Acordei com Judith ainda dormindo sobre meu peito.
Fui me sentar e ela se remexeu em cima de mim, acordando.
- Oi, pequena - falei sentando-me finalmente no sofá - está com fome?
Levantei-me e fui até a bolsa que continha a comida dela. Preparei uma mamadeira e segurei para que ela tomasse.
- É bom, não é? - eu dizia enquanto Judith tomava todo o conteúdo da mamadeira.
Segurei-a sentada em meu colo e andei até a porta da varanda, abrindo-a e saindo para fora até onde Tyresse estava, bombeando água para fora do poço.
- Bom dia - falei.
- Bom dia - ele respondeu e me olhou - sabe, eu estava pensando, nós podíamos ficar aqui em vez de ir para o Terminus.
- Eu não vou ficar aqui - respondi - eu vou encontrar Daryl.
- Aqui é um bom lugar - ele disse - estamos seguros, temos água e comida.
- Vocês podem ficar - falei - desculpe, mas eu vou continuar até o Terminus.
- Tudo bem - ele disse.
- Onde está Carol e as meninas?
- Foram caçar - ele disse e eu assenti, começando a caminhar pelo quintal com Judith em meu colo.
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Naquela tarde, após juntar nozes e ajudar Tyresse a pegar água, eu me sentei na varanda da casa, observando o leve movimento das folhas das árvores e sentindo a brisa acariciar meu rosto, lembrando-me da noite em que Daryl me beijou. Era algo estranho. Digo, ele era uma das últimas pessoas que eu esperava ter algo. Fechei meus olhos e suspirei. Foi quando eu ouvi gritos da meninas vindos do fundo da casa. Peguei minha arma e corri na direção dos gritos, deparando-me com um grupo de zumbis andando na direção de Lizzie e Mika. Mika havia caído e um zumbi agarrava sua perna enquanto ela gritava. Atirei no zumbi que segurava a menina e comecei a atirar nos zumbis mais próximos enquanto Carol ajudava as meninas a saírem de perto dos walkers. Tyresse também estava ali e nós cinco formamos uma linha para eliminar todos os zumbis.
Na manhã seguinte, decidimos sair para caçar. Fomos eu, Carol e Tyresse. Na volta, conversávamos distraidamente enquanto caminhávamos pelo quintal dos fundos.
- Okay - Carol disse - qual é a diferença entre o veado e a corça? - Tyresse não respondeu e ela continuou - o veado está sempre saltitando, e a corça para e se coça.
- É estúpida - Tyresse disse, rindo - mas é das boas.
- Eu disse - Carol respondeu - e tem mais de onde veio essas.
- Ah, meu Deus - eu disse baixinho ao ver Lizze parada em pé ao lado de Mika e Judith, que estavam deitadas no chão.
Comecei a correr ao perceber a faca suja de sangue na mão de Lizzie e fui seguida por Carol e Tyresse.
- Não se preocupem - Lizzie disse - ela vai voltar. Não machuquei o cérebro dela.
Senti meu coração disparar e vi Carol ficar ofegante, assustada com a cena. Olhei a mão suja de sangue de Lizzie e olhei para Judith. Eu não conseguia tirar os olhos da bebê.
Comecei a me aproximar de Judith e Lizze pegou a pistola que carregava consigo, apontando para mim e depois para Carol que tentou se aproximar também.
- Não! - ela disse - nós temos que esperar. Eu preciso mostrar a vocês. Vocês verão. Finalmente vai entender. Nós temos que esperar.
- Lizzie - Tyresse disse - abaixe a arma.
- Eu só quero que vocês esperem - ela disse e eu recuei um passo.
- Nós podemos esperar - Carol disse tentando parecer calma - é só me dar a arma - ela estendeu a mão - nós vamos esperar, eu juro.
Lizzie pareceu hesitar, mas acabou entregando a arma.
- Você, Tyresse, Brooke e Judith podem entrar. Não é seguro para ela - Carol disse, referindo-se às Judith.
- Mas Judith pode se transformar também - a garota disse e eu senti um frio no meu estômago - eu estava prestes a…
- Você ia matar a Judith? - falei, pasma ao ouvir que minutos a mais que eu demorasse para chegar a bebê estaria morta.
- Sim - ela respondeu - eu…
- Ela nem sabe andar ainda - Carol disse.
- É, verdade - a menina respondeu.
- Vocês levam a Judith para casa e nós vamos almoçar - Carol disse e eu peguei Judith no colo, tirando-a de perto de Lizzie.
- Tudo bem - sussurrei para Judith enquanto eu andava na direção da casa - sinto muito - falei e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto ao lembrar de Mika - sinto muito - repeti e abracei-a mais forte.
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- Levei comida para ela - Tyresse disse.
Estávamos reunidos na cozinha depois do que Lizzie fez. Eu estava encostada no balcão com Judith no meu colo, dormindo, e Tyresse ao meu lado. Carol estava sentada na cadeira, apoiada com os braços na mesa.
- Vasculhei o quarto dela - Tyresse disse - verifiquei se não tinha nenhuma faca. Ou coisas do tipo - ele parou por um instante e continuou - ela tinha uma caixa cheia de camundongos. Perguntei se era ela quem alimentava os zumbis na prisão. Ela confirmou. Lá nos túneis, nós achamos um coelho dividido ao meio e pregado em uma tábua. Também foi ela. Ela disse que foi por diversão. Acho que ela pode ter matado Karen e David. Só não sei como ela teria os arrastado.
- Ela os teria deixado transformar - Carol disse - não foi ela.
- Então - falei - o que vamos fazer?
- Eu posso ir embora com ela - Carol disse.
- O quê? - Tyresse perguntou.
- Não podemos dormir com ela e Judith no mesmo teto - Carol respondeu.
- Você não sobreviveria - Tyresse rebateu - não sozinha.
- Ela não pode viver com outras pessoas - eu disse.
- Talvez a gente possa ajudá-la - Tyresse argumentou - fale com ela sobre isso.
- Ela é assim - Carol disse - já existia dentro dela. Eu não vi.
- Como poderia? - Tyresse perguntou.
- Eu deveria ter percebido - ela disse começando a chorar.
- Então nós podemos ir - Tyresse disse - eu, Judith e Brooke.
- Vocês podem não conseguir sobreviver sozinhos - ela disse - ela não pode conviver com os outros - Carol disse e eu olhei para Tyresse.
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- Talvez você queira fazer isso - Carol disse para mim enquanto eu a olhava carregar a arma.
- Não posso matar uma criança - respondi.
- Eu sinto muito por você não pensar assim quando deixou Sophia sozinha - ela disse e fechou a porta antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.
Lembrei-me de Sophia transformada e senti um aperto na garganta. Levantei-me e fui até a cozinha, onde Tyresse olhava pela janela. Olhei na direção em que ele olhava e vi Carol caminhando com Lizzie. Ela conversaram por algum tempo, até Carol atirar nela enquanto ela olhava para as flores. Fechei meus olhos e encostei minha cabeça no ombro de Tyresse, que segurava o choro.
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Depois de enterrar as duas meninas, deitei-me no sofá e adormeci logo em seguida, acordando apenas na manhã seguinte.
Juntamos nossas coisas e seguimos os trilhos novamente.
Nós iríamos para o Terminus.
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