História Um leve provisório amor - Meu mais bonito erro

Depois de anos de amizade não pensei que ouviria isso dele. Não que eu não o achasse atraente (porque ele é), mas tenho medo de estragar nossa amizade.

Sim, ele me propôs uma amizade colorida, um leve e provisório amor.

A proposta era tentadora, “sem claustrofobia, sem tristeza e dor” pensei comigo.

No meu conflito de pensamentos, acabei cedendo a sua proposta.

-Você é louco, mas eu aceito sua proposta- disse rindo levemente e o abraçando no meio daquela rua vazia e fria e só iluminada por um poste em frente a minha casa.

- Ótimo - sussurra em meu ouvido me arrepiando e me selando em seguida, fiquei surpresa, mas em seguida correspondi ao beijo.

Suas mãos puxavam minha cintura para si, minhas mãos em seus ombros e nossas línguas estavam numa sintonia única, realmente boa. E ficamos ali um tempo aproveitando o nosso momento.

(...)

Já havia um mês desde aquele dia.

Estávamos no sofá da casa dele, eu deitada com as pernas em seu colo e ele sentado alisando-as. Enquanto ele assistia algum filme na TV, fiquei pensando em como eu estava gostando deste nosso mundo colorido. Pensei em como tudo acaba em sexo, principalmente nossas brigas e isso realmente era ótimo. A gente briga, ri, brinca, faz de um tudo e depois faz sexo- não tinha coisa melhor- ri baixinho. Mas pensei também em como não gostava de vê-lo com outra garota. Ciúmes? Talvez.

Uma vez bêbada, eu disse que o amava. Burrada? É. Eu me lembro de tudo como se eu não estivesse bebido até vomitar no banheiro dele, sujando tudo. Eu disse um eu te amo de baixo do chuveiro, quase chorando – coisas de bêbados- e o mesmo me ignorou. Também não tiro a razão dele. Você amaria alguém que vomitou no seu banheiro? Pois é. 

- Que palavras precisamos agora nos dizer?- pensei alto. Droga, droga, droga...

-O que?- perguntou voltando sua atenção para mim.

-Nada, é só uma música... -tentei manter a calma 

-Ah, ok - ele pareceu acreditar por estar mais interessado no filme e riu pelo nariz como se eu fosse uma doida... 

(...)

Ninguém sabia que nós tínhamos algo a mais que nossa velha amizade. Só eu e ele.

Mas quando eu o vi beijando uma garota num pub... Eu queria que todos soubessem que ele é meu - mesmo não sendo. Não demonstrei estar com raiva e muito menos fiz um barraco, até por que todos os nossos amigos estavam lá, só pedi a um amigo nosso- que já ia embora por que tinha aula cedo no outro dia- me levasse embora. Não queria ver a cara de Lucas nunca mais e o pior era que a culpa era minha. Eu que aceitei, eu cedi. Ele nunca me iludiu, ele sempre quis minha amizade colorida, não que eu fosse sua namorada.

Nem a culpa nele eu podia pôr, então me dei o direito de ficar só brava. 

Chegando em casa, corri para meu quarto, queria chorar sozinha, se minha mãe me visse chorando ficaria preocupada. Resolvi tomar banho, não adiantaria chorar, mas toda vez que eu fechava os olhos e deixava a água passar por meus cabelos, eu me lembrava da cena. Ele parecia outra pessoa, ou era eu que queria que ele fosse. Saí do banho, coloquei meu pijama e fui dormir.

(...)

Quando acordei – com meu telefone tocando inclusive- quando olhei a tela vi que era ele. Atendi com meu mau humor, ainda estou brava com ele.

-Oi- disse sem animo

-Bom dia, dorminhoca! Porque você não se despediu de mim ontem?- perguntou normalmente.

Sério, Lucas?

-Você tava ocupado, resolvi não atrapalhar- não consegui responder sem meu tom sarcástico

-Ah entendi, daqui a pouco to ai- diz já desligando

Eu não queria ver sua cara tão cedo. 

A verdade de repente tomou conta de mim, admito que me arrependi. Não devia ter me entregado assim, agora estuo com o coração em pedacinhos e ele não vai consertá-lo.

(...)

Assim que chegou, fui abrir a porta, nos sentamos no sofá e ele percebeu que eu não estava bem.

-O que foi? Aconteceu alguma coisa?- perguntou ficando preocupado

-Não, ta tudo bem, eu só quero conversar com você- disse indo logo ao assunto -Eu não posso mais ser sua amiga colorida, eu tentei, mas isso não ta fazendo bem para mim. Eu me arrependi muito e provavelmente você também.

-Não é bem assim...- tentou se defender

-Tudo bem... Acabou- digo o abraçando 

-Sim, acabou- ele concordou meio incerto e eu fiquei com o coração apertado

-Nossa amizade não vai mudar, mas quando você perceber vai ser tarde de mais- disse e o abracei de novo e o pedi que fosse embora, não queria chorar em sua frente.

Ele foi e sempre vai ser meu mais bonito erro.