- Quem é você? - falei ao ver o garoto negro sair detrás das árvores.
- Noah - ele respondeu e olhou para Daryl - eu estava com Beth no hospital, depois eu fugi e encontrei Daryl e Carol e eu roubei as armas deles depois…
- Cale a boca - falei - quem é ele? - perguntei olhando para Daryl.
- Ele estava com Beth - Daryl respondeu - Carol foi atropelada. Provavelmente foi levada para o mesmo lugar.
Não respondi e voltei para dentro da igreja, mesmo que minha real vontade fosse me jogar nos braços dele.
��
Na manhã seguinte, Rick fez uma breve reunião e nós começamos a reforçar a segurança da igreja. Sasha estava destruindo os bancos da igreja para que pudéssemos utilizar a madeira. Daryl e Tyresse construíam armadilhas na porta da igreja para zumbis enquanto eu, Rick e Michonne pregávamos tábuas nas janelas em volta da igreja. Depois que terminamos, eu entendi o porquê de reforçar a segurança: eles iriam atrás de Carol em Atlanta.
- Eu vou com você - falei para Daryl que estava perto do carro com uma mala, esperando por Rick.
- Não - ele respondeu.
- Me dê um excelente motivo.
- Não quero que você se machuque - ele disse - Noah os conhece bem mas nós sabemos que todo cuidado é pouco.
- Você sabe que eu não sou nenhuma garotinha indefesa - rebati - eu posso ajudá-los.
- Brooke - ele disse e me olhou por um tempo - não vou deixar que algo aconteça com você.
- E se algo acontecer com você? - perguntei e ele fez uma careta. Balancei a cabeça e saí de perto dele.
Encontrei Tyresse na escadaria e eu parei ao lado dele.
- Tome cuidado - falei e ele me olhou com um leve sorriso no rosto.
- Cuide de Judith - ele disse e eu assenti, vendo Rick se aproximar.
- Vou trazer ele vivo - Rick sussurrou só para que eu ouvisse enquanto me abraçava.
- Por favor - sussurrei de volta e ele me soltou.
Não olhei eles partirem, apenas entrei na igreja, onde ficamos eu, Judith, Carl, Michonne e Gabriel.
Depois que eles saíram, Carl fechou a porta e eu ajudei-o a pregar uma tábua na mesma enquanto Michonne tentava acalmar Judith que chorava em seu colo.
Michonne fez sinal para que eu pegasse a bebê e eu sentei-me em um dos bancos da igreja, pegando Judith no colo, esticando minhas pernas sobre o banco e deitando-a sobre elas.
- Pegue uma - ouvi Carl dizer para Gabriel, que limpava freneticamente o chão sujo de sangue, após colocar armas de diversos modelos na frente dele.
O padre apenas negou e Carl voltou a falar.
- Precisa aprender a se defender. Podemos te ensinar.
Gabriel parou de esfregar o chão e olhou para Carl.
- Defender-me? - ele perguntou - eles disseram que iriam embora. Eram assassinos e mentirosos. Como nós.
- Nós nos protegemos - Carl disse e eu olhei para Gabriel, assim como Michonne, que observava tudo sentada na outra ponta do banco em que eu estava - eles queriam nos matar. É sorte sua a igreja ter durado tanto. Não se pode mais ficar num lugar só. Não por muito tempo. E quando cair na estrada, não dá para evitar os problemas. Você precisa aprender a lutar.
Gabriel escutou Carl falando em silêncio e depois pegou uma das armas, o facão.
- Boa escolha - Carl disse - mas está segurando errado. Precisa aprender a fincar, porque nem sempre os crânios são moles e precisa ser capaz de…
- Desculpe - Gabriel disse interrompendo Carl - não - ele disse e se levantou - preciso ir me deitar.
Eu suspirei e olhei para Michonne, que me olhava com uma sobrancelha erguida.
��
Depois de um tempo, Michonne foi ver como Gabriel estava e eu coloquei Judith na cesta para que ela dormisse.
Nós estávamos conversando, eu, Michonne e Carl, sobre Judith quando ouvimos alguém gritar:
- Socorro! Por favor, não me deixem aqui fora!
Eu me levantei e olhei para a porta.
- Por favor! Carl! Brooke! Por favor, não me deixem aqui fora! Michonne! Eu tinha que ver, agora eu sei! Deixem-me viver com isso!
- Espere! - Michonne disse mas eu ignorei-a, correndo até a porta de onde vinham os gritos.
- Meu Deus! Por favor! Deixem-me entrar.
Tentei puxar a tábua que havíamos pregado anteriormente para trancar a porta, mas não tive êxito. Carl parou ao meu lado e começou a me ajudar a tentar destrancar a porta.
- Brooke! Abra a porta! Carl! Meu Deus, por favor! Socorro!
Olhei para trás e voltei para pegar o machado.
- Afaste-se - falei para Carl e comecei a acertar a tábua.
Michonne pegou um rifle e apontou para a porta e, assim como Carl, ficou esperando eu terminar de quebrar a tábua para acertar qualquer coisa que tentasse invadir a igreja.
Eu dava golpes com o machado usando toda a minha força e parecia que de nada adiantava.
- Me ajudem! Por favor! Socorro!
Senti meus braços começarem a doer e intensifiquei os golpes, derrubando metade de tábua e arrancando ela de uma vez, abrindo a porta em seguida e deixando a pessoa desesperada entrar.
Era Gabriel.
Carl atirou em dois dos zumbis que começaram a entrar e eu fui para trás dele.
- Para trás - Michonne disse pegando sua katana e matando alguns dos muitos zumbis que entravam na igreja - para o presbitério - ela disse e nós recuamos.
- Foi assim que eu saí - Gabriel disse apontando para um buraco no chão enquanto tentava segurar a porta para impedir que os zumbis entrassem - rastejem para os fundos da igreja. Peguem a bebê e vão.
Judith começou a chorar e eu peguei meu rifle, pulando no buraco, abaixando-me e rastejando na direção indicada pelo padre.
Saí nos fundos da igreja e olhei em volta. Carl saiu com Judith em seguida e, momentos depois, Michonne.
Cruzei meus braços e esperei por Gabriel, que apareceu segundos depois.
- Não posso mais correr - o padre disse.
- Não vamos mais correr - Michonne falou.
Andamos até a frente da igreja e eu matei os zumbis que ficaram presos nas armadilhas construídas por Daryl e Tyresse enquanto Michonne e Gabriel fechavam a porta da igreja, pregando uma tábua para que os zumbis não saíssem.
Olhamos para a igreja, agora cheia de zumbis, e eu andei até Gabriel, que estava apoiado em uma cerca.
- Onde foi? - perguntei parando ao seu lado.
- À escola - ele respondeu - eu tinha que ver. Eu tinha que saber.
Ouvimos uma das tábua pregadas cair e começamos a recuar.
- Aonde vamos? - Gabriel perguntou.
Nesse momento, um caminhão de bombeiros surgiu do meio da mata e estacionou na porta da igreja, trancando-a.
Era Abraham e o grupo que havia partido com ele.
- Ei - eu disse ao ver Glenn e ele me olhou, vindo em minha direção - o que aconteceu?
- Não existe cura - ele disse, fazendo uma careta - Eugene mentiu.
Fiz uma careta também e ele deu um sorriso de lado.
Maggie me abraçou em seguida.
- Tudo bem? - ela perguntou.
- Sim - respondi - tudo bem.
Sorri para Tara e cumprimentei Abraham e Rosita com um leve aceno com a cabeça.
- Vocês voltaram - Michonne disse.
- É - Glenn confirmou - Eugene mentiu. Ele não pode ajudar - vi a felicidade no rosto de Michonne mudar para frustração - Washington não é a solução. Onde está todo mundo?
Michonne sorriu e andou até Maggie.
- Beth está viva - Michonne disse - ela está em um hospital em Atlanta. Algumas pessoas a pegaram, mas eles vão trazê-la.
- Sabe qual? - Maggie perguntou começando a chorar.
- Memorial Grady - Michonne respondeu.
Maggie levou as mãos à cabeça e Glenn a abraçou.
- Ah, meu Deus - ela disse com um sorriso no rosto.
Sorri ao ver os dois e Tara disse:
- Vamos embora daqui. Salvar sua irmã.
Entramos no caminhão e eu vi Eugene desacordado.
- O que aconteceu com ele? - perguntei.
- Abraham deu um soco nele - Maggie respondeu e eu me aproximei, verificando seus sinais vitais para ver se não havia nenhuma complicação grave.
- Ele vai ficar bem - falei e me sentei ao lado de Carl.
- É uma pena - Abraham disse me olhando pelo retrovisor.
��
Chegamos ao hospital e eu desci do caminhão. Caminhamos na direção da entrada do hospital. Eu estava mais atrás, com Tara.
- Você encontrou ele? - ela disse para mim.
- Daryl? - perguntei e ela assentiu - sim, e ele foi embora de novo.
- Ele está no hospital?
- Está - falei e ela sorriu.
Sorri de volta e continuei caminhando. Passamos por um portão e eu segurei meu rifle, apontando para o hospital, assim como os outros. Nos aproximamos mais e Glenn matou um zumbi. Vi Rick sair pela porta e balançar a cabeça. Em seguida vieram Sasha, Tyresse, que ajudava Carol, e Daryl.
Maggie derrubou sua arma no chão.
- Não! - Maggie gritou e caiu no chão, aos prantos.
Glenn foi até ela e eu senti um frio no estômago.
- Ah, meu Deus - sussurrei e levei a mão ao meu peito, sentindo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto ao perceber o motivo do desespero dela.
Daryl chorava enquanto trazia Beth em seus braços.
Morta.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.