História Um Namorado de Presente?! (em correção) - Who is This Person?

 Me responda se puder: por que, entre tantas pessoas disponíveis no mundo, fui logo arrumar Yoongi, Taehyung, Namjoon e Hoseok como amigos? Por simples convivência, posso dizer que eles são humanos terríveis, caras realmente péssimos. Mas é claro que eu tenho que explicar a situação toda, certo? Então vamos lá…

Yoongi está namorando.

Taehyung está namorando.

Namjoon está namorando.

Hoseok? Sim, até ele está namorando!

Eu, Jeon Jungkook? Não, não estou namorando, muito obrigado.

A minha completa ausência de vida amorosa parece ser motivo o suficiente para eu virar piada dos quatro nos últimos meses. Isso mesmo, piada. Eu devo ter jogado muitas pedras na cruz na minha vida passada para poder merecer tanto desaforo, só existe essa explicação.

“Jungkook, você tá criando teias de aranha dentro das calças”

“Ei, nós vamos sair em casal no sábado. Se quiser, pode levar o videogame do Taehyung com você”

“Se beijar aumenta a expectativa de vida, quer dizer que vamos todos enterrar o Jungkook?”

Eu tenho tido pesadelos com essas frases. Frequentemente.

Se você quiser saber, não estou namorando apenas por não querer. Sai para lá com essa coisa de namoro. Inclusive, se existir algum repelente para o amor, me passe o nome e o endereço de onde posso encontrar.

Não é como se fosse o fim do mundo, como o Yoongi faz parecer, é só um estado de hibernação para relacionamentos; sem data para despertar.

 E eu também gosto de me focar nos meus estudos. Sou só um aluno do ensino médio, não deveria estar focado apenas nisso?

Falando assim até parece que sou um aluno exemplar… o Hoseok riria da minha cara até não poder mais respirar se visse que eu disse algo assim. Bom, eu tento. É isso que importa, certo? Pena que os meus pais não liguem para esse esforço… se eu apareço com um boletim com notas vermelhas, minha mãe já corta uma parte da mesada — que já não é tudo isso — e ainda faz eu ajudar nas tarefas domésticas.

O que eu penso a respeito? Honestamente, como é que eu vou estudar para ir melhor nas próximas provas se tenho que lavar a louça e varrer a casa todo dia?

— No que está pensando? — Disse Yoongi, estalando os dedos diante dos meus olhos. Acho que entrei em um transe sem nem me dar conta. — Em como seria bom namorar também? — Soltou ele, irônico. Melhor amigo de todos os tempos.

Ele riu divertido e não demorou até que todos do bando acompanhassem. Eu não entendo essas pessoas… Sinceramente, se estão todos em um relacionamento sério e felizes, que ótimo! Não ligo para nada disso! Minhas mais sinceras palmas de “dane-se”.

Acho que os quatro notaram que eu já estava bravo, porque logo o meu amigo idiota de cabelos descoloridos fechou a cara e me olhou quase que indignado.

— Não precisa ficar estressadinho, Kook. O Yoongi aqui vai resolver os seus problemas!

Na hora eu já o olhei feio. Seja lá o que fosse que tinha passado pela cabeça daquele lunático, eu não tinha pretensão nenhuma de ouvir. Yoongi tinha cada ideia que só nascendo de novo para resolver.

Me levantei do gramado da escola — onde estávamos todos sentados “aproveitando” o intervalo — e andei com passos nervosos para longe dali, ao som das piadinhas deles. Malditas piadinhas! Eles precisavam entender que eu já estava cansado daquilo tudo. Não posso ter nem vinte minutos de paz ao dia, é isso mesmo, vida?

Então que seja, prefiro ficar na sala de aula. Socialização é para quem tem paciência.

༺ y o o n g i ༻

Eu estou sempre tirando uma com a cara do Jungkook, mas a verdade é que me importo com ele, mais do que o meu orgulho é capaz de assumir. Ele vive se iludindo com esse papo de “não preciso de ninguém para ser feliz, blá-blá-blá”. Mas sei que no fundo ele só tem vergonha de assumir certas coisas para si mesmo.

Durante o último intervalo brinquei que solucionaria o “problema” dele, mas agora que fico pensando sobre isso, estou realmente interessado em trabalhar como cupido ou sei lá como chamam isso.

Ha Na me mandou uma mensagem no celular, ela é minha namorada desde a sétima série e também a pessoa mais sensata da relação.

“O que está fazendo, Yoongi? Queria dar uma volta com você”

Respondi logo em seguida:

“Estou deitado e cansado. Talvez outro dia”

“Tudo bem. Cansado por quê? Aconteceu alguma coisa?”

“Pela escola… e o Jungkook”

“Jungkook? O que tem ele?”

Ser honesto com ela sobre a minha ideia? Por que não?

“Vou arrumar alguém pro Jungkook”

“É mesmo? Que bom! Quem?”

“Esse é justamente o problema. Não tem ninguém”

“Não estou te entendendo. Por que isso de repente? Ele te pediu para arrumar alguém para ele, é isso?”

“Não. Jungkook não pediu. Só tirei a conclusão de que ele precisa de alguém também. É isso”

“Eu nunca vou entender você”

“Nem eu”

Ha Na mandou uns emojis de risadas.

“Por que tanto interesse na vida amorosa do Jungkook?”

Não me dei o trabalho de responder a última mensagem. Ela já estava até que acostumada com minhas poucas palavras ou o meu jeito… ignorante de ser. Às vezes, me sentia um pouco mal por não ser um namorado mais atencioso com ela, mas aquele era Min Yoongi e ela precisava entender.

Além disso, Ha Na era uma garota de muita sorte por ter um cara atraente e perfeito como eu como seu namorado.

Sorte chega até a ser pouco, para falar a verdade.

Soltei o celular na cama e resolvi dormir de vez. Dormir; sempre foi a melhor coisa que eu fiz.

Era segunda-feira e eu tinha aula logo cedo no dia seguinte, ou seja, a vida amorosa do Jungkook ia ter que esperar mais um pouquinho para receber o meu doce empurrãozinho. Se é que isso realmente iria acontecer.

(…)

A aula de química estava chata como sempre, então depois de soluçar pela enésima vez, me decidi por trocar mais algumas mensagens com Ha Na. Era a terceira vez que o nome do Jungkook aparecia em nossa conversa. Eu compartilhava aquela aula maldita com Jin — que era um cara até que legal, para os meus padrões. Ele provavelmente sempre seria a única pessoa com quem eu trocava mais que três palavras além dos professores, afinal a chamada não se respondia sozinha. Triste fato.

Jin se apoiou de leve no meu ombro e começou a acompanhar a conversa comigo. Como eu e Ha Na nunca falávamos nada demais, deixei que ele o fizesse. Jin não era nenhum espião pronto para compartilhar informações secretas para o país inimigo.

Notei que ele arregalou um pouquinho os olhos quando leu sobre meu amigo encalhado, como se tivesse acabado de ter uma ideia. O Jin seria fofo se não tivesse aqueles olhos meio apavorantes, como se fosse dar a louca a qualquer momento. Seokjin era o tipo de pessoa que parece tranquila e amável por fora, até você conhecer mais a fundo.

Aparências enganam. Nenhuma novidade.

— No que está pensando? — Perguntei baixo, para não chamar atenção da professora. A mulher baixinha tentava explicar sobre a matéria que eu sequer sabia o nome. Apesar do tamanho, ela se irritava fácil.

— Bom, talvez eu possa ajudar no problema do seu amigo… — Explicou com um sorriso indecifrável no rosto. Já avisei sobre aqueles olhos assustadores?

O que diabos Jin queria dizer com aquilo? Como ele ajudaria o Jungkook?

A professora pigarreou de leve, nos olhando e me calei por um momento. Será que aquela mulher quer competir com Seokjin no quesito dar medo?

Acabou que eu precisei soltar a curiosidade em forma de palavras de uma vez por todas. Não dava para segurar mais tempo.

— Espera, você gosta do Jungkook? — Questionei incrédulo, aumentando um pouco o tom de voz. Jin gostava do meu amigo encalhado? Ah, meu Deus. Nem sabia que eles se conheciam.

Jin me olhou espantado e então começou a negar com as mãos.

Suspirei aliviado. Um desses não deve ser dado em alguém no meio de uma droga de aula de química. Será que ninguém ensinou esse menino direito?

— Eu nem sei quem é esse tal de Jungkook, Yoongi. O que eu quis dizer é que conheço uma pessoa que pode ajudar.

— É mesmo? Cara, você me deu um baita susto. — Acusei, colocando uma mão no peito. Bom, pelo menos aquilo fazia mais sentido.

Eu estava ansioso para ouvir mais, mas a maldita velha, que alguns chamavam de “professora de química”, nos interrompeu, pois estávamos fazendo barulho e atrapalhando a aula. Caramba, parece que sussurrar virou crime no século vinte e um. Jin e eu combinamos de conversar depois que o período acabasse.

Guardei meu celular no bolso da calça, apenas para não chamar mais atenção do que já havia feito e relaxei a postura na cadeira, quase deitando. Cruzei os braços e acabei cochilando enquanto pensava na pessoa que ajudaria meu amigo a retirar o rótulo de solteirão da turma. Ou, quem sabe, aquelas teias de aranha entre as pernas.

Acordei com o meu ombro sendo chacoalhado de leve.

Abri os olhos meio preguiçoso e olhei para a pessoa que eu estava amaldiçoando mentalmente por atrapalhar meu amado sono, quando vi Jin com um sorriso simpático. Retirei um ou dois xingamentos mentais por se tratar dele e ao ouvi-lo dizer que era a última aula do dia. Finalmente.

— Se você quiser, podemos falar sobre aquilo lá.

— Ah, tudo bem. Manda aí! — Me ajeitei na cadeira, indicando em seguida que ele poderia se sentar e começar.

Seokjin pareceu não ser muito a favor da ideia logo de início, mas suspirou e se sentou na mesa ao meu lado. Podia estar com a minha expressão desinteressada de sempre no rosto, mas, por dentro, quase me corroía na mais pura curiosidade.

— Bom, tem um amigo meu… — Ele finalmente começou.

Jin coçou a nuca, provavelmente pensando se deveria falar ou não.

— O que foi? Esse amigo tem uma irmã ou amiga solteira?

— Na verdade não… — Falou olhando para todos os lados menos para mim.

Me arrumei na cadeira, sentando ereto.

— Tá, então como esse seu amigo pode ajudar? — Perguntei confuso e como se fosse óbvio que o que ele estava falando não tinha sentido algum.

— Bom, se você me deixar terminar vai saber! — Jin riu, acho que de nervoso. — Esse meu amigo pode fazer isso se você conseguir algum dinheiro pra ele.

— O quê? — Perguntei indignado e confuso.

Era aquilo mesmo que eu estava pensando?

— É o que você ouviu Yoongi… Eu mandei uma mensagem pra ele enquanto você estava apagado e ele está disposto a fazer.

— Tá, mas o objetivo era arrumar alguém para namorar com o Jungkook, não um cara para ficar com ele por dinheiro. Aliás, isso não se chama prostituição?

— Você entendeu errado. — Jin disse quase como se estivesse falando com uma criança e aquilo me irritou, afinal, se tinha alguém que não sabia de algo ou que não entendia das coisas, esse alguém não era eu. — O meu amigo vai dar a experiência de namorar pro Jungkook. Tipo, como se fosse um namoro de verdade; levar para o cinema, andar de mãos dadas na praia ao som de um clássico ou qualquer coisa parecida que ele quiser.

Parei para analisar a possibilidade de aquilo dar certo. No fundo eu meio que desconfiava da sexualidade de Jungkook e não fazia ideia de onde encontraria outra chance boa como aquela. Não é todo dia que aparece uma pessoa disposta a “namorar” um dos seus melhores amigos sem nem o conhecer — claro que tinha a parte do dinheiro, mas é a vida. Precisei admitir que a ideia não era de fato ruim, só potencialmente problemática.

— Tá. — Eu respondi simplista.

— Sério? Você nem quer conhecer o cara primeiro?

Considerei aquilo, mas não estava realmente muito interessado. Se o amigo de Jin fosse bonito ou não, não seria eu a julgar isto. Jungkook não é um cara cheio de opções de qualquer forma, não estava na posição de ser muito exigente com aparências. E, além disso, eu ainda precisava me encontrar com Ha Na antes que a mesma esquecesse de como era o meu rosto.

— Não, eu confio em você. — Lhe dei um tapinha nos ombros.

Me levantei sem muita pressa e me dirigi à porta, mandando um singelo aceno para Jin antes de sair.

Posso até dizer que Seokjin tinha sua cara de quem surtaria a qualquer momento, mas o mais insano ali, verdadeiramente falando, era eu mesmo.

༺ j u n g k o o k ༻

Eu devia ter sacado assim que vi o olhar malicioso e misterioso de Yoongi que nada bom viria daquela conversa. Era quinta-feira, um intervalo como todos os outros. Meu amigo oxigenado me arrastou para uma área isolada do gramado e por um momento cogitei a possibilidade de ele ser um daqueles assassinos que te levam para lugares onde não poderão te escutar gritando, por mais que você tente. Joguei meus pensamentos fora quando Yoongi me soltou e olhou nos meus olhos com um sorriso maior que o próprio rosto.

— Por que me trouxe aqui? — Me alarmei, já disposto a voltar para os outros garotos, os quais notei de longe com uma certa expectativa e ansiedade para o meu lado.

Droga, eles provavelmente sabiam do que aquilo se tratava.

— Ei, Jungkook? — Yoongi chamou minha atenção, me fazendo voltar a olhá-lo. — Se lembra que eu tinha dito que iria te ajudar? Sobre namorar…

— Ah não, você não pode estar falando sério!

— Me escuta cara. Eu te arranjei alguém, como prometido. — Explicou, como se houvesse algo para se gabar no meio daquele monte de merda que tinha acabado de sair de sua boca.

Revirei os olhos e não esperei que ele terminasse de falar suas bobagens.

— Olha, eu já disse que não estou interessado. Além disso, você já está me irritando, Yoongi.

Me virei para ir embora, mas ele me puxou pelo braço, me fazendo encará-lo outra vez.

— Espera, você não quer ao menos vê-lo antes de dispensar?

Algo naquela frase havia chamado minha atenção.

— Vê-lo? — Repeti suas palavras, com minha cara de dúvida estampada no rosto.

— É, ele é um cara. — Yoongi justificou.

Fiquei em silêncio por uns segundos, absorvendo a informação. Ele ficou me encarando como se aguardasse por uma resposta ou um tiro, meio que curioso, meio que com receio.

— Ele é um cara? — Perguntei, com uma voz provavelmente tão estúpida quanto a minha cara.

— Sim.

— Por quê?

— Eu só imaginei que você… Bom, sabe do que estou falando! — Ele pareceu refletir sobre o que dizer. Era a primeira vez que o via assim. Yoongi sempre passava a imagem de sabichão, sem nunca demonstrar que não tinha uma explicação ou opinião formada para algo. — Vai me dizer que não gosta de homens?

Eu fiquei calado novamente e tenho certeza de que meu rosto ficou vermelho. Nunca soube direito se era gay ou não, mas não me lembro de ter dito uma única palavra que poderia me “entregar” para Yoongi ou qualquer outra pessoa. Eu só era calado sobre a minha sexualidade duvidosa e ponto final. Será que eu era tão transparente assim?

Não tive coragem de negar ou concordar com ele, só encarei o chão como se tivesse de fato algo muito interessante acontecendo por ali.

— Então… vou assumir que você gosta. Quem cala consente, né?

Olhei ainda mais atentamente para o chão, dessa vez pousando meus olhos em meus pés.

Droga, por que eu não conseguia dizer nada?

Era só abrir a boca e falar, certo?

— Ei, Jungkook. Não precisa dizer qualquer coisa, tá bom? Eu tô aqui com você. Aliás, todos nós estamos. — Me confortou, se referindo aos nossos amigos também. Aquilo queria dizer que eles aceitavam aquilo, não? Não tinha problema mesmo que eu não fosse chegado em meninas? Uma solitária lágrima saiu do meu olho direito e eu a enxuguei antes que pudesse escorrer ainda mais. Odiava chorar. Yoongi colocou um de seus braços nos meus ombros e levantou minha cabeça, sorrindo. — O nome dele é Jimin, ele estuda aqui também, mas não divide nenhuma aula com a gente. Acho que você vai gostar dele, é bem bonito. Pelo menos, foi o que o meu amigo disse. Por falar nisso, é melhor você gostar mesmo, esse cara é seu presente de aniversário por todos nós.

— Como assim? — Gaguejei. — Você pagou pra um cara sair comigo? Esse é o nível do seu desespero?

Se eu estava ofendido? Talvez.

— Não é bem assim. Vocês não vão namorar de verdade, ele só vai te “mostrar” como um relacionamento funciona e essas coisas. Eu espero de todo coração que você arrume alguém de verdade depois. E sim, nós todos o pagamos.

Não sei bem por qual motivo, mas fiquei curioso sobre o tal Jimin.

Em respeito ao dinheiro dos meus amigos, ia deixar que ele se apresentasse e então o daria um bom pé na bunda. Eu jamais aceitaria aquela situação vergonhosa. Não sabia se eu ria da cara do Yoongi ou se eu corria para longe dali.

— Você pode falar um pouco com ele hoje, Jimin está logo ali! — Yoongi alertou, apontando para frente e me soltando.

Ótimo. Eu definitivamente correria para bem, bem longe.

Acho que meu amigo me conhece muito bem, porque segurou meu braço bastante apertado, afastando qualquer chance que eu tinha de poder escapar.

O olhei como se implorasse um “por favor” mudo, mas Yoongi só sorriu maliciosamente e me fez dar alguns passos para frente, ainda fazendo pressão no meu braço. Não tive coragem de olhar para cima e encarar meu tal “namorado”, portanto só acompanhei Yoongi, ainda olhando para os nossos pés. E então, uma mão muito pequena e gordinha se estendeu diante dos meus olhos.

— E aí, eu sou o Jimin. — Me cumprimentou. — Você é meu namorado?

Levantei a vista para enfim encará-lo e então soltei a respiração, que não notei ter prendido até então. Aquilo não podia ser real. Ele não podia ser real. Ignorei sua mão e só consegui ouvir Yoongi concordando e dizendo que nos deixaria a sós.

Quis puxá-lo para longe assim como tinha acabado de fazer comigo, mas não consegui esboçar nenhuma reação diante do cara mais bonito que eu já tinha visto em toda a minha vida.

C o n t i n u a…