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História Um Só Destino - Tentando Fugir


Escrita por: PJ_Redfield

Notas do Autor


Boooa tardeee, povooo \o/ \o/ \o/
Um leve deslize na demora da postagem hahahah peço desculpas, mas minha etapa final de faculdade juntamente com uma crise de doença me impediram de escrever antes...
Mas tudo bem! Tudo certo! Já estou com esse capítulo novinho para vocês *--*
E com cheirinho de amor *--*
Ah, e SIM, eu me empolguei... E SIM, poderia ter dividido em dois capítulos... Mas eu não estava a fim hahahah e achei que vocês não iam ficar tristes por isso ;-) então vão lá, mergulhem!
Espero que gostem!
Boa leitura...

Capítulo 7 - Tentando Fugir


Fanfic / Fanfiction Um Só Destino - Tentando Fugir

Apesar de eu me lembrar do que a Claire disse para eu tentar não ter pesadelos, não consegui.

Naquela noite foi o mesmo sonho regular, Adam devorando um cadáver em minha frente e eu assistindo àquilo sem poder fazer nada. Mas desta vez, teve uma diferença, pois enquanto ele o devorava, ouvi uma risada cruel de alguém que estava feliz com a cena.

Quando Adam me atacou e senti seus dentes perfurarem minha carne eu dou um salto na cama, suado, ofegante, mas já aceitando de que talvez todas as minhas noites fossem assim daqui para frente.

Vou ao chuveiro tomar um banho longo me lembrando da promessa da noite anterior, a de ir embora logo depois da casa do Chris.

Me perdoe, Claire, mas é a melhor opção... Não quero estragar o que temos.

Com uma dor na alma sei que é o melhor para nós dois e tenho que me afastar enquanto há tempo.

Saio da água e me visto indo para cozinha e ouvindo alguém bater na porta, já me fazendo esboçar um sorriso.

Que droga...

Abro a porta e ela levanta algumas sacolas que segurava nas mãos.

-- Eu trouxe café da manhã!

O sorriso espontâneo e o olhar doce já não faziam mais eu me surpreender com meu coração disparado no peito.

Ela entra e arruma tudo em cima da mesa com um sorriso nos lábios. Eu sento na cadeira a sua frente e ela coloca próximo a mim um prato com algo cheirando muito bem.

-- O que comprou?

-- Torta e empadão... Você gosta?

-- Com certeza.

Eu começo a comer o pedaço de torta e ela parte para o empadão já me entregando o copo de café. Eu sorrio em resposta, mas fico com os olhos grudados em meu prato e mesmo com a torta sendo uma delícia, eu não pensava em mais nada.

Eu tenho que ir embora...

Mas não consigo contar para ela, sei que não vai gostar. Talvez pense que já enjoei de sua companhia enquanto é justamente ao contrário... Eu quero ficar do lado dela e cada milímetro do meu corpo pede por isso.

Mas somos amigos... Só isso.

-- O que foi?

Levanto o olhar e a vejo me observar curiosa, mas com um sorriso nos lábios, tentei disfarçar.

-- Nada...

-- Teve pesadelos hoje?

-- Nenhum além do normal...

Ela ficou calada me observando acabar a torta e então me passou um pedaço de empadão que comecei a comer rindo.

-- O quê?

-- Quer me engordar, hein?

-- Ah, sim, reparei que anda meio magricelo.

Eu ri e ela me acompanhou, mas continuamos a comer calados mesmo comigo começando a rir ao ver ela se lambujar com um pedaço de sua torta e seu riso de menina me fez voltar a pensar.

E se eu ficasse mais um dia?

Não! Não, não, não... Se controle, você vai embora HOJE!

Terminei tudo e joguei os pratos de plástico no lixo a vendo seguir para o sofá e olhar para o teto pensativa.

-- Que horas é para irmos encontrar seus amigos?

-- Logo... Querem almoçar e curtir a tarde.

-- E a noite não?

-- Sim, mas temos outra coisa para de noite.

-- Tem certeza de que quer que eu vá com você?

-- Total certeza.

-- O Chris talvez não goste de me ver lá...

-- Mas convidou você também.

Ele acha que estou interessado na Claire... Se soubesse que realmente isso é verdade, eu já estaria no mínimo com um olho roxo.

Mas tem suas razões, afinal é irmã dele e seu dever é cuidar dela.

Eu faria o mesmo.

Vou até o sofá e ligo a televisão deixando que ela comande o controle remoto e assim como eu, parecia desinteressada em jornais. Parou um pouco no desenho, mas passou até chegar em uma série.

-- Ah, essa é muito legal!

-- Não sabia que tinha tempo para isso...

-- Desde que me desocuparam de minhas funções temporariamente, estou com mais tempo livre para televisão.

Eu ri com ela e ficamos assistindo e toda vez que ria eu desviava para não ficar admirando seu jeito tranquilo enquanto estávamos ali. E mesmo eu encarando a televisão fingindo assistir, eu não ria porque não ouvia as piadas, minha cabeça estava longe.

Como vou me despedir?

Qual minha desculpa para ir embora?

“Me apaixonei e vou embora antes que eu parta para cima de você e não tenha mais volta”... Isso não dá.

Tem que parar de pensar nisso, vai surtar... E indo embora a noite, é seu último dia com ela então aproveite sua amizade!

Sim, farei isso... Quando chegar a hora eu vou embora, mas quero aproveitar seu carinho e sua presença até o último momento.

Desvio de meus pensamentos e reparo que ela me observa com as sobrancelhas erguidas e um olhar curioso.

-- Você não está bem... Me conta o que está acontecendo.

-- Nada, desculpe, estou meio longe...

-- Notei.

-- Me desculpe, prometo que agora estou voltando ao normal.

Eu pisco para ela que sorri e me taca uma almofada no rosto me fazendo jogar outra nela que ri e eu a acompanho agora realmente tentando acompanhar a série.

Era engraçada. E agora comigo focado, eu ria nos mesmos momentos que ela e nossa conexão se mostrava ainda mais forte.

Quando olhei no relógio percebi que estava na hora dela se arrumar pelo tempo que demorou na última vez, então a cutuco.

-- Do jeito que demora para se arrumar, é melhor começar.

Ela me encara feio, mas dá um salto ao olhar no relógio me fazendo rir.

-- Vou me arrumar, desça lá quando estiver pronto...

Com passos apressados saiu correndo do meu apartamento e fiquei mais um tempo ali assistindo sozinho... Mas ao pensar que seria bem melhor ir assistir no apartamento dela sentindo seu perfume, vou me arrumar.

O de sempre, calça escura, jaqueta de couro e mudei a camisa para uma branca comum, sem esquecer o perfume.

Tranco o lugar e vou para a porta da Claire já batendo e ouvindo sua voz apressada do outro lado.

-- Pode abrir!

Eu abro e vou entrando sem vê-la, apenas noto a luz do quarto acesa, então vou para o sofá e ligo a televisão esperando por ela.

Coloco no mesmo canal, mas a série tinha acabado e uma de romance começado... Não gostei daquilo, tinha um casal muito feliz como protagonista e emburrei ao ver um se declarar ao outro embaixo da Torre Eiffel.

Desligo a televisão e deixo o controle de lado fechando os olhos e deixando as mãos de atrás da cabeça enquanto escuto o barulho dela andar para lá e para cá para se arrumar.

Tento não pensar na mesma coisa que antes, então reviro os olhos e levanto para pegar um copo com água. Ao enchê-lo, levo a boca, mas quase me engasgo quando a Claire sai do quarto toda arrumada e me olha sorridente.

Eu começo a tossir como um louco e ela vem na minha direção preocupada e me afasto para não cuspir nela.

-- Se acalme, Leon...

Quando volto a respirar ela ri euforicamente da minha cara e limpo minha boca voltando meus olhos nela.

Não faz isso comigo...

Ela usava uma regata branca soltinha e uma saia preta um pouco mais justa marcando o corpo perfeito que tem, me fazendo começar a suar ao tentar desviar os pensamentos inoportunos.

Com o salto alto, o cabelo graciosamente solto e um sorriso perfeito nos lábios admiro cada traço dela.

-- Você está linda demais, Claire...

-- Por isso se engasgou?

-- O quê? Não...

Menti descaradamente, eu sei... Mas se eu me entregasse, podia ser o fim do meu disfarce.

-- Bom, então... Obrigada.

-- Vamos?

-- Vamos...

Ela só pode saber o que faz comigo, porque... Para que ficar tão linda e irresistível desse jeito? Não judia de mim não...

Me contendo para não fazer uma loucura ali mesmo, aponto o caminho deixando ela passar e meus olhos sem um pingo de vergonha seguem automaticamente para seu quadril e minha mente voa com aquela visão.

Mas ao virar para mim desvio rapidamente e a sigo tentando manter meus olhos desrespeitosos longe dela.

Chegamos ao meu carro e abri a porta para ela. Quando entrei senti seu perfume doce vir em minha direção e respirei fundo tentando me controlar, mas a minha vontade era de virar para ela e...

“E” nada, Leon... Se controle!

Liguei o carro e segui o caminho que ela indicou tentando ser rápido para logo estarmos com companhia e meus pensamentos voltarem a se controlar.

Quando chegamos a um barzinho estiloso, saímos do carro e seguimos para lá comigo tentando conter meus sentidos perto dela.

Ao entrar, ela já acenou em direção uma mesa onde vi duas garotas e um cara com expressão de tédio. Quando nos aproximamos, vejo o olhar das garotas em mim e principalmente o olhar do cara nela.

Quem esse idiota pensa que é?

-- E aí, pessoal...

-- Oi, Claire! Quem é seu amigo?

-- Ah, esse é o Leon... Leon, essa é a Karen, a Leila e o Renan.

-- É um prazer. – Falo educadamente.

-- Ah, o prazer com certeza é nosso!

A tal Leila me olha parecendo extremamente sincera quando me lança um olhar de sedução e reparo que a Claire desvia dela ao sentar ao lado da outra. Sento entre ela e o tal Renan e um garçom chega perguntando o que queríamos e peço o mesmo que a Claire, só um refrigerante já que era eu quem comandava o volante hoje.

-- E aí, Claire, como andam as coisas?

-- Ah, adotei férias temporárias...

-- E seu amigo?

-- Eu também.

-- E o que veio fazer aqui, Leon? – Leila perguntou.

-- Vim visitar o irmão da Claire e resolvi ficar mais uns dias.

-- Interessante... Então pretendo ficar mais tempo?

Não...

-- Ainda não sei.

-- Devíamos marcar mais vezes, então...

Ela piscou para mim e vejo que a Claire desvia se remexendo na cadeira e bebendo um pouco do refrigerante que o garçom trouxe para nós.

-- Isso é com a Claire, é ela quem anda planejando nosso cronograma.

-- Ah, vocês... Estão...

-- Não!

Nós dois respondemos ao mesmo tempo e mesmo com nosso olhar se cruzando por um segundo, desviamos sem jeito.

-- Somos amigos...

-- Ótimo!

A alegria da garota ficou clara e a Claire desviou depois do que disse e meus pensamentos voltaram.

O que é que deu nela?

Por que está agindo assim, até parece que... Não. Não pode ser.

Tenho que ir embora de uma vez.

-- Venha, Claire, deixe os meninos se entenderem sozinhos!

Karen a puxa pela mão e Leila vai junto me jogando um olhar selvagem da cabeça aos pés e desvio notando o olhar do tal Renan ao meu lado.

Está olhando para Claire...

-- E aí, Leon... O que está rolando entre você e a ruiva?

-- Somos amigos.

-- Então não rola nada?

-- Não.

-- Então o caminho está livre?

Algo espumando subiu pelo meu pescoço em notar que ele nem ao menos me olhava e sim encarava a Claire de maneira vulgar e desprezível.

-- Na verdade...

Ele me olhou agora curioso e mesmo sem saber direito o que dizer, eu falei assim mesmo.

-- Ela está saindo com um cara.

-- Ah, sair não é nada demais...

É mesmo?

-- Pois é, mas acho que ela está meio que apaixonada.

-- Sério?

-- Sim, com certeza.

O que você está fazendo, Leon?

-- Ah, mas mesmo assim... Ela ainda não está presa e o melhor, é que dá para olhar sem cerimônias.

Mais um borbulhar me subiu e apertei meu punho em cima da mesa sentindo uma raiva tremenda de ter que ouvir um idiota falar assim da Claire.

-- Eu não a conheço muito bem, mas jamais me esqueci do corpão que ela tem... Se bem que parece ainda melhor agora.

Eu não acredito nisso...

Só pode ser uma prova de fogo para mim, não é mesmo?

É para ver se consigo me controlar ou se perco de vez a cabeça e jogo esse palhaço pela janela?

-- Ela sempre foi gostosa... E com a pinta de séria e profissional que ela tem, a torna ainda mais interessante, não acha?

-- Acho que o cara que sai com ela deve olhar outras qualidades além do “corpão” que ela tem.

-- Ah, deixe disso... Podem até fingir que não olham, mas duvido que alguém saia com ela e não aprecie as belas pernas grossas dela ou o convidativo quadril que ela tem.

Com certeza isso é uma prova de fogo...

-- Claro que não deixa de olhar, mas priorizam outras características além das físicas.

-- Não encontro nenhuma melhor para admirar.

-- Se a conhecesse, encontraria...

-- Duvido muito...

-- É, na verdade, eu também.

É claro que um escroto desse não encontraria nada na Claire além do corpo perfeitamente bem desenhado que ela tem.

-- Ela é uma delícia!

Levanto dali antes que eu parta para cima daquele cara desprezível e caminho até elas no balcão que trocam risinhos, mas me olham curiosas quando sento ao lado da tal Karen já que a Claire está entre as duas.

-- Se vocês querem ficar de conversa, me deixem sozinho, mas não com aquele animal da outra mesa, tudo bem?

-- Eu disse que eles não iam dar certo... – Claire sorriu.

-- Relaxa, Leon, o Renan é podre mesmo.

-- E são amigas dele?

-- Ele tem amigos interessantes...

-- Se forem iguais a ele, vocês não estão muito bem.

Elas riram e desviei bebendo o meu refrigerante que havia trazido junto quanto vi aquele ser se aproximar com um olhar fixo na bunda da Claire e desvio irritado.

-- Eu já vou, gatinhas... Marcamos de novo uma noite dessas, mas lá em casa para curtirmos melhor.

-- Tudo bem.

-- Tchau moças... Leon.

-- Tchau.

Depois que ele saiu me senti mais livre até notar que agora era eu e três mulheres e ri da minha situação.

-- O que foi?

-- Eu e as três mulheres...

-- Vem, vamos voltar para mesa.

Karen parecia simpática e conversava deliberadamente com a Claire, mas a Leila eu tinha que cuidar para não encará-la ou eu sabia que podia me atacar ali mesmo.

Quando sentamos, voltei a ficar ao lado da Claire, mas a tal Leila sentou ao meu lado e virou para mim com um olhar nítido de interesse.

-- Me conta sobre você...

-- Ah, não tem muito para contar.

-- No que trabalha?

-- Trabalho para o governo...

-- Interessante... É tipo segurança ou algo do tipo?

-- Algo do tipo.

-- Legal... Então você deve ter um físico de causar arrepios.

Eu ri pela cantada sem rodeios dela, mas vi que a Claire e a Karen pararam de falar e voltei a ficar sério.

-- É solteiro?

-- Sim...

-- Legal, poderíamos sair uma noite dessas... O que acha?

-- Não sei quanto tempo ficarei aqui.

-- Então saímos hoje.

-- Já tenho um compromisso.

-- E amanhã?

-- Depende do que a Claire decidir...

Ela me olhou com uma expressão brava e ao encarar a Claire vi que essa garota talvez não fosse uma “amiga” muito boa.

Mas quando aqueles olhos azuis viraram para mim, agora parecendo bravos, meu chão caiu.

-- Você decide, não quero te prender.

-- Eu sei... Mas eu só não quero mesmo.

A outra garota, a tal Karen escondeu um sorriso e senti a Leila ao meu lado desviar com seu ego machucado e voltei ao meu refrigerante.

E claro que não falou mais comigo.

Na verdade, com a desculpa de ir ao banheiro, saiu e nunca mais voltou o que deixou a mim mais feliz e a Claire também.

Agora com seu sorriso natural aparecendo, parecia alegre enquanto via que eu me dava bem com a sua amiga que apenas conversava, sem catada ou indireta inconveniente.

A tarde voou enquanto comíamos, bebíamos e conversávamos.

Depois que os dois encostos sumiram e o sorriso da Claire me fez ficar mais alegre, mas ao mesmo tempo mais frustrado em saber que minha última manhã e minha última tarde com ela já haviam terminado.

-- Temos que marcar de novo!

-- Só que sem a Leila dessa vez... – Claire resmungou.

-- E sem o Renan!

Assim que complementei, nós rimos e nos despedimos da Karen que acenou contente quando saímos.

Eu segui com a Claire até o carro, abrindo a porta e parti para o meu lado.

-- E aí, o que achou da Karen?

-- Ela parece legal...

-- Sim, ela é... A Leila é uma amiga antiga dela e vem no pacote, mas o Renan é primo, então um encosto necessário.

-- Primo?

-- Sim...

-- Nossa, e falei mal dele...

-- Tudo bem, ela o conhece melhor do que ninguém... Mas o que ele disse para te irritar?

Falou gracinhas sobre você... E eu... Eu disse que já estava comprometida, como se eu tivesse algum direito de me intrometer na sua vida.

Mas ela não precisa saber disso, não é?

-- Só bobagem... Não vale a pena falar sobre isso.

-- Tudo bem.

Liguei o carro e mesmo sentindo seu olhar em mim, dirigi sem desviar do caminho até que ouço seu sorriso.

-- Por que dispensou a Leila?

-- Porque já cansei de mulheres como ela...

-- Ela é do tipo “use e joga fora”.

-- Eu sei... Mas como disse, cansei do tipo, não vale a pena.

-- Que bom...

Eu olhei para ela, mas ela desviou e continuei a olhar para a estrada já seguindo para casa do Chris.

O caminho não era longo, mas pelo silêncio e meus pensamentos me lembrando do imbecil falando aquelas coisas e do meu jeito desesperado em manter a Claire longe dele, balanço a cabeça.

Quando chegamos, estaciono o carro e saímos indo ao prédio e a Claire me dá aquele sorriso doce dela e sinto uma pontada cruel em meu peito por saber que logo terei de me despedir dela.

Caminhamos pelo prédio em direção ao apartamento do Chris e com aquele silêncio já me incomodando, inicio uma conversa.

-- O Chris e a Jill... Estão juntos há quanto tempo?

-- Ah, esses dois se amam desde a época dos S.T.A.R.S.... Sempre se enrolaram para confessar o que sentiam, mas quando finalmente aconteceu, não se largaram mais.

-- É evidente o amor que um sente pelo outro.

-- É, sim... Já há tanto tempo e cada vez parecem mais apaixonados, fico muito feliz por meu irmão ter a Jill. Ela é a mulher perfeita para ele.

-- Deve ser bom encontrar alguém assim...

-- Deve, sim.

-- Nunca se apaixonou, Claire?

-- Ah... Nunca deu tempo.

-- Sei como é.

Quando chegamos em frente a porta, ela bateu e passos apressados vieram e o sorriso amigável da Jill surgiu ao nos ver.

-- Claire, Leon... Entrem!

Ela abraçou a Claire e já veio me cumprimentar, fechando a porta e nos guiando para a mesa bem arrumada do jantar.

-- Como andam as férias, Leon?

-- Muito boas.

-- Que bom que decidiu ficar!

-- A Claire me convenceu...

-- Onde está o cabeçudo do Chris?

-- Está no banho...

-- Vou lá esperar por ele!

Ela saiu deixando evidente que queria discutir com o Chris antes que ele me visse para não encrencar, mas deixei isso de lado.

-- E então, você e a Claire parecem estar se dando bem... – Jill sorriu.

-- Sempre fomos amigos.

-- Mas parecem mais próximos.

O sorriso dela não parecia malicioso ou de um curioso interesseiro, tipo coletando informações para o Chris... Ela parecia sincera.

-- Passamos esses dias juntos e...

-- É, o Chris me contou.

-- Ele estava muito bravo?

-- É dor de cotovelo, não ligue.

-- É irmã dele e realmente eu não devia ter ficado no apartamento dela...

-- Claire já é grandinha e mais madura do que o Chris... É ciúmes de irmão mais velho, só isso.

-- Somos amigos.

-- Mas você é homem... E a Claire é uma mulher linda e atraente. É normal um amigo se apaixonar pelo outro, acontece.

Ela tratava isso como se realmente fosse normal e percebi como eu gostaria de falar sobre o que se passava em minha cabeça e talvez a Jill fosse a pessoa certa.

-- Você e o Chris eram só amigos também?

-- Não exatamente... Ele já gostava de mim e eu dele, já éramos apaixonados um pelo outro, mas ninguém dizia nada.

-- E como aconteceu?

-- Longa história, mas ele finalmente tomou atitude e notou que eu também queria... Enfim, depois dos S.T.A.R.S., ficamos juntos de vez.

-- E por que não assumem?

-- Não é questão de assumir, é discrição... Fizemos muitos inimigos e sabemos que a forma mais fácil de nos atingir é usar um contra o outro. Então mantemos em segredo até onde der, mas se alguém descobre, pedimos discrição.

-- Legal...

-- Sim.

-- Mas... Como soube que estava mesmo apaixonada por ele?

-- Quando eu pensava nele o tempo todo, queria estar perto o tempo todo e ficava toda boba com seu sorriso... Eu o amei assim que o vi pela primeira vez.

Droga... É isso mesmo, então?

-- E não teve medo de estragar sua amizade?

-- Ambos tivemos medo, por isso demoramos para ficar juntos... Hoje vejo que é a maior bobagem, porque o sentimento era recíproco e podíamos estar juntos há mais tempo se não fosse nosso medo bobo.

-- Acha um medo bobo?

-- Sim, de certa maneira... Porque vale a pena arriscar, não é?

-- Talvez...

-- “Talvez”? Um amor de verdade, um amor para vida toda... Não vale a pena, Leon?

-- Vale, sim...

É, vale completamente o risco...

-- Um amor verdadeiro geralmente nasce de uma amizade sincera... É a melhor maneira de começar.

Ela sabia as palavras certas para me dizer... Mulheres, bem que dizem que elas sacam tudo com a menor dica que damos.

-- Que conselho me daria então, se eu dissesse que estou apaixonado por uma amiga minha?

Ela riu não parecendo surpresa e me olhou com um sorriso sincero sem me passar temor que contaria ao Chris.

-- Eu aconselharia a abrir o jogo... Se der errado você pode perder um pouco da amizade, mas se der certo, ganhará um amor para vida toda se estiver disposto a isso também.

-- E se eu dissesse que sou um covarde?

-- Você não é covarde... O Chris também era inseguro e isso é normal a princípio, mas vale a pena arriscar.

-- E se não der certo?

-- Finge que nada aconteceu. – Ela riu.

Eu a acompanhei e já vi o Chris passar pela porta com o cabelo ainda molhado e me estendeu a mão me fazendo responder.

-- E aí, Leon...

-- Oi, Chris!

Ele deu um beijo nos cabelos da Jill que sorriu e foi ao armário puxando o vinho que eu havia lhe dado de presente. Ele sorriu e ergueu a garrafa enquanto a abria.

-- Guardei para nós...

-- Maravilha.

Claire veio e sentou ao meu lado com um sorriso tranquilo no rosto e tentei não me lembrar da última vez em que vi o Chris.

Ele queria me fazer lamber o chão, mas tinha a razão certa...

-- Curtindo as férias?

-- Bastante...

-- Quando volta ao trabalho?

A Jill e a Claire viraram para ele e o encararam feio e enquanto eu ri ele levantou os ombros.

-- Não estou mandando ele embora, é só uma pergunta!

-- Na verdade eu nem queria essas férias, mas meu chefe me obrigou depois que eu voltei da China.

-- É, o meu também...

-- Ganhei um mês, mas pretendo voltar mais cedo.

Ele nos serviu com o vinho e sentou ao lado da Jill passando o braço ao redor dela e mantendo o queixo em seu pescoço, pensativo.

-- O que vai ter para comer? – Claire pergunta animada.

-- Ah, estou com um assado no forno, logo fica pronto! – Jill sorriu.

-- Já está vindo um cheirinho...

-- É verdade! – Eu sorri.

-- Agora pergunta para eles quando vão me dar um sobrinho...

-- É mesmo, quando vem um bebê?

-- A Jill só me enrola!

Chris riu e a Jill revirou os olhos enquanto eu e a Claire rimos deles, mas ele pareceu maravilhado com a ideia.

-- Estamos decidindo quanto a isso... Mas antes precisamos de uma casa, não dá para criar uma criança em um apartamento.

-- Tanto faz, mas quero logo um sobrinho!

-- Vai ter, Claire... Mas pode nos dar um sobrinho, também!

-- O quê?

Claire e Chris a olharam surpresos, com ela mais assustada e ele indignado com a opção que a Jill deu.

-- Ué, você já está na idade também...

-- Está nada! – Chris bufou.

-- Não vem com essa de novo, Chris!

-- Quer que minha irmã engravide por que, hein?

-- Porque também quero um sobrinho e ela é como uma irmã para mim... E deixe de pegar tanto no pé dela, estou contando os minutos para que se apaixone por um cara legal e seja feliz.

-- Ela não precisa de um cara para ser feliz!

-- Credo, Chris!

-- O quê?

Jill revirou os olhos e a Claire riu, mas o Chris manteve uma expressão ranzinza até a Jill levantar e ir ao forno. Quando foi tirar o assado ele levantou e a substituiu na função a deixando dar as costas a ele e piscar para Claire que sorriu.

Ele trouxe o assado e colocou na mesa o cortando em pedaços e colocando em nossos pratos. Também colocou as demais coisas na mesa e sentou olhando para uma Jill concentrada no prato sem dar atenção a ele.

Eu os observei vendo como ele se preocupava com o que ela pensava, já que mesmo parecendo brava, ele buscava a atenção dela.

Eles se amam e com certeza morreriam longe um do outro...

Quando ele a cutucou, ela resmungou e afastou sua mão para longe dela e ficou comendo seu assado. Então ele veio e deu um beijo em seu rosto a fazendo dar um sorriso de canto e ele cutucou a lateral na boca dela a fazendo sorrir e estapear a mão dele que agora sorriu em saber que era só birra mesmo.

Eles se amam...

Acho que qualquer um daria tudo por um amor assim.

Desvio deles e como meu assado sem cerimônias agora sabendo que a Jill além de tudo sabia cozinhar bem.

Depois de comermos tudo o que podíamos, tentei não olhar para o Chris trocando olhares apaixonados com a Jill e também tentei não olhar para Claire porque se ele me pegasse olhando do jeito que geralmente olho para ela, eu seria o próximo a ir ao forno.

Quando a Jill levanta, acompanhamos e fico pronto para ajudar, mas elas sorriem e a Claire indica a pia.

-- Eu te ajudo, Jill...

-- Ah, eu também!

-- Vá lá fora com o Chris, deixe que eu e a Claire cuidamos de tudo por aqui.

-- Tem certeza?

-- Sim...

-- Tudo bem.

Ele pegou as taças de vinho e as encheu, me entregando uma e me guiando até a varanda pequena para onde fui em silêncio.

A noite estava muito bonita, mas havia nuvens rápidas que cobriam o céu e traziam uma chuva rápida que ainda não tinha chegado até nós. Mas meus pensamentos sobre a noite se dispersaram quando senti os olhos investigativos do Chris em mim.

-- Agora falando sério, Leon... O que está rolando entre você e a minha irmã?

-- Somos amigos, Chris.

-- Só isso?

-- Sim...

-- Não está rolando nada?

-- Não, nada.

Ele não pareceu muito convencido e quando olho para a Claire e a Jill lá dentro, vejo que conversam animadas e desvio dando de cara com o olhar investigativo dele em minha frente.

-- Não está de olho na minha irmã?

-- Ela é minha amiga... Só isso.

-- Posso mesmo confiar nisso?

-- Tudo isso é ciúmes da sua irmã ou é porque acha que eu não presto para ela?

-- Não é questão de você prestar, sei que vale muito, Leon... Mas pelo que eu me lembre, na nossa última missão você se colocou entre mim e uma assassina e se é apaixonado por ela, não vejo razão para querer algo com minha irmã.

É claro que ele pensaria isso... Eu defendi a Ada dele e joguei tudo ao alto por ela e com certeza o irritei para valer sendo que achava ela a responsável pela morte dos seus.

-- Não sou apaixonado pela Ada, Chris...

-- Então por que a defendeu de mim?

-- Porque ela me ajudou muito toda vez que pode...

Nem sempre, não é... Enfim, posso ter gostado dela por um tempo, mas o que quer que tenha sido, já passou.

-- E quer que eu acredite nisso?

É claro que ele não vai cair, então é melhor eu ser totalmente sincero... Bom, exceto a parte sobre a Claire.

-- Eu já gostei da Ada, mas notei que não vale a pena... É isso, ponto final. E sobre sua preocupação com sua irmã, relaxe, hoje mesmo vou embora e não volto mais.

-- Não estou te mandando embora, só quero a verdade.

-- E é essa... Não sinto nada pela Ada e já tinha decidido ir embora antes de falar com você, então sossegue Chris, ficarei longe da sua irmã.

-- Você é um dos poucos em quem eu confiaria a minha irmã, Leon... Mas me desculpe, depois do que aconteceu na China, realmente acho que você não é bom para ela.

Ele tem razão... Eu definitivamente não sou bom para Claire e depois do que fiz para ele, ele tem total razão em não acreditar em mim.

Vou embora e tudo isso vai acabar...

-- Vou embora essa noite, Chris... Assim que sair daqui, deixarei a Claire no apartamento dela, pegarei minhas coisas e volto para meu lugar.

-- Não precisa ser assim, não quero que vá. É meu amigo, preferia você mais tempo por perto.

-- Eu sei, mas não é por você...

Só porque me apaixonei pela sua irmã e como acredito que também não sou bom para ela, estou indo embora.

-- São questões pessoais... E quero voltar ao trabalho.

-- Parece como eu que não sabe sossegar.

-- Acho que sim.

-- Mas repito... Não quero que vá. Só queria saber a realidade entre vocês dois.

-- Nunca aconteceu nada e não vai acontecer... Relaxe.

-- Tudo bem, eu acredito em você.

Que ótimo... Mais um com fé em mim e assim decepciono dois Redfield com minha falta de respeito ao me apaixonar pela minha melhor amiga e estar traindo a confiança de um amigo, irmão dela.

Mas tudo o que posso fazer, já estou fazendo... Vou embora.

Vou fugir disso.

-- E a Jill está de férias também?

-- Não, isso que é o pior, ela trabalha e eu fico em casa...

-- Nossa... – Eu ri – Alguém tem que trazer o sustento para casa.

-- É, depois que se recuperou ela voltou para B.S.A.A. e cuida de tudo por lá, sem uma mulher no comando qualquer lugar cai.

-- É verdade...

-- E eu fico aqui esperando por ela.

-- Ela estava me contando que vocês estão juntos há muito tempo.

-- Para mais de anos e anos... Ela é a mulher da minha vida, então não posso fazer nada além de agradecer e mimá-la ao máximo.

-- Estou sonhando com o dia que encontrarei alguém assim.

-- Vai encontrar... Tem alguém perfeito para nós em algum lugar, só é difícil esbarrar com essa pessoa. Mas sempre tem.

-- Vou acreditar nisso...

-- Acredite mesmo.

É, talvez já encontrei e seja sua irmã, mas deixemos esse comentário de lado no momento.

Quando as duas surgem na varanda, a Jill abraça o Chris e olha para as nuvens próximas que já haviam dado início a uma garoa.

-- Pelo jeito hoje vai ficar um tempo feio...

-- Para dormir é bom!

-- Vocês costumam dormir?

Claire riu com sua pergunta e o Chris a acompanhou encarando aquilo como piada mesmo e a Jill fechou os olhos constrangida. Eu não sabia direito como agir, então ri normalmente e desviei.

-- Por algumas horas temos que dormir...

-- Do jeito que vocês dois são “animados”, sei que rola muita coisa antes da noite de sono.

-- Não me culpe por isso, tenho a mulher mais linda do mundo para mim e aproveito de todas as formas possíveis mesmo. – Ele sorriu.

-- E todas as posições também!

-- Claire! – Jill riu.

Ela abraçou o Chris rindo e notei que realmente as palavras da Claire tinham fundamento e os dois eram extremamente animados em uma cama... Mas o Chris tem razão, com uma mulher linda que o ama e ele a ela, não há razão para não aproveitar o máximo que der.

-- Enfim! Acho melhor irmos... O que acha, Leon?

-- Por mim tudo bem...

Está chegando a hora... Droga.

-- Fiquem mais um pouco!

-- Melhor irmos antes dessa chuva engrossar...

-- Verdade. – Chris concordou.

-- Chris!

-- Me preocupo com eles! Não é bom dirigir debaixo de uma chuva forte, melhor irem e marcamos outro dia...

Ele sabe que vou embora e mesmo assim insiste... Será que realmente queria que eu ficasse? Bom, se fosse longe da irmã dele, não duvido.

-- Bem, então vamos!

Nos despedimos dos dois e com eles ainda abraçados, saímos de lá em direção ao carro já levando alguns pingos mais grossos de chuva.

Claire entra rindo no carro e apesar de eu acompanhá-la, sinto que está perto o momento em que apagarei essa felicidade dela.

Mas é minha amiga e sabe que tenho que ir... Me vê como amigo e mesmo ficando um pouco triste, vai entender.

E irei embora... E não voltarei mais.

Dirijo até nosso prédio e a cada metro meu coração gela mais... Vou embora. Vou embora.

Quando estaciono, a chuva já está mais grossa e a Claire parece animada ao olhar para mim com aquele sorriso doce.

-- Nada como um banho de chuva!

-- Isso aí...

Ela pisca para mim e sai do carro correndo em direção ao prédio e sinto um vazio tremendo em meu peito.

Claire...

Saio do carro e corro para lá também indo na direção do apartamento dela com seus risos altos pelo corredor, então paro antes de entrar.

-- Entre um pouco...

-- Ah, eu... Preciso arrumar umas coisas lá em cima e logo volto.

-- Tudo bem.

Ela entra no apartamento e a perco de vista.

É isso mesmo que quer? Deixar para o último momento?

Cada minuto piora...

Subo sem pensar mais e sem deixar meus pensamentos me invadirem nenhuma vez, faço uma limpa no lugar e jogo tudo na bolsa sem esquecer nada, já trancando a porta.

Preciso ir... Eu preciso.

Vou até meu carro em meio a chuva e jogo tudo no banco de trás voltando ao recepcionista que me olha curioso.

-- Quero fechar a conta...

-- Ah... Mas o senhor pagou por uma semana. E não devolvemos o dinheiro.

-- Eu sei, sem problemas, mas tenho que ir.

Entreguei a chave a ele que sorriu sem entender e concordou.

-- Tudo bem, boa viagem, senhor.

-- Obrigado... Só vou demorar um minuto para me despedir de uma amiga.

-- Certo...

Saio dali e subo até o apartamento dela ficando parado diante da porta.

Essa será a parte difícil...

Me perdoe, Claire.

Bato na porta e escuto os passos rápidos dela que surge sorridente me dando espaço para entrar, mas permaneço ali e ela estranha.

-- O que foi?

-- Eu vou embora...

Ela perde o sorriso. Perde o brilho no olhar. E a alegria que a dominava a deixa completamente.

-- O quê?

Sua voz é falha e me parte o coração saber que ficarei longe dela.

Mas é para o seu bem...

Me perdoe, por favor, Claire.

-- Eu vou embora...

-- Quando?

-- Hoje... Agora.

-- O que aconteceu?

-- Nada, eu... Preciso ir.

-- Eu fiz alguma coisa?

Sim! Fez eu me apaixonar e querer fugir...

-- Não, Claire... Mas tenho que voltar e...

-- E resolveu me contar isso agora? Há quanto tempo já planejava isso?

-- Desde ontem.

-- Mas por que, Leon?

-- Por muitas razões... Preciso ir.

-- Eu não entendo!

-- Nem tente... Será melhor assim.

Sua expressão murcha completamente e juro que vejo seus olhos avermelharem em minha frente e meu coração pesa uma tonelada dentro do peito.

-- Me perdoa... Mas tenho que ir.

-- Por que está fazendo isso?

-- Porque se eu ficar... – Eu parei.

-- Se você ficar, “o que”, Leon?

-- Esquece... Mas eu vou embora.

-- Está fugindo de alguma coisa?

Sim...

-- Não... Mas tenho que ir.

-- Pelo menos espere até amanhã.

-- Já esperei, Claire... Ontem que eu decidi.

Ela se aproxima de mim e agora vejo que derrama uma lágrima ao levantar o olhar para mim fazendo eu me sentir pior.

-- Não vá... Por favor.

-- Me desculpe, mas não tem como. Tenho que ir.

Com seus olhos brilhando entre as lágrimas agora, eu me aproximo dela com uma dor agonizante no peito e passo a mão em seu rosto o enxugando.

-- Não fique assim...

-- O que eu fiz de errado para você querer fugir?

-- Você não fez nada.

-- Então não fuja...

Como ela sabe?

-- Não estou fugindo, Claire... Eu preciso ir.

Ela desviou de mim parecendo querer engolir as lágrimas e dou um beijo demorado em sua testa sentindo suas mãos repousarem em meu peito e quando a puxo para um abraço, ela me corresponde.

A aperto em meus braços e ela faz o mesmo e sentindo meu coração se rasgar dentro de mim, dou mais um beijo em sua testa e me afasto forçando um sorriso e fazendo uma expressão de que de alguma forma aquela atitude poderia parecer normal.

-- Te ligo quando eu chegar... Me perdoe.

Ela não falou nada, apenas ficou ali no corredor me olhando e sentindo que um pedaço da minha alma permanecia, saí dali com o gosto amargo da solidão e infelicidade me invadindo e me dominando outra vez.

Claire...

Me perdoa, Claire.

Mas estou apaixonado e isso não pode acontecer.

Sigo lá para recepção e depois de dar um último aceno para o recepcionista vou lá para fora sem olhar para trás, mas quando chego ao carro minha mão para ao pegar no trinco.

É isso mesmo que quer?

Pode ser sua última chance...

Ela pode ser a mulher feita para você.

Vai mesmo fugir disso?

Claire...

Não posso me deixar levar, é minha melhor amiga. Eu a respeito acima de tudo, não posso confessar o que estou sentindo porque sabe se o que lá vai pensar de mim... Tenho que ir embora.

Me perdoe, Claire.

Abro a porta do carro sentindo a água da chuva escorrer pelo meu corpo já que agora ela tinha engrossado, mas antes de entrar escuto a voz que tanto queria.

-- Leon!

Viro para olhar e vejo a Claire do outro lado da rua, debaixo da chuva, me olhando fixamente ainda do jeito entristecido dela.

Não faz isso... Não me faça perder a coragem.

Ela se aproxima de mim e sinto aquela energia enlouquecida me puxando para ela e me seguro para não cometer uma loucura.

-- Acha que a melhor opção é fugir?

-- Eu não est...

-- Não mente para mim.

Ela sabe? Sabe que estou apaixonado?

Desvio me sentindo completamente exposto... Ela deve estar me odiando por isso, agora de vez que tenho de ir embora.

-- Não fuja de mim...

Eu olho para ela e vejo que está mais perto e seus olhos vermelhos mostram que lágrimas ainda escorrem, mas a chuva que caia sobre nós encobria isso.

-- Não posso fazer isso, Claire.

-- Por que não?

-- Porque vou estragar tudo...

-- Como sabe?

-- Não quero perder sua amizade.

-- Não vai perder...

-- Não quero que pense que quero te desrespeitar, eu...

-- Eu sei, Leon... Eu já sei.

-- Como sabe?

-- Como eu não saberia? Mas parece que é você quem não sabe...

-- Não sei o quê?

Ela riu sem alegria e discordou com a cabeça ao se aproximar mais e quando sinto o calor de sua mão em meu rosto, tudo ao redor desaparece.

-- Vocês homens são lerdos mesmo...

-- Então deixa mais claro para mim.

Seu sorriso, seu olhar e seu carinho doce e único já me declaravam o que eu tinha que saber.

Isso está mesmo acontecendo?

Ela está apaixonada por mim também...

Sem conseguir mais raciocinar, a puxo para mim e coloco minha boca sobre a dela sentindo que seus braços também vêm em minha direção para não deixar eu me afastar.

E ali, debaixo daquela chuva nosso sentimento é declarado.

Nada mais importa... Só ela.


Notas Finais


E o amor é revelado... É a vida!
Não dava mais para segurar, esse sentimento entre os dois tinha que transbordar e nada como uma cena de cinema, embaixo de uma chuva e no momento de despedida... Isso aí, Claire, seguuuuuuraa \o/ \o/
O que será que rola agora?
Leon vai mesmo embora ou será segurado de vez?
Huuum... Vamos ver *--*
Espero que tenham gostado!
Até a próxima *--*
Bjooon :-)


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