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História Um Sonho de Animação (Clexa) - 4 - Adeus, Mundo Geek


Escrita por: OtaviaSilvana

Notas do Autor


Oláaaa, volteeei!!!
Até que enfim meu computador voltou são e salvo kkkkk espero que ele não me dê mais sustos como esse, não tenho grana para outro agora rs.
Como deixei claro no aviso que os tinha dado eu postarei como recompensa alguns capítulos direto, só que ainda estou escrevendo, mas até o capitulo 10 eu terminarei de digitar e já postarei ok...então aproveitem esse capitulo novinho.

Capítulo 4 - 4 - Adeus, Mundo Geek


Adeus, Mundo Geek

“Quando você for mais velho, vai perceber como é fácil ser atraído pela espécie feminina.”

                                                                                                            - Batman para Robin !

 

Estou em pé, em frente ao espelho, tentando pentear o cabelo para que, pelo menos fique apresentável. Nunca consegui controlar meus fios indomáveis, e, honestamente, nem ligo, mas hoje tudo é diferente. Este pertence a Clarke e preciso estar com a imagem impecável.

Tenho esperança de que ela apareça no Mundo Geek hoje, mas, ao mesmo tempo, sei que vou ficar arrasada se ela não for. De qualquer maneira, a lógica foge quando penso nela e deixo todas as emoções à solta pulando pelas paredes.

Dou uma última olhada no espelho para checar meus dentes e percebo que a gravata do uniforme está torta. Estudo meu reflexo tentando imaginar o que a Clarke vê quando olha para mim, e, num movimento súbito, arranco a camisa do corpo. Arrumo uma desculpa para contar ao Wells depois, posso falar que derramei café ou alguma outra coisa, mas não vou vestir essa camisa hoje. Consegui fazer um progresso tangível com Clarke e não posso deixa-la lembrar a geek completa da semana passada.

Passo a manhã toda ajudando os clientes enquanto Wells arruma o estoque. Na hora do almoço, ele compra para mim um burrito do Taco Bell, pois não quero sair da loja e correr o risco de me desencontrar com Clarke. Estou terminando de limpar a mão quando a porta se abre, e tudo que estava fora de foco no meu mundo, de repente, se apruma.

Ai, meu Deus do céu, o que ela está vestindo? Clarke está com uma legging que a deixa parecida com uma mistura de Mulher Gato e uma daquelas dançarinas de Zumba da televisão. Será que ela tem ideia de como me afeta? Clarke caminha até o caixa e coloca os óculos de sol na cabeça.

_ Oi, Lexa! Estou tão contente por vê-la aqui. Como vão as coisas?

_ Oi, eu não tinha certeza se iria ver você hoje – respondo, sorrindo de felicidade.

_ Então, adivinha? – ela tira a sacola do Mundo Geek de dentro de sua bolsa grande.

_ Não funcionou? – pergunto.

_ Não mesmo. Acho que, no final das contas, meu computador é gay e vou precisar da conexão macho. Deve ser pela quantidade de filmes pornô gay a que eu assisto.

_ Você assiste pornô?

_ Claro que sim, você não vê? – ela provoca.

_ Sim – gaguejo. – de vez em quando.

_ Hum, sei. Enfim, estava brincando, na verdade, só assisti poucas vezes. Por favor, não me julgue por gostar de homens e mulheres e de seus corpos magníficos. Nesses filmes você acaba se divertindo em dobro.

_ Ok, vou acreditar. Não tem nada de errado em assistir a filmes pornô. Eu mesma, como já disse, assisto de vez em quando – sinto a vergonha se espalhar no meu pescoço e rosto, mas tento manter a aparência de bacana. Se Clarke consegue falar de uma coisa tão íntima comigo, quero ser capaz de fazer o mesmo.

_ Viu, isso só mostra que você é uma jovem saudável – Ela responde.

Irrito-me com o termo jovem. Será que ela me acha muito nova e nem me considera “um partido”? Clarke é apenas quatro anos mais velha, mas tenho que admitir que isso significa quatro anos a mais de experiência.

Ela começa a abrir a sacola, levanto e me dirijo à seção de cabos e acessórios.

_ Então é macho para macho? – pergunto.

_ Sim, duas saídas e nenhuma entrada.

            Pego o cabo certo da prateleira e antes de entregar a ela eu digo:

_ Essa roupa que você está usando é interessante, se você não se ofender com o meu comentário.

_ Isto? Eu acabei de sair da ginástica. Roan acha que estou engordando e preciso malhar mais. – Ela olha para mim e pergunta: - Você acha que minha bunda é muito grande?

_ Muito grande? – engulo nervosa. Meus olhos admiram a perfeição de sua bunda. Ela não é tão grande assim, na verdade é uma obra de arte... redondinha e durinha.

            Controle-se. Seria tão embaraçoso ficar excitada no Mundo Geek. Tento prestar atenção no que ela está falando.

_ Sim. Roan falou isso. Ele até me chamou de bundona hoje de manhã.

_ Não pode ser... – gaguejo. – Acho o seu bumbum perfeito, na verdade, maravilhoso.

_ Viu? É por isso que eu deveria estar namorando alguém como você, que aprecia minha bunda do jeitinho dela.

_ Na minha opinião você é perfeita – confirmo. – Nem imagino por que ele diz essas coisas.

_ Ah, você! – ela suspira. – Você é um amor. Quanto ao Roan, isso é o que dá namorar um cara viciado em malhação. Ele tem um corpo incrível e espera o mesmo das outras pessoas.

            Desmorono por dentro. Não, eu não quero ouvir nada sobre o corpo maravilhoso de Roan e o que ele faz com Clarke. Eu queria que ele fosse um animal com barriga grande e pelos nas costas. – Pelo menos ele tem um monte de pelos nas costas? – lá vou eu de novo com minha diarreia verbal. Preciso de um filtro para minha boca gigante.

_ Não... na verdade ele depila. Por favor, não repita isso. Ele seria um verdadeiro macaco se não depilasse.

_ Eu não tenho cabelo nas costas – comunico.

_ É evidente – ela sorri. – Você tem uma pele muito suave não é? – ela pergunta enquanto inocentemente toca a minha face com os dedos.

            Fecho meus olhos por um segundo tentando absorver este momento, sentindo sua mão acariciando minha pele.

_ Sua garota tem muita sorte.

E, mais uma vez, emudeço. Devo falar que não tenho namorada? Que a última foi na faculdade? Isso me faria parecer uma perdedora. Enquanto penso no assunto, ela olha para o relógio.

_ Droga, preciso ir embora. Vou encontrar uma pessoa no almoço e não quero me atrasar, ainda tenho que ir em casa e tirar esta roupa de ioga.

            Mordo a língua e a sigo na direção do caixa. Enquanto registro a troca e espero a impressão da nota, surge uma ideia. – Você tem alguém para transferir os dados?

_ Não – ela responde. – Eu já deveria ter feito isso antes. O garoto de TI que sempre me ajuda estava num projeto fora da cidade e ainda não teve tempo para mim.

_ Bem, eu sou muito boa nessas coisas. Se precisar é só me ligar.

_ Mesmo? Você é tão gentil.

_ Estou falando sério – pego a carteira e digo: - Aqui, fica com meu cartão de novo, tem meu celular nele.

            Clarke pega minha mão e diz: - Você não precisa me dar outro. Já tenho seu cartão – ela abre a carteira e me mostra.

            E esse motivo, o fato de que ela não jogou fora meu cartão e ficou com ele a semana inteira, me faz incrivelmente feliz.

            Sorrindo, ela pega a sacola com o cabo gay e coloca na bolsa.

_ Obrigada. Acho que te vejo na segunda.

_ Tá legal, mas promete que se precisar de ajuda você me liga?

_ Definitivamente -  ela diz enquanto sai, e tudo em que consigo pensar vendo-a ir embora é obrigada meu Deus por inventar calças de malha para ioga.

 

            Depois que ela saiu, Wells percebe que estou totalmente distraída e me manda fazer um intervalo. Sentada num banco no quarto dos fundos, começo a lembrar nossa conversa e como o diálogo fluiu bem mais fácil esta semana. Não consigo parar de questionar se ela gosta de mim, mesmo que seja um pouquinho. Percebi que ela me olhava de vez em quando como se estivesse interessada.

            Graças ao lançamento da nova versão do Mortal Kombat, minha tarde passa voando. Quase na hora de fechar, meu telefone toca.

_ Lexaaaaaaaaaaa!

_ É você, Clarke? – pergunto preocupada.

_ Eu estou quase jogando essa droga de computador pela janela! Tentei tudo, mas nada funciona. Acabei de perder duas horas do meu dia e não consigo fazer nada.

            Minha mão aperta firme o telefone. – Poxa, sinto muito. Você deveria ter me ligado antes. Posso ir até aí e te ajudar?

_ Não vai te atrapalhar?

            Ai, me deixa te ajudar Clarke... por favor, eu quero muito.

_ Não mesmo. Vou acabar aqui em trinta minutos e posso ir pra aí direto se você quiser.

_ Isso seria maravilhoso. Vou correndo até o mercado comprar alguma coisa pronta pra gente comer.

            Sorrio e silenciosamente levanto as mãos para o céu celebrando minha vitória, ao mesmo tempo que respondo: - Nossa, isso seria bem legal.

            Quando ela termina de passar o endereço e as instruções de como chegar, estou completamente ligada. Hoje é o sétimo dia e vou ver onde ela mora. Se isso não é progresso, não sei o que dizer.

 

            Quando chego no meu carro, começo a entrar em pânico. A única coisa em que consigo pensar é ligar para o meu irmão, Lincoln.

_ Olá, maninha, e aí? – parece até que ele acabou de acordar. Lincoln está sempre checando o que acontece no mercado de ações, e os horários dele são imprevisíveis.

_ Conheci uma pessoa, minha alma gêmea.

_ Alma gêmea? Que incrível! Me conta tudo.

_ O nome dela é Clarke e ela é perfeita... inteligente, bonita, meiga e tão sexy. E você não vai acreditar, mas ela também ama desenho animado, de verdade, ela ama mesmo.

_ Não acredito,. Ela parece ser a garota dos seus sonhos – ele responde rindo.

_ Ela é mesmo. Só tem um problema – escuto a respiração dele enquanto espera a minha revelação. – Ela não sabe que é a minha garota.

_ Não sabe? Você quer dizer que ela não está pronta para assumir o namoro, uma relação?

_ Não. Na verdade ela tem um namorado e ainda não me vê dessa forma... Nós somos apenas amigas.

            Ele para por um momento e consigo ouvir sua preocupação no silêncio. – Olha, na boa, isso me parece fruto da sua imaginação. Quer dizer, se ela já tem um namorado, você não vai sair correndo  e comprar uma aliança. Você pelo menos sabe se ela também gosta de mulheres?

_ Sim – respondo – eu já descobri que ela é bissexual. E eu acho que vai rolar, cara. Vou para a casa dela agora arrumar o computador.

_ Então, isso não é o mesmo que um encontro. Você precisa cair na real.

Meu coração fica pesado, mas eu não vou desistir. – Antes de ir, eu queria te perguntar: como é que consigo conquistá-la?

Sei que ele está pensando no que dizer, e depois de uma longa pausa responde:

_ Você precisa ser discreta. Não deixa ela perceber que você gosta dela, faz de conta que só quer mesmo amizade. Seja uma amiga fiel a ela, mas não a pressione. Essa é a melhor maneira de agir nessa situação.

_ Você acha que isso funciona? – Pergunto ansiosa.

_ Bem, como vão as coisas entre ela e o namorado?

_ Não sei dizer. Eles estão juntos a algum tempo, mas parecem que vivem vidas separadas.

_ Então você pode dar a ela o que ele não está dando.

            A ideia parece boa,. Meu irmão é inteligente e sempre entendeu muito bem a espécie feminina, até mais do que eu que sou uma. Ele tem um histórico de conquistar mulheres muito interessante.

_ Tá legal, vou tentar e obrigado.

_ Claro! Vejo você no almoço amanhã. Enquanto isso, boa sorte com a alma gêmea.

 

            A distância é curta entre a vizinhança tranquila de Burbank e o condomínio de Clarke em Hollywood Hills, mas parece que cheguei em outro planeta. Seguindo as instruções perfeitas de Clarke, eu aterrisso meu Mini Cooper com os pneus virados para o lado da calçada. Tudo o que não preciso agora é de um problema no freio e o carro cair morro a baixo. Depois de ligar o alarme, tiro alguns minutos para me acalmar, respirando fundo enquanto coloco as mãos no joelho.

            Cada casa parece ter sua própria entrada, e depois de tocar a campainha do portão de ferro Clarke me deixa entrar. O pátio de entrada é todo pavimentado de azulejos de terracota. A porta de madeira, assim como todo o acabamento exterior, possui um estilo mediterrâneo. Uma coleção de vasos de plantas e um canto para sentar completam o ambiente. A casa toda é muito confortável e tranquila e me pergunto se Clarke passa muito tempo aqui.

            Quando ela abre a porta, o sol que entra pelas janelas a ilumina. Seu cabelo está solto, e, em vez das calças de ioga, ela está vestindo uma saia. Clarke dá um passo e me abraça. Eu até tento abraça-la sem parecer surpresa e estranha e sinto o calor e a delicadeza dela me envolver.

_ Obrigada por vir. Eu já estava quase puxando meus cabelos de frustração.

_ Não puxe o cabelo – digo quando nos afastamos. – Seu cabelo é lindo, e, além do mais, fico muito feliz em poder ajudar.

_ Você quer beber algo primeiro?

_ Um copo de água seria perfeito – eu a sigo até a cozinha e a vejo pegar um copo de dentro do armário. Enquanto ela coloca a água, observo o ambiente e reparo no trabalho de colagem de cartões-postais num quadro de avisos. Também fico fascinada com a coleção antiga de vasinhos em forma de cabeças de bonecas numa estante. O chapéu das bonecas serve para guardar canetas, lápis e tesouras. Elas até estão usando um colar de pérolas no pescoço e brincos de cerâmica pendurados na orelha.

_ Isso é muito bacana – comento. – Onde você comprou?

_ Eu costumava ir à feira de antiguidades no Rose Bowl, mas agora uso mais o site do eBay. Roan não curte muito esse tipo de feira. Você coleciona alguma coisa?

_ Sim, sou colecionadora – confirmo. Se ela soubesse. Meus bonecos colecionáveis e bonequinhas de vinil tomaram conta da sala. – Fazer compras no eBay vicia, mas infelizmente não nos proporciona o prazer da caça ao tesouro.

_ Concordo plenamente – ela diz compenetrada. – Nós podemos planejar uma ida à feira um dia. Seria muito legal ir com outra colecionadora.

_ Ótima ideia – concordo, lembrando do conselho de Lincoln. Olho novamente no quadro e vejo uma foto dela e de Roan juntos.

_ Roan está aqui?

_ Não, ele foi com os amigos a Vegas nesse fim de semana. E também ele não mora aqui. Nós não moramos juntos.

_ Ah, ok – respondo calmamente. Para minha sorte, ela não percebe minha imensa alegria.

            Clarke me guia até um corredor apertado que vai dar no escritório. As paredes estão pintadas com um tom de amarelo-manteiga, e o quarto é claro e alegre, com uma vista parcial do desfiladeiro.

_ Então, estes aqui são os monstrinhos que estão me torturando.

            Movo-me em direção aos notebooks cheia de confiança. Isso é uma coisa em que sou boa, e fico feliz por ser a salvadora de problemas tecnológicos. Tomara que ela perceba que pode contar comigo.

            Sento-me à mesa e abro o primeiro notebook. – Me desculpe, mas preciso da senha.

_ Docinho – ela responde sem hesitar.

_ De doce?

_ Não, Docinho das Meninas Superpoderosas.

            Solto uma risada. – Acho você mais parecida com a irmã dela, a Florzinha. A Docinho era um pouco má.

_ Você ainda não conhece o meu lado mau. Consigo ser muito má.

_ Verdade? É difícil acreditar. Você é tão gentil e nunca me tratou mal, só pra constar.

_ É verdade – ela admite. – Mas meu pai era quem me chamava de Docinho, e, assim como ela, eu tenho personalidade. – Ela chega perto e diz:

_ Olha, tire os óculos.

            Assim que eu os tiro, Clarke afasta meu franja da testa e diz: - Eu sabia!

Você parece a Batgirl! Você é alta como ela, tem a face perfeita e o queixo bem-definido. Tenho uma paixão secreta por ela.

_ Achei que você amace a Docinho. – questiono bem humorada.

_ Sim – responde – mas EU sou a Docinho, amar eu amo a Batgirl.

_ Cuidado, seu namorado, o Macaco Louco, pode ficar com ciúmes.

_ Você está chamando meu namorado de macaco?

_ Olha só, foi você que falou que ele tem as costas cabeludas.

_ E ele quer ser o melhor no mundo da animação – ela admite.

_ Mas enfim, muito obrigada pela comparação – respondo.

            Clarke sorri para mim com ternura, e começo a trabalhar no diagnóstico dos computadores.

 

            Durante a hora seguinte, enquanto confiro o sistema operacional, atualizo o software e transfiro os dados, Clarke me faz companhia sentada no sofá-cama do escritório. Ela conta histórias de como cresceu no oeste de Los Angeles, onde a mãe trabalhava como quiropata e o pai tinha uma cooperativa de alimentos orgânicos, muito anos antes dos orgânicos entrarem na moda. Ela conta que lia muito e não fazia parte do grupo popular da escola, tanto no ginásio quanto no colegial. As outras crianças achavam que a obsseção dela por desenhos e quadrinhos era estranha, especialmente para uma menina. Clarke ignorou os comentários e cursou todas as matérias de desenho e animação até que, finalmente, aceitou que não tinha talento. Só quando teve uma chance de estágio de verão na Animation Magazine descobriu sua vocação. Clarke ganhou uma bolsa de estudos na University of Southern California, a USC, onde ela se especializou no lado administrativo e na área de marketing da indústria. Os contatos feitos durante  o período foram fundamentais depois que ela se formou.

_ Você sabia que meu primeiro emprego foi na Nickelodeon como assistente de desenvolvimento e foi lá que conheci o Roan? Ele foi apresentar um projeto conjunto para os dois estúdios. O projeto nuca saiu do papel, mas Roan e eu acabamos juntos. Depois de seis meses ele me contratou para uma posição gerencial na República do Rabisco.

_ E a gerencia não se importou com o relacionamento de vocês?

_ Aparentemente não – ela admite. – Nós somos muito competentes e discretos. Na realidade, parece até que nossa relação é apenas profissional.

            Mesmo sendo muito difícil ouvi-la falar do Roan, tento descobrir o máximo de informações possíveis para conquistar Clarke.

 

            Depois que ela me serviu um prato cheio de comida estranha, tipo salada de grãos, arroz integral e uns bolinhos de tofu, sentamos do lado de fora para admirar a vista. Da sacada, vemos uma parte de Hollywood e do centro da cidade. Assim que estamos prontas para comer, seu celular toca e percebo que é Roan.

_ Você se importa se eu atender? Nós já nos desencontramos muito hoje.

_ Claro – concordo enquanto a vejo andar para dentro de casa. Ela está perto e consigo escutar a conversa.

_ Oi, querido. Sim, parece divertido. Stuart está se comportando? Sim, fui à academia e você vai ficar feliz em saber que fiz a aula inteira. Não, estou comendo aquela droga de comida integral que você recomendou. Não, não estou sozinha ... Vou jantar com minha amiga do estúdio, Lexa. Ela veio me ajudar com o novo computador. Sim, claro, você tem que ir. Nos falamos depois e vê se não perde muito no cassino. Ok, eu também. Tchau.

            Ela se senta novamente e dá uma punhalada num bolinho de tofu com o garfo e começa a comer.

_ Ele se importou por eu estar aqui? – questiono nervosa. Se Clarke fosse a minha garota, eu iria explodir ao saber que outra pessoa que eu não conheço estava na casa dela jantando.

_ Não, de forma alguma. Ele sabe que nós somos somente amigas, e ele não é do tipo ciumento. Além do mais, nós temos uma relação aberta. Somos livres para sair com outras pessoas.

_ Você tem? – pergunto horrorizada.

_ No mês passado saí com um antigo namorado que não via há anos. Nós saímos só duas vezes, mas foi muito bom.

            Não sei se fico feliz com essa notícia ou desapontada. Ela pode encontrar-se com outras pessoas e sou apenas uma amiga. Começo a brincar com a comida no prato enquanto penso em tudo.

_ Você não gostou? – ela pergunta, apontando o prato.

_ Sinceramente, não. Não gosto muito dessa coisa de comida integral. Não se reocupe, peço uma pizza quando chegar em casa – respondo sorrindo.

_ Graças a Deus! – ela diz rindo, enquanto empurra o prato para o lado. – Você está tão enforma que eu achei que você comesse como o Roan. Vamos jogar fora esta comida horrível e pedir uma pizza! Tenho até cerveja escondida na geladeira.

_ Agora sim. – Notei que ela percebeu minha forma física. Comprar aquela esteira parece que foi o melhor investimento que já fiz neste momento.

            Depois de jogar a comida no lixo, nós começamos a negociar o sabor da pizza. Recuso a alcachofra. Odeio. Parece até comida de extraterrestre.

            Depois de algumas horas, nós duas estamos esparramadas no sofá assistindo uma coleção de DVDs com os últimos episódios de desenhos animados independentes do Festival de Annecy. Estamos também um pouco embriagadas na terceira garrafa de cerveja.

_ Olha só, esse último não fez sentido. Você entendeu alguma coisa do enredo? – ela pergunta rindo.

_ Enredo? Que enredo? Tinha algum? Eu estava tão entretida com a animação e com os diálogos esquisitos que nem percebi – respondo.

_ Você já enviou algum trabalho a um festival?

_ Não, mas confesso que pensei no assunto. Tem um curta que fiz durante meu primeiro ano na República do Rabisco, com algumas edições e um novo título, pode até ser uma possibilidade.

_ Manda! – ela grita.

_ Tá bom! – grito também, e depois começamos a rir sem parar e quase deitamos no sofá. Estou tão feliz por estar aqui com Clarke que fico até tonta. Não quero ir embora nunca.

            Quando Clarke para de rir e recupera o fôlego, se vira para mim e diz: - Espero que sua namorada te dê valor.

            Naquele momento, estou tão relaxada e contente que abro a boca antes de pensar e digo: - Eu não tenho uma namorada.

_ Mas achei ...

_ Não! – declaro, balançando a cabeça negativamente. – Quem tem tempo de namorar? A única namorada que eu tenho é uma que eu desenho todas as noites na minha história em quadrinhos.

_ Por que achei que você tinha uma namorada?

_ Não faço a menor ideia.

_ Mas você não gosta de alguém? Deve estar de olho em alguém. Você é uma garota incrível e tem muitas meninas bonitinhas na República do Rabisco. Que tal a Harper?

_ Gosto de uma pessoa, só que ela não sabe – tomo um gole de cerveja e minha cabeça começa a rodar depois dessa declaração.

_ Que emocionante! Já sei, eu sei quem é ... é a gracinha da Rae que estava na sua baia aquele dia, não é mesmo? – Clarke pergunta praticamente pulando no sofá.

_ Sim, é a ... Rae – afirmo sarcasticamente, mas tenho que ser mais sutil, uma vez que estou tentando enganá-la.

_ Aposto que ela também gosta de você. Por que não estão juntas? Vocês já saíram?

_ Nós saímos – admito, omitindo o fato de que a única vez em que a Rae e eu saímos foi com Bell e com a turma do escritório. Começo a ponderar o motivo pelo qual estou inventando tudo isso, a Rae nem é bi, mesmo que ela não veja problema nisso de se apaixonar por uma pessoa do mesmo sexo, na verdade ninguém do estúdio tem este problema. Acho que a razão é que prefiro que ela não descubra o quão tímida e antissocial realmente sou.

_ Então me conta, você já a beijou? Um beijo é uma mensagem bem clara ... difícil de não entender mesmo que ela não tenha ideia dos seus sentimentos.

            Jogo minha cabeça para trás enquanto começo a tirar o rótulo da garrafa de cerveja. Meu estômago está embrulhando. – Não, nunca a beijei. Na verdade, sou péssima em beijos, a pior do mundo, então não tenho muita opção.

_ Que raios você está dizendo ... pior do mundo? – ela responde abismada. – Isso não é possível.

_ E como você pode saber?

_ Consigo ver. Você é criativa, e as garotas criativas são as melhores. Além do mais, você tem lábios sensuais e uma boca sexy. Eu até te beijaria só para ficar mais perto dos seus dentes brilhantes. É impossível – ela diz enquanto balança os braços dramaticamente.

_ Gosto que você pense que beijo bem, mas de acordo com Costia ...

_ Costia?

_ Minha namorada na época da faculdade de artes ... ela odiava me beijar, na verdade, se recusava.

_ Você tem mau hálito ou algum problema?

            Antes que eu responda, ela praticamente pula no meu colo e enfia o nariz na minha boca. – Uau, seu hálito é gostoso, nada mal – Clarke declara e depois volta para o canto do sofá.

_ Poxa, obrigada. O meu problema é que sou totalmente dura e sem graça.

_ Ah, por favor... – ela pula e pega na minha mão. – Sei que estou um pouco bêbada, mas não ligo. Você quer minha ajuda?

_ Claro que sim, como?

_ Vou tirar essa ideia maluca da sua cabeça. Vamos lá, levanta.

            Pego em sua mão e levanto do sofá. Eu tento ficar sóbria e sorrio ao ver a expressão tão séria no rosto dela e os punhos cerrados no quadril, cheios de autoridade.

_ Ok – ela diz, como se estivesse instruindo. – Faz de conta que sou a Rae e nós acabamos de voltar de um encontro – ela começa a me puxar para a frente.

            Ai, meu Deus, começo a gemer por dentro. Isso está realmente saindo do controle. Preciso parar, mas como uma batida de carro, que você sabe que deveria evitar olhar, continuo. Tudo parece além do meu domínio.

_ Então, você está acompanhando a Rae até a porta da casa dela para se despedir. O que deve dizer?

_ Sei lá, que me diverti?

_ Não, isso é muito genérico. Fale algo mais pessoal, por exemplo, ‘Rae, espero que saiba o quanto gosto de sua companhia’. – Ela pega a minha mão e vai em direção à porta. Meus dedos apertam os dela.

_ Rae, espero que saiba o quanto gosto de sua companhia – repito com meu coração disparado, num misto de antecipação e puro medo.

_ Será que podemos sair novamente? – ela pergunta baixinho quando chega na porta.

            Engulo em seco. – Podemos sair novamente? – eu sussurro.

            Ela me empurra contra a porta, e o brilho nos seus olhos me desmonta. Até esqueço que Clarke está fingindo, tentando demonstrar uma cena para me ajudar. Tudo o que sinto é essa paixão avassaladora. Já estou excitada. Será, será que eu posso?

_ Posso te beijar? – ela pergunta com aqueles olhos brilhantes grudados nos meus.

_ Sim – murmuro enquanto ela se aproxima. Sinto sua mão repousar em meu peito e depois em meus ombros. Alguns segundo se passam e ela está tão perto que consigo sentir o calor de sua pele, os seios fartos encostando nos meus.  Ai, Clarke.

            E se, como em todas as outras vezes na mina história intima, eu realmente for ruim? O que vai ser de mim se ela ficar com nojo? Estou morrendo de medo, mas fecho meus olhos e a abraço com todo meu coração e minha alma. Faço uma prece silenciosa por que sei que este momento vai transformar o rumo da minha vida, tudo o que fiz de errado até agora com garotas não importa. Será que este será o beijo que vai mudar tudo? Ou não?


Notas Finais


Então aí está rs.
O aí o que vocês acham que vai acontecer em? Será que a Lexa vai conseguir executar bem o seu plano de conquistar a Clarke? E essa Costia doida kkk como assim não gostava de beijar a nossa comandante?!
Comentem aí o que vocês estão achando em rs.

Mais uma vez peço desculpas pelo atraso, mas agora as coisas voltam ao normal.
Acabando os capítulos vou postando ok.
Até a próxima e baaay!!!


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