História Um Namorado de Presente?! (em correção) - Call Yourself a Liar!

Outro dia de aulas. Apenas isto. Talvez a única diferença era que Jimin e eu estávamos namorando de verdade e ficamos juntos durante o intervalo, não como fazíamos antes, mas com a companhia dos meus amigos também.

— Então a coisa ficou séria? — YoonGi perguntou mordendo uma maçã.

— Sim. — Sorrimos um para o outro.

— Seria estranho se eu pedisse o dinheiro de volta neste caso? — TaeHyung quis saber. Olhei feio para ele. — É brincadeira!

— Vocês formam um casal bonitinho. — Comentou HoSeok.

— Credo, muita felicidade, acho que preciso vomitar um pouco. — YoonGi falou olhando para mim e Jimin com aquela cara de nojo habitual.

— Eu estou comendo! — Reclamou TaeHyung.

— Continue comendo, então. — Sorriu tão falsamente que pensei que meu amigo fosse se engasgar com a comida e morrer ali mesmo, diante de todo o refeitório.

Dei um pigarro baixo e todos olharam para mim.

— Ei, vamos tentar agir normalmente pelo menos por hoje, não quero assustar o Jimin.

— É o seguinte, Jimin — YoonGi começou. — Namorar com o JungKook deixa subentendido que você precisa aguentar a gente também.

— Tudo bem para mim.

Continuamos a comer normalmente, até YoonGi abrir a boca:

— Por que não vamos na minha casa hoje? Assistimos um filme ou qualquer coisa assim. O Jimin pode ir junto.

Olhei para Jimin e este olhava diretamente para YoonGi, com uma expressão esquisita.

— O JungKook vai até a minha casa hoje depois da aula, sinto muito.

Fiquei surpreso. Não tínhamos combinado aquilo em momento algum, ou talvez eu estivesse louco mesmo. Se bem que esquecer de alguma coisa relacionada ao meu namorado parecia um tanto quanto impossível.

Estava prestes a tirar minha dúvida com o garoto ao meu lado, mas assim que abri a boca, Jimin me abraçou possessivamente, colocando seus braços ao redor do meu pescoço.

— Eu decidi isso agora. — Sussurrou, para que somente eu o escutasse.

— Na minha frente não! — YoonGi reclamou e demos risada dele.

Aliás, todos menos Jimin deram risada. Não estava entendendo porquê ele estava agindo daquele jeito.

— Tudo bem, o casal do ano pode ficar a sós. Já vocês dois não têm opção. E tratem de avisar para o NamJoon, que não faz mais questão de avisar nada pra gente.

HoSeok concordou e Jimin logo me soltou, ainda assim ficando com o corpo colado ao meu, segurando minha mão, como se eu fosse sair dali correndo a qualquer momento. Estranho, no mínimo, mas eu estava gostando da atenção exagerada, tenho que confessar.

— Não sei se vou poder ir, YoonGi. Minha mãe me pediu para ficar em casa hoje, ela viu a previsão do tempo e parece que vai chover.

— Não acredito nisso… Então não vá. HoSeok e NamJoon vão.

— Você é insuportável. — TaeHyung comentou alto, ainda que fosse para si mesmo.

Quando as aulas do dia enfim acabaram, me encontrei com Jimin na saída da minha sala, me aguardando como já havia feito antes. Trocamos um sorriso discreto.

— Por que resolveu me convidar do nada para a sua casa? — Não aguentei segurar a curiosidade e acabei o perguntando enquanto deixávamos o prédio escolar.

— Porque sim.

— Fala sério! Eu quero mesmo saber, você também ficou agindo todo estranho na frente dos meus amigos… Não gosta deles? Eles te disseram alguma coisa?

Jimin desviou do meu olhar, focando no caminho.

— Não. — Suspirou. — Eu só estava um pouco enciumado.

— Como é? — Passei a sorrir travesso, dando uma pequena corrida para alcançar o outro garoto, que de uma hora para a outra resolveu andar mais rápido.

— O tal do YoonGi. Vocês ficam indo assim uma na casa do outro sempre?

— Claro, nós somos amigos.

— Mas você gostava dele…

Dei risada do baixinho. Até com ciúmes ele continuava sendo fofo. O alcancei e o segurei pelos ombros, de certa forma o obrigando a me olhar.

— Mas é você que eu amo. YoonGi foi um amor de infância, nada comparado ao que sinto em você.

Ele sorriu sem mostrar os dentes e não aguentei, segurou seu rosto e me aproximei devagar, fechando os meus olhos. O beijei lenta e apaixonadamente, como se pudesse dizer tudo aquilo que estava dentro de mim.

Você tem o meu coração nas mãos.

Quando nos separamos, meu coração batia muito rápido.

— Eu acho que vai chover. — Jimin comentou sorrindo outra vez.

Olhei para o céu e ele estava começando a ficar com uma coloração cinza.

— Acho que sim.

— Então vamos tomar um banho de chuva juntos, porque quero te levar para um lugar legal.

— Ou podemos usar um guarda-chuva.

— Não tenho nenhum em casa. Estou tentando fazer a situação parecer bonita, pode me ajudar?

Ri de suas palavras.

— Vamos logo, quero no lugar antes da chuva.

— Eu preciso passar em casa primeiro.

Acabei concordando, chegando novamente na casa aconchegante de Jimin. Entramos e a chuva já estava ameaçando aparecer, me perguntei se não seria melhor ficarmos por lá mesmo.

A mãe de Jimin apareceu, saindo da cozinha.

— Olá JungKook. — Ela estava enxugando um prato de vidro com um guardanapo.

— Olá senhora Park.

— Vou me trocar. Me espere aqui Kook.

— Se trocar? Então eu vou ficar com o uniforme e enquanto você sai por aí desfilando nas suas roupas bonitas?

— Sinto muito, é importante. Depois você vai entender, prometo.

— Não tenho escolha, só vá logo.

Jimin correu até o quarto, fechando a porta. Aproveitei que a mãe dele estava lá para poder tentar ter algum diálogo com ela pela primeira vez. Era importante me dar bem com a família de Jimin também.

— Posso ajudar? — Perguntei a ela enquanto a mesma terminava de secar o prato e o colocar sobre uma pilha de outros semelhantes.

— Não precisa, mas agradeço a gentileza. — Sua voz parecia meio cansada.

Perguntei uma segunda vez, mas ela insistiu que estava tudo bem e, de qualquer forma, só sobravam alguns pratos e ela não levou muito tempo para secar todos.

— Tenho que te agradecer pelo Jimin e o JinWoo. — A senhora Park disse, se sentando e me pedindo para que a acompanhasse.

— E eu gostaria de agradecer a senhora pelos mesmos motivos. — Trocamos um pequeno sorriso. — Não precisa se preocupar com isso, eles são pessoas especiais para mim.

— Sei que não pudemos falar muito um com o outro, mas Jimin passou o último mês falando sobre você, assim como JinWoo durante toda a semana. Estamos enfrentando um momento difícil e os dois têm sorrido muito mais ultimamente, graças a você. E por esta razão que eu gostaria de agradecer.

— Se importa se eu perguntar o que é esse momento difícil? — Questionei inseguro.

— São dificuldades financeiras. Atualmente eu sou a única pessoa que trabalha em casa, volto exausta todos os dias e não tenho muito tempo para cuidar dos meus filhos. Jimin faz o que pude para ajudar, então fico contente por poder contar com você, de certa forma, para protegê-lo.

— Jimin tinha me contado superficialmente sobre esses problemas com dinheiro. Sinto muito por isso. O pai do Jimin não está trabalhando, certo?

A senhora Park inclinou a cabeça, parecia confusa com a minha pergunta.

— Jimin não te contou sobre o pai?

— Acredito que não, ele só me disse que o pai dele não conseguia emprego.

O rosto da mulher se encheu do que parecia tristeza e desapontamento. O que estava acontecendo.

— O pai do Jimin sofreu um acidente há dois meses, mais ou menos. Ele não está mais entre nós.

Aquilo não podia estar certo. Eu me lembro bem de ter perguntado para Jimin e ele nunca disse nada sobre o pai estar morto, nem mesmo quando a minha mãe havia o perguntado no jantar de ontem. De repente tudo fazia sentido.

— Desculpa senhora Park, tenho que ir agora. Diga ao Jimin que eu mando uma mensagem para ele mais tarde.

— Tem certeza? Parece que está chovendo… — Não ouvi ela terminar a frase. Não me importava, só queria sair daquele lugar.

Jimin tinha mentido para mim desde o início. Não tínhamos nenhuma intimidade quando o conheci, mas agora já éramos namorados. Quando ele resolveria me contar da verdade? Não confiava em mim o bastante?

Lembrei do jantar outra vez. Agora percebo que ele estava apenas mudando de assunto, fugindo como um covarde de me dizer as coisas.

Saí da casa sem olhar para trás, com uma chuva torrencial recém iniciada. O vento frio batia no meu corpo, enquanto meu cabelo se ensopava com aquela chuva pesada e forte. Por que aquilo estava acontecendo? Eu havia confiado no garoto, dito coisas que jamais me imaginaria dizendo para mais ninguém e feito coisas por ele e com ele que antes julgava bobas.

Poderia jurar que ele tinha sido honesto também. Meu erro sempre foi confiar nas pessoas, por isso acabei as afastando tantas vezes, morria de medo daquele tipo de coisa acontecer novamente, mas Jimin parecia diferente, eu poderia jurar para os céus que com ele seria diferente.

No fundo eu sempre tive razão. Estava acontecendo outra vez. E nunca tinha doído daquela forma.

Meu peito se apertou e eu já nem sabia mais para onde estava andando. Quando percebi já estava chorando, deixando que todo aquele sofrimento acumulado saísse de alguma forma. Me lembrei de cada vez em que alguém apenas brincou com os meus sentimentos, por mais inocente ou não intencional que fosse. Depois das primeiras lágrimas, foi fácil que uma após a outra escorressem pelo meu rosto, se mesclando com a água da chuva. Ele havia dito que andaríamos sob ela juntos, mas eu não poderia estar me sentindo mais sozinho.

A casa de TaeHyung não ficava longe e ele provavelmente estaria em casa por causa da tempestade. Corri até a residência, sentindo como se fosse morrer — se não por tristeza, talvez por pneumonia.

Por que você fez isso?

Toquei a campainha da casa e depois de quase um minuto inteiro, fui recebido por uma das empregadas da casa, que já me conhecia há alguns anos. Ela me fez entrar e corremos para dentro. TaeHyung estava no sofá da sala, como imaginei que estaria, e ao me olhar parecia estar vendo um fantasma. E talvez eu realmente fosse um.

— O que aconteceu com você? Meu Deus, vamos para o banheiro, você está encharcado.

TaeHyung me guiou até um dos banheiros de sua casa, o que ficava mais próximo de seu quarto.

Tirou minha camisa do uniforme molhada e me jogou uma toalha seca.

— Vou buscar alguma coisa para você vestir, se quiser pode tomar um banho quente.

Começou a sair do cômodo, na intenção de me deixar ali sozinho. Eu não queria ficar sozinho.

Segurei seu braço e ele me olhou.

— Por favor… — Não consegui terminar a frase, apenas o puxei para um abraço e ele o retribuiu, apertando forte. — Fica aqui comigo.

— Você não pode continuar com estas roupas molhadas, tome um banho rápido e eu prometo que fico com você, tá legal?

Concordei com a cabeça e voltei a chorar. Ele já tinha saído e fechei a porta, deixando-a destrancada.

Tirei aquela roupa grudenta e ensopada, tomando uma ducha em seguida. A água quentinha me fez sentir abraçado, mas ainda era difícil demais lidar com aquela situação confusa. Ainda era difícil demais respirar, como se estivesse me afogando.

Quando terminei a ducha, me sequei com a tolha que meu amigo havia me entregado. Me olhei rapidamente no espelho, eu parecia tão lamentável por fora quanto me sentia por dentro, nunca fui muito bom em demonstrar sentimentos, mas eu parecia um reflexo perfeito deles naquela hora.

C o n t i n u a…