História Um sonho de Vause - Tentativas

Isso não podia me incomodar.

Eu já não estava entendendo mais nada.

Ela iria se casar. Foi melhor assim,mas a imagem dos alhos azuis, revoltados me diziam outra coisa.

No apartamento, Amanda esperava por mim, eu não queria mais nada, eu queria correr atrás de Piper Chapman e pedir perdão por algo que nem fiz. Mas, não iria. Foi melhor assim, assim nós duas não nos iludiariamos mais.

--quem era aquela menina?

Amanda me perguntou assim que entrei, os cabelos loiros molhados pelo banho recem tomado estavam jogado do lado do pescoço, os olhos castanhos me analisavam com curiosidade por causa da minha súbita apatia. Sem querer, analisei a mulher a minha frente com um certo desdém. Ela não tinha a impulsividade de Piper, nem aquela chama que parecia iluminar os olhos azuis aparentemente calmo, mas que se acendia quando o desejo a tomava.

-- que foi Alex?

Sai dos meus pensamentos, enxergando Amanda novamente.

-- nada

Ela se aproximou e me abraçou, eu sorri sem vontade. Ela procurou meus lábios. Eu a beijei automaticamente.

-- voce é uma mulher fantástica Alex. Como pode fazer amor assim. Sabe quantos orgasmos eu tive em uma noite?

-- não fiz amor, Amanda.-- tentei não ser ríspida, ela não tinha culpa do que eu estava sentido de maneira insana pela babá de meu filho-- fiz sexo.

Eu sai do círculo de seus braços e me dirigi para o banheiro.

Ela deu uma gargalhada.

-- não pode viver sem mim Alex.

Liguei o chuveiro, deixei a água retirar o cheiro de Amanda do meu corpo.

" sim Amanda, eu podia sem dúvida viver sem voce, minha dúvida era se poderia ficar sem Piper Chapman?

Preferi deixar o tempo passar e entrar na rotina estabelecida antes daquela fatídica nevasca. As ruas e lojas de Nova York estavam iluminados pelas luzes natalinas, não havia cidade mais bela nessa época do ano.

Minha vida entrou de novo na velha rotina. Piper cumpria seu papel de instrutora infantil com um êxito admirável. As aulas na faculdade já haviam entrando em recesso pelos dias de festa, minha pesquisa estava tomando forma finalmente. E sim, não era algo que se aplica logo, pelos meus cálculos, era que,em alguns anos já estaria desenvolvida e pronta pra testes em humanos.

Um dia, chegando cedo da empresa, surpreendi uma cena inusitada e divertida. Piper se escondia atrás do sofá, o lindo e empinado bumbum pra cima. ela falava com uma criança totalmente envolvida. Ele tinha os olhos cobertos por uma venda, e ela falava.

-- agora imagine o espaço a sua volta, Conte dez passos e pare.

Eu estava admirada. O Riso de Fox enchia o ambiente, ela continuava firme-- agora faça um triângulo na mente usando os passos como metragem.

Ele ria e fazia exatamente oque ela mandava. De repente, tudo que eu me recusava a sentir por ela veio a superfície, e eu não podia mais fugir do que sentia. Nao havia um dia desde aquela manhã em meu apartamento que eu não sentisse a sua presença, sentia seu cheiro quando chegava e durante a sua ausência. Eu já tinha decorado o rosto delicado, o queixo orgulhoso, as covinhas quando sorria, o loiro sem igual dos seus cabelos. Observei em silêncio, encantada com a metodologia que ela usava ao ensinar, e no fim da aula, eu bati palmas discretamente.

-- bravo!

Ela ergueu do chão com rapidez, o rosto vermelho, o riso tímido. Céus! Eu estava babando por ela.

-- srta Vause. ..

Ela nunca mais me chamou de Alex.

-- chegou mais cedo.

Meus olhos cansaram de tentar evitar os lindos olhos azuis. Ela no entanto, não me olhava dentro dos olhos e fixava o ponto de visão em qualquer lugar, menos meu rosto.

Fox correu pra mim, os braços envolvendo meu pescoço.

-- esta muito pesado garotão.

Ele desceu e disse fazendo curva no braço mostrando o bíceps.

-- estou ficando forte mamãe, olha?

Eu ri diante da cena, Piper trazia um riso sem mostrar os dentes.

-- o mais forte de todos!

Beijei seus cabelos, ele correu até o sofá, onde os bonecos de seus super heróis favoritos estavam a esperar por ele devidamente organizado.

Ao vê lo entretido, voltei minha atenção para a moça ao meu lado.

Meu coração estava agitado, parecia ser eu a inexperiênte aqui.

-- acho que não vai precisar de mim por hora, correto?

Ela colocava a mochila nas costas, eu tinha que arrumar um jeito de ficar só mais um pouquinho com ela, eu sabia não ser meu direito, mas eu queria entender que sentimento era esse que eu não conseguia controlar do jeito que eu controlava tudo em minha vida.

-- aguarde um momento, quero falar com você-- me coloquei diante dela e pela primeira vez, ela me olhou nos olhos.

Seu olhar era enigmático: um mixto de medo e orgulho, eu não saberia definir, mas, me perturbou profundamente. Ao longe eu ouvia o som de Fox brincando com os bonecos.

-- sim...

Sua voz era neutra.

-- onde pretende passar o Natal?

Ela me olhou confusa. Eu prossegui.

-- pretende passar com alguém? seu noivo? ...-- fiz um esforço para me lembrar do nome da amiga-- Lorna?

Ela sorriu e isso me chamou a atenção para a boca delicada que eu estava ansiosa por sentir o gosto novamente.

-- provavelmente...

Eu senti minhas esperanças cairem por terra. "Acorda Alex!" Dizia meu juízo" ela é hetero, e já te esqueceu, e voce é a culpada"

-- Piper. ..

Minha voz saiu em um sussurro involuntário, os olhos azuis buscaram os meus esperando minhas palavras.

Eu não podia fazer isso, não hoje, não agora, entao me ocorreu uma ideia.

--pode me auxiliar nas compras de natal?

Impressão minha, ou ela parecia decepcionada?

Eu, em um impulso, segurei sua mão e senti a mesma elétricidade correr meu corpo..

Ela puxou a mão, um pavor em seus olhos.

--por favor, não me toque!

Para meu espanto, ela abriu a porta e saiu rápido do apartamento, me deixando com uma certeza. Ela não me queria mais!