História Um novo mundo, um novo começo - Together

Dias haviam se passado e hoje eu fui chamada para ajudar a cuidar de uma moradora de Alexandria que estava tendo convulsões. Passei o dia fazendo o possível com os medicamentos que sobraram depois da vinda dos Salvadores e administrando as doses para que a moradora se estabilizasse. 

Já eram mais que 3h da tarde quando eu vi as pessoas que estavam na casa começarem a olhar impacientes pela janela. 

- O que foi? - perguntei. 

- Negan está aqui. 

- Certo - falei - ela não terá mais convulsões mas eu quero que você dê um comprimido desse a cada quatro horas - entreguei o frasco ao morador - durante um dia. Fiquem aqui. 

 Abri a porta e andei na direção da pequena aglomeração de pessoas na rua. Negan estava jogando sinuca com Spencer em uma mesa que foi colocada no meio da rua. Andei até Carl e Olivia que estavam na varanda da casa em que eu morava, parando ao lado de Olivia enquanto observava os “jogadores” conversando.

- Sabe, estive pensando, Spencer - Negan começou a dizer - pensando em como Rick ameaçou me matar e como ele me odeia. Mas ele está lá fora agora, juntando coisas para garantir que eu não machuque as boas pessoas que moram aqui. Ele está engolindo seu ódio e sendo produtivo. Isso requer coragem - ele deu uma tacada e eu ouvi o barulho das bolas na mesa batendo uma nas outras - e daí tem você. O cara que esperou que o Rick saísse para vir falar comigo escondido para eu fazer o seu trabalho sujo e ficar com o lugar do Rick. Então, tenho de perguntar, se quer tomar o controle, por que não mata o Rick e toma o controle? 

- O quê? - Spencer disse - não. Eu não… 

- Sabe o que eu estou pensando? Porque eu tenho um palpite - Negan se aproximou de Spencer e sussurrou algo, enfiando uma faca nele em seguida. Prendi minha respiração e um frio percorreu minha espinha. Negan puxou a faca, abrindo um corte na barriga de Spencer, fazendo com que suas vísceras caíssem de seu corpo. Fiz uma careta e fechei minhas mãos com força - que constrangedor. Ali está. Estava dentro de você o tempo todo. Você tinha estômago. Nunca estive tão errado em toda minha vida! - ele gritou e me olhou rapidamente, ainda sorrindo. Ele pegou Lucille e voltou a falar - alguém deveria vir aqui e limpar essa bagunça. Ah - ele disse apontando Lucille para os moradores - alguém quer terminar o jogo? Vamos. Ninguém? Ninguém? Qual é. Eu estava ganhando. 

 Nisso, eu vi Rosita sacar uma arma, atirando contra Negan. Arregalei meus olhos e fiquei pasma ao perceber que, por ironia do destino, a bala acertou Lucille.

- Merda! - Negan gritou - mas que merda? Merda! - a mesma mulher que me imobilizou no dia em que Negan matou dois dos nossos amigos derrubou Rosita, prendendo-a no chão - tentou me matar? Atirou em Lucille! - ele gritava e eu percebi que estávamos ferrados. 

- Ela ficou no caminho - Rosita respondeu. 

- O que é isto? - Negan perguntou pegando parte da bala no chão - o que é isto? Isto foi feito do zero? Veja só as marcas. Isto foi feito em casa. Você pode ser burra, querida, mas mostrou que tem engenhosidade. Arat, ponha a faca na cara da garota - e Arat assim fez - a linda superfície lisinha da Lucille nunca mais será a mesma, por que a sua cara deveria? - ele gritou e eu engoli em seco - a menos, a menos que me diga quem fez isto. 

- Fui eu - ela respondeu - eu fabriquei. 

- Veja, agora acho que está mentindo. E vai mentir pra mim agora? Que peninha. Arat vai ter que cortar esse rostinho bonito. Mas uma vez… 

- Fui eu - ela respondeu e levantou seu rosto, fazendo um corte com a faca que Arat segurava. 

- Você é durona - Negan disse em meio ao riso - beleza. Como quiser. Arat. Mate alguém.

- Não! - Rosita gritou - fui eu. Não!

 Vi Arat sacar a arma e apontar na minha direção, atirando. Instintivamente eu me abaixei e vi Olivia cair no chão. O tiro havia acertado seu rosto. 

Levei as mãos até minha boca e olhei para Arat, que me encarava de volta, e então eu percebi que na verdade o alvo não era Olivia. Carl me olhou e se levantou, voltando a encarar Negan. Eu senti minhas mãos tremendo e então fechei-as, olhando para Negan. Carl segurou meu braço e eu olhei-o, vendo que o garoto tentava de alguma forma passar algum conforto.

- Tínhamos um acordo - Rick chegou, carregando o Aaron e deixando-o com Eric. 

- Rick! - Negan gritou - vejam, pessoal, é o Rick! Seu pessoal está me deixando rouco de tanto gritar. Rick, que tal dizer “obrigado”? Veja, sei que começamos este relacionamento comigo arrebentando seus amigos, e por causa disso nunca vamos ficar por aí fazendo tranças um no outro, nem compartilhando nossos segredos, mas que tal algum crédito? Me esforcei ao máximo para mostrar que sou razoável. Seu filho - ele apontou para Carl - ele se escondeu em um dos meus caminhões e metralhou vários dos meus homens - eu olhei para Carl, surpresa, e ele desviou do meu olhar - e eu o trouxe para casa são e salvo e, até fiz espaguete para ele. 

"E o outro - ele apontou para o corpo de Spencer - ele queria que eu matasse você e o pusesse no comando. Eu o matei para você. E a outra - ele apontou para Rosita - ela atirou em Lucille, tentando me matar, então eu lhe dei uma boca a menos para sustentar. E olhando para ela - ele apontou para Olivia - aquela boca era boa de garfo. Pessoalmente, eu não a teria escolhido, mas Arat… sei lá. Ela não confiava nela - semicerrei meus olhos e encarei Arat."

- Suas coisas estão te esperando no portão - Rick disse - vá. 

- Com certeza, Rick. Depois que eu achar a pessoa que fabricou esta bala. Arat - ele disse e ela apontou a arma para mim. Recuei um passo e prendi minha respiração, sentindo Carl puxando-me para trás. 

- Fui eu! - Tara gritou. 

- Não - Eugene disse em meio ao choro - não foi. Fui eu. Apenas eu.

- Você? - Negan perguntou, parando em frente à ele.

- Precisei de um cartucho usado, uma prensa para recarga, pólvora, um funil para pólvora…. 

- Quieto - ele se distanciou dele e ergueu Lucille - Lucille, me dê forças. Vou levar seu fabricante de munição, Rick. Isso e tudo o que deixou no portão para mim. E seja o que for que tenha conseguido, não é o bastante, porque a sua situação continua muito feia depois de hoje. Vamos embora! - ele gritou. 

- Não! Por favor, leve só eu! - Rosita gritava enquanto levavam Eugene. 

 Negan saiu dali e eu passei a mão pelo meu rosto, encostando-me na parede. 

 💢 

 Na manhã seguinte, fomos à Hilltop. Rick estava decidido a acabar com os Salvadores e queria a ajuda dessa comunidade para combatê-los. Chegamos lá e eu entrei logo atrás do grupo. Avistei Sasha e ela veio até mim, abraçando-me.

- Tudo bem? - ela perguntou com um sorriso no rosto e eu assenti.

- Sim - respondi e ela bateu em meu braço, suspirando. 

Depois, vi Maggie e fui até ela, envolvendo-a em um abraço forte. 

- Como você está? - perguntei.

- Tudo bem - ela disse, sorrindo.

- E o bebê?

- Ele está bem.

- Isso é ótimo - eu disse e ela assentiu ainda sorrindo. 

- Brooke - ela disse segurando meu ombro - eu posso dizer que tem alguém aqui que você gostaria de ver.

 Ela me girou e eu olhei na direção que ela indicava, avistando uma figura que não me era desconhecida. Estreitei meus olhos e levantei a mão para tapar o sol que batia em minha face. Senti meu coração dar um pulo quando reconheci quem era.

- Ah, meu Deus - falei e olhei para Maggie. Ela sorriu ainda mais e me empurrou levemente - ah, meu Deus - comecei a andar na direção dele, sem ter certeza se era um sonho ou se aquilo estava realmente acontecendo. Vi ele se soltar de Rick e olhar na minha direção - ah, meu Deus - repeti ao vê-lo vindo em minha direção e senti as lágrimas começando a atrapalhar minha visão. Acelerei meus passos e comecei a correr em sua direção, jogando-me em seus braços. 

Senti seus braços em volta de mim e eu o puxei para mais perto, enterrando meus dedos em seu cabelo.

- Daryl - sussurrei e ele me apertou ainda mais. 

- Eu senti sua falta - ele sussurrou em meu ouvido e eu senti o toque de seus lábios  em meu pescoço.

Passei meus braços em volta de seu corpo e ele  beijou minha cabeça, afagando minhas costas. Fechei meus olhos e sorri, agradecendo por poder abraçá-lo novamente. Soltei-me dele e segurei seu rosto em minhas mãos. 

Ele parecia abatido, cansado e aquele olhar ameaçador típico dele agora era quase imperceptível. Analisei cada traço de seu rosto e ele sorriu levemente, fechando os olhos. 

- Eu não consigo acreditar que você está aqui - sussurrei e ele abriu os olhos.

- Mas estou - ele respondeu - e é onde eu sempre vou estar.

 Sorri de canto e ele me abraçou novamente, beijando meu pescoço. Ele me soltou, entrelaçando sua mão na minha e andamos lado a lado com o resto do grupo em direção à casa principal de Hilltop, onde Rick começaria a arquitetar seu plano contra os Salvadores.