História Um Namorado de Presente?! (em correção) - Come a Little Closer...

— Por quê?

— Eu estou dizendo que preciso. Não é da sua conta.

— Não quer me contar o motivo?

Ele coçou a nuca, demonstrando nervosismo. Era a primeira vez que eu o via daquele jeito, sem o sorriso bonito no rosto.

— Você só quer saber por mera curiosidade, não é como se isso te importasse, então não tenho que dizer. Vamos só continuar, okay?

— Não. Estou te dando uma última chance, se não me contar o motivo pode dizer adeus ao dinheiro e não me faça perder meu tempo, diga de uma vez.

— Você faz mesmo questão que eu diga?

— Mas é claro que eu faço, pode não te parecer, só que estou de fato intrigado com essa enrolação toda e você insistindo pra não falar só piora tudo.

O garoto bagunçou os cabelos nervosamente, ele nem parecia se lembrar de que eu ainda estava ali, só ficava andando aflito de um lado para o outro.

— Meu pai… — Começou e parou por um tempo como se ponderasse as palavras. — Ele… Perdeu o emprego e minha família precisa muito de qualquer dinheiro agora. Minha mãe não sabe o que fazer, mas temos um dinheiro guardado que pode servir por um tempo. Ainda assim eu me preocupo com o meu irmãozinho caçula. Estou procurando um emprego sempre que posso e o Jin sabe da minha situação, por isso deve ter me oferecido como ajuda pro seu amigo.

Eu não tinha a menor ideia de quem era Jin, mas tenho a impressão de já ter ouvido YoonGi falar sobre ele alguma vez. Me senti um pouco mal por Jimin, mas a situação dele nem chegava a ser assim tão grande coisa. De qualquer forma, relaxei minha expressão e Jimin fez o mesmo ao notar.

— E então? — Perguntou receoso.

— Vamos continuar com isso, mas só porque meus amigos ficariam chateados se eu simplesmente devolvesse meu presente de aniversário.

O baixinho me encarou por uns segundos com um semblante analítico e então se normalizou outra vez.

— Aconteceu alguma coisa?

Ele apenas negou com a cabeça.

— Me desculpe, eu preciso ir agora.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa ele já havia saído do banheiro e estranhei o fato do mesmo ter evitado ao máximo contato visual desde que contou sua história. Ele não precisava se envergonhar tanto assim, não chego a ser rico nem nada, então não é como se eu fosse julgá-lo por isso. No fundo, acho que estou me sentindo bem mal pelo garoto, afinal deve ser um saco ter tantas responsabilidades sendo ainda um estudante do ensino médio, coisas como dinheiro nunca foram uma preocupação para mim e me sinto muito agradecido.

O resto daquele dia foi um tanto quanto estranho… Procurei por Jimin quase como o mesmo havia feito comigo anteriormente e não o encontrei em nenhum lugar, nem quando fui na sala do terceiro ano, onde ele estudava. Será que ele foi embora mais cedo?

Joguei as preocupações de lado para observar os meus amigos. HoSeok parecia estranho, em vez de estar tagarelando como sempre no ouvido do TaeHyung, estava andando cabisbaixo no extremo oposto de onde o outro se localizava enquanto caminhávamos rua abaixo no caminho de casa. Se um dia podia ser mais bizarro do que aquilo, então não estou pronto para essa realidade.

TaeHyung conversava com YoonGi, que distraidamente respondia algumas mensagens no próprio celular, concordando vez ou outra com a cabeça sem nem tirar os olhos do aparelho. Ri internamente da cena.

— Vocês estão todos estranhos hoje. — Comentei para o vento.

— O que você quer dizer com isso? — NamJoon perguntou baixinho só para mim.

Apontei para os nossos amigos e ele pareceu entender do que se tratava.

— Eles estão mesmo estranhos… Acha que pode ter acontecido alguma coisa na sexta?

— Como assim?

— Ah, você sabe! Eles ficaram sozinhos quando a gente foi embora aquele dia. Talvez tenham brigado ou sei lá.

Olhei novamente para os dois com uma cara que dizia “isso é mesmo possível?”.

— A gente está falando das mesmas pessoas? NamJoon, os dois são mais colados que carne e unha, não consigo me lembrar de uma única vez em que eles brigaram durante todo o tempo em que os conheço.

Meu amigo apenas balançou os ombros, como se simplesmente desistisse de pensar a respeito, mas isso não sai dos meus pensamentos. Preciso saber o que aconteceu com os dois.

— TaeHyung! — Chamei alto e o garoto parou de falar com YoonGi e me olhou.

— Pode vir até a minha casa hoje? Quero te mostrar uma coisa.

— Tudo bem, Kook.

Quando chegamos na rua onde geralmente nos separávamos para cada um seguir seu caminho, TaeHyung caminhou ao meu lado até chegarmos na minha casa e não trocamos nenhuma palavra durante esse tempo.

Assim que abri a porta e os dois entramos ele sorriu meio forçadamente e perguntou:

— Então, o que queria me mostrar?

— Na verdade eu não quero te mostrar nada. — Ele me encarou confuso. — Preciso conversar com você em particular.

Andamos até o meu quarto e nos sentamos na minha cama.

— Não deu para não notar que aconteceu alguma coisa entre você e o HoSeok… Quer me dizer o que foi?

Ele abaixou a cabeça na hora, mas pude notar seu semblante triste.

— Também gostaria de saber o que houve, mas simplesmente aconteceu. Nós estávamos jogando e falamos das nossas namoradas e de repente tocamos em um assunto em particular e rolou um clima desconfortável. Ele quase não trocou uma palavra sequer comigo depois disso.

— Bom, se não me disse o que é e se o HoSeok ficou estranho depois de saber, então nem precisa me falar qual assunto é esse, mas vocês nunca tinham ficado distantes antes e isso me preocupou, de verdade.

— Sei disso.

— Por que não tenta falar com ele, então?

— Estou com medo dele me ignorar se eu tentar.

TaeHyung levantou o olhar.

— Infelizmente você só vai descobrir se tentar e acho melhor do que deixar essa situação se prolongar.

— Você tem razão. — Disse se levantando da minha cama.

— Vai falar com ele? — Perguntei quando o garoto chegou na porta do meu quarto.

— Vou sim! Obrigado pelo conselho Kook, até amanhã. — Sorriu verdadeiramente para mim e sorri de volta.

— Até.

Dei risada quanto ele saiu praticamente correndo da minha casa. Se eles não fossem héteros, poderia jurar que acabariam se casando por aí algum dia.

(…)

Na terça-feira fiquei bem feliz ao constatar que HoSeok e TaeHyung estavam agindo normal. Parece que essa coisa de “se acertar” funciona para eles tão fácil quanto eu havia imaginado que seria. Depois de duas aulas cansativas de história e outra de biologia tão exaustiva quanto, finalmente tivemos o descanso merecido, também conhecido como intervalo.

Encontrei Jimin entrando no refeitório e resolvi me divertir um pouco com o mais velho. Acho que tem um lado meu que é meio sádico e que gosta de saber até onde as pessoas vão aguentar antes de se irritarem e Jimin estava sendo pago para me aguentar.

Me despedi dos meus amigos que devem ter olhado curiosos enquanto eu andava em direção do meu falso namorado.

— Tudo bem? — Perguntei chamando atenção do ruivo.

— Sim e com você? — Respondeu intrigado.

Não respondi, apenas o puxei para o gramado da escola e em seguida até uma área na lateral do prédio, onde estávamos a sós.

— O que foi? — Ele questionou divertido quando o coloquei de costas para parede.

— Me pergunto se você quer se lembrar do que aconteceu aquele dia no karaokê.

Jimin diminuiu o sorriso, mas não o desmanchou por completo. Estava sendo mais fácil do que eu imaginava.

— Como assim?

Sorri ladino e me aproximei, fazendo-o tocar a parede com as costas.

— Sabe, naquele dia eu ia realmente te beijar. — Falei baixinho no ouvido dele, que se arrepiou um pouco.

— É mesmo? — Respondeu no mesmo tom, mas parecia estar incomodado com a proximidade.

Afastei meu rosto e o olhei de frente, vendo-o sem o sorriso de antes.

— Meus amigos te pagaram para me mostrar como é um namoro. Namorados fazem essas coisas, certo?

Eu não estava com a intenção de fazer aquilo de verdade, mas Jimin estava caindo tão facilmente que precisei me segurar para não rir da cara dele tão cedo. Ele olhou para o outro lado, mas coloquei meu rosto novamente na frente do dele, de modo que ele não teve como evitar o contato visual.

— Jimin, por que você parece tão nervoso sobre isso? — Perguntei afastando uma mecha de cabelo na testa dele. — Achou que não faríamos essas coisas? Que era só andar comigo para lá e para cá?

Ele me olhou com as sobrancelhas franzidas e abriu a boca para falar várias vezes, sempre a fechando antes que qualquer palavra pudesse sair dali.

— Seus olhos são tão bonitos, gosto quando olha para mim. — Jimin manteve o olhar fixo no meu. — Seus lábios são tão cheinhos… Será que está tudo bem se eu te beijar agora?

O mais baixo não me respondeu, só fechou os olhos com força quando toquei seu queixo e me aproximei um pouco. Aquilo provavelmente significava um “sim”, mas ele parecia mais do que contrário àquilo.

Dei risada e me afastei, deixando o garoto lá sem nem olhar para trás enquanto seguia o caminho de volta para o refeitório. Mesmo me sentindo um pouco vencedor, também me sentia estranho. Um calor meio esquisito no peito que ia até o meu estômago. Balancei a camiseta do uniforme para me refrescar enquanto suspirava alto.

Nunca tinha me sentido daquele jeito, mas esperava que não fosse nada demais e que menos ainda tivesse algo a ver com Jimin.

◤HOSEOK◢

Quando TaeHyung me procurou ontem fiquei realmente aliviado. Estava apavorado com a possibilidade de ficarmos nos estranhando por mais tempo. Desde que o conheço só brigamos uma vez… Foi quando quis saber o que se passava com ele e o pai, que na época tinham uma relação complicada. Me preocupei com meu amigo quando ele apareceu com umas marcas roxas no braço e perguntei se tinha relação ao pai, mas ele começou a gritar comigo dizendo que não era nada e passamos umas boas semanas sem nem olhar na direção um do outro. Para dizer a verdade, ainda me preocupo sobre esse assunto, mas não tenho coragem de perguntar, sei que se ele estiver pronto para me contar um dia, vai me procurar. Ou talvez não seja nada, éramos crianças naquela época e ele pode muito bem ter apanhado de uns garotos mais velhos e se sentido envergonhado.

Meu amigo nunca gostou de ser muito aberto sobre sua vida, deixando até mesmo eu com uma distância “segura”. Gostaria que ele confiasse ao menos em mim para falar de sentimentos e essas coisas. Mesmo sendo assim, o respeito e só me resta conviver com minha curiosidade de modo que eu não o magoe ou algo parecido.

Me deitei no sofá de casa preguiçoso e estava prestes a dormir quando ouvi o som de notificação do meu celular, indicando que uma mensagem havia sido recebida.

Sorri ao ver o nome na tela.

Tzuyu

Online

Tzuyu: HoSeok, precisamos conversar…

Eu: Aconteceu alguma coisa??

Tzuyu: Não. Quer dizer, ainda não. É por isso que precisamos nos falar pessoalmente.

Eu: Acho que entendi do que se trata.. Sábado está bom para você?

Tzuyu: Sim, vou tirar um tempo dos estudos no sábado. Estou com saudades de você :c

Eu: Também estou T-T

Continuamos conversando e matando a saudade por uns 30 minutos, até que ela precisou voltar a estudar. Estávamos enfim chegando perto daquele momento, quando ela me diria adeus? Eu estava me sentindo estranho sobre o tempo: queria que ele passasse logo para poder me encontrar com ela, mas, ainda assim, estava quase entrando em colapso por saber o que se passaria no nosso encontro.

Não acho que terminaríamos por Tzuyu ter que voltar para o país dela, mas precisávamos discutir sobre como a nossa situação ficaria. Fiquei triste só por imaginar que talvez ela dissesse que não queria mais namorar comigo. Espera, eu estava ficando bipolar ou algo do tipo? Essa garota mexe tanto com a minha cabeça que as vezes penso que vou enlouquecer e explodir sem nem poder me despedir de seu sorriso doce e infantil.

Ah, Deus, por que você faz algumas coisas serem tão complicadas? Por que eu e Tzuyu não nascemos no mesmo país? Por que ela não arruma um jeito de ficar aqui para sempre? Me levantei do sofá e caminhei cabisbaixo até o meu quarto, onde fiquei pelo resto da noite. Não me levantei nem para comer ou quando os meus pais vieram perguntar o que havia acontecido comigo. Disse que eram apenas problemas com as notas e eles acabaram saindo quando insisti bastante que estava tudo bem comigo e que não era nada demais. Não costumo mentir para eles, mas se tratando da minha namorada, não queria que eles se envolvessem tanto. Não queria que ninguém se envolvesse. Ou queria? Ah, droga!

C o n t i n u a…