História Um Tempo de Lobos e Dragões - Tyrion V

Tyrion

Ela estava sentada graciosamente olhando numa única direção. O batardo do Rei Robert parecia desconfortável ao lado de Davos, tratou-a como uma rainha, mas a carranca no rosto de Daenerys não havia mudado.

Tyrion sabia que aquilo não daria em nada, eles falariam sobre o futuro e inclinavam-se a perguntar sobre a Batalha do Ursupador. Precisava ter com a Rainha a sós, onde poderia aconselhá-la sem olhos pedintes e julgadores o olhando o tempo todo. Não se importava com aquilo, mas não queria ter de contrariar qualquer decisão da Rainha na frente daqueles Nortenhos de cara congelada.

Mais tarde eles estavam em seus aposentos, Daenerys andava de um lado para o outro enquanto discutiam sobre as Ilhas de Ferro e o bastardo.

Mas desde que chegaram Tyrion não disse uma palavra, apenas observou atentamente cada um deles.

— Estão sem forças, minha Rainha. — Verme Cinzento tentava convence-la. Aquilo era inusitado, pela primeira vez Tyrion estava do lado do Imaculado.

— Sim, mas não precisamos atacá-los, no isso me garantiria a vitória? Vencerei se partir para Porto Real imediatamente. Missandei, o que acha?

— Irei para onde achar que seja melhor, Vossa Graça.

— Mas o que você acha?

A menina tímida endireitou-se em seu lugar e disse nervosamente.

— Eu... acho que não seria um problema ir até Pyke antes, mas também acho que perderíamos um tempo em que já teria reconquistado seu trono.

Tyrion sentia o ar frio da noite em sua pele descoberta, ele quase estremecia.

— Sobre o bastardo. — Ele falou cansado, mudando rapidamente de assunto e fazendo a Rainda trepidar.

— Filho de um traidor.

— Sim. Assim como Lorde Snow e eu, Vossa Graça. É um garoto, um bastardo que nada sabe sobre a guerra. Não pediu para estar aqui, não tem culpa dos erros do pai, assim como eu não tenho culpa dos erros do meu, e Vossa Graça bem sabe que não tem culpa dos erros do Rei Louco.

— Porque iria querer reviver a família que dizimou a minha?

— Para mostrar-lhe a sua misericordia. A misericordia da Mãe. Mostre a eles que é uma Rainha justa que perdoa e abraça seus filhos. Uma rainha por quem vale apena morrer.

— Quero falar com Tyrion a sós. — A Rainha falou imediatamente sem tirar os olhos dele, então os outros dois saíram do quarto lado a lado como um bom casal faria.

— Sei o que está pensando. Ele é um bastardo, por que os vassalos dos Baratheon o seguiriam? Veja seu pretendente como um exemplo. O sangue de Robert Baratheon corre por suas veias e Ponta Tempestade é importante para a guerra. Pense na reação dos homens ao ver os Baratheon ao lado dos Targaryen.

Ela sentou-se, as palavras fugindo de seus lábios, os olhos confusos, mas compreensivos. Sabia que aquilo era importante e era inteligente para saber que Tyrion estava certo.

— Será legitimado e se tornará o Lorde de Ponta Tempestade e então?

— E então convencerá seus vassalos a lutar pela sua guerra.

— Certo. — Murmurou baixinho. — Certo.

Tyrion não perdeu tempo e inclinando-se em seu lugar erguendo uma sobrancelha, perguntou:

— Como foi o encontro com Lorde Snow?

— Por que o chama assim?

Um sorriso brincou em seus lábios enquanto recordava de seus dias na Muralha.

— Foi em seus primeiros dias na Patrulha, vencia de todos os outros garotos, não importava com quantos lutava ao mesmo tempo. O garoto odiava esse apelido, era só chamá-lo assim que suas sobrancelhas se juntavam, assim como as suas estão agora. Mas o tempo não foi de todo mal, aceitou o nome e o fez seu, e ninguém mais pôde magoá-lo por isso.

— Lorde Snow. — Daenerys testou o nome em seus lábios.

— Não respondeu minha pergunta, Vossa graça. — Tyrion a olhava com curiosidade e percebeu seu rosto corando ferozmente.

— Bom. Nós brigamos.

— E como isso pode ter sido bom? — Tyrion perguntou confuso, mas Dany se limitou a separar os lábios com um grande sorriso. 

Age como uma menina apaixonada. Talvez não tenha sido a melhor das minhas ideias trazê-la para o Norte. Precisamos focar na guerra que está por vir.

— E quanto as Ilhas de Ferro? Precisamos tomar o castelo. — Tyrion voltou a falar.

— Não acha que seria melhor direcionarmos nossas forças para Porto Real? Estão todos lá, a Guerra é lá.

— Tínhamos um plano quando saímos de Pedra do Dragão, devemos seguí-lo. Viemos para o Norte para unir forças e atacar Pyke. O Castelo está desprotegido, é a chance perfeita para toma-lo.

— Podemos perder homens por nada. Quando vencermos a guerra em Porto Real, teremos Pyke do mesmo jeito.

— Sim, mas pense no quão desestabilizados eles vão ficar quando descobrirem que o Dragão de três cabeças tem seu castelo agora. Eles não tem homens para um cerco e de lá podemos conquistar Correrrio que está nas mãos dos Freys.

— Pensei que os Frey estivessem mortos.

— Nem todos. Walder Frey teve tantos filhos que se você achar que matou todos ainda terá metade muito bem e viva.

— Então ainda iremos para Pyke?

— É o meu conselho como Mão.