História Um novo mundo, um novo começo - Acomodando

Um homem nos encarava ao lado do portão e eu semicerrei os olhos, encarando-o também.

- Está tudo bem - Aaron disse - vamos entrando, pessoal.

Entramos pelo portão e Daryl se aproximou, andando praticamente colado à mim. Ouvimos o portão se fechar e eu me virei para fitar as grades, procurando algum jeito fácil de escapar pulando o muro caso fosse preciso.

- Antes de darmos mais um passo - o cara que abriu o portão começou a dizer e eu olhei-o - precisam deixar as armas. Pra ficar, precisam deixar as armas.

- Não sabemos se queremos ficar - Rick respondeu, rispidamente.

- Não esquenta, Nicholas - Aaron disse.

- Se fôssemos usá-las, já estaríamos usando - Rick comentou.

- Que eles falem primeiro com Deanna - Nicholas disse.

- Quem é Deanna? - Abraham questionou.

- Ela sabe tudo que querem saber sobre esse lugar - Aaron respondeu calmamente - Rick, por que você não começa?

Rick se virou e disse:

- Sasha.

Ela se virou e matou um zumbi com um tiro.

Em seguida, o segundo portão foi fechado.

- Ainda bem que estamos aqui - Rick concluiu e voltou a caminhar.

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Enquanto Rick conversava com Deanna, eu fiquei parada de braços cruzados encarando a porta. Eu não me sentia totalmente à vontade ali, por mais que parecesse uma comunidade normal e “segura”. Ouvi risadas ao longe e percebi duas crianças brincando, correndo uma atrás da outra, despreocupadas, como se o mundo não estivesse arruinado por trás do muro que as cercavam. Deixamos todas as nossas armas e seguimos até a frente da casa de Deanna. Depois que Rick conversou com ela, foi a vez de Glenn, Maggie, Sasha, Carol e, depois, eu.

Entrei na casa segui na direção da porta que Aaron indicou. A decoração era perfeitamente adequada, ocupando todos os espaços da sala harmonicamente. Abri a porta e notei uma mulher mais velha sentada em um sofá com um sorriso amigável no rosto. Haviam livros, muitos livros em prateleiras pela sala toda. Ela me indicou uma poltrona em sua frente e eu me sentei, encarando-a desconfiadamente.

- Olá - ela disse - sou Deanna Monroe.

- Brooke Walsh - respondi sem tirar os olhos dela.

- Tudo bem se eu filmar essa conversa?

- Faça como quiser - respondi.

- Há quanto tempo está lá fora?

- Desde que as pessoas começaram a voltar dos mortos - respondi e olhei para a parede atrás dela, onde tinha um grande quadro.

- Como se encontraram? Já se conheciam antes ou…

- Não - falei - eu estava andando sozinha e encontrei Rick. Eu trabalhava no hospital em que ele estava em coma. Ele era o melhor amigo do meu irmão - suspirei e balancei a cabeça - eu só conhecia ele.

- Eu era congressista. Ohio, 15º distrito. E você?

- Eu era cirurgiã - falei.

- Você disse que tinha um irmão - ela disse e eu assenti - onde ele está?

- Morto.

- E sua família?

- Lá fora - falei e encarei-a - então, viveram todo esse tempo atrás desses muros como se o apocalipse nunca tivesse chegado aqui?

- É seguro - ela disse - e nós…

- Vocês querem que nós nos junte à vocês porque você sabe que nenhum sobrevivente daqui sabe sequer ao menos segurar uma arma?

- Em termos.

- Querem seguranças? - falei e me levantei - não me surpreende - segui até a porta e saí da casa.

- Como foi? - Daryl perguntou e eu parei na frente dele.

- Sua vez, Daryl - Aaron disse.

- Descubra você mesmo - respondi e Daryl entrou na casa.

Depois que todos nós fomos “entrevistados”, Aaron nos indicou duas casas disponíveis que seriam para o nosso grupo. Enquanto os outros sobreviventes exploravam Alexandria, eu segui até uma das casas, correndo na direção do banheiro. Tirei todas as minhas roupas apressadamente e entrei debaixo da água gelada do chuveiro, fechando meus olhos ao sentir o toque fresco da água limpa. Olhei para o lado e vi shampoo e condicionador, o que me fez sorrir, afinal fazia um bom tempo que eu não via nada daquilo. Ensaboei meu cabelo e me encostei na parede, deixando a água escorrer para o ralo levando as espumas feitas pelo shampoo. Depois que terminei meu banho, enrolei uma toalha em meu cabelo e outra em meu corpo, indo em direção ao guarda roupa, onde encontrei uma regata roxa e uma calça jeans preta, as quais eu vesti e, em seguida, coloquei minhas botas novamente. Andei em direção ao banheiro novamente e olhei-me no espelho, percebendo o quanto minha pele havia escurecido devido ao sol. Abri o armário e achei uma tesoura, a qual utilizei para cortar o meu cabelo, deixando-o um pouco abaixo do ombro. Peguei duas mechas do meu cabelo e prendi atrás da cabeça, bagunçando um pouco os fios para que ficassem mais soltos. Suspirei e desci as escadas, encontrando Daryl sentado na varanda, limpando a crossbow.

- Já vi que achou um chuveiro - ele disse olhando-me rapidamente.

- Você devia experimentar - eu respondi sentando-me ao lado dele - é maravilhoso - encostei minha cabeça em seu ombro enquanto observava ele meticulosamente.

- Ficar com cheiro de flores é maravilhoso?

Eu ia respondê-lo sarcasticamente, mas vi Rick sair de dentro da casa com Judith em seu colo. Ele havia feito a barba e cortado o cabelo. Carol e Carl saíram logo em seguida.

- Pode ir - Rick disse - mas não demore.

Carl assentiu e desceu as escadas, andando na direção da rua, olhando para todos os lados. Vi ele entrar na segunda casa destinada ao nosso grupo e Carol seguiu-o.

Levantei-me e desci as escadas.

- Onde você vai? - ouvi Daryl perguntar.

- Dar uma olhada em volta da casa - respondi.

- Vamos com você - Rick disse, levando Judith para dentro de casa e voltando em seguida.

Eu, Rick e Daryl caminhamos em volta da casa, procurando qualquer possível falha na construção ou no muro. Assim que circundamos a casa, encontramos Carol.

- São próximas uma da outra, mas… - ela disse, referindo-se às casas.

- Tiraram nossas armas e nos dividiram - Rick disse, colocando as mãos na cintura.

- É - falei, cruzando os braços.

- Vamos passar a noite na mesma casa - Rick decidiu e nós assentimos.

Rick e Carol voltaram para a casa e eu encarei Daryl.

- Nós podíamos dar uma volta por aqui - sugeri.

- Tudo bem - ele respondeu e passou o braço pelo meu ombro. Abracei sua cintura e começamos a andar lentamente pelas ruas. Era praticamente uma cidade normal. As pessoas conversavam na varanda de suas casas enquanto as crianças se distraíam brincando no jardim. Tudo parecia um grande sonho.