Brooke POV
Eu já havia parado de chorar e agora, eu apenas continuava abraçada à Daryl. Ele me segurava forte perto de si e deslizava sua mão lentamente de baixo para cima em minhas costas. Eu me afastei dele e olhei em seus olhos. Ele deu um breve sorriso e colocou a mão em meu rosto.
- Preciso tomar banho - falei e minha voz saiu mais baixo do que eu esperava.
Ele assentiu e eu me desprendi dele, andando até o banheiro. Tirei todas as minhas roupas e entrei debaixo da água morna do chuveiro. Fechei meus olhos e me encostei na parede, sentindo a água caindo sobre o meu corpo.
Eu estava exausta, ao extremo. Meu corpo doía e eu me sentia péssima, como se houvessem arrancado o restinho de dignidade que me restava. Eu tinha a sensação de que minha garganta se fecharia à qualquer instante e eu iria agonizar até a morte sem conseguir respirar. Eu sentia como se de repente alguém fosse arrombar a porta e entrar, certeiro em acabar com minha vida. Eu não me sentia segura. Nem aqui, nem em lugar nenhum.
Eu havia ficado um longo tempo embaixo do chuveiro e já havia anoitecido quando eu finalmente tive coragem de sair dali. Vesti um shorts de malha e uma jaqueta de moletom bem folgada por cima de uma regata. Coloquei meias e saí do banheiro, andando até o quarto, onde Daryl me esperava sentado na cama com uma caixa ao seu lado. Subi na cama e me sentei em frente à ele, olhando-o.
- Eu posso dar um jeito nisso - ele disse apontando para a minha mão e eu percebi que ele falava dos machucados em meu pulso. Suspirei e puxei as mangas da jaqueta, expondo os pequenos cortes derivados da força que eu precisei fazer para me livrar das cordas.
Ele pegou uma faixa e enrolou em meu pulso, repetindo isso também no outro braço. Depois, ele deixou a caixa na cômoda e voltou a se sentar em frente à mim, encarando-me.
- O que aconteceu com você? - ele sussurrou e eu não respondi, afinal, nós dois sabíamos que aquela era uma pergunta retórica.
Eu me virei e deitei minha cabeça sobre a perna dele, agarrando sua mão enquanto ele afagava levemente meu cabelo.
⧪
Uma semana havia se passado e agora, eu estava observando Tara e Rosita treinarem alguns moradores de Alexandria. Elas haviam construído um suporte onde colocaram algumas garrafas e faziam com que os moradores atirassem para derrubá-las.
- Oi - ouvi alguém dizer e eu me virei vendo Carl parado.
- Olá - falei dando espaço para que ele se sentasse nos degraus da varanda ao meu lado - como vai?
- Bem - ele disse e eu voltei a olhar para Tara - sabe - ele voltou a dizer depois de um tempo - nós costumávamos passar mais tempo junto.
Ouvi ele dizer e me virei, tentando me lembrar dele e eu nesse mundo, mas eu nada mais recordava do que a época em que eu o via com Rick, quando o mesmo estava indo trabalhar com Shane.
- Eu… o que houve com você? - falei, referindo-me ao seu olho.
- Eu fui atingido - ele disse olhando para o chão - você me salvou.
Flashback on
- Por favor - Rick disse - salve-o.
- Vou fazer o meu melhor - respondi e comecei a estancar o sangue que saía do ferimento.
- Você tem que salvá-lo. É sua obrigação! - ele gritou e eu olhei-o.
[...]
- Ei - uma mulher loira disse e colocou a mão em minhas costas - você conseguiu. Ele vai ficar bem.
Flashback off
- Eu me lembro - falei e olhei para ele.
Ele deu um sorriso de canto e olhou para o horizonte.
- Sinto muito por não passar muito tempo com você - sussurrei e ele balançou a cabeça.
- Você estava ocupada - ele disse - nós estávamos. Foram muitas coisas ao mesmo tempo.
- Tudo bem - eu disse e coloquei a mão em seu ombro.
- Preciso ajudar Gabriel em umas coisas - ele disse e se levantou - te vejo depois.
Assenti e vi ele se distanciando.
Levantei-me e segui até meu quarto, sentando-me na janela, onde eu conseguia ver o pôr-do-sol por completo.
- Achei você - Daryl disse e andou até mim.
- Por que estão treinando as pessoas? - perguntei e ele olhou na direção do sol.
- Nós estamos esperando por uma guerra.
- Uma guerra?
- Quando Glenn e Abraham morreram, nós ficamos submissos aos Salvadores. Até que um dia nós revidamos. Foi quando você foi machucada. Agora é certo que eles vão revidar, mas nós não sabemos quando. Por isso precisamos ficar o mais forte possível.
Não respondi e me virei, sentando-me na janela com as pernas para dentro do quarto. Daryl parou na minha frente e colocou suas mãos nas minhas pernas. Eu segurei seus braços e olhei-o.
- Nós temos chance?
- Temos - ele respondeu e dei um sorriso de canto - você quer conversar?
- Sobre o quê?
- Sobre o que aconteceu quando você foi levada.
- E porque eu iria querer conversar sobre isso?
- Porque você fica fugindo de todo mundo e fitando o nada durante todo o dia.
Fiz uma careta e olhei para sua mão em minha perna.
- Eu tenho o direito de não querer conversar sobre isso.
- Eu sei - ele respondeu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha - mas quando você se sentir bem para falar sobre isso, eu vou estar aqui.
Eu sorri entrelacei suas mãos nas minhas, suspirando.
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