde, graças aos Deuses, Rickard não quis demorar-se), finalmente chegaram à sede dos Tully.

O castelo era belo e exatamente igual ao de suas visões, o que fez Lyanna assustar-se. Já tinha ido até Harrenhal, mas seus pés nunca haviam pisado em Correrrio antes, e no fundo de seu coração, tinha uma ponta de esperança de que fosse completamente diferente do que imaginava como prova de seu poder não passava de pura besteira, mas assim que cruzou o grande portão do castelo ladeado pelas águas do Tridente, teve certeza de que tudo que vira antes era o possível futuro à sua frente.

De dentro da carruagem que trazia ela, seu pai, seu irmão Ned e Lorde Baratheon, Lyanna viu todos os senhores do Norte que tinham atravessado metade do continente para ver o herdeiro de Winterfell tomar como esposa a filha mais velha do Senhor Supremo do Tridente, respirarem aliviados após completarem o percurso e desmontarem seus cavalos e carruagens. Era possível notar que todos estavam bem, e apesar do maldito enjoo que não lhe dava trégua, Lyanna também se sentia satisfeita por finalmente chegar ao destino final.

Pôde ver o exibido do Brandon descer de seu garanhão e caminhar até algumas pessoas que estavam fora do seu campo de visão. Rickard espiava o filho pela fresta da janela do veículo e após alguns instantes, finalmente decretou:

― É a nossa deixa. Eu e Ned vamos adiante, e Lorde Baratheon conduzirá Lyanna atrás de nós.

A pequena porta da carruagem foi aberta, e um a um os homens saíram. Robert estendeu-lhe a mão para lhe ajudar, e mesmo a contragosto, Lyanna aceitou. Pensou em como, apesar de parecer uma coisa sem importância, aquele era um momento histórico. Tinha o Senhor das Terras da Tempestade entrelaçado aos seus braços, enquanto o Senhor do Norte caminhava à sua frente, possivelmente em direção ao Senhor das Terras Fluviais. Era raríssimo que os protetores de reinos tão distantes se encontrassem, mas as duas alianças de casamento que seu pai arranjara fez com que aquele momento se concretizasse.

Rickard e Ned pararam de andar e Robert a conduziu, para que ficassem ao lado dos dois; então, ela pôde ver dois homens que deviam ter mais ou menos a idade do seu pai, acompanhados de duas moças e uma criança. Um deles já tinha os cabelos totalmente grisalhos, enquanto o outro possuía a pelugem ruiva salpicada pelo prateado da idade. Os outros – o menino e as garotas – tinham o cabelo cor de fogo, e enquanto ele era uma criança que não devia ter mais de dez anos, elas já eram crescidas. Uma era mais baixa e um pouco gorda, e sua cara inchada ressaltava a boca pequena que se retorcia no que parecia desprezo ao encarar os visitantes; a outra, no entanto, era alta e esbelta, com um rosto de feições delicadas, maçãs do rosto altas e belas que emolduravam olhos de um profundo azul que brilhavam de alegria em direção à Brandon. A semelhança entre ela e Sansa era assustadora, a ponto de fazer Lyanna pensar que estava cara a cara com a sobrinha que nem era nascida.

― Catelyn... Minha amada Catelyn! ― Brandon tomou a mão da garota, onde depositou um tenro beijo ― É tão bom vê-la novamente!

Ela deu um belo sorriso, sem conseguir esconder o encantamento que sentia.

Ao lado dela, o homem grisalho deu alguns passos à frente e estendeu o braço em direção à Rickard, que lhe deu um longo aperto de mãos.

― Seja bem vindo à Correrrio, Lorde Stark. ― aquele que Lyanna supôs ser Hoster Tully disse ― Este é meu irmão Brynden e aqueles são meus filhos, Edmure, Lysa e claro, Catelyn.

― Fico grato pela hospitalidade, Lorde Tully. Trouxe comigo, além de Brandon, meu filho Eddard e minha filha Lyanna. ― Rickard apontou para Robert ― Aquele é meu futuro genro, Lorde Baratheon.

― Nos conhecemos em Harrenhal, Lorde Tully. Fico feliz em revê-lo. ― Robert disse ao Senhor de Correrrio.

― Lembro-me do senhor, Lorde Baratheon. Não sabia que acompanharia sua prometida até aqui, mas fico contente em tê-lo conosco. ― Hoster lhe respondeu.

― Na verdade eu e Ned viemos apenas prestar nossas saudações ao senhor e à sua filha. Iremos em breve para o Vale encontrar com Jon Arryn e depois para as Terras Fluviais organizar meu casamento com a Senhora Lyanna. ― Robert disse.

O enjoo de Lyanna aumentou ao escutar aquelas palavras. Encarou o noivo e viu que ele sorria ao dizer aquelas palavras.

Brandon apareceu e trazia a garota Tully agarrada a si, e era possível perceber que ela parecia que iria explodir de felicidade por se casar – o completo oposto de Lyanna.

― Senhor meu pai, está e a Senhora Catelyn Tully, minha futura esposa.

A garota sorriu graciosamente em direção aos recém-chegados.

― Lorde Stark, Lorde Eddard e Senhora Lyanna, fico muito feliz em finalmente conhecê-los. Bran falou-me muito a seu respeito, e recebê-los em Correrrio é um enorme prazer. ― ela virou-se em direção a Robert e o saudou com a cabeça ― Lorde Baratheon.

Lyanna não pôde não sorrir para a garota. Ela era belíssima e sua felicidade parecia ser genuína. Catelyn Tully realmente estava apaixonada por Brandon.

 

***

 

Após ser acomodada em um dos cômodos do castelo, Lyanna conseguiu escapar do séquito de criados que esforçavam-se para lhe servir a todo momento e foi até o jardim, tentando lembrar-se do caminho até o represeiro que viu em suas visões. Teve que caminhar por alguns minutos, mas conseguiu encontrar a árvore coração no centro do pequeno bosque que ficava ao fundo de Correrrio, e que, apesar de ser menor do que esperava, ainda era esplêndida. Respirou fundo, tentando combater o maldito enjoo que a viagem lhe causara, e imaginou que se tudo ocorresse como previra, em alguns poucos anos o seu sobrinho estaria naquele mesmo lugar, com a mulher por quem estava apaixonado, mas que lhe era proibida – que, inclusive, era a irmã de Rhaegar.

O coração afundou no peito de Lyanna ao pensar no Príncipe. Apesar de terem se amado, a despedida entre os dois havia sido horrível e não sabia ao certo o que sentia em relação a ele naquele momento. Um misto de culpa, arrependimento e saudade pesava em sua mente, como se tivesse cometido o maior erro de sua vida.

Lyanna sacodiu a cabeça, tentando afastar o Targaryen de seus pensamentos. Ele havia conseguido o que desejava e tinha lhe deixado em paz, portanto teria que lidar com toda aquela informação sozinha. Agora que estava em Correrrio, precisava mais do que nunca descobrir alguma brecha para que pudesse mudar o futuro que guardava a morte de todos aqueles que amava. Decidida, Lyanna tocou a casca branca do tronco da árvore, e sem resistência, deixou-se levar pela visão verde.

 

***

 

Alys podia ver as duas Princesas Stark abraçarem-se e chorarem ao finalmente se reencontrarem. Pensou, durante o tempo que tivera que conviver com Sansa antes de acompanhar Jon até o sul do Gargalo, que a Senhora de Winterfell possuía gelo correndo em suas veias, mas ver a irmã depois de tanto tempo pareceu derretê-la de algum modo.

― Por onde você esteve? ― a mais velha perguntou, ainda abraçando Arya.

― Você não acreditaria se eu dissesse. ― a outra respondeu, quebrando o abraço ― Precisamos conversar.

― Quero que me conte tudo, não me esconda nada. ― Sansa lhe respondeu.

A Princesa mais velha deu uma olhada ao redor e Alys percebeu quando a boca petulante dela se retorceu ao vê-la entre os que haviam regressado.

― Infelizmente terei que deixá-los a sós, pois preciso conversar com minha irmã que há tanto não vejo. Fiquem à vontade, sintam-se em casa. Winterfell também é de vocês. ― a ruiva disse, antes de puxar a morena para fora do grande salão.

Foi possível ver um homem, um homem baixo e esguio, com as costeletas grisalhas, esgueirar-se logo atrás das garotas.

― É Petyr Baelish. ― uma voz fina sussurrou para ela.

Alys virou-se e viu Roslin Frey encará-la com seus medrosos olhos castanhos enquanto segurava seu filho protetoramente.

― Então ele é o Mindinho? Muito apropriado. ― Alys dignou-se a comentar.

― Se for se casar com o Rei, é melhor ir se acostumando com a presença dele. Dizem que o pequeno Lorde Arryn faz tudo que Baelish deseja. ― Roslin comentou.

Durante o percurso, Alys fez amizade com a viúva de Edmure Tully – as duas vistas como traidoras por muitas das pessoas que ali estavam devido suas relações familiares ―, e lhe irritava profundamente quando a garota usava a palavra se para referir-se ao seu casamento com Jon.

― O que acha que a Princesa vai fazer comigo e com meu filho? ― Roslin lhe perguntou.

Alys puxou-lhe até uma das mesas que ficavam ao fundo do salão, para que ninguém escutasse a conversa.

― Não sei. ― ela confessou ― Mas Sansa não é a garota inocente que todos acham que ela é. Por trás daquele sorriso, há algo sombrio. Ela nunca me tratou mal, mas sei que ela me odeia por ser prometida de seu irmão.

― Então o que ela fará comigo, que sou o motivo por Robb Stark estar morto? Com o meu filho, que tem uma melhor reivindicação à Correrrio que ela? ― a tez de Roslin, que já era leitosa, empalideceu de vez.

― Fique tranquila. ― Alys tocou no antebraço da garota, tentando acalmá-la ― Se ela tentar causar algum mal a você ou a seu filho, eu falo com Jon e ele impedirá.

― O Rei está no Sul! Se ela quiser nos matar agora, ele não poderá impedir! ― a garota Frey respondeu, levemente histérica.

― Shiu! Por acaso quer que nos escutem? ― a garota lhe ralhou ― Eu sou a futura Rainha, posso intervir a seu favor...

― Ainda não há uma coroa na sua cabeça e por enquanto você é apenas Alys Karstark, filha e irmã de dois traidores. ― Roslin começou a dizer ― Também me disseram que eu seria uma Rainha, prometeram que eu casaria com Robb Stark e que seria a mãe de seus filhos, mas sabe bem o que aconteceu depois. Ele preferiu tomar outra como esposa e sobrou a mim casar com o tio dele.

Alys sentiu sua mandíbula travar ao escutar aquilo. Jon estava ao sul com uma Rainha em seu próprio direito, a qual chamavam de a mulher mais bela do mundo. Ela sabia que Daenerys Targaryen sentia algo por seu prometido, e que provavelmente tentaria seduzi-lo durante a o caminho que percorreriam até Porto Real. A simples possibilidade de seu noivo ceder às investidas dela, ou até mesmo tomar a iniciativa de ter algo com a Targaryen, fazia com que Alys tivesse vontade de arrancar seu coração fora. Poderia parecer prematuro, mas ela amava Jon e desejava casar-se com ele, mesmo que ainda fosse apenas o bastardo de Ned Stark e não o Rei do Norte.

― Mesmo que Jon não me tome como esposa, ele impedirá que a irmã faça qualquer mal a você ou ao bebê. Os homens o conhecem e também não deixarão que Sansa a maltrate. ― Alys tentou lhe passar uma certeza que nem ela mesma possuía àquela altura.

 

***

 

No auge da noite, quando todos já estavam prontos para se retirar, Sansa retornou, desta vez sem Arya. Ela se posicionou na cadeira do meio da grande mesa principal, acompanhada pela enorme mulher loura, que mais parecia um homem e que lhe servia de segurança.

― Senhores, minha irmã retirou-se, pois está muito cansada pela longa viagem que fez de volta para casa e pediu desculpas por não ter condições de encontrá-los novamente. Mas antes, Arya entregou-me uma carta redigida à próprio punho por nosso irmão, o Rei, que me nomeia Princesa Regente pelo tempo em que ele estiver no sul derrotando a usurpadora que agora senta no Trono de Ferro. ― ela deu um rápido sorriso ― Tomei ciência de algumas notícias, e uma delas é a presença da viúva de meu tio Edmure, a Senhora Roslin Frey. ― Sansa fez questão de frisar o sobrenome da moça ― Disseram-me também que trouxe meu primo.

Roslin encarou Alys, terrivelmente apavorada.

― Levante-se! ― a Karstark sussurrou para a garota.

― O quê?!

― Levante-se! ― Alys repetiu, desta vez empurrando-a em direção ao Corredor.

Roslin quase tropeçou, mas manteve o bebê firme em seus braços.

― Alteza. ― ela disse, fazendo uma rápida reverência em direção à Sansa.

― Senhora Frey? Aproxime-se, por favor. ― a Princesa lhe disse.

Hesitante, Roslin obedeceu a ordem da Stark e caminhou até a mesa principal.

― É o meu primo que está em seus braços? Como se chama? ― Sansa indagou.

Mesmo vendo-a por trás, era possível para Alys notar que a moça ficou tensa ao ser perguntada sobre aquilo.

― Ele se chama... Se chama Walder Tully, Alteza. ― ela finalmente respondeu.

Os bochichos recomeçaram no salão e foi possível ver o rosto de Sansa retorcer-se num misto de desgosto e aversão.

Walder? É um nome inaceitável para um Tully! ― sua voz não conseguiu esconder a raiva que sentia.

― Foi o nome que o senhor meu pai lhe deu e...

― O senhor seu pai é um traidor, e graças à minha irmã, está morto. ― a Princesa lhe disse duramente ― Traidores não deverão ser homenageados, e o nome de qualquer um deles deve ser evitado a todo custo. Trocaremos o do meu primo por outro mais adequado. ― ela sentenciou.

Sansa pareceu pensar por breve momento, e logo o sorriso voltou aos seus lábios.

― Robb. O bebê se chamará Robb Tully. ― ela disse, triunfante.

Assim que viu a expressão estampada no rosto de Sansa, Alys entendeu o que ela estava fazendo. Forçar Roslin a chamar seu filho de Robb, como o Stark que fora traído e morto por sua família, serviria como um lembrete constante de que ela era uma traidora e sempre seria vista como uma. Teria como fardo o fato de ser a mãe da criança que carregava nome do homem que a preteriu por outra.

― Como filho do meu tio Edmure, legítimo Senhor das Terras Fluviais, eu declino o senhorio de Correrrio em benefício dele, que assumirá o total controle do castelo quando tiver idade suficiente. ― Sansa continuou ― Enquanto isto não ocorre, ele será acolhido pela Coroa, mais especificamente como meu protegido e será criado por mim até atingir a maioridade.

Roslin quase caiu ao chão, sendo acudida por soldados que estavam próximos.

― E eu? O que acontecerá comigo? ― ela perguntou, desesperada.

― Nós lhe arranjaremos um casamento com algum senhor que seja leal à Casa Stark. Pode ser filha de um traidor, mas é mãe de meu primo e não posso deixá-la à própria sorte. ― Sansa respondeu.

― Não pode separar meu filho de mim! Não pode! ― Roslin gritou.

― Não estou lhe separando do seu filho, estou tentando dar-lhe as melhores perspectivas possíveis! Fico consternada por saber que não consegue enxergar isto! ― a Princesa respondeu como se tivesse se sentido ofendida.

Antes que Roslin pudesse dizer algo, uma das servas aproximou-se de Sansa e segredou-lhe algo ao ouvido.

― Desculpem-me novamente senhores, mas terei que me retirar novamente para resolver alguns assuntos. Boa noite, e mais uma vez, fiquem à vontade.

A Princesa levantou-se e segurou a barra do pesado vestido que usava, saindo do salão e deixando todos os sussurros e apostas atrás de si.

 

***

 

Após uma noite quase insone, Sansa levantou-se cedo para cumprir seus deveres de Senhora de Winterfell e Regente do Norte. Parte dos nobres que haviam viajado com o irmão até as Terras Fluviais haviam regressado, e fazia parte do seu papel conversar com cada um deles e resolver problemas, principalmente os que envolviam as repartições de recursos que, devido ao inverno, estavam ficando mais escassos. Depois trocar palavras com todos, escondeu-se de Petyr Baelish, que lhe incomodava sempre que podia, e encontrou-se com Arya e Brienne em seus aposentos para que pudesse ser aconselhada pelas duas.

― E sobre os traidores, minha Princesa? O que pretende fazer? ― a Donzela de Tarth lhe perguntou, enquanto observava em pé as duas irmãs que estavam sentadas sobre a cama.

― Pretendo atacá-los e confiscar suas terras. ― Sansa respondeu ― Não terei  piedade por aqueles deram as costas à Casa Stark.

― Principalmente os Umbers. ― Arya completou ― Rickon está morto por culpa daqueles malditos!

A imagem do corpo do irmão caçula estirado em uma lona, com várias perfurações de flechas disparadas pelo exército Bolton, invadiu a mente de Sansa. A simples lembrança era capaz de fazer o gelo que corria em suas veias derreter.

― Sim. Devemos conseguir informações sobre Última Lareira para que ataquemos. Não podemos nos dar ao luxo de falhar, pois além de perdemos recursos importantes, a moral dos nossos homens também cairia. ― a Stark mais velha decretou.

― E os Karstarks? ― Arya começou a falar ― Harald Karstark aliou-se à Ramsay Bolton e lutou contra nossa família quando você e Jon tentavam reaver Winterfell...

― Eu mesma iria até Karhold e mataria cada um com minhas próprias mãos se pudesse, mas sabe muito bem que nosso irmão casará com a garota Karstark. ― Sansa lhe disse, enquanto revirava os olhos.

Não gostava da tal Alys e ainda não entendia o motivo que levava Jon a querê-la como esposa. Detestava a ideia de tê-la como sua Rainha e ter que se curvar perante ela.

― Jon não parece tão inclinado em se casar com ela... ― Arya lhe disse.

― Como assim?

Arya pareceu dar-se conta de que falara algo que não deveria.

― Esqueça. ― ela disse, levantando-se e caminhando até a porta ― Tenho assuntos a resolver com Lorde Dayne antes de... Você sabe.

Sansa sabia bem. Iriam sepultar o corpo de Robb, que depois de anos, finalmente regressara a Winterfell.

― Nos encontramos nas criptas, irmã. ― Sansa respondeu.

Arya acenou com a cabeça e saiu do quarto, deixando-a a sós com Brienne.

Sentiu os olhos encherem-se de lágrimas ao se lembrar de Robb, e mesmo que não quisesse deixar a outra mulher lhe ver chorar, Sansa não conseguiu disfarçar.

― Não chore, minha Princesa. Está assim por causa do seu irmão? ― Brienne lhe perguntou.

― Sim. ― ela admitiu ― Por todos estes anos, eu soube que Robb estava morto, mas enterrá-lo junto ao papai e ao Rickon tornará isto real, você entende?

Brienne assentiu, sentando-se na cama ao lado de Sansa.

― Ele está em casa, poderá descansar em paz. ― a mulher tentou lhe consolar.

― Eu sei. Robb sempre foi o meu espelho... ― ela começou a explicar ― Do mesmo jeito que Jon e Arya sempre foram o espelho um do outro, Robb era o meu. Desde a aparência até o comportamento, mamãe sempre dizia que poderíamos ser gêmeos de tão semelhantes que éramos... Ele morria de ciúmes de Joffrey, acho sabia desde o princípio que o bastardo não valia nada... ― Sansa fungou e passou os dedos nos olhos, tentando conter as lágrimas ― Nós fomos criados para ser o cavaleiro e a dama perfeitos, e provavelmente seríamos se...

Começou a chorar, como a menina tonta que era anos antes. Prometeu a si mesma que mudaria, que não se permitiria demonstrar sentimentos ou fraquezas e seria dura o quanto fosse necessário para atingir seus objetivos e proteger a família. Mas seu coração ainda sangrava pela morte dos pais e dos irmãos, e teve certeza que sangraria pelo resto de sua vida.

― Ele estaria orgulhoso se pudesse lhe ver agora. Não apenas Robb, mas a Senhora Catelyn e Lorde Eddard também, tenho certeza. É uma mulher bela, inteligente e com um enorme poder nas mãos, que usará para melhorar a vida daqueles que estão ao seu redor.

Sansa encarou Brienne e respirou fundo, controlando-se até que as lágrimas cessassem.

― Sou uma Princesa da Casa Stark e farei o que for possível para proteger meu povo, e também não permitirei que machuquem alguém de minha família novamente. Doa a quem doer.


Notas Finais


Finalmente capítulo novo, e dessa vez acompanhada de capa nova! Já que ninguém me ajudou, eu decidi aprender a mexer no PS e fiz a capa, se ficou feio, me perdoem ok? hahah
A classificação +18 finalmente fez sentido! Gostaram da cena hot? Eu não tão boa escrevendo esse tipo de coisa, mas quis colocar desse jeito por motivos de: tive vontade hahah
Não teve Jonerys nesse capítulo (não me matem por isso) porque eu senti necessidade de focar em R + L e no que tava acontecendo do Norte, afinal de contas desde o 4º capítulo a Sansa não aparecia e eu já estava morrendo de saudades dela (inclusive, vai ter mais POV dela com os sentimentos mistos de querer o poder, mas também querer proteger a família). Finalmente escrevi pelo ponto de vista da Alys pra vocês verem um pouquinho do que se passa na cabeça dela. Esse capítulo foi mais longo que o de costume justamente porque eu precisava desenvolver essa parte da estória.
Só pra pontuar uma coisinha: no cânone das Crônicas de Gelo e Fogo, a Lyanna nunca chegou a Correrrio pra ver o casamento do Brandon e da Catelyn porque foi sequestrada/fugiu com o Rhaegar quando estava no meio do caminho. Eu decidi mudar isso pra efeitos dramáticos, porque pretendo desenvolver algumas coisas em cima disso.
Vai ter surra de Jonerys capítulo que vem, vocês vão até enjoar dos dois, então fiquem tranquilos que eu não esqueci deles hahah
Teve trailer novo de GoT hoje e falta menos de um mês pra estreia da 7ª temporada. Pode ser que o próximo capítulo saia já quando a série estiver em pleno andamento, mas vou me esforçar pra postar antes, ok?
Muito obrigada pelos comentários do capítulo passado, vocês são maravilhosos ❤

http://futurogf.tumblr.com/ (acompanhem, pois pretendo fazer umas postagens nos próximos dias).


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