Bran
Uuuuuuuuuuuooooooooooooooooooooo
O berrante soprou uma única vez aquela tarde anunciando o grupo de patrulheiros que tinham saído há alguns dias para lá da muralha. Eles estavam nervosos e trêmulos ao trotarem seus cavalos pelos portões da Muralha, depois daquele dia, Edd Doloroso, o Senhor Comandante da Patrulha da Noite ia a seu quarto diariamente tentar convencê-lo a enviar uma carta para Wintefell.
O inverno nunca tinha sido tão frio e Bran sentia isso em todos os seus ossos não inválidos. Ele olhou ao redor para seu quarto vazio e sentio o peito igualmente, sentia a falta de Hodor dizendo Hodor. Sentia falta do calor de Verão em sua pele pálida e de seus sonhos de lobo.
Quando Meera entrou no quarto mais tarde, a escuridão já tinha banhado o céu e ele estava cansado de ficar deitado. Um dos homens o levou até um salão grande, onde mais alguns homens vestindo negro esperavam. Bran sentou-se em uma das cadeiras do batente de cima, ao lado do Senhor Comandante, os murmúrios embaixo o ensurdecia, mas permaneceu calado.
— Irmãos! — Um homem alto e magro com uma barbicha negra que descia até o pescoço falou alto abaixo deles. O silêncio tomou o lugar, era um dos homens que tinham voltado da patrulha. — O inverno está aqui, passamos uma quinzena para lá da muralha, e vivemos situações alarmantes! Os Caminhantes Brancos e os Outros fazem seu caminho numa única direção. Eles estão perto, e o vento que sentimos agora são os ventos do inverno.
— A Patrulha da Noite não vai se acovardar diante dessas criaturas! — Edd Doloroso ergueu-se mais alto silenciando a todos que tinham se pronunciado assustados. — Nossos irmãos patrulheiros trouxeram notícias preocupantes, é verdade. Os Outros caminham próximos à Muralha, foi vista uma trilha de mortos em Solar Ruivo e Brancarbor.
— Selvagens mortos! — Um dos homens protestou.
— Não mais. Agora marcham no exército do Rei da Noite.
— Já lutamos contra Selvagens e alguns desses homens lutaram contra os mortos em Durolar e no Punho dos Primeiros Homens, se esses filhos da puta quiserem passar pela Muralha, vão ter de derruba-la e isso é impossível.
— Engano o seu Sor. — Meera disse chamando a atenção de todos aqueles homens para ela, a única mulher. — Eles são milhares e trazem o frio com eles, aquele que chamam de Rei da Noite traz consigo um berrante que segundo lendas e as visões de Bran, pode derrubar a muralha.
— Lendas e visões! Toma-nos por tolos mulher? O que sabe sobre as guerras que travamos?
— Mais do que o senhor pode imaginar! Bran tem a Visão e ele viu. Diga para eles o que viu Bran.
Bran engoliu em seco, sabia que não podia esconder por mais tempo, era assustador, mas aconteceria pior se não estivessem preparados para lutar.
— Ouvi o som de um berrante que mais parecia o grito de angústia de um animal morrendo. Eu vi neve, muita neve. Vi uma sombra gigante sobrevoando o céu acima de montanhas de gelo quebrados e espalhados, vi os mortos atravessando as montanhas de gelo e levando consigo o frio e a longa noite para o outro lado. — Bran encarou o homem assustado com seus olhos cinzentos esbugalhados. — Vi a Muralha cair.
O silêncio o assustava. Ele podia ver os rostos de cada um ali, perdidos e assustados. Pode um homem continuar a ser valente se tiver medo? Perguntou a si mesmo.
Na manhã seguinte, o salão estava vazio e tudo que Bran ouvia era o barulho de aço batendo contra aço e gritos de atenção do lado de fora. A Patrulha tinha estendido o tempo de treino dos seus homens. No salão restavam apenas Meera, Edd Doloroso e o homem que o levara até ali.
— O que você disse... — Edd começou.
— É verdade? — O outro terminou por ele.
— As visões não mentem.
— Precisa ir imediatamente para Winterfell, lá é mais seguro que aqui e...
— Não existe lugar seguro. — Meera o interrompeu, mas Bran sabia que tudo que ela queria era voltar o quanto antes. Se fazia aquilo, era por ele.
— É mais que aqui. Eu tenho duas cartas para Winterfell em minhas mãos — prosseguiu Edd com cautela. — uma delas está escrito sobre as notícias trazidas pelos homens da patrulha e omitindo sua presença e a outra sobre o que foi dito por você no salão, junto a notícia de que o Senhor de Winterfell está vivo na Muralha. Então, Milorde, qual das duas devo enviar?
Pode um homem continuar a ser valente se tiver medo?
Bran lembrou-se do pai. Se perguntava o que ele faria, qual das duas ele enviaria?
Viu o rosto cansado de Meera, a maneira como seus lábios se abriram e seus olhos mudaram de um terror nítido para esperança, fez Bran repensar.
Pode um homem continuar a ser valente se tiver medo?
— Envie as duas.
Esta é a única maneira de um homem ser valente.
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