Bran
As noites se passavam ao lado daquela árvore-coração. Bran sabia que mais cedo ou mais tarde eles teriam que seguir para a muralha, mas ainda havia tantas coisas que ele gostaria de ver. Meera tinha saído para caçar e voltou pouco tempo depois com dois coelhos presos em suas mãos. Ela estava com um sorriso pequeno nos lábios finos.
— Acha que podemos ir para a muralha hoje? — Ela perguntou enquanto limpava o animal com uma faquinha.
Eles já poderiam ter ido para a muralha, mas Bran queria ir sabendo o máximo que pudesse.
— Podemos, mas não sei se vamos.
A menina o olhou, seus olhos negros esbugalhados.
— Não estamos seguros aqui, Bran.
— Esta é a árvore-coração mais próxima da Muralha, preciso ficar aqui o máximo que conseguir.
Eles ficaram em silêncio por um tempo, até que ela o olhou mais uma vez.
— O que descobriu?
— Muito. Jon e Sansa estão em Winterfell, e seu pai também estava lá, mas logo terão outra visita. — Meera pareceu surpresa e se aproximou de Bran curiosa, encostou uma mão em sua perna, mas ele nada sentiu.
— Meu pai? O que mais?
— A Rainha dos Dragões está em Westeros, mas é Cersei que senta no Trono de Ferro. Os Caminhantes Brancos marcham, milhares e milhares, incontáveis. Haverá mais guerras antes da verdadeira. E vi o passado... vi meu pai brincando nos pátios de Winterfell, vi tio Benjen chegar na Muralha ainda jovem. Vi um torneio e um homem com cabelos prateados entregar rosas azuis de inverno para minha tia Lyanna. Era ele, Rhaegar Targaryan. E depois ele a sequestrou.
— Você viu isso?
— Não, mas é o que sempre disseram.
— Só porque disseram não quer dizer que é verdade.
Verdade. Seu pai escondera a verdade durante tanto tempo. Ainda era confuso tentar entender aquela visão, mas viu seu pai levar o bebê para Winterfell e nomeá-lo Jon enquanto sua mãe, Catelyn chorava suas dores por uma traição que nunca existiu.
A noite ele ainda ficava sem sono enquanto se perguntava porque não contou a ninguém. Por quê? Sua mãe entenderia, Jon entenderia. Porque segredar algo tão importante das pessoas que amava?
— Eu descobri uma verdade. E nenhuma verdade é descoberta a toa.
— E o que pretende fazer com ela?
— É o que me assusta Meera, eu não sei.
Seu irmão bastardo Jon Snow nunca foi seu irmão. Nem meio-irmão, ele é seu primo, mas ainda um Snow, um bastardo do Norte. Um bastardo de Rhaegar Targaryan.
Mais tarde ele colocou a mão sobre a árvore-coração e quando abriu os olhos encontrou-se em um bosque que não conhecia. Uma mulher corria com um escudo em sua mão. Ele ouviu o barulho de um cavalo se aproximando e quando chegou perto suficiente, a menina se abaixou e cobriu seu corpo com o escudo. Bran observou bem aquele brasão, era uma árvore com um sorriso.
O Cavaleiro da Árvore que Ri.
— Erga-se para seu príncipe. — O homem disse alto e claro. A menina sem saída, se apoiou no escudo e levantou lentamente. O vestido azul estava sujo, o cabelo voou pelo vento e Bran logo a reconheceu.
Lyanna.
O príncipe pareceu chocado, desceu do cavalo e caminhou até ela, pegou o escudo e o olhou por um tempo.
— Milady, era você?
Ela não respondeu, tinha os olhos nele o tempo todo.
— Responda em nome do Rei.
— Não.
— E o que faz com isso?
— Encontrei.
Um sorriso brincou nos lábios do príncipe.
— Suba no cavalo, vou levá-la de volta, milady.
— Não sou uma lady.
— E é O Cavaleiro da Árvore que Ri? — Ele perguntou fitando-a profundamente.
— Não um cavaleiro, meu príncipe, uma guerreira.
Rhaegar sorriu e os dois mergulharam em um silêncio profundo enquanto se encaravam. E por um momento, Bran pensou que talvez ele não a tivesse sequestrado.
— Bran, acorde! — Meera o sacudia assustada, e quando olhou para ela sentiu que tinha ficado por horas em seu sonho. — Bran!
— Bran Stark? — O homem que estava a frende deles vestia negro dos pés a cabeça. Outros estavam vestidos iguais e Bran soube que eram homens da Patrulha da Noite. Ele não respondeu. — Sou Edd, um grande amigo do seu irmão, Jon Snow.
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