História Um Tempo de Lobos e Dragões - Tyrion IV

Tyrion

O Grande Salão dos Stark estava vazio aquela tarde, o Rei do Norte e a Rainha dos Dragões tinham resolvido finalmente levar a sério o compromisso que os aproximava e estavam cavalgando juntos. Tyrion insistiu para que Daenerys levasse um dos imaculados consigo, Verme Cinzento era a melhor opção, mas ela não se opôs quando Snow disse que se fosse preciso ele a protegeria. Na verdade, ela limitou-se a sorrir e corar e caminhou ao lado dele até os estábulos para pegar os cavalos.

Agora Tyrion estava sentado em uma mesa ao lado de lady Sansa, Lady Brienne de Tarth e Sor Davos. O selvagem Tormund estava do lado de fora com mais alguns de seus homens e o fiel e desajustado Podrick Payne. Tyrion estava quase levantando e seguindo para lá, a tensão no olhar de Davos era sentida por todos ali.

— Espero que a comida esteja agradável, lorde Tyrion. — Sansa murmurou para que não chamasse atenção indesejada, Tyrion agradeceu em seus pensamentos por isso.

— Sim, Lady Sansa, obrigado. — Qualquer coisa que viesse acompanhada de um bom vinho é sempre apetitoso. Ele pegou batatas cozidas para mostrar à garota o quanto estava apreciando. — Está muito bonita esta manhã, Milady, alguma ocasião especial?

— Não, milorde.

— Então é apenas bonita. Foi você que bordou isto? — Perguntou enquanto apontava para o pequeno lobo bordado em seu vestido azul escuro com os ombros cobertos de pele cozida, algo que o povo livre trouxe para "o sul da muralha", como eles costumam chamar.

— Sim.

— Sempre gostou muito de bordar, não é lady Sansa?

— Faz com que o tempo passe mais rápido e é divertido, me faz lembrar também de Arya, ela odiava fazer os pontos e Septã Mordane ficava uma fera sempre que ela fugia das aulas. — O sorriso de Sansa entristeceu, Tyrion colocou sua pequena mão sobre a dela e beijou-a carinhosamente, mas logo seus olhos voltaram para os dois sentados a sua frente.

Tyrion olhou para cima e percebeu com um sorriso. Lady Sansa rezava todos os dias pelo Rei do Norte, Robb Stark. Brienne fazia parte da Guarda Real do Rei Renly, Sor Davos era fiel ao Rei Stannis e eu ao meu sobrinho sem escrúpulos. Um de cada lado do reino, agora juntos. Daenerys Targaryen conseguiu juntar todos eles, não era atoa que era uma mulher admirável.

— Você matou o meu rei. — Davos Seaworth pareceu tristonho ao dizer aquilo, antes tinham desatado uma conversa entediante sobre os Sete Reinos, mas os olhos azuis que o fitavam de volta, honrados e brilhantes não demonstravam nada além de sua palpável sensação de dever cumprido.

— Seu Rei matou o meu.

— Sim, e um javali matou o Rei Robert. E este foi o triste fim da casa Baratheon. Robert está morto, Stannis está morto, Renly está morto. A casa Baratheon está morta. O mesmo aconteceu com os Targeryan há anos e cá estamos nós, três homens dos Baratheon lutando pelos Targaryen. — Tyrion sorriu e olhou para o rosto grosseiro de Brienne. — Perdoe-me Milady, dois homens e uma mulher.

— O senhor é um zombeteiro, faz piada dos mortos!

— Dos mortos? Nos mortos eu prefiro nem pensar, faço piada dos vivos, com os vivos e para os vivos, e se os deuses forem bons continuarei assim por muito tempo. — Tyrion levantou seu copo para um brinde. — Aos vivos!

Lady Sansa foi a primeira a brindar com ele, seguida por Sor Davos que fez aquilo contra vontade e Lady Brienne hesitando. Os dois ainda acreditam estar de lados opostos nesta guerra, mas são mais parecidos do que gostariam de admitir. 

— Sor Davos, o que acha de irmos até lá fora dar uma lição naqueles dois? — Tyrion perguntou olhando pela janela com curiosidade enquanto assistia o selvagem e Pod treinando arco e flecha.

O Senhor das Cebolas aceitou de bom grado, e mais tarde caminhavam pelo pátio até encontrar os dois que ainda treinavam, Pod não era dos melhores, mas Tyrion não podia opinar, também não era bom. Se eles fosse falar sobre as técnicas e as maneiras corretas de segurar e atirar, então talvez ele tenha alguma vantagem, mas a prática em si era um terror.

Um homem velho com cabelos cumpridos até a altura dos ombros se aproximou de Sor Davos e murmurou algo em seu ouvido, o homem foi atrás do velho e Tyrion não pensou duas vezes antes de segui-los.

— Algum problema, Sor Davos? — Se fosse a rainha então ele...

— Apenas uma visita.

— É mesmo? Quem?

— Não se identificou, disse apenas que procurava por mim.

Curioso. Tyrion pensou em voltar para onde os outros estavam, mas algo o fez continuar andando um pouco atrás de Sor Davos, os dois pararam e olharam para os portões onde um rapaz de cabelos negros e olhos azuis brilhantes entrou montado num cavalo marrom. Tyrion franzio o cenho e semicerrou os olhos, uma sensação estranha na boca do estômago mesmo sem fazer ideia de quem aquele jovem possa ser.

— Conhece o rapaz? — Ele perguntou sem tirar os olhos do garoto que caminhava em sua direção.

— O filho bastardo do Rei Robert Baratheon.