- Oi - eu disse com um sorriso sem graça ao chegar no bloco A onde estava sendo feito o isolamento dos infectados.
- Precisa de alguma coisa? - Caleb perguntou me olhando através do vidro da porta.
- Preciso de isolamento - respondi e ele abriu a porta para mim, com um suspiro pesado.
- A gripe está piorando - ele disse enquanto caminhava lentamente ao meu lado pelas celas - e os sintomas se agravam cada vez mais.
- Ninguém apresentou nenhuma melhora?
- Não - ele disse - e não há nada que possamos fazer a não ser ajudá-los com panos molhados para amenizar a febre.
Continuei caminhando com ele e vi Sasha em uma das celas.
- Você também - falei e parei na porta da cela.
- É - ela respondeu - parece que não somos tão fortes assim.
- Vamos sair dessa - respondi e voltei a caminhar pelas celas, pensando se talvez seria possível que nós encontrássemos uma solução para isso.
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Minutos depois, eu já sentia meu corpo dolorido e eu suava absurdamente enquanto ajudava os outros infectados com Caleb e Sasha. Eram sintomas de uma gripe normal, mas que avançavam rapidamente.
Ouvi batidas na porta e Caleb foi abri-la.
- Ei - ouvi uma voz dizer e me virei, deparando-me com Glenn.
- Ei - respondi - como está?
- Meus sintomas são leves, ainda - ele respondeu - porque não nos avisou que estava doente?
- Eu não queria alertar ninguém - respondi.
- Tem uma pessoa que quer te ver - ele disse e eu assenti - está te esperando ali - ele apontou para o corredor que tinha um vidro à prova de balas no final, onde os prisioneiros se comunicavam com as visitas.
Segui até o corredor enquanto sentia minhas pernas doloridas e minha respiração começava a ficar mais dificultada.
- Daryl - falei ao ver ele do outro lado do vidro.
- Por que você não me disse? - ele perguntou do outro lado do vidro, secamente.
- Eu não tinha certeza ainda - respondi - eu… foi rápido.
- Você podia ter me falado - ele disse e eu suspirei, tentando controlar minha respiração acelerada.
- Eu não queria que você ficasse exposto - falei - você é um dos únicos que é forte e está bem. Eu não podia ser a culpada por você ficar infectado.
- Nós… - ele começou a dizer e parou - nós vamos até uma faculdade veterinária que Hershel indicou para buscar remédios.
- Isso é bom - respondi. Eu sentia uma pressão na minha cabeça que possibilitava sentir a pulsação cardíaca na minha têmpora. "Badum”, “badum”, em ritmo acelerado, era tudo o que eu podia ouvir, e isso ecoava na minha cabeça agora. Apoiei-me na parede e fechei meus olhos, esperando que tudo aquilo acabasse.
- Você tá bem? - Daryl perguntou colocando a mão no vidro.
- Sim - respondi, mas acho que foi inaudível. Uma dor absurda brotou em meu peito, fazendo com eu me curvasse e começasse a tossir, caindo de joelhos.
- Brooke! - Daryl gritou e bateu no vidro - Brooke! - ele repetiu e pegou uma barra de ferro e começou a bater no vidro, tentando quebrá-lo.
- Não - eu disse para ele, mas ele não me ouviu. Eu estava sufocando e cuspia sangue enquanto tentava respirar.
- Alguém! - Daryl gritou - precisamos de ajuda!
- Brooke! - ouvi Sasha gritar e correr até mim - ei, ei, ei.
- Ajuda-a! - ouvi Daryl dizer.
- Não deixe ele entrar - falei para Sasha.
- Tudo bem - Sasha disse e me ajudou a levantar a cabeça - respira devagar - ela continuou e eu inspirei lentamente, sentindo um alívio ao encher meus pulmões com ar novamente - isso, devagar - expirei e me encostei na parede, ainda sentada no chão.
- Obrigada - falei e fechei meus olhos, cuspindo o resto de sangue que estava em minha boca.
- Vem - ela disse e me ajudou a ficar em pé.
- Eu vou entrar aí com você - Daryl disse e eu me aproximei do vidro obrigando meu corpo a ficar em pé, enquanto Sasha me olhava de uma certa distância - eu quero te ajudar.
- Você não pode - respondi ainda sentindo o gosto de sangue na boca - você vai ser infectado também e nós precisamos de você aí fora. Eu preciso de você.
- E de que adianta eu buscar esses remédios se quando eu voltar você não estiver mais viva? - ele disse parecendo furioso.
- Daryl - eu falei e fechei meus olhos para reprimir a dor que crescia em meu peito - eu vou estar aqui, esperando por você.
Ele colocou a mão no vidro e eu coloquei a minha sobre a dele.
- Não vou demorar - ele disse e saiu dali. Eu me virei e vi Sasha me olhando.
- Ele gosta mesmo de você - ela disse com um leve sorriso e segurou meu braço quando eu comecei a andar.
- E como não gostaria? - falei - eu sou incrível - fraquejei e ela me segurou para que eu não caísse.
Sasha me acompanhou até uma cela vazia, onde eu deitei na cama e apaguei em segundos.
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- Brooke? - ouvi uma voz me chamar - está acordada?
Abri meus olhos e vi Hershel parado ao meu lado. Sentei-me na cama rapidamente, o que me deixou tonta.
- O que você está fazendo aqui? - perguntei - vai ficar infectado - falei e me levantei - não pode…
- Calma - ele disse pegando meu braço e indicando para que eu me sentasse na cama - não precisa se preocupar. Tome isto - ele disse me entregando um copo com uma bebida de cor marrom claro.
- O que é isso? - perguntei olhando para o copo.
- É um chá - ele respondeu - vai ajudar a amenizar os sintomas.
Tomei o copo de uma vez, fazendo uma careta ao sentir o gosto amargo.
- Obrigada - eu disse e ele assentiu - posso ajudar em alguma coisa?
- Quer levar chá aos doentes?
- Eu adoraria - falei e peguei alguns dos copos plásticos que ele carregava e uma das garrafas com chá e comecei a ir nas celas, ajudando os doentes.
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Eu estava cansada, muito cansada. A garrafa vazia em minhas mãos parecia pesar centenas de quilos e meu corpo doía. Já estava escurecendo e Hershel fechava as celas dos infectados, foi quando eu vi um homem tossir e cair no chão. Ele estava morto. Andei até Hershel, que verificava se o homem realmente havia morrido.
- Fiquem nas celas - Hershel advertiu para os curiosos que olhavam e Sasha trouxe uma maca, a qual usamos para carregar o corpo do falecido.
Levamos o corpo do homem até o corredor onde havia aquela janela onde eu havia conversado com Daryl e Hershel perfurou o cérebro do cadáver.
- Voltem para suas celas - Hershel disse - vocês precisam descansar.
- Tudo bem - eu disse e andei até minha cela, sentando-me na cama e sentindo como se meu corpo queimasse.
- Hershel! - ouvi Glenn chamar quando eu estava quase adormecendo.
Levantei-me e fui até a cela onde Glenn estava.
- O que houve? - perguntei, agarrando-me na grade da cela.
- Ele não está mais respirando - Glenn disse, referindo-se a Henry que estava desacordado no chão. Arrastei-me até Henry e vi que ele não tinha mais pulso. Eu ia dizer isso à Glenn, mas o mesmo começou a tossir e caiu no chão - Glenn? - eu disse e me ajoelhei ao seu lado. Ele levou as mão à garganta e tentava puxar ar, mas não conseguia - Hershel! - eu gritei enquanto via Glenn sufocar e tentava fazer com que ele conseguisse respirar.
Henry acordou, zumbificado, e agarrou meu braço, tentando me morder. Segurei a cabeça dele e puxei-o pelo cabelo, permitindo que eu conseguisse pegar minha faca e enfiar na cabeça dele. Ouvi um tiro e me virei, fechando a grade da cela. Olhei para Glenn e ele estava cuspindo sangue, sufocando. Os tiros começaram a ser mais frequentes e eu olhei para Henry.
- Como você é estúpida, Brooke - falei para mim mesma ao ver um entubador em Henry.
Peguei o entubador e coloquei em Glenn, o que estabilizou sua situação.
- Glenn! - ouvi Maggie dizer ao entrar na cela - o que aconteceu?
- Ele já está bem - falei - como está lá fora?
- Tinham alguns dos doentes zumbificados, mas já eliminamos todos - ela respondeu, ofegante.
- Ótimo - falei - você pode continuar? - eu disse indicando para ela assumir o ambu que eu usava para ajudar Glenn a respirar.
- Claro - ela disse e eu assenti, saindo da cela.
Encontrei vários corpos caídos pelo chão e eu encostei-me na parede ali fora da cela onde Glenn estava, deixando meus joelhos dobrarem e meu corpo deslizar, encostando no chão.
- Cadê a Sasha? - ouvi Tyresse perguntar ao entrar no bloco, agitado.
- Ali - respondi apontando para cela onde Sasha estava - ela está viva.
Vi Tyresse sorrir e correr na direção da cela da irmã.
Fechei meus olhos e suspirei, permitindo-me sentir todo o mal-estar da gripe novamente após essa descarga de adrenalina.
- Ei, ei, ei - ouvi Daryl dizer ao entrar no bloco e eu abri meus olhos, vendo ele vir em minha direção - você conseguiu.
- Eu disse que esperaria por você - falei e ele se sentou ao meu lado, passando o braço pelo meu ombro e me puxando para seu colo.
- E eu sabia que você não me decepcionaria - ele respondeu e eu abracei-o, aconchegando-me em seu peito. Fechei meus olhos e deixei o cansaço finalmente me dominar por completo. Adormeci segundos depois, com seus braços firmes em volta de mim.
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