Duas semanas depois:
As férias já haviam chegado e todos resolvemos viajar para um local litorâneo para podermos aproveitar as praias nessas duas semanas de férias. Eu como sempre havia dormido na caminhonete enquanto Lysandre dirigia, claro... eram 5 dias de viagem. Lysandre e Castiel revesariam para dirigir. Eu havia caído no sono logo no amanhecer do primeiro dia de estrada e provavelmente eu havia dormido um dia inteiro.
– Hey! – abri meus olhos e percebi que a caminhonete havia parado.
– Já chegamos? – perguntei ainda sonolenta.
– Não, mas vamos parar aqui para dormir – eu abri meus olhos e o pessoal todo já havia entrado no estabelecimento.
– Espera, isso é um motel?
– Algum problema com isso? – Rosalya perguntou irritada.
– Não... Só que... Vocês não têm medo de dormir em um hotel que está no meio do nada?
– Ah claro, vão ter espíritos lá. Vem logo, Nanda – ela me puxou para dentro do motel e a entrada parecia com um daqueles restaurantes antigos com jukebox e essas coisas.
– Quarto pra quantos? – Castiel parou para contar um por um e eu interrompi a contagem dele.
– 7.
– Não temos quartos com mais de 3 camas.
– Quais estão disponíveis? – perguntei enquanto Castiel me olhava.
– Quarto 27 e 28. 27, uma cama de casal e uma de solteiro. 28, duas camas de casal. E... Oh... Quarto 32, 4 camas de solteiro.
– O que vocês acham?
– Eu, Leigh e Lys ficamos com o 27 – Rosa pegou as chaves do quarto 27 e sumiu naquele imenso corredor.
– E vocês? – a recepcionista perguntou.
– 28 – Valen falou sem pensar duas vezes e eu olhei para Nico esperando que ele protestasse junto comigo.
– É sério? Você não se importa com isso? – perguntei meio desesperada.
– Contanto que eu tenha uma cama eu durmo até com a Ambre.
– O QUE VOCÊ DISSE? – Valen gritou furiosa, quase estourando minha audição.
– Você me ouviu.
– Então acho melhor ser o quarto de solteiro.
– Melhor ainda, não vou ter que dormir com essa coisa – Nico disse se referindo à Valen.
– Tudo bem eu durmo com a Fernanda – ela agarrou meu braço em sinal de proteste contra ele. Notei Castiel e Nico se entreolhando com nojo.
– Eu não vou dormir com ele – Castiel disse me olhando com raiva.
– Parem de brigar. Parecem dois irmãos... Nem parecem namorados – falei pegando a chave do quarto 28.
– 28? – Castiel me olhou sorrindo.
– EU NÃO VOU FICAR COM...
– VOCÊ VAI SIM – gritei de volta para a Valen, então ela finalmente calou a boca – Só entrem no quarto quando pararem de brigar. Vem Cassy.
– Mas...
– Vem! – eu puxei ele pela jaqueta.
– Ei. Vão querer algumas...
– NÃO – falei totalmente envergonhada e saí dali o mais rápido possível. Destranquei a porta do quarto e me jogar na primeira cama que eu vi na minha frente.
– Então vai ser essa? – Castiel perguntou.
– Não não, só me joguei para testar se ela aguentava meu peso.
– Idiota – ele deu um peteleco na minha testa.
– Ai!
– Vai nem doeu.
– Doeu sim, idiota.
– Ah, foi mal então.
– Só isso? – ele revirou os olhos e beijou minha testa. Corei no mesmo instante, era a última coisa que eu havia pensado que ele faria.
– Não era isso que você queria? – ele perguntou olhando pra porta.
– N-não esquece.
– Ok – Nico e Valen entraram no quarto em silêncio e simplesmente se deitaram. Ouvimos um grito e nos entreolhamos.
– O que foi isso? – Valen perguntou.
– Se eu soubesse não estaria assim – Nico respondeu grosseiramente e eu apenas ignorei a briga dos dois.
– Vem comigo – puxei Castiel junto comigo e o saguão estava vazio – Cadê o pessoal?
– Eu sei lá – ouvimos o grito de novo e sabíamos que estava vindo do quarto da Rosalya.
Ouvimos gritos e coisas sendo quebradas lá dentro. Entramos sem pensar duas vezes e Rosalya estava em cima de uma mesa gritando.
– O que está acontecendo?
– Oh, nada, era apenas uma barata – Leigh disse rindo.
– Você estava gritando por causa de uma barata?
– Ela era nojenta!
– Viemos aqui pra nada – falei decepcionada.
– Onde está o Lysandre?
– Ele não estava de sentindo muito bem, então foi dar uma volta – os três começaram a olhar para mim ao mesmo tempo.
– O que?
– O Lysandre só vai ouvir se for você.
– Ouvir o que?
– Que ele não precisa da Clarisse. Que uma hora alguém vai realmente gostar dele.
– Posso ir lá? – me virei para Castiel e esperei uma resposta.
– Claro. Faça ele voltar ao Lysandre de sempre.
– Onde ele está?
– Lá fora na caminhonete.
– Certo – falei me dirigindo rapidamente para a caminhonete.
– Espera – Castiel me puxou para dentro novamente – Eu vou te deixar sozinha, preciso dormir um pouco.
– Ok.
– Boa sorte – ele me beijou e sumiu naquele corredor escuro.
Andei lentamente até a caminhonete. O frio estava me matando, mas isso não era o que importava.
Dei a volta pela caminhonete e Lysandre não se encontrava lá. Comecei a me preocupar e resolvi procurá-lo. Óbvio que não era uma boa ideia andar de noite por uma estrada deserta, mas era isso ou nada. Me encostei em uma árvore e analisei tudo que estava à minha volta. Foi um fracasso. Lysandre com certeza estava fora do meu campo de visão.
– Saco! – me sentei ao pé da árvore e fiquei olhando as estrelas.
Eu não conseguia me acalmar, estava realmente preocupada com o Lysandre. Como o irmão dele reagiria ao saber que ele desapareceu? Era uma possibilidade.
Me levantei para checar a caminhonete de novo e ouvi folhas secas se quebrando. Logo depois um galho. E um grito.
– Você está bem?
– O que você acha? Acabei de cair de uma árvore – eu nunca havia visto ele grosso desse jeito – Perdão. Não foi minha intenção ser grosso – ele disse se sentando ao pé da árvore.
– Por que está aqui?
– Vim refletir um pouco.
– É por causa da Clarisse?
– Não só por ela – ele suspirou – Eu vejo todos vocês felizes, namorando e sempre penso se tem algo errado comigo. É meu jeito de ser? Eu sou estranho? As pessoa não me levam à sério – eu me sentei na frente dele e fiquei horrorizada ao ouvir aquelas palavras – Já me chamaram de fracassado. Eu acho que eu sou mesmo.
– Onde está o Lysandre que não se importava com as aparências? Onde está o Lysandre que era feliz do jeito que ele era? ONDE ESTÁ O LYSANDRE QUE UM DIA EU ME APAIXONEI?
– Ele não existe mais – eu estava com os olhos cheios de lágrimas – Ouça. Vá com o Castiel. Eu quero ficar sozinho.
– IDIOTA – eu dei um tapa no rosto dele por impulso – E-eu sinto muito.
– Não. Eu é que sinto muito por estar te envolvendo nisso. Por favor me esqueça, Castiel vai ficar bravo com você por minha causa novamente.
– Problema é dele. Você é meu melhor amigo. É uma das pessoas mais importantes pra mim.
– Eu não mereço tudo isso.
– EU APENAS QUERO QUE VOCÊ VOLTE AO NORMAL. VOCÊ NÃO PERCEBEU QUE TODOS LÁ DENTRO TE AMAM E QUE VOCÊ É IMPORTANTE PARA TODOS NÓS? ENQUANTO AQUELAS IDIOTAS QUE TE ABANDONARAM APENAS O USARAM COMO UM PASSATEMPO. ESQUECE CLARISSE, ESQUECE A BABACA DA HELENA. ESQUEÇA ELAS – eu respirei fundo – Só quero que volte a ser meu melhor amigo. E... Eu prometo que um dia, alguém muito especial vai te fazer feliz.
– Acha mesmo?
– Eu tenho certeza – ele ficou calado olhando o chão e logo depois de levantou.
– Melhor irmos dormir – ele me ajudou a levantar.
– Nada de pensamentos ruins.
– Claro que não – ele me abraçou de um jeito que eu quase fiquei sem ar.
– Lysandre...
– Agora não – percebi a voz trêmula dele e eu sabia. Ele estava chorando. Foram 5 minutos quase sem respirar, mas havia valido a pena.
– Ei. Pode chorar quando quiser. Afinal, não sou sua melhor amiga?
– Obrigado.
– Melhor eu ir. Castiel já deve estar.
– Claro. Boa noite.
– Boa noite, Lys – eu sorri e o deixei sozinho.
Entrei no quarto silenciosamente e retirei meus tênis. Castiel parecia já estar dormindo, então apenas me deitei ao lado dele sem fazer barulho. Fechei meus olhos para tentar dormir e senti dois braços envolvendo minha cintura.
– Você demorou muito – ele sussurrou no meu ouvido.
– Para Cassy.
– Não.
– Então faz o que quiser. Boa noite.
– Boa noite travesseiro.
– Travesseiro? – ele me apertou como se estivesse dormindo abraço com o travesseiro – Castiel!
– Está machucando?
– Não. Só...
– Cala a boca, eu estou dormindo.
– Idiota.
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