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História Um Novo Destino - A Carta de Hogwarts


Escrita por: LiliRosen

Capítulo 4 - A Carta de Hogwarts


Capítulo 3

A Carta de Hogwarts

 

Ao longo dos anos, Poseidon desenvolvera uma estratégia cuidadosamente planeada que lhe permitia fugir dos seus deveres e da sua esposa, para poder visitar o Reino Mortal e ver como Sally e os seus filhos se encontravam.

 

Essa estratégia na realidade era extremamente simples…

 

― Tritão! ― Chamou o seu filho mais velho e herdeiro do seu trono.

 

― Sim, pai! ― O jovem baixou o rosto respeitosamente.

 

― Estive a pensar e está na altura de aprenderes mais sobre a corte e talvez… desposar uma bela dama.

 

Tritão encolheu-se assustado, já sabendo o que viria a seguir. Primeiro, seria soterrado numa pilha de documentos, que o seu pai deveria ter atendido semanas atrás e depois seria assaltado pela sua mãe com desejos casamenteiros. Era o mesmo todas as vezes que o Senhor dos Mares desejava escapar dos seus deveres e ir brincar com as mulheres mortais. Não sabia o jovem de negros e ondulados cabelos, que o objetivo do seu pai não eram “mulheres” e sim uma mulher em particular, uma mulher e os dois filhos que esta gerara de Poseidon.

 

Enquanto o pobre Tritão era arrastado de um lado para o outro, pela sua radiante e entusiasmada mãe, para que escolhesse uma noiva adequada, Poseidon espiava o décimo aniversário dos gémeos Jackson.

 

― Vá, mãe, não nos faças sofrer… O que é que vamos fazer este ano? ― perguntou o gémeo de brilhantes olhos verdes esmeralda.

 

― Sim, mãe. Vamos à praia, certo? Queremos ir à praia! ― exclamou o gémeo de olhos verde-mar com entusiasmo, sendo seguidamente secundado pelo irmão, coreando conjuntamente: ― Praia! Praia! Praia!

 

Poseidon sorriu com ternura. Os seus filhos eram uma fofura, não importava que idade tivessem sempre seriam os seus bebés.

 

― Está bem, meus amores! A praia será!

 

Poseidon deu uma última mirada aos seus amores. Sally lia um livro sob a sombra de um guarda-sol turquesa e os gémeos divertiam-se a chapinhar na água. Ao longe, distinguiu um grupo de nereidas, escondidas numa gruta subaquática, que olhavam os gémeos com curiosidade. Não querendo que estas fossem de fofoqueiras ou que se aproximassem aos seus filhos antes do tempo, ingressou nas calmas e cristalinas águas, sem ser notado e afugentou as nereidas com uma mirada de repreensão. As adolescentes suspiraram desiludidas, pois queriam unir-se às crianças e brincar com elas. Fazia tanto tempo desde que o seu Senhor tivera filhos semideuses, que mal se lembravam da sensação de interagir com eles e dividir experiências, sem medo de serem capturadas, pois os Filhos de Poseidon eram muito protetores com as criaturas dos mares, incluindo espíritos e ninfas aquáticas.

 

Poseidon entrou na Sala do Trono e foi recebido com um olhar raivoso de Tritão. Este passou ao seu lado e bufou, virando o rosto e ignorando-o.

 

“Talvez devesse dar-lhe mais atenção! Tenho estado a abusar da sua boa vontade… Mas ainda penso que já está na altura dele conhecer uma boa dama e assentar a cabeça. Esse meu filho lembra-me a mim mesmo nos meus velhos tempos… Oh! Bons e velhos tempos, ser solteiro e requisitado é uma bênção!”, pensava o Senhor dos Mares.

 

Todos os deuses são imortais, mas quando se vive para sempre surge um terrível inimigo também conhecido como aborrecimento. Muitos deuses tinham romances com mortais para se distraírem e sentirem emoções há muito esquecidas, Poseidon não fora a exceção. No entanto, Sally fora uma exclusão à regra. Sally não havia sido um simples divertimento, ele tinha-se de facto apaixonado por ela. Quando se vive tanto tempo, é natural apaixonar-se umas quantas vezes. O seu primeiro amor havia sido sem dúvida alguma a sua esposa Anfitrite, mas a chama da paixão já se desvanecera há muito tempo e ambos eram conscientes disso, mas isso não queria dizer que ele desejasse esfregar o seu romance e os seus filhos na cara dela, afinal de contas esta era a sua melhor amiga.

 

Os meses foram passando, um ano quase passara e Junho chegou por fim. Sally fitava as cartas uma vez mais, suspirando. Já não podia continuar a ignorá-las, pelo que abriu o primeiro envelope e retirou a carta do seu interior. Esta mencionava que Heracles Jackson, tinha uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e que aguardavam a confirmação até ao dia trinta e um de Julho. Pousou a carta e o respetivo envelope em cima da mesa e abriu a carta endereçada a Perseus Jackson, cujo o conteúdo era exatamente o mesmo.

 

Pegou em ambas as cartas e guardou-as dentro de uma gaveta, junto a quatro envelopes por abrir, cujo conteúdo era sem dúvida alguma idêntico.

 

Minerva McGonagall era uma dama de cabelos castanhos, apanhados num coque colado à cabeça e uma expressão de eterna repreensão, ainda que alguns estudantes brincassem com a sua atitude e afirmassem que esta comia um limão todas as manhãs, de forma a conseguir manter aquela fachada a toda a hora. A mulher era a Sub-Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, bem como a Chefe da Casa Gryffindor e a Professora de Transfiguração. Como tal era a responsável de enviar as corujas para que entregassem as cartas aos futuros estudantes de Hogwarts, pelo que ao aperceber-se de que haviam dois pequenos magos, a ignorar sistematicamente as suas cartas, levitou um livro gigantesco da estante à esquerda da sua secretária e pousou-o delicadamente em cima da madeira trabalhada da mesa. Abriu o livro e repassou os nomes dos estudantes do Primeiro Ano, parando sobre os nomes dos gémeos Jackson.

 

― Hmm… Os pais devem ser muggles! ― Ponderou a mulher com a sua eterna expressão de aborrecimento. ― Lonnie! ― Um elfo doméstico apareceu frente à Sub-Diretora e fez uma exagerada reverência, causando que o seu nariz proeminente quase roçasse o solo de pedra. ― Informa o Professor Snape que desejo vê-lo no meu escritório com a maior brevidade possível.

 

O elfo desapareceu com um estalar dos seus ossudos dedos e reapareceu instantes depois para informar que o encargo já havia sido concluído, pelo que a Professora McGonagall pediu que preparasse um chá e regressasse às cozinhas do castelo.

 

Após uns longos minutos, escutaram-se umas leves e moderadas batidas do outro lado da porta.

 

― Entra, Severus!

 

― Qual é o assunto que desejas tratar comigo, Minerva? ― perguntou o Mestre de Poções com ar amargado, pois não desejava ser incomodado. ― Espero que seja importante, estava a meio da elaboração de uma poção experimental altamente volátil.

 

― Preciso que vás visitar a casa de um par de estudantes que ainda não confirmaram a inscrição. Sei que ainda falta tempo para a data limite, mas estes gémeos vivem noutro continente e são de uma família muggle, pelo que muito provavelmente a família pensa que é alguma partida de mau gosto.

 

― Porquê eu? Podes pedir a qualquer um…

 

― Necessito que convenças a família a deixá-los vir. E para isso terás de tranquilizar uns pais paranoicos e assegurar-lhes que tudo estará bem. A mesma lenga-lenga de sempre. Poderia enviar o Hagrid, mas teria o efeito contrário e ainda acabariam a chamar “poiliça”.

 

― Polícia! ― Corrigiu Severus.

 

― Essa coisa… Vai dar tudo ao mesmo. E evitas de tentar escapar da tarefa. Já está decidido. Prepara as tuas coisas e parte com a maior brevidade possível.

 

Severus Snape abandonou o escritório da Sub-Diretora, ainda a reclamar interiormente e dirigiu-se aos seus aposentos. Selecionou umas poucas mudas de roupa e arrumou-as numa mala, que empequeneceu com um feitiço e colocou-a no bolso interno da sua capa de viagem. Pegou nos envelopes e leu a morada.

 

― Onde merda fica isto? New York, isso é em que país? Pensa, Severus… Ah! Sei que tenho por aqui algures um mapa muggle… ― Revirou as gavetas da secretária, os armários do seu escritório, passou para a cómoda do quarto e terminou de alguma forma no guarda-fatos. ― Aqui está! Ora vejamos… ― Passou o dedo indicador pelo continente europeu, seguiu para a Ásia, depois para a África. ― New York sequer existe? ― Continuou pelo Oceano Atlântico e foi parar ao continente americano, Brasil, Colombia, Venezuela e nada. Subiu até chegar aos Estados Unidos e foi passando cidade por cidade. ― Aqui está, New York! Afinal existe. Definitivamente tenho de me atualizar sobre o Mundo Muggle, vivi entre muggles por onze anos e não sei praticamente nada da sociedade deles. Ignorância não é para mim ― concluiu Severus já formulando um plano para se informar sobre a cultura muggle.

 

Memorizou a localização e agarrou no primeiro objeto que encontrou, um frasco vazio à espera de ser preenchido por uma das suas poções. Conjurou um feitiço Portus sobre o frasco e acionou a Chave de Portal, desaparecendo em seguida e reaparecendo a poucos metros do condomínio em Upper East Side, Manhattan, onde residia a família Jackson, para evitar ser visto por algum muggle.

 

O Mestre de Poções bate à porta e vê uma miniatura de James Potter, por um momento quase se esquece do que tinha ido fazer.

 

“Não pode ser! Acaso aquela besta traiu a Lily, quando soube que ela sofreu um aborto?”, Severus foi arrancado dos seus pensamentos pela chegada de outra criança semelhante à que lhe abrira a porta. “Certo! Eram gémeos… Mas agora que os vejo bem… O que me abriu a porta tem o cabelo indomável dos Potter, mas a sua pele é mais bronzeada, quase dourada e ambos são idênticos, tirando o cabelo rebelde e a cor dos olhos… Um tem olhos verde-esmeralda e os do outro são verde-mar, o cabelo é da mesma cor.”

 

― Quem és? ― perguntou o menino de olhos verde-mar desconfiado.

 

― Sou Severus Snape. Os vossos pais estão?

 

― Mãe! ― gritou a criança de olhos verde-esmeralda, assustando o homem de negro.

 

― O que já vos disse de não abrirem a porta a desconhecidos?

 

― Este é Severus Snape, mãe. Não é um desconhecido! ― exclamou Percy como se aquilo justificasse tudo.

 

― A que devo o prazer da sua visita, Senhor Snape?

 

― Venho de Hogwarts. ― Sally encara-o fixamente, buscando indícios de engano.

 

― Entre! Crianças, vão para os seus quartos e façam os trabalhos que os vossos professores enviaram para o fim-de-semana.

 

― Mas, mãe! ― Reclamaram já de mau humor e fulminaram o adulto. ― Sente-se, por favor ― disse Sally, apontando o sofá de três lugares.

 

― A escola enviou-me para averiguar o motivo de não terem confirmado a inscrição. Se pensa que é uma partida, posso provar-lhe que a magia é real. ― Retirou a varinha do interior da capa de viagem e realizou alguns feitiços simples, mas eficazes. Apesar de Sally ser uma muggle não parecia nada admirada com a existência da magia, causando uma sensação de curiosidade em Severus. ― A magia está escondida dos muggles, pessoas sem magia, e para evitar que esta seja exposta existem várias escolas para magos. Hogwarts fica no Reino Unido.

 

― Não me convence. Os meus filhos são muito travessos e parecem atrair os problemas como se fossem ímanes.

 

― Não se preocupe. Asseguro-lhe que estarão totalmente a salvo dentro do castelo ― disse o Mestre de Poções, pensado que Minerva tinha razão e os pais eram paranoicos.

 

Após mais algumas explicações, Severus saiu e prometeu regressar no dia seguinte para que ela pudesse ponderar melhor o assunto.

 

Tal como prometido, o homem voltou no dia seguinte e no seguinte e no dia depois desse. E num piscar de olhos passaram duas semanas e meia. Severus não compreendia a força gravitacional que Sally parecia exercer sobre ele. Por outro lado, Sally encontrava-se a si mesma a confiar cada vez mais naquele misterioso e escuro professor. Aos poucos esta foi revelando algumas informações vitais, como as criaturas que teimavam em atacar os gémeos, causando por vezes que fossem expulsos da escola. Cada vez tinha mais dificuldade em encontrar novas escolas que os aceitassem, pois já constavam da lista negra da maioria das escola de New York. Por este andar teria de enviá-los para um internato e não desejava separa-se deles… e Hogwarts era um internato.

 

― Toda a propriedade em torno do castelo está protegida por uma barreira de magia extremamente antiga e poderosa, nada, nem ninguém pode atravessá-la sem a permissão do Diretor, pelo que estarão seguros. E se algo de facto chegar a acontecer, eu mesmo os protegerei ― disse Severus, para sua própria admiração. Nunca antes havia sentido aquela necessidade de tranquilizar e proteger alguém, nem sequer a sua amiga Lily. Algo naquela mulher o atraía enormemente e o Mestre de Poções temia vir a descobrir o que era, pois nesse momento tornar-se-ia real e então não haveria volta atrás.



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