o meu desespero
é que quando acaba
você fica inteiro
e eu fico o pó
se perguntarem a Kazunari Takao se ele sabia que iria se foder no final daquilo tudo, ele vai responder que sim, que sabia. ele vai, em algum momento, quebrar em lágrimas. e tudo vai ser sua culpa, porque ele é idiota.
Takao se arrependeu do fundo da alma quando propôs a seu amigo Midorima Shintarou que ele tentasse “se descobrir” e que o ajudaria no processo. tudo bem que aquilo era só uma desculpa para poder beija-lo e tudo mais e ele não negaria aquilo. porque todo mundo sabia que é verdade.
até mesmo Aomine tentou lhe dar um aviso básico de que iria (na linguagem direta dele) “tomar no cu de uma forma bem tomada”, mas Takao foi teimoso e agora se arrependia amargamente.
“eu não acho que gosto de meninos, Takao.”
“oh” foi o som que saiu de sua boca antes de sorrir compreensivo e mentir dizendo que tinha de ir. ele tinha ido até a casa do amigo para se confessar e agora está indo embora sem se confessar e com o coração quebrado de brinde.
Takao gostava de beijar Shintarou e até se acostumou quando o esverdeado o pegava de surpresa pelos cantos do colégio ou enquanto tinham seus típicos encontros.
— não era amor, era cilada. – disse Aomine enquanto ria e batia nas costas do pequeno.
— Aomine, não seja tão idiota. – bronqueou Kagami.
— Takao-kun, eu acho que você sabia que iria se dar mal. por que insistir em algo que obviamente iria te deixar triste depois? – indagou Kuroko ressentido pelo amigo.
um silêncio se formou. estavam os quatro sentados no meio de uma quadra de basquete, eram quase duas da manhã e eles bebiam vodka que Aomine deveria ter roubado de seu pai antes de sair de casa. Takao chorou compulsivamente por uns dez minutos antes de chegarem aquela conversa por fim.
— porque gente apaixonada é foda, Tetsu. por isso. – disse Aomine simplesmente enquanto balançava a garrafa ainda cheia e via o líquido se mover dentro dela.
— você sempre fala com a maior simplicidade, seu corno.
— cala boca, ruivo de farmácia.
e Takao permitiu sorrir pois Aomine e Kagami eram uma dupla engraçada. Kuroko o abraçou novamente e ficou ali. os dois vendo Aomine derrubar Kagami no chão novamente e depois Taiga o puxar para cair também.
— você sabe, Takao, o que o Aomine-kun me disse? você tem de deixar a pessoa livre para ir ou ficar, se ela escolhe ficar então tudo bem, se quiser ir, então você persegue ela. – Takao riu brevemente e Kuroko continuou — mesmo que doa saber a resposta, você deveria se declarar.
(…)
(na visão de Midorima Shintarou
era quase três da manhã e não conseguiu pregar os olhos e vale ressaltar que teria prova de história no dia seguinte, o que o deixava apreensivo. no entanto a razão da sua insônia era uma pessoa bem mais baixa e mais irritante do que todas as provas de histórias do mundo.
e tudo isso nem era culpa de Takao e sim de Midorima. pois era um covarde.
ele não soube o que fazer com seus sentimentos para/com Takao quando descobriu que eles na verdade sempre existiram.
e saber que ele se sentia assim para/com Takao não era o que lhe causava estanhamento, era na verdade um fato bem mais sutil que aquilo tudo e talvez bem menos simplório: ele não poderia se apaixonar pela porra do seu melhor amigo.
tudo bem que eles já não tinha uma amizade muito… comum tendo em vista que viviam se beijando e trocando carícias (não vamos dizer onde).
— Kazunari Takao, você tá é muito fodido na minha mão, oh se tá.
e então passou a noite toda em claro.
na manhã seguinte Takao caminhava com cara de ressaca pelo corredor bebendo café e Midorima estava com o humor pior do que sempre (foi uma piada de seu senpai no clube de basquete), eles treinaram e jogaram uma partida amistosa contra alguns kouhais e tudo sem se falar e sem flertar um com o outro — algo que não passou desapercebido aos mais velhos ali.
e lá estavam, um ao lado do outro, no corredor. o clima estava pesado e era como se você pudesse ver uma enorme massa preta envolta de ambos.
— eu acho que a gente precisa conversar. – disseram juntos e depois se encararam com os olhos cerrados — ok. – novamente responderem juntos e então Takao começou a rir de forma escandalosa enquanto Midorima sorria discretamente.
eles foram caminhando até estarem sob uma árvore e agora estavam um de frente pro outro. os dois tensos, tremendo e envergonhados.
— pode falar primeiro, Takao.
— o-okay… – mordeu o lábio inferior e olhou para o chão — eu... meio que gosto de você.
Midorima sentiu algo no coração que ele torcia para ser infarto e respirou fundo tentando manter a compostura que nem tinha mais àquele ponto.
—… mas você gosta de garotas, né. foi o que você confirmou... e eu me aproveitei desse fato de você querer se descobrir e tudo mais. eu gostei disso porque sempre gostei de você, mas não faz mais sentido, então...
ele não terminou o que tinha de dizer porque a boca de Midorima estava sobre a sua, ele nem soube o que fazer, só ficou ali inerte esperando o amigo nem tão só amigo assim se afastar e encara-lo corado enquanto olhava para o lado.
— eu gosto de você, também. um pouco só.
Midorima Shintarou era a porra de um tsundere fofo.
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