História Um Mundo Diferente - 2a temporada - Capítulo 14

— Capítulo 14 — 

26 de abril de 2012 

Passei durante toda uma semana quieta. Eu fiquei muito mal. 

Lauren sempre me perguntava se eu queria alguma coisa ou se nós pudéssemos fazer algo diferente, tudo para tentar me animar e esquecer o que tinha acontecido, porém eu sempre negava e ficava em casa dando alguns socos, e claro, chorando e me xingando ao mesmo tempo. 

Eu fiz a pior besteira que poderia ter feito. Não, eu sou tão idiota... Por que é que eu não pedi ajuda de Jimin, ou então fui atrás da enfermeira, mesmo sabendo que ela não sabia o que fazer. Mas não... Eu preferi ajudar a vida do Taehyung, que eu simplesmente não suporto e que fica me irritando sempre que pode, do que manter o meu relacionamento com um cara super legal, que me apoia e sempre está ao meu lado. Eu sou completamente burra. Sua burra, burra, burra! 

Mas o pior de tudo foi ter de encarar ele... Mesmo que nós terminamos o que tínhamos, continuamos nos vendo por conta dos Coordenadores, porém não é a mesma coisa, o máximo que fazemos é dar um oi e um tchau. Quer dizer, eu tenho de fazer isso por ele, porque se fosse por mim, eu o agarraria e pediria perdão quantas vezes fossem necessárias para ele entender que tudo passou por um mal entendido. Taehyung já tentou conversar com Jimin, porém o mesmo deu as costas para ele e saiu de perto. 

Nossa operação volta ao Bangtan prosseguiu... Na mesma merda. Não tive paciência de ir atrás dos outros dois, mas pelo menos já tivemos uma reunião com os presentes e conversamos bastante sobre o que cada um pensou sobre a despedida entre eles e também sobre Yoongi. Sabe qual foi a pior parte? Taehyung. 

Eu não sei o que se passou pela cabeça daquele menino, mas o idiota fez questão de se sentar do meu lado, fazer várias perguntas sobre como a minha vida estava andando, dava uns sorrisinhos meio suspeitos para mim e ainda por cima começou a apertar minhas bochechas. Se eu estivesse em condições, eu daria um belo de um soco em sua cara, porém ver o olhar mortal de Jimin sobre mim era completamente uma âncora para que eu não conseguisse fazer mais nada. 

Agora, depois da grande bosta que eu fiz, meus dias não passam da mesma forma. Voltei à estaca zero, na verdade em números negativos para ser mais sincera. Tenho que ficar de vela o tempo inteiro por conta do casal, porém sozinha já que Park nem olha pra minha cara da mesma forma; Fico quieta nas aulas, porque não tenho mais um ombro amigo para reclamar de tudo e de todos; Nem tenho mais pique pra ficar depois da aula para treinar, porque meu treinador preferido prefere me deixar de lado; E não tenho o que fazer depois da escola, porque meu passatempo foi para bem longe de mim. Minha vida é um belo de um galpão de lixo... 

— Brooke?! - Minha mãe berra lá do andar de baixo, porém finjo que não escuto, aumento o volume da música e volto a dar socos em meu saco de pancadas. - Brooke, eu estou te chamando! - A voz de minha mãe começa a ecoar pela escada, e abaixo o som para não levar um xingo. A porta se abre e minha mãe me encara de braços cruzados. - Ei, Brooke! - Olho para ela e desligo o som. - Não me ouviu chamando? 

— Não, omma, desculpe... - Limpo o suor da testa. - O que foi? É algo muito importante? 

— Você tem visita... - Reviro os olhos. Não estava mais aguentando Lauren com seus convites idiotas e de ficar dizendo não o tempo todo para ela. - E não é a Lauren. - Um pequeno fio de esperança se ergue em minha mente, pensando na mínima possibilidade de que essa pessoa seria a que eu mais precisava e que estava fazendo muita falta. Sou uma bela de uma iludida mesmo. 

— Quem? - Começo a tirar minhas luvas, um pouco ansiosa pela resposta. 

— Kim Taehyung. - Minha fisionomia murcha, triste por não ser quem eu queria e por ser alguém que eu estava querendo um pouco de distância. Eu disse, a ilusão me persegue. - Disse que precisava conversar muito com você, sobre algumas coisas da escola... Posso pedir para ele subir? - Coço a testa, morrendo de vontade de pedir para ele dar uma passadinha no inferno antes. 

— Tudo bem, mas diga para ele ser rápido, eu tenho certeza que ele vai ouvir a senhora. - Ela dá um pequeno sorriso e vai atrás do demônio, que logo chega. - Vai, pode ser rápido... - Cruzo os braços e ele fecha a porta, vindo até mim. 

— Eu realmente preciso conversar com você... - Lá vem ele com as frases clichês de filmes, pelo amor de Deus, eu preciso ensinar ele que a vida real existe e que, por enquanto, ele pertence à ela. - Sobre o que aconteceu semana passada. - Ele começa a coçar seu braço e ergo um sobrancelha. 

— Pois então diga logo o que você tem para dizer... - Ele engole em seco e abaixa seu olhar para o chão, falando num tom baixo porém audível. 

— Eu estava te espiando enquanto você estava beijando o Jimin. - Reviro os olhos. Eu já tinha percebido isso antes, ele acha que eu sou idiota ou o quê? - E todas as outras vezes, eu sempre estava te espiando, tudo o que você fez desde o que aconteceu com Yoongi no ano passado, eu estou te espiando, acho que mais ainda do que eu já fazia antes. - Ele se aproxima mais de mim e fico o encarando nos olhos. - Você não sabe o que eu passei durante todo esse ano sem ver você da mesma forma que eu via... - Reviro os olhos. Olha o drama! 

— Taehyung, eu já te disse, pare com as frases clichês e pare de me perseguir! - Dou um passo para trás e ele muda sua expressão de pobre coitado para sério. 

— Acontece que você não consegue me entender... - Ele dá um passo, e eu recuo. - Você não entende minha situação, não sabe o que se passa pela minha mente e pelo o meu corpo... - Franzo a testa. Ok, isso foi estranho... - Já que você me diz as coisas que eu devo parar de fazer, me deixe fazer a mesma coisa. - Assim que dou meu último passo, me encontro com a parede e fico um tanto desesperada, principalmente com o olhar macabro de Taehyung. - Pare de pensar em si mesma, pare de negar as coisas que faço, pare de ser uma completa idiota e pensar que Jimin vai voltar pra você... - Estremeço com sua última frase e meu coração, que já estava em pedaços, agora vira simplesmente pó. - Você deveria olhar à sua volta e perceber as pessoas que realmente se preocupam com você, que estão fazendo o possível para não enlouquecer ao ponto de matar um de seus antigos melhores amigos por estar com a garota dos sonhos, a garota que ele ama tanto e que sempre teve uma queda por ela. - Meus olhos se arregalam mais ainda. - Pare, Brooke. Simplesmente pare e pense. - Seus braços param em meus ombros. - Eu te amo. Eu adoro você... Só que você deveria dar pelo menos uma simples chance de tentar enxergar as coisas por debaixo dos panos. Você não me conhece direito por mais de tudo que passamos. Você não sabe como eu seria como um namorado, não sabe a forma que eu te trataria, muito menos as escolhas de presentes... - Ele ergue um dedo em minha frente, com a voz já falhada já que ele estava para chorar. - Uma chance. É isso o que eu estou te pedindo. Eu quero e preciso ter uma oportunidade, assim como Jimin teve. Você não o odiava e, assim que o conheceu melhor, passou a ver ele com outros olhos? Isso também aconteceu com Yoongi, por mais que ele tenha enganado você, Brooke, você percebeu a pequena química, que por mais que tenha sido falsa, aconteceu com vocês, e olha que foi tudo na mesma base que vocês sempre viveram, a competição. E não me venha dizer que não houve algo entre você e Jungkook, vocês dois foram no mesmo caminho que você e Yoongi seguiram... Uma aposta, e você fez o que ele queria. Não venha me enganar, eu te sigo desde sempre e sei como pensa e sente as coisas... - Ele chega perto de meu rosto e sussurra contra meu nariz, assim que lágrimas começam a deslizar em sua face. - Eu te conheço, Brooke... 

Taehyung continuou na mesma proximidade de meu rosto, porém entramos num silêncio profundo enquanto nos encarávamos. Será que...? Não, nada disso Brooke, você não vai pensar na besteira de ver que ele está certo, nada disso, você não vai fazer mais merda do que já fez. Mas os argumentos dele estão certos, eu não posso negar, porém... Ainda é o Taehyung, o louco e obcecado por mim que simplesmente criou na cabeça dele que ele me ama, e que eu deveria amar ele também. Mas ele está tão certo... Ok, eu poderia pensar na possibilidade de nos conhecermos melhor, porém não vai ter o mesmo resultado em que tive com Jimin, nunca mesmo, eu tenho certeza que o máximo do que pode acontecer é de nos tornarmos amigos, mas eu sei muito bem que não há possibilidades de um sentimento mais forte surgir do nada. 

— Taehyung? - Ele sai de seu sono e chacoalha a cabeça para conseguir prestar atenção em mim. - Olha, eu não vou dizer não, porque você está certo sobre tudo o que eu já fiz, e todas as baboseiras clichês e sem inovação nenhuma. - Ele dá um pequeno sorriso. - Sei que já fiz muita merda, que também já fiz coisas boas, mas... Se eu fizer algo do jeito que você pensa que vai ser, eu vou estar fazendo algo bobo. - Ele tomba sua cabeça para o lado e chega mais perto de mim. - Não sei se há possibilidade de algo acontecer entre a gente, sabe? Eu não diria que você não é meu tipo, até porque eu não vou dizer que quero um príncipe encantado ou que eu quero um lobo mau bem pervertido, eu odeio esses títulos inúteis, só servem para acabar com a sociedade e o amor ao próximo. - Ele sorri enquanto morde o lábio inferior e desce um pouco suas mãos até meus pulsos. - Porém eu vou te dar uma chance e... - Não consigo terminar minha frase, já que o mesmo tomou meus lábios com os seus. 

Arregalo meus olhos, não acreditando no que estava acontecendo, porém parecia que eu não deveria me desprender dele. Não sei se era a onda do momento, ou porque eu estava muito sensível e sem forçar, ou então até porque eu estava muito carente e sedenta de algo para me apoiar, porém parecia que aquilo era o certo a se fazer. E, por mais que pareça a coisa mais impossível para se acontecer nesse pequeno mundinho que chamamos de planeta Terra, eu aprofundei nosso beijo o puxando pelo rosto, o fazendo tremer e levar suas mãos para minha cintura. 

Taehyung me empurra mais contra a parede e traz um sentimento completamente diferente para o beijo, como se apenas por aquele contato ele conseguisse mostrar o que realmente sente por mim. E eu não posso mentir, eu consegui sentir aquilo e percebi que ele não é tão mal assim, mesmo me seguindo por qualquer canto que eu for. E eu me odeio ainda mais por isso, pela segunda merda consecutiva em apenas um mísero mês.  

Nos desprendo do beijo, apertando um pouco sua face para que se distanciasse de mim, e o mesmo fica me encarando, não querendo que aquilo tivesse terminado. Respiro fundo, tentando conectar o que havia acontecido para conseguir pensar no que deveria falar. E assim que consigo o que quero, suspiro alto e o encaro nos olhos. 

— Não era exatamente essa aproximação que eu estava dizendo, Taehyung... - Ele sorri feito criança e abaixa o olhar antes de voltar a me encarar. - Eu vou te dar a chance de eu te conhecer melhor, porém não garanto que algo muito grande vá acontecer. - Ele molha os lábios e abre um pouco, como se fosse dizer algo, porém o corto rapidamente. - Sabe, eu ainda sinto falta dele... - Taehyung suspira, como se tivesse ficado triste com o que eu tinha dito, porém era a verdade, ele precisava saber disso e tirar o cavalinho da chuva o mais rápido o possível. 

— Tudo bem, eu te entendo... - Ele molha os lábios e vai se soltando de mim, guardando as mãos nos bolsos do moletom. - Posso te contar uma coisa? - Afirmo com a cabeça. - Eu estava tendo meus ataques de pânico já fazia um tempo, sabe? - Suspiro alto. Não queria tocar muito nesse assunto. - Mas tudo isso começou desde que... - Ele engole em seco. - Desde o dia que eu escutei você gemendo. - Arregalo os olhos. - Desde o dia em que você saiu pra jantar com o Park e acabou quase indo pra cama dele. - Começo a sentir minha pele corar, eu odeio quando pessoas nada envolvidas com o que acontece na minha vida vêm comentar algo que descobriu que eu fiz. - Eu entrei em colapso mental e... Fiquei com falta de ar, tive que ir para o hospital e inventar uma desculpa esfarrapada para o meu pai. - Ele dá de ombros e começa a chutar o ar. - Antes, quando eu sabia que vocês iriam se beijar ou algo do tipo, eu parava imediatamente para não me machucar. - Ele molha os lábios. - Porém naquele dia eu decidi que deveria continuar, até o fim... E acabou que eu fiz isso no dia errado... - Ele nega com a cabeça. - A partir daí eu não conseguia não ouvir, eu fiquei fraco. E ouvi tudo... No dia em que ele nos viu no corredor, eu comecei a ouvir tudo o que estava acontecendo naquela maldita sala, e o pior é que eu estava no corredor mais próximo. Se eu pudesse, eu iria para bem longe pra você não ver, mas eu não consegui, eu estava muito ruim para sair de lá. E quando eu vi a sua cara... - Ele nega com a cabeça e coça os olhos, feito uma criança que iria chorar. - Eu me desesperei mais ainda, por isso que eu saí correndo e piorei a minha situação. - Ele fica em silêncio, e o máximo que posso fazer, é colocar minha mão sobre seu ombro. 

— Olha, isso já é passado, não quero ficar sabendo sobre as coisas que acontecem com você e que são tudo culpa minha. - Ele ergue seu olhar para o meu. - Mas é sério, eu vou fazer o possível para te aguentar e tentar te conhecer melhor. - Ele dá um pequeno sorriso. - Só... Só não faça nada, por favor. Principalmente na frente de Jimin, ele me olha tão feio quando você fica flertando comigo, é muito chato tudo isso! - Ele afirma com a cabeça e suspira. 

Bom, pelo menos consegui me acertar com ele. Agora, eu só precisava coletar os outros dois para o meu plano. 

E claro, ter Jiminnie de volta. Eu não estava aguentando mais ficar sem ele...