História Um Tempo de Lobos e Dragões - Jaime I

Jaime

Cersei estava em seu quarto sozinha quado Jaime entrou, os Guardas com o manto dourado parados do lado de fora do quarto não disseram nada quanto ele lançou um olhar ameçador para eles. Ela estava em pé olhando para o lado de fora, para o Grande Septo de Baelor que ainda soltava uma linha fina de fumaça do outro lado.

— Estava te esperando. — Ela disse sem nem olhar para trás.

— Eu me pergunto quando essa fumaça vai parar. — Cersei soltou um risinho e caminhou até a mesa no centro para encher duas taças de vinho e entregou uma para ele, que deixou de lado sem nem ao menos tocar no líquido.

— Não estou comemorando nada. Você vem me evitando sempre que tento me aproximar e Tommen está morto! — Cersei desviou os olhos e os manteve afastados dos dele. — Você sabe o que isso significa?

— Eu sou a rainha.

— Era isso que você queria o tempo todo.

— Ele era o meu filho!

— E agora está morto, assim como Joffrey e Myrcella! Nossos filhos estão mortos, Cersei. Centenas de pessoas morreram naquele Septo para alimentar essa loucura!

— Eu não me importo com os outros, eu mato os outros.

— Tudo o que você fez, toda a sua loucura nos trouxe até aqui. Você sabe tudo que eu fiz para evitar que algo como aquilo acontecesse antes, o que eu tive que fazer, Cersei. Ainda me chamam de Regicida pelos Sete Reinos, você sabe por quê! Eu matei o Rei Louco e agora você não está muito diferente dele... — A mão de Cersei levantou-se na direção do rosto de Jaime, mas ele a parou no meio do caminho. — Sou o herdeiro de Rochedo Casterly, Cersei.

— O que quer dizer?

— A garota Targeryan chegou a Westeros. Seus dragões foram vistos no Norte.

O rosto da mulher ficou duro como pedra, a veia em sua testa pulsava e seus olhos verdes brilharam como o próprio fogovivo. A guerra acabou. Nós perdemos Cersei, veja isso, venha comigo para Rochedo Casterly, diga isso. Diga!

— Os Sete Reinos é meu. Deixe que essa puta se ache a Rainha de direito, ela não é nada até que sente no Trono de Ferro. E ele é meu.

— Ela tem três dragões.

— Eu sou uma leoa dos Lannister, que venha com seus dragões, vai me ouvir rugir em seus piores pesadelos.

— O Rochedo fará o que o lorde deles mandar.

— Sou sua Rainha.

Uma batida na porta os tirou da tensão que se instalara no quarto, Qyburn entrou com uma carta enrolada em sua mão. O homem magro caminhou até Cersei e a entregou em sua mão, Jaime sentou-se e apenas observou tudo calado.

— É o selo dos Greyjoy, Vossa Graça.

Mais tarde, depois de esperar Cersei escrever uma carta de resposta para os Greyjoy nas Ilhas de Ferro, Jaime pegou sua espada e se preparou para sair do quarto, mas Cersei caminhou até ele e enrolou os braços em seu pescoço, colou o corpo no dele e tocou seus lábios com carinho.

Cersei e seus lábios macios; Cersei e seu corpo delirante; Cersei e sua buceta de ouro. Quantos homens já morreram por Cersei? Quantos ainda morrerão? Não serei um deles.

— Já me sacrifiquei demais por você. — Ele murmurou em seus lábios, era quase como se dissesse aquilo apenas para ele mesmo, para que finalmente entendesse as palavras e as aceitasse. — Tudo que eu me tornei foi por você. Abri mão de Rochedo Casterly para entrar na Guarda Real de Aerys e ficar com você.

— Agora tem Rochedo Casterly.

— E estou abrindo mão de você.

— Não pode. — Sibilou por entre os dentes. — Não pode, Jaime. Não pode! Jaime! — Ele a ouviu gritar seu nome enquano saía dos aposentos da Fortaleza Vermelha. Ouviu-a gritar seu nome todos os dias em seu sonho depois daquele dia. Às vezes de prazer, às vezes de angústia, às vezes de saudades e às vezes como na última vez que ouviu. Primeiro incompreensão, entendimento, raiva, ódio, mas por fim, perda.

— Ei Lannister! — Bronn caminhou até ele com uma espada em sua mão, eles estavam a caminho de Rochedo Casterly já fazia uma semana. — Não sei se finge ser surdo ou além da mão cortaram suas orelhas?

— Eu te ouvi bem, apenas não quis parar.

— A cortesia dos Lannister meus caros! Eu preferia seu irmão.

Tyrion matou meu pai. Nunca vou perdoa-lo, mas não fui eu que o ajudei de certa forma?

— O que foi? Não o fez bem encontrar sua leoa? Vou dizer que Alayaya foi incrível! Os cabelos escuros, oh, mas você prefere as loiras.

— A puta não estará em Rochedo Casterly.

— Eu sei, mas eu não sou você, gosto de todos os tipos de damas, loiras, morenas, altas, baixas, virgens, fodidas, com ou sem sobrenomes importantes. — Bron riu divertindo-se, mas Jaime continuou sério, galante e magestoso sobre seu garanhão branco. — O que o espera em Rochedo Casterly?

— Eu tenho dois irmãos que tomaram atitudes erradas, o problema é que um deles está do lado errado da guerra, e não é o que eu gostaria.

— O que vai fazer então?

— Rochedo Casterly não vai cair, e só tem um jeito disso acontecer.