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História Um pouco mais perto - Prólogo


Escrita por: Heydearvick

Notas do Autor


Toda história tem um começo.
Alguns bons, alguns ruins, alguns de quem nem nos lembramos mais.
No caso da Sora, ela se lembra muito bem. De cada detalhe. Na verdade, ela preferiria ter esquecido, mas certas coisas na nossa vida permanecem em nossa mente apenas para nos lembrarmos de onde viemos e que isso é algo que nunca irá mudar dentro de nós.
Tudo começou mais ou menos assim...

Capítulo 1 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction Um pouco mais perto - Prólogo

HÁ  10 ANOS ATRÁS...

“Vamos, Sora, estamos quase chegando!”, meu pai fala enquanto segura minha mão e me puxa delicadamente, me fazendo segui-lo mesmo estando um pouco cansada.

“Estou indo, papai! Eu... Estou logo atrás de você!”, eu respondo, um pouco ofegante graças à longa caminhada, mas sem nenhuma vontade de parar.

“Só mais alguns metros e logo estaremos no rio. Está ansiosa?”, ele pergunta, me levantando do chão, colocando-me em seus ombros. Sempre que ele fazia isso, eu me sentia nas nuvens. Meu pai era muito alto, eu, apenas uma criança. Essa era apenas uma das coisas que eu mais amava nele. Ele sempre conseguia me fazer sentir no topo do mundo, e não estou apenas falando de altura. Ele sempre conseguia me fazer sentir especial. Única. Infinita.

Durante grande parte da minha infância vivi em uma casa à margem de uma pequena cidadela ao norte do país. Éramos sempre nós três, juntos em todos os momentos: Eu, meu pai, Jang Hongki, e minha mãe, Jang Haneul. Cada lembrança boa que tenho dessa época foi me dada devido a eles.

Perto de onde vivíamos havia uma floresta onde costumávamos ir sempre que a rotina não parecia ser mais o suficiente.  Dependendo da época, podíamos ver muitas pessoas por lá quando nos aventurávamos em desbravá-la. A floresta mais bela, porém também um pouco sombria. Muito útil para caça no inverno, um berço para sonhos no verão. Pelo menos, era assim que costumava ser.

“Muito ansiosa!”, eu respondo, levantando minhas mãos e pés tentando mostrá-lo o quanto estou animada, “será que existem flores perto do rio?”.

“Claro que sim! Iremos colher várias para enfeitar a nossa casa até o fim da primavera, o que acha? A mamãe iria adorar”, ele diz e, em resposta, eu grito em comemoração.

A floresta permanece silenciosa e calma por onde passamos. O inverno havia ido embora não fazia muito tempo, logo tudo ali parecia incrivelmente novo. As folhas das árvores que, após um inverno frio e devastador, começavam a renascer; a grama verde e brilhante que se estendia diante de nós e por entre as árvores como um tapete; o sol que há muito tempo eu não via agora parecia me abraçar com a sua luz. Tudo estava perfeito e tendia a permanecer assim.

Enquanto meu pai anda me apoiando em seus ombros, eu toco as folhas dos galhos acima de mim, sentindo delas um frescor indescritível. Por muito tempo permaneço vigiando tudo ao meu redor, todas as maravilhas que meus poucos anos de vida haviam me dado, quando, entre algumas árvores ao longe eu avisto uma borboleta azul passar.

Durante a minha infância eu amava borboletas. Sempre acreditei que, na verdade, elas seriam fadas disfarçadas, e sempre que via uma delas, eu tentava fazê-las falar.

“Papai! Papai! Eu vi uma borboleta! Eu vi uma borboleta!”, eu grito, tentando sair do seu ombro para ir atrás dela o mais rápido possível.

“Calma, querida! Devagar!”, ele fala enquanto tenta me tirar lentamente de cima de si e me colocar no chão. Assim que os meus sapatinhos pisam na grama, eu começo a correr com medo de perder de vista aquela borboleta azul. “Sora! Não corra tão rápido!”, ele grita, mas eu não paro. Apenas corro o quanto posso.

“Sora!”, eu o escuto repetir enquanto corre atrás de mim. Isso me faz lembrar quando brincamos de pega-pega no jardim de casa. Amamos brincar juntos no jardim. Todos os dias eu esperava ansiosamente o meu pai chegar do trabalho para que pudéssemos brincar. Mamãe também brincava conosco. Éramos uma família feliz. A melhor que eu poderia ter. Eu sorrio com a lembrança e, agora, tudo o que eu quero é alcançar ainda mais velocidade e fazê-lo correr atrás de mim como sempre fazemos. Agora sem nenhuma lembrança da borboleta que eu tanto desejava, tudo o que eu quero é apenas brincar um pouco com ele.

Correr pela floresta por algum motivo parecia uma ótima ideia.

“Você não consegue me pegar, papai! Eu sou a menina mais rápida do mundo!”, eu grito enquanto corro, olhando para trás me certificando de que ele está me seguindo.

Por um breve momento, ele para de correr, me observando com olhos brilhantes, orgulhosos talvez. Eu paro de correr bruscamente, respirando ofegantemente enquanto o observo também, esperando a sua reação.

“Ainda é difícil acreditar que você cresceu tanto em tão pouco tempo”, ele começa a dizer enquanto se aproxima, em um tom nostálgico, “tudo passou tão rápido. E não vai demorar nada até você se tornar uma grande moça adulta e forte”.

“Não quero me tornar adulta, papai”, eu respondo, vendo um sorriso bobo surgindo em seus lábios e me aproximando também, “se eu pudesse parar no tempo, eu gostaria de ser criança para sempre. Imagina só se pudéssemos viver assim para sempre, não seria incrível?”.

Ele se ajoelha, fazendo a sua cabeça ficar à altura da minha, e coloca uma das suas mãos na minha bochecha, observando cada detalhe do meu rosto, que por acaso havia muito mais traços dele do que da minha mãe. "Seria sim, minha princesinha. Seria sim”, ele fala em um sussurro. Eu dou a ele um sorriso e ele me retribui. Tentando fazê-lo sorrir mais, eu abraço o seu pescoço, meus braços pequenos apertando-o com toda a força. “Mesmo quando crescer, eu ainda quero ser a sua princesa”. “Você sempre será a minha princesa, Sora”. Ele me abraça, me cobrindo como em um casulo, me trazendo toda a segurança do mundo. Não sei se ele sabia, mas sempre que ele fazia isso, eu me sentia mais forte. Eu me sentia invencível.

“Bom, mas enquanto você ainda não cresce”, ele diz assim que nos afastamos um do outro, “acho que ouvi você dizer que eu não consigo lhe pegar. Isso é uma afronta contra mim!”. Eu solto um grito fino antes de voltar a correr novamente e, dessa vez, meu pai me segue, gritando vários “eu vou lhe pegar, senhorita Jang! Não tente fugir”. Eu não olho mais para trás, sei que ele está me seguindo. Tudo o que eu faço é correr com um sorriso de orelha a orelha em meu rosto.

“Não tente fugir, Sora! Eu vou lhe pegar”. Eu continuo correndo e gargalhando a cada vez que ele fala. A floresta parecendo sorrir para mim, me mostrando toda a sua beleza como se desejasse que eu nunca a esquecesse.

“Sora, vá mais devagar!”. Eu finjo que não estou o escutando e não diminuo a velocidade.

“Sora, cuidado!”. Ele está tentando falar mais baixo, mas por mais que isso tivesse me feito correr mais devagar, ele não consegue me alcançar. Isso talvez tivesse me assustado, mas eu era ingênua demais. Só queria continuar sorrindo.

“SORA, PARE! AGORA!”. Eu não estou mais sorrindo.

Paro de correr. Não sei o porquê de meu pai ter gritado, ou o porquê de sua voz parecer tão desesperada quando fala essas três palavras, mas quando olho para trás e não o encontro, o desespero antes emitido pela sua voz agora passa para mim e se espalha por todo o meu corpo. Principalmente porque onde o meu pai deveria estar, há um lobo exibindo dentes afiados me encarando em posição de ataque.

“Papai?”, eu falo baixinho, enquanto encaro o lobo, guardando cada detalhe dos seus olhos famintos e da sua expressão feroz.

Não era comum ver lobos nessa época do ano. Normalmente eles apareciam no inverno, motivo pelo qual os caçadores se atreviam a entrar na floresta especialmente naquela estação. Claramente, para aquele lobo que me encarava, o inverno ainda não havia acabado. E, em segundos, a primavera que eu tanto amava havia se tornado inverno para mim.

“Papai, eu estou com medo”. O lobo dá um passo em minha direção, e isso me faz institivamente dar um passo para trás. Eu nunca havia visto um deles antes, mas eu sabia o que monstros eram capazes de fazer. Eu já havia os vistos em meus pesadelos. Não queria ver isto também na vida real.

“Ele quer me pegar, papai. Me tire daqui, por favor”. Ele abre ainda mais a sua boca, mostrando ainda mais os dentes que desejam penetrar a minha pele. Consigo ouvi-lo rugir. Eu não quero que ele me alcance, mas sinto que ele irá. Eu não sou a menina mais rápida do mundo. Minhas fantasias não irão me salvar agora.

O lobo vem mais para perto. Eu tento dar mais um passo para trás, mas as minhas costas batem no tronco de uma árvore e eu permaneço estagnada.

Eu quero ir para casa.

Eu quero ir para casa.

Um pouco mais perto. Meu corpo está tremendo. Minha respiração se torna pesada e ao mesmo tempo fraca.

Eu só quero ir para casa.

Mais perto. Meus olhos se enchem de lágrimas. Eu quero o meu pai. Quero me sentir segura de novo.

Só... Para... Casa.

E então, o lobo pula em minha direção.

Eu grito o mais alto que posso e me encolho indo de encontro ao chão enquanto fecho os olhos despreparada para a dor que estou prestes a sentir.

Mas ela não vem.

Eu não me movo. Espero ela vir. Espero os dentes afiados cortarem a minha pele.

Mas nada toca em mim.

Ainda de olhos fechados, eu ouço os barulhos. Ouço a grama e as folhas do chão sendo espalhadas e pisadas. Ouço o rugido ainda mais ameaçador daquele que deveria ter me matado. E eu o ouço gritar. “Fuja, Sora! Corra!”, eu escuto o meu pai exclamar desesperado e apavorado. Ao abrir os olhos, eu o vejo prostrado sobre o lobo, tentando segurá-lo enquanto este se debate e tenta atacá-lo.

“Sora, eu preciso que você se vire e corra o mais rápido que puder. Por favor”, ele fala suspirando pesadamente. O lobo consegue atingi-lo com uma pata e arranhá-lo no braço, mas ele apenas fecha os olhos e o aperta mais forte, talvez tentando esconder a dor que realmente sente.

“Mas e o senhor, papai?”, eu pergunto, ingênua como costumava ser, “você não vem comigo?”.

“Eu estarei bem atrás de você, minha princesa”, responde, “não se preocupe comigo. Eu estarei com você”. Seus olhos começam a se encher de lágrimas. Eu não consigo dizer nada. Eu não sei o que fazer.

O lobo consegue atingi-lo mais uma vez, e dessa vez, meu pai não consegue esconder tão bem o quanto dói. O lobo o acerta várias vezes, e isso o deixa fraco, o deixa frágil. Ainda assim, meu pai luta com todas as forças, mas sinto que não é o suficiente.

“Papai...”, eu tento dizer, buscando uma forma de ajudar. Meu pai está sofrendo, eu preciso fazer alguma coisa. Mas eu não consigo.

É nesse momento que, por descuido, o lobo consegue ficar completamente livre de meu pai. E, em segundos de liberdade, como em câmera lenta, eu vejo perfeitamente quando o lobo, rugindo, se vira para o meu pai cheio de ódio e, com seus dentes afiados, o morde no braço. Meu pai solta um urro de dor e eu vejo o sangue cair, marcando a grama e as folhas.

“PAPAI”, eu grito em completo desespero. As lágrimas começam a jorrar em meus olhos. Eu posso sentir sua dor. Eu sei o que isso causará.

“SORA, CORRA”, ele grita, tentando se defender das investidas do animal, que agora parece nem mais me perceber, “POR FAVOR, SORA. É TUDO O QUE EU LHE PEÇO. FUJA”.

E é isso o que eu faço.

Meus pés parecem não mais obedecerem ao meu controle. Tudo o que eu faço é fugir. Eu não enxergo muito bem para onde estou indo - as lágrimas embaçam meus olhos. Tudo o que enxergo são sombras e formas desfocadas. Ao fundo, eu ainda escuto os rugidos e os gritos de meu pai. Mesmo não desejando, eu olho para trás. Algo que, agora, eu desejaria nunca ter feito.

Eu vejo o meu pai tentando esmurrar aquele monstro com o seu braço ensanguentado. Eu vejo o lobo atacá-lo no abdômen com toda a força que tem. Meu pai grita. Eu grito.

E então, mesmo embaçado, eu o vejo cair.

E, para ele, esse é o fim.

E eu ainda estou correndo. Gritando, chorando, desejando morrer em seu lugar. Desejando parar ali naquele momento e deixar ser pega por qualquer coisa que deseje me atacar.

Mas meus pés não me obedecem. Eles o obedecem.

E eu continuo correndo.

Sem forças.

Porém ainda lutando.

E em meu coração, sua voz me mostra as entrelinhas de suas últimas palavras.

“Eu estarei com você, Sora. Eu sempre estarei com você”.

“Você sempre será minha princesa. Sempre”.

 

Corri...

Corri...

Corri.


Notas Finais


Não tenho muita certeza do que irá acontecer daqui em diante com a história, mas espero descobrir *risos*.
Gostou? Não gostou? Nos diga o que achou.
O que vem a seguir? Vamos ver...


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