História Um Presente Indesejado - Vkook/Taekook - Arrumando a bagunça.

— TaeTae! Acorda! — Sinto minha bochecha sendo cutucada e abro os olhos minimamente vendo Jungkook ao meu lado. — Bom dia! — Inesperadamente ele joga todo o seu peso em cima de mim me abraçando e eu solto um grunhido de dor, meu corpo estava doendo pra caralho.

— Bom dia, você tá bem? — O cheiro dele estava mais fraco porém ainda podia ser sentido, será que os sete dias acabaram? Se minhas contas não estivessem erradas, felizmente — ou infelizmente — o cio dele acabaria exatamente hoje.

— Estou… só me sinto dolorido, cansado e com fome. Faz o meu café? — Ele apoia o queixo em meu peito e me lança um olhar pidão.

É, realmente o cio acabou. Como eu posso deduzir isso tão facilmente? Bem, se ele ainda estivesse no cio ele não iria me acordar com um simples bom dia, eu iria ser acordado com ele me tocando de um jeito nada casto e pedindo loucamente para que eu o fodesse com força.

— Como eu posso ir fazer o café se você está me impedindo de levantar?! — Resmungo sentindo tudo doer por conta do peso dele em mim.

— Mas aqui está tããão macio… — O cio acabou, mas pelo jeito esse dengo todo não vai ir embora tão cedo.

— Não tenho o super poder de me transformar em dois, Kookie. Anda, levanta. — Dou um tapa leve em seu bumbum.

— Ai, hyung! Meu popô está doendo!

— Por que será né, Jungkook?! Por que será?! — Tento me sentar na cama com ele ainda em cima de mim mas quase não tenho forças para realizar tal ato. — Caralho… — Fico surpreso sobre o quão quebrado eu estava.

Eu acordei completamente acabado, todos os músculos existentes em meu corpo estavam doloridos gritando urgentemente por uma massagem, fora as marcas de arranhões e mordidas à mostra. Ele não estava tão diferente de mim — talvez um pouco, ou muito pior — pois seu corpo estava repleto de chupões roxos e mordidas por todo o pescoço, abdômen e coxas, marcas dos meus dedos em suas nádegas e alguns arranhões nas costas. Eu havia feito um belo, ou não tão belo assim, "estrago" nele.

— Você tá bem mesmo? — Pergunto preocupado, e se ele me odiar por ter sido o responsável que fez todas essas marcas horrendas?

— Sim, hyung. Está tudo ótimo. Mas por que esse desespero todo?

— Desculpa, Kookie! — Abraço ele fortemente sentindo um sentimento de culpa. — Mil perdões! E-Eu não devia ter te deixado assim… — Eu deveria ter me controlado mais, mas o que eu poderia fazer se ele só se sentia satisfeito assim?

— A-Assim como? — Ele estava perdido por conta do meu abraço desesperado e se afasta me olhando com um semblante confuso.

— E-Eu te deixei cheio de marcas… Você deve estar se sentindo horrível… Me perdoa!

— Ah, você está falando desses roxinhos bonitinhos aqui? — Ele aponta para um dos chupões acima do seu umbigo. — Eu não me importo! Eu gostei porque foi você que fez. Isso significa que eu sou só seu, não é? Eu também te deixei todo marcadinho porque você é só meu!

— Sim, meu amor… Eu sou seu e você é só meu… — Abraço ele novamente e afago seus cabelos, só que de um jeito mais calmo do que da outra vez. — Mas mesmo assim, o que você fez em mim não chega nem aos pés de como eu te deixei… Sério, me perdoa, eu não vou mais fazer isso com você. Prometo!

— Não se preocupa, TaeTae. Como eu já disse antes, eu não me importo. Se você nunca mais me marcar ai sim eu vou ficar bravo! Eu me sinto uma obra de arte!

— Como assim uma obra de arte? — Ri, como alguns chupões elevam o ego de alguém dessa forma?

— Por que eu sou tipo uma tela em branco, e você é o pintor que me coloriu do jeito que quis, com roxinhos e vermelhinhos! Eu sou a melhor obra de arte do TaeTae, não sou?!

— Você não existe mesmo, né?! — É incrível como ele transforma as coisas simples em algo tão grandioso e empolgante. — Sim, bebê… Você é a minha obra de arte! — Beijo o topo de sua cabeça.

— Tá chega de enrolar, faça o meu café que eu estou morrendo de fome!

— Se você fizer a gentileza de sair de cima das minhas pernas eu agradeço...

— Só vou sair porque meu popô doi muito quando fico sentado. Traga meu achocolatado e meu pão com queijo quando terminar, vou comer aqui mesmo. — Ele sai de cima de mim e deita de bruços na cama.

— Eu virei seu mordomo, agora?

— Virou! E anda logo!

— Aish, folgado! — Com muito sacrifício consigo ficar de pé, sério, a situação estava muito tensa.

Quando me abaixei para pegar minhas roupas senti que minhas pernas iriam fraquejar a qualquer instante e que teria que andar rastejando pro resto da minha vida.

— Nossa TaeTae, você está parecendo um vovô de oitenta anos. — Ele ria da minha desgraça.

— Vai me dizer que não está se sentindo dolorido também? — Termino de me vestir e até estranhei um pouco o tecido, fazia um bom tempo que não me vestia com uma calça e com uma camiseta, no máximo uma cueca e mais nada.

— Estou, por isso não pretendo sair daqui tão cedo.

— Vista alguma roupa, pelo menos. Não quero que fique resfriado com essa bundinha virada pra lua. — Seu pompom balançava rapidamente acima do seu bumbum branquinho e marcado por meus medos. Pego suas roupas que também estavam largadas no chão e jogo em cima dele.

— Como é que eu vou estar com o bumbum virado pra lua se está de dia?! Meu bumbum está virado para o sol mas ele nem está olhando porque eu estou dentro de casa. — Respondeu despreocupadamente.

— Você diz cada coisa… — Desisto de tentar dialogar com aquela criatura e vou à passos lentos e doloridos até a cozinha.

Meu Deus aquilo estava uma zona, quando foi que eu deixei essa cozinha tão imunda assim? Acho que um lixão está mais limpo que isso aqui.

Tinha uma pilha enorme de pratos sujos na pia, copinhos de macarrão instantâneo vazios e alguns pela metade em cima da mesa, caixas e embalagens de comida congelada e saquinhos de salgadinhos na bancada.

Minha alimentação durante essa semana estava horrível, não tinha tempo para cozinhar e comer algo descente. Sobrevivi a base de miojo, basicamente.

Não foi só a minha alimentação e a cozinha que ficaram em um estado crítico, a casa toda precisava de uma faxina das grandes. O Snow teve carta branca para cagar e mijar por toda a casa e isso foi se acumulando com o passar dos dias, mesmo que eu tivesse alguns minutinhos para limpar nunca era o suficiente para deixar tudo em ordem por completo.

Me enganei quando pensei que iria poder descansar depois desses sete dias turbulentos. O problema maior é que amanhã minhas aulas voltam e as únicas horas restantes que eu tinha para poder relaxar na verdade seriam usadas para arrumar a casa, ou seja, vou voltar só o pó para a faculdade.

Resolvi deixar a arrumação para depois, tinha que preparar o café para um coelhinho que não é nada amigável quando está com fome.

(…)

— TaeTae, agora que estamos alimentados o que acha de jogar um pouco comigo?

— Nem vai dar, preciso trocar os lençóis da cama e botar na máquina, tirar o lixo da cozinha e lavar a louça, lavar o banheiro e limpar o chão da casa toda porque o seu filhinho querido fez a gentileza de metralhar xixi e cocô pra todo lado.

— Poxa, como ela chegou a esse ponto?!

— Que eu saiba as coisas não se arrumam sozinhas então as coisas foram se acumulando.

— A casa está tão suja assim…? — Ele murmurou desanimado.

— Você nem imagina o quanto, tem até porra seca grudada na mesa da cozinha. — Ele faz uma cara estranha como se estivesse tentando entender a situação.

— O que é porr-

— ENFIM, eu realmente preciso limpar a casa e os joguinhos terão que esperar. Você pode jogar sozinho se quiser, ou melhor ainda, me ajudar a arrumar a casa e deixar o vídeo game pra depois.

— Nem pensar, eu mal consigo ficar de pé e você acha que eu irei me levantar daqui?! Eu só quero ficar deitado aqui até que o meu corpinho pare de doer.

— E você acha que o meu não está doendo?! Mesmo assim eu estou aqui tendo a força de vontade de deixar essa casa um brinco. Se eu fosse deixar de fazer as coisas por preguiça eu não sairia mais dessa cama. Mas e aí? Será que posso contar com a ajuda do serzinho mais fofinho do meu coração?! — Pergunto com a esperança de que ele fosse dizer um sim.

— O que você acha? — Ele apenas levanta uma das sobrancelhas e me olha como se eu já soubesse a resposta.

— Tuuudo bem. Entendi. — Já deveria ter me conformado que esse menino me faz de gato e sapato a muito tempo e que no fim eu sou sempre o seu empregadinho que realiza todos os seus caprichos.

— Taehyungie você é um péssimo dono de casa, sabia? Deixou tudo sujo... que decepção.

— Você fala isso mas a culpa é parcialmente sua também! Se o senhor não estivesse com sede de rola por uma semana eu não teria deixado a casa tão imunda assim.

— Hein? Sede de rola? Que eu saiba eu só sinto sede por água, suco, refri-

— Nem sei porquê ainda tento conversar com você, é melhor eu ir logo antes que o cachorro deixe mais alguns presentinhos nada legais por aí.

— Espera! Me explica essa sede de-

— Tchau, Jungkook. Tchau. — Fecho a porta deixando ele falar sozinho.

— Bom, agora eu tenho muito trabalho pela frente... — Fiquei bem perdido pois não sabia por onde começar, mas analisando melhor as coisas deveria começar pela cozinha onde a catástrofe se encontrava em maior quantidade.

— Ah não, Snow! Não estou acreditando que você cagou em cima da cadeira! Como tu subiu aí?! Você só me dá desgosto... — Estou realmente cogitando a ideia de jogar essa maquina de bosta pela janela. — Maldito dia em que eu concordei em ter um cachorro aqui. Vaza daqui! Vai brincar lá fora. — Tiro ele de cima da cadeira da cozinha e o levo até a varanda. — Fica quietinho aqui e se comporta, seu demônio. — Dei as costas para ele rezando internamente para que ele se comportasse.

Tenho certeza que minhas preces serão em vão pois esse cachorro não me obedece nunca.

Só de olhar o estado daquela cozinha a única coisa que eu sentia vontade era de sentar no chão e chorar em posição fetal. Mas não podia fazer isso, daqui a pouco eu me perderia em meio à tanta sujeira.

Peguei meu celular e coloquei na playlist de músicas animadas que eu costumo ouvir quando estou fazendo algo chato, principalmente quando vou arrumar a casa. Me sinto como se estivesse fazendo uma performance e faz com que esse tipo de tafera chata fique um pouco mais divertido.

— Roly poly roly roly poly, nal mireonaedo nan dasi, negero dagagaseo. Roly poly roly roly poly, naman boilkkeoya, neoege nareul boyeo julkkeoya… — Começo cantar e a tirar o lixo da cozinha animadamente com a minha música favorita do T-ara.

Terminei de jogar tudo fora e fui até a pia lavar a montanha de pratos sujos.

Quando a música havia acabado, uma outra música estava sendo tocada e meu Deus! Essa é a música que eu mais estava ouvindo durante esse mês. KKPP da MiSo. Eu ouvia tanto que até sabia a coreografia perfeitamente.

Tive que me controlar para não dançar e molhar o cômodo ou quebrar algum prato. Estava indo tudo muito bem até chegar a parte do refrão…

— kkilkkippappa love it, love it, love it, love it, hey~ let the party rock, kkilkkippappa love it, love it, love it, love it, who dat who dat, who dat who dat! — Levanto os braços para cima e sigo a coreografia animadamente enquanto ria de mim mesmo por tamanha idiotice.

Paro de palhaçada e volto a me concentrar em lavar a louça.

Depois de ter lavado, secado e de ter guardado tudo em seu devido lugar vou até a mesa passar um pano com água e sabão.

No instante em que comecei a limpar, meu celular muda a música para Ko Ko Bop do EXO e prestando atenção na letra foi impossível não lembrar dos momentos em que eu e o Jungkook passamos juntos esses dias e acabo soltando um riso fraco.

Como eu havia dito antes, essa semana foi muito prazerosa porém muito cansativa pois o Kookie não é uma pessoa que fica satisfeita facilmente e isso acarretou em muito sexo pela casa toda. Mal tinha tempo pra comer e vez ou outra dava algumas fugas, assaltando a geladeira enquanto ele estava dormindo. Muitas das vezes eu tinha que interromper o lanche por ele vir correndo se esfregar em mim. Eu também dormia muito mal, se eu dormisse por quatro horas era um milagre. Pensei que iria me transformar em um zumbi.

Pelo em raso conhecimento que eu tenho sobre os cios eu devo imaginar que isso aconteça todo mês e como minhas férias acabam hoje terei que ter um estoque bem grande de remédios, se eu for ter que transar tão intensamente assim todo mês eu irei ficar sem pau, e não é isso que eu quero.

O chão da cozinha não estava tão sujo quanto o resto da casa — a julgar que só tinha um pouquinho de xixi do pulguento do Snow no pé da geladeira — então limpei rapidamente.

— Ah, quase ia me esquecendo disso aqui… — Encaro o monte de cocô em cima da cadeira de jantar. — Me perdoe mãezinha, mas eu não irei por as mãos nisso aqui. — Felizmente a cadeira tinha uma capa para proteger o estofado então apenas removi e joguei no lixo. — Bom, pelo menos agora ela irá comprar uma estampa menos cafona.

— TAEHYUNG! VOCÊ JÁ ACABOU?! EU QUERO JOGAR COM VOCÊ! — Ouço os gritos impacientes de Jungkook no segundo andar.

— AINDA NÃO! — Respondo no mesmo tom. — Aish, esse menino não consegue ficar sem mim por um segundo sequer!

Parando para pensar… Como é que ele irá ficar quando eu voltar para a faculdade?

Eu e e ele precisamos resolver isso mais tarde quando meu turno de doméstica acabar…

(…)

— Pronto Jungkookie, agora nós podemos jogar. — Saio do banheiro secando meus cabelos com uma toalha. Ele estava todo emburradinho e impaciente.

— Finalmente! Só que acabou o salgadinho, eu acabei comendo tudo porque você demorou demais pra voltar.

— Não tem problema, o controle iria ficar todo engordurado. — Subo na cama me acomodando ao seu lado. — Já escolheu o jogo?

— Sim, Overwatch! — Sem perder tempo ele se acomoda entre as minhas pernas.

— Antes de começarmos a partida eu queria ter uma conversinha com você... — Digo enquanto selecionava com qual dos personagens iria jogar.

— Sobre o quê?

— Você sabe que eu estou de férias, não sabe? — Vejo ele concordar com a cabeça, mesmo estando de costas pra mim. — E você sabe que em algum momento eu terei que retomar com as aulas, certo? — Ele concorda novamente. — Então... Esse momento chegou, terei que voltar para a faculdade amanhã.

— O QUÊ?! — Ele vira seu corpo ficando de frente pra mim em uma velocidade que eu imaginava não ser possível. — AH NÃO, HYUNG!

— Kookie, entenda, eu preciso estudar e ser alguém na vida! Não posso viver as custas dos meus pais o tempo todo!

— Mas hyung... Eu não quero ficar sozinho! — Um biquinho birrento é moldado em seus lábios. — Eu não quero que você vá!

— Meu amor, eu preciso voltar pra faculdade... Eu não posso faltar… — Tento convencê-lo fazendo uma voz doce.

— Não, hyung! Não, não e não! Você não vai ir e ponto.

— Você só vai precisar ficar sozinho por uma semana, na semana que vem os meus pais voltam de viagem...

— Eu. Não. Quero. Ficar. Sozinho! — Falou pausadamente mantendo firme sua decisão.

— Mas Kookie, eu irei deixar sua comida pronta e-

— LA LA LA LA LA LA, NÃO ESTOU OUVINDO NADA! LA LA LA LA LA LA! — Cantarolou enquanto tapava os ouvidos e fechava os olhos.

Pelo jeito não vai ser nada fácil convencer essa criatura cheia de carência e necessidade de atenção à ficar algumas horinhas sozinho...

Aliás, quando é que Jungkook é fácil? Nunca.

Jungkook e fácil não combinam na mesma frase.

Que Deus me ajude nesse problema, amém.