1. Spirit Fanfics >
  2. Um primeiro amor >
  3. Segredos

História Um primeiro amor - Segredos


Escrita por: Andyeah

Notas do Autor


WOW, eu jurava que esse cap. não sairia hoje. Comecei a escrever as 22 horas e agora são... Vamos ver o relógio... 3:12 DA MADRUGADA???
Wow.. Bom, valeu a pena, eu acho. Espero agradar :D Logo tem mais gente. ^^ Não fiquem bravos se eu demorar aqui, preciso terminar minha outra fic "Creek" antes que a galera de lá me mate. xD

Capítulo 2 - Segredos


Outra manhã se inicia fria e desagradável como sempre. Me levanto animado, visto que combinei de ir mais cedo e a pé com o Stan hoje, para evitar o Cartman. O próprio Stan insistiu que eu aceitasse, para não me ver irritado com o nazista de merda. Tomo um banho apressado, engulo na pressa um caneco de cereal e a campainha toca no ultimo gole. Até agora tudo perfeito. Pego a mochila, sinalizo com a mão pra minha mãe, que ainda está descendo as escadas, e saio para encontrar Stan... Que está acompanhado de Wendy.

Após uma longa caminhada fingindo estar animado com os assuntos irritantes de Wendy e disfarçar as provocações de Stan, chegamos ao colégio. O sol hoje não é visível, se escondendo atrás de nuvens carregadas que tornam tudo escuro e gelado.  Me separo do casal e corro para a sala, tentando me livrar da visão que me tortura sem querer. É realmente doloroso pra mim ver ambos juntos, mesmo que estejam apenas conversando. Topo com Kenny, mas o evito temendo que Cartman esteja junto. Cumprimento com a mão e passo reto, ignorando seja lá o que ele estivesse falando através da touca apertada que usa mesmo depois de tanto tempo.

A aula não demora a começar, com o senhor Garrison trazendo panfletos e revistas sobre eventos sociais dos mais variados. Apenas outra desculpa para que ele adentro o assunto da homossexualidade e seus preconceitos. Olho em volta e percebo que todos ali se resumem a tédio ou conversa paralela, toda a sala hoje parece determinada a ignorar o senhor Garrison. Eu não sou uma exceção, já que as duas primeiras aulas se resumem apenas a introdução ao assunto da maneira mais pessoal possivel. Lá fora a neve começa a cair, como se não estivesse frio o suficiente aqui dentro. O dia havia começado tão mal, e com a tempestade que aparentava vir, terminaria pior do que começou. Me viro para trás, procurando Stan para conversar, mas desanimo de novo vendo que ele está sentado no fundo junto com Wendy e Bebe. Antes que ele me veja, volto a me virar e encarar o nada debruçado em meus braços.

- K-Kyle? - Me levanto no susto, a voz manhosa e tímida vem do meu lado, junto a um leve puxão na minha blusa. Vejo Butters, com um papel na mão sem jeito, oferecendo para eu pegar. – P-Pra você...

- Eu? - Ele apenas acena com a cabeça e ajeita o corpo, voltando a se sentar normalmente na cadeira temendo que o professor veja o bilhete que me foi entregue. Ele olha para baixo, ajeita o caderno e volta a me olhar timidamente, por baixo. O jeito de Butters sempre foi tão tímido e fofo, eu teria me apaixonado por ele se não fosse tão próximo de Stan.

- Mandaram eu te entregar. – Ele fala dando sinal para eu fazer silêncio, e olha para o senhor Garrison, que estava entretido em outra de suas palestras pessoais sobre sua sexualidade. – Lê depois.

A ultima fala soa como um pedido de um favor importante, tamanho o medo de ter problemas. Butters não havia mudado neste sentido, permanecia o mesmo garoto medroso sobre problemas e castigos. Me pergunto se seus pais ainda o pressionam da mesma maneira, o castigando por tudo sem motivo algum. Me volto agora para o papel, que está dobrado em no mínimo seis partes. Levanto a mão e peço para ir ao banheiro, o professor apenas afirma com a cabeça e saio. Butters pareceu feliz com minha ação, e eu também. Não gosto de matar aula, mas não me sinto sequer minimamente bem para ficar na sala ouvindo a ladainha do professor e vendo o Stan com as garotas. Então opto por ficar até o recreio trancado no banheiro ao menos até eu me sentir menos sufocado com toda essa manhã ruim.

Adentro finalmente o banheiro masculino e me tranco na ultima cabine, sentando na tampa fechada da privada e desdobrando apressado o bilhete. Estava curioso, já que Butters é sempre tão fechado e quieto, um bilhete seu deveria ter no mínimo algo importante. Ele se tornou alguém mais tímido e fechado com o tempo, se resumindo a jogar no seu portátil e assistir a aula em silêncio. Abro o papel e fico ainda mais confuso, lendo o conteúdo do bilhete.

 

“Eu e Kenny tamos namorano judeuzinho. Quando ce vai tacar o fodase pro balofo e chega no Stan?”

Pensei por alguns instantes olhando para o bilhete amassado nas mãos, tentando entender o que diabos havia acabado de acontecer. Meu coração disparou incontrolavelmente, enquanto minha mente já girava a mil processando cada detalhe em busca de uma explicação detalhada. Apertei o bilhete com força o amassando ainda mais. Respirei fundo e tentei me acalmar, pensando na relação disso tudo.

- Você é lento ein Kyle – Outro susto, este me fez gritar involuntariamente e pular na privada. O que fez o dono da voz rir alto.

- KENNY?! – Reconheço pelas botas que vejo por baixo da porta.

- Estou interrompendo algo?

Me levanto e abro a porta apressado, dando de cara com ele perto da pia. Escondo o bilhete no bolso, procurando a torneira para lavar o rosto e disfarçar a vermelhidão que com certeza estava presente no meu rosto. A água fez a pele doer, ao que fez Kenny rir alto.

- O que estava fazendo?

- N-Nada. – Gaguejei sem jeito, pegando toalhas de papel no desespero para enxugar o rosto e sai dali, fugindo do assunto.

- Nada? O que era aquele bilhete? – Ele havia visto, meu desespero aumentou. Claro, esta seria uma hora perfeita para questionar se era mesmo verdade... Mas e se fosse mentira? Afinal, por que Butters mentiria? – É um bilhetinho romântico de amor vindo da sua alma gêmea?

Ele fazia gestos dramáticos enquanto falava, tentando me provocar. De certa forma fico feliz em ver que Kenny foi um dos poucos que não mudou com o tempo. Continua brincalhão e sarcástico, além de inerte na maioria das brigas que eu tinha com Cartman. Talvez fosse inerte em todas as brigas que acontecia perto dele. Olhei para ele, reparando em seu sorriso malicioso e toquei o fodase total na situação.

- É, um bilhete de amor. Do SEU amor. – Quando me dei conta, já havia falado e o encarava sério esperando uma resposta. Ele apenas riu novamente, encostando na parede e puxando um cigarro do bolso.

- Achei que tentaria esconder e perguntar direto pro Butt depois... Seria divertido ver ele lidar com isso.

- Então foi obra sua? – Perguntei, agora com o bilhete na mão novamente. Ele afirmou com a cabeça e ofereceu um cigarro pra mim, que neguei logo.

- O que me entregou?

- Fora sua abordagem vinda do além aqui no banheiro?

- Eu não queria vir, mas o Butt me implorou com uns olhinhos tão pidões. Ele parecia estar com medo de você ficar bravo com ele... – Ele tragava sem pressa, agora perto da janela mais alta, olhando para mim sem tirar por um minuto o maldito sorriso confiante da boca – Eu desafiei ele ate dar o bilhete, prometendo que ajudaria você com um problema. O pobrezinho sequer leu o conteúdo.

- Você é um monstro – Falo rindo, me sentando na pia interditada de frente para ele. – Apesar de que os erros graves de português entregaram também, o Butters sabe ler.

Rimos por um tempo sobre isso, enquanto eu relia o bilhete. Olhei para ele, que parecia esperar eu falar mais algo.

- Cê não acha que te mandei este bilhete só pra anunciar meu namoro co Butters né?

- Não, você quis bancar o Cartman e me chamar de gay também. Idiota.

- Kyle, vai mesmo negar isso até pra mim? Eu te conheço cara... Nós nos conhecemos.

- Não o suficiente – Falei tentando desviar o assunto. Queria perguntar por que ele achava que eu gostava do Stan, entender onde eu havia errado em esconder meus sentimentos. Mas não havia brecha para fazer isso sem me entregar de vez. Ele tinha calma na voz, enquanto eu já estava claramente irritado. – Não achei que você estaria com o Butters. E porque “Butt”?

- Ah o apelido? É uma abreviação... E também, eu amo a bunda dele. -A gargalhada dele dessa vez veio ainda mais alta e com tosses roucas. Ele indicava ter começado a fumar bem cedo, devido à garganta que pigarreava sempre. – Kyle, eu nunca te zoei e não vou começar agora. Também não quero ajudar alguém irritadinho como você, se prefere ficar por conta, problema seu. Mas se quiser conversar, ainda somos amigos pra isso...

Sua ultima fala é a única que vem sem o sorriso malicioso e confiante de sempre. Pela primeira vez em anos consegui ver seriedade no rosto do Kenny. Consegui ver uma confiança passada através do olhar que os orbes azuis me ofereciam. Ele apagou o cigarro e jogou pela janela, ajeitando a jaqueta laranja e destrancando a porta do banheiro. Antes de sair, ouço uma ultima frase vinda dele, agora com a voz novamente abafada devido a touca tapando sua boca. Ele sai e me deixa ali sozinho, pensando... Tanto no bilhete quanto no namoro dele com o Butters. Me senti diferente sabendo que um amigo tão próximo está namorando um garoto. É algo estranho de ver o Stan com a Wendy. Não me magoava nem irritava, só me causava esse sentimento estranho que gerava pensamentos. Talvez fosse mera inveja.

Passado algum tempo ouvi o sinal bater para o recreio, lavei novamente o rosto para anestesiar o rosto e afastar a melancolia que talvez me fizesse chorar saindo dali. Ajeitei a roupa e a porta se abriu com três alunos entrando aos gritos junto com toda a bagunça do intervalo. Sai de lá e me dirigi até o refeitório, ainda com a frase final do Kenny sobrevoando minha cabeça. Mas este pensamento se vai assim que avisto uma cena que eu realmente não queria ver; Stan e Wendy se beijando.  


Notas Finais


Pra quem não manja de inglês e não entendeu a piada do Kenny sobre a bunda do Butters: Butt em inglês é bunda. xD


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...