Capítulo 1
Ana acordava em seu pequeno quarto cinza. Seus médios cabelos loiros, em seu rosto, cobria seu olho verde escuro.
Como de costume, Merilyn, a chefe de sua pequena sociedade falou nos autofalantes:
-Bom dia a todos os moradores de Wendlrow! Hoje a temperatura é de 26 graus celsius. Aproveitem o dia.
Ana achava a maior bobagem do mundo. Era a mesma mensagem todos os dias. Pra quê? Sempre 26 graus (ninguém da cidade ao menos sabia o que é graus), todo dia "aproveite seu dia". Mas, Merilyn falava, o povo obedecia.
Era um dia importante. Ana já tinha 15 anos, então, estava na hora de decidir o futuro.
Wendlrow era dividido nas seguintes posições de trabalho:
-Os empregados, que limpavam e cozinhavam;
-Os policiais, que não faziam nada o dia inteiro, já que a cidade era extremamente segura;
-Os chefes, cargo mais difícil de conseguir;
-Os educadores, que cuidavam de crianças de 0 até 15 anos;
-E, os alimentadores, que plantavam e traziam alimento para todos.
Ana estava realmente curiosa, aquilo era seu futuro. Mas, diferente de nossa sociedade atual, todos os cargos recebiam o mesmo tanto, e, o dinheiro, não era usado pra nada. Todos tinham tudo.
Naturalmente, arrumou seus lindos cabelos dourados no espelho e deu "bom dia" à todos de sua casa. Todos, inclusive seu irritado irmão mais novo, Clarence, responderam. A sociedade era educada. Quem xingava, ou falava "palavras não adequadas", era, pra sempre, banido de Wendlrow.
-E, aí, Ana? Ansiosa? -Sua mãe perguntou, com um lindo sorriso no rosto.
-Muito.-Disse Ana apressadamente. A mais brincalhona da turma, e, a mais atrasada.-Preciso correr, beijos, eu gosto muito de você, mãe.
Na sociedade de Ana não existia amor. Se não existe ódio, não existe amor. É a lei da vida. "Eu gosto muito de você", parece mais vazio que "eu te amo", não acha?
Ana, como de costume, encontrou Yolanda, sua melhor amiga.
-Você está atrasada, seu cabelo tá solto e, ANA SEUS CADARÇOS!
Na sociedade de Ana, formalidade era essencial. Cabelo preso, sapatos impecáveis e pontualidade entravam no pacote.
-Qual o problema de vocês com meu cabelo ser livre? Que implicância!
-O problema que, hoje a chefe de Wendlrow nos verá! AÍ MEU DEUS ESTOU PIRANDOALGUÉMMEAJUDA.
Yolanda estava tão nervosa, que começou a falar rápido e a suar.
-Ei, calma. Hoje Merilyn só irá decidir o que faremos para o resto de nossas vidas, tipo, pra quê o nervosismo?-Falou Ana, rindo da situação da amiga.
-Como você consegue brincar nesse momento?
-E aí, garotas?- Jayce, melhor amigo de ambas, as cumprimentou.
Ele só saberia depois, mas ele amava Ana. Mas, não existia amor ali. Se lembra?
-E aí, Bam? Como vai?
-Nhé, muito engraçado, Ana.
Quando Jayce era pequeno, ele não era exatamente... magro. Caiu no chão, fez barulho e a piada "bam, ploft, cabum" ficou.
-Que cargo você acha que receberá, Jay? -Yolanda, como sempre educada, perguntou.
-Alimentadores, sem sombra de dúvidas. -Brincou Ana
-Meu Deus, você não cansa? -disse Jayce, já rindo.-Acho que serei empregado. Afinal, gosto de deixar tudo em ordem.
-Cuidado, se você for o empregado, será o pano de chão. -Ana não parava.
-Se Merilyn estivesse aqui, você já seria expulsa da sociedade! -Jayce falou.
Mal sabia ele que não, ela não seria.
Capítulo 2
Merilyn chamou todos os jovens de Wendlrow, para o planalto, local que eles estavam. Era a hora. Ana saberia o que faria. Yolanda também. E todos os outros jovens com 15 anos do local, também.
Era em ordem alfabética, então, naturalmente, Ana seria uma das primeiras.
A chefe chamou o primeiro nome, após um longo discurso:
-Alice Marta, você será educadora. Obrigada por tudo.-disse Merilyn, a entregando uma pulseira com o símbolo de uma vassoura pendurado.
-Obrigada. -Disse, feliz a jovem Alice.
Foram vários nomes, até Ana pensar: "QUANTAS ALICES E ALICIAS EXISTEM NESSA CIDADE?"
Até que, chegou sua vez.
-Ana Marins. -Merilyn disse o nome dela de uma forma estranha.-Essa sua rebeldia... por sinal, cuidado com o cabelo!-Todos riram, até Ana. Ela não ligava muito pra isso.-Continuando, essa sua rebeldia. Você tem fogo em você, garota. Te falarei seu cargo no final.
E a lista continuou. Ana ficou ali, em choque. Pálida, boquiaberta.
Jayce virou empregado, Yolanda, educadora.
Todos receberam suas pulseiras, mas Ana não.
Jayce e Yolanda ficaram esperando Ana.
-Obrigada aos dois, mas a conversa com Ana é a sós.
Uma grande porta se fechou, e lá estava Ana cara a cara com Merilyn, achando que seria expulsa de Wendlrow.
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