– EI! – eu pulei da cama.
– Ah é você – falei olhando desanimada para Castiel.
– O que quer dizer com "Ah é você"? – ele perguntou e eu me sentei na cama.
– É que já é normal você me acordar.
– Vem logo. Lysandre já vai sair e só falta você.
– Pra onde? – falei brincando.
– Garota, você dá trabalho – ele me pegou em seus braços e me levou para a caminhonete.
– Vocês demoraram – Rosalya disse.
– A anã aqui ficou enrolando – olhei para Castiel com raiva.
– Já falei para não me chamar assim.
– Eu te chamo como eu quiser.
– Me solta agora.
– Ta bom – ele me soltou e eu caí de costas no chão. Me levantei e bati minhas roupas.
– O que deu em você?
– Só fiz o que você me pediu.
– Ah claro. Esqueci que estou noiva de um animal.
– Ta bom. Vai xingar mais?
– Que se dane também – subi na traseira da caminhonete e me acomodei no canto sozinha.
– Não vai ficar aqui atrás, Castiel? – Rosalya perguntou.
– Pra que? – eu estava começando a me irritar com ele.
– Talvez porque sua namorada está aqui.
– Eu não quero.
– Da pra parar com a palhaçada – falei.
– Eu que comecei com isso?
– Sim!
– Que seja, eu vou lá na frente.
– Da pra parar de palhaçada – falei.
– Ta bom, Fernanda.
– Parou a TPM?
– Vai se... – ele engoliu o palavrão.
– O que você quer?
– Nada.
– Eu te conheço, Castiel. Quando tu fica irritado é porque quer alguma coisa.
– EU JÁ DISSE NÃO É NADA.
– EU JÁ FALEI PARA NÃO GRITAR COMIGO SEM MOTIVO. AGORA SOBE LOGO AQUI QUE TU VAI ME OUVIR.
– Vocês não preferem adiar um pouco a viagem? – Lysandre perguntou.
– Acho que é melhor – Rosalya falou.
– Viu o que você fez? – falei – Agora tu vem comigo – desci da caminhonete e puxei Castiel até bem longe da caminhonete. Uma distância que o pessoal não conseguisse ouvir e nem ver direito.
– Já parou seu teatro?
– Qual o seu problema, Castiel? De um dia por outro você fica assim.
– Não se meta na minha vida.
– EU ME METO SE VOCÊ GRITAR COMIGO – gritei e ele ficou em silêncio.
– Escuta. Isso é meio idiota, mas a gente não para de brigar há umas 3 semanas e isso está me incomodando.
– Estou ouvindo.
– Acho que é meio errado um namoro onde nós dois brigamos toda hora.
– Mas é normal pra gente.
– Não, Fernanda. Brigar não é normal. Eu não gosto de brigar com você.
– Eu só faço isso porque é o único jeito que eu tenho de responder seus insultos.
– Foi mal. É que eu acho que ainda estou preso àqueles dias que nós brigávamos todos os dias.
– Antes de namorarmos?
– Sim.
– Você supera, eu sei.
– Eu espero.
– Podemos ir agora?
– Mais uma coisa.
– O que? – ele se inclinou na minha direção e ficou a alguns centímetros do meu rosto – Você não se cansa disso, não é?
– Eu deveria me cansar?
– Não – segurei uma parte da blusa dele e a puxei em um gesto para que ele se aproximasse mais. Nos beijamos igual um casal de idiotas apaixonados. Dessa vez sem aquela mão boba dele. Era bom – Cassy.
– O que?
– Eu te amo – ele corou e eu comecei a rir.
– Por que diz uma coisa dessas agora?
– Porque eu não preciso ter hora – ele se calou e eu sorri.
– Eu também... te amo – ele finalmente respondeu.
– Eu já sabia disso – segurei uma das mãos dele e a apertei de leve – Vamos logo – voltamos para caminhonete e subimos sem falar mais nada.
Me acomodei nos braços de Castiel e Lysandre começou a dirigir. Fiquei um tempo jogando no meu celular até começar a sentir Castiel me apertando. Olhei para trás e ele estava olhando a estrada.
– O que foi? – perguntei.
– Nada. Só tive vontade de te apertar.
– Você sabe se ainda vai demorar muito?
– Provavelmente mais algumas horas.
– Tudo bem. Não importa – falei.
Ficamos em silêncio olhando a paisagem e sentindo aquele ar fresco em nossos rostos. Castiel mexia em meu cabelo com cuidado. Percebi que os outros estavam dormindo. Menos Lysandre, claro.
– Lysandre. Já quer que eu vá aí? – Castiel gritou.
– Não precisa.
– Cassy, eles estão dormindo – sussurrei.
– Certo, certo.
– Vem aqui – falei.
– O que foi? – eu me apoiei no torso dele e beijei a bochecha dele – O que você quer?
– Nada.
– Não faça esse tipo de coisa sem avisar.
– Por que...?
– Porque isso me faz perder o controle – ele me beijou rapidamente e sorriu.
– Ei, o que é aquilo? – falei olhando para estrada.
– É só um esquilo.
– Não é um esquilo – falei forçando minha visão.
– É um cervo?
– É – falei – Espera – olhei para Lysandre e ele estava imóvel.
– Lysandre?
– Ah meu Deus ele dormiu – falei desesperada – LYSANDRE! – gritei no ouvido dele – LYSANDRE VAI BATER – ele despertou rapidamente e desviou do cervo. Eu e Castiel suspiramos aliviados.
– Ta cara, sai daí e vai dormir – Castiel disse.
– Eu estou bem – ele falou. Coloquei a mão no ombro dele e sorri.
– Lys, deixa com ele – ele cedeu e saiu da cabine do motorista. Ele e Castiel trocaram de posição. Desci da caminhonete e entrei na cabine do motorista junto com Castiel.
Coloquei meus fones de ouvido enquanto ele dirigia a caminhonete. Acabei me empolgando demais e comecei a cantar.
– Que música é essa? Parece que está cantando em russo.
– Isso não te interessa.
– Vai fala – ele tirou uma das mãos do volante.
– Para, idiota – falei escondendo meu celular.
– Eu só queria ver – ele falou desistindo.
– Você não vai gostar – falei rindo.
– Por que? Eu gosto das mesmas coisas que você – ele pegou um lado do fone e colocou no ouvido.
– Só presta atenção na estrada, por favor.
– Sim, mamãe – ele falou me provocando.
7 horas depois
– Acordem! – gritei.
– Hã? – Valen falou se levantando.
– Já chegamos – Castiel falou.
– São que horas? – Rosalya perguntou.
– Umas oito horas – Nico disse com o cabelo todo em pé.
– Nico... – Valen falou se segurando para não rir.
– Eu sei. Pode deixar – ele falou.
– Nós já registramos os quartos. É só subirem – Castiel jogou as chaves para eles – Quarto 14, cama de casal. 16, casal e solteiro. Divirtam-se crianças – ele agarrou minha mão e me levou para dentro.
– Já quer comer? – falei pegando o telefone.
– Pode ser. Pede uma pizza aí.
– Por favor, né? – falei discando o número da cozinha do hotel. Sem resposta... – Não tem ninguém.
– Ah... Vai lá pegar – ele falou se jogando na cama – Pega o controle para mim – joguei o controle na cabeça dele e comecei a rir.
– Parece que alguém vai ter que pagar pelo controle.
– Não fui eu que taquei.
– Foi sua cabeça dura que quebrou – falei – Vou pegar MINHA pizza. Você que desça e pegue a sua.
Saí do quarto batendo a porta. Peguei o elevador e andei pelo saguão meio perdida. Eu não sabia onde era o restaurante, e por isso eu parecia uma idiota perdida.
Andei por alguns corredores e ouvi o barulho de prato caindo. Eu estava perto. Andei apressadamente na direção que o som havia vindo. Finalmente avistei aquele restaurante do hotel e acelerei o passo. Quando algum idiota apareceu na minha frente e eu caí no chão. E...
– M-me desculpe – o garoto falou com a voz trêmula. Eu ainda não havia visto o rosto dele. Ele ergueu a cabeça e era apenas o Lysandre – F-Fernanda?
– Foi mal, eu estava com pressa.
– A culpa foi minha também... Eu... – ouvi o barulho de pancada e logo vi uma bola voando. Lysandre perdeu o equilíbrio e caiu em cima de mim novamente.
'Acha que é só isso? Não... Eu sou Fernanda, acha que minha vida é normal? Tudo que você puder imaginar acontece na minha vida. Se um alienígena vier EU vou ser a abduzida. Mas voltando...'
Primeiramente, eu não entendi direito o que estava acontecendo. Eu estava imóvel, Lysandre estava imóvel. Meu corpo parecia estar apavorado e meu cérebro desligado. Depois eu percebi. A coisa mais clichê que pode acontecer na vida de alguém havia acontecido. Me diz gente. Qual a porcentagem de quando uma pessoa cair em cima de você, e por coincidência seus lábios se encostarem, e por coincidência a pessoa ser o melhor amigo do seu namorado?
Meu corpo despertou depois de alguns segundos e eu não soube o que fazer. Apenas gritamos ao mesmo tempo. Eu sabia que estávamos fazendo uma cena no meio do restaurante. Me levantei rapidamente e bati minhas roupas.
– Bom... E-eu tenho que ir – falei desesperada.
– Fernanda, eu sinto muito. Eu nunca quis que isso acontecesse.
– Acontecesse o que? – falei forçando uma risada que ficou meio bizarra.
– Eu nunca mais vou chegar perto se você se quiser – ele falou tão desesperado quanto eu.
– Por que isso? Não aconteceu nada, não é? – falei tentando me convencer – NÃO É? – eu estava enlouquecendo – ME FALA QUE A GENTE NÃO SE BEIJOU – falei colocando ele na parede.
– E-eu queria poder, mas foi só um acidente.
– Escuta. Não podemos contar para o Castiel.
– Não podem me contar o que? – Castiel falou com um pedaço de pizza na mão.
– Nada! – falei rindo.
– Você tá bem? – Castiel perguntou me olhando de um jeito estranho.
– Eu estou ótima.
– Então por que está quase quebrando o braço do Lysandre? – soltei o braço de Lysandre imediatamente.
– Por nada, vamos logo – puxei Castiel de volta para o quarto e tranquei a porta.
Aquilo não estava acontecendo comigo. Não estava. Eu não queria acreditar. Por que era sempre comigo? E por que...
– Vai me falar o que está acontecendo ou não?
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