História Um Tempo de Lobos e Dragões - Daenerys I

Daenerys

Varys entrou lentamente e caminhou até o outro lado esperando ser seguido por Tyrion. O pequeno Lannister caminhou até ele e Daenerys não ficaria para trás enquanto sabia que o eunuco trazia as notícias que tanto esperava. Enquanto olhavam para o grande céu azulado, ela esperou que o homem falasse.

— Quais as notícias, Varys? — Tyrion perguntou.

Varys olhou para a Mãe dos Dragões, mas não se acanhou e começou a falar.

— Por onde começar? — Eles caminharam até o mapa e Varys colocou um pequeno ponto em Porto Real. — O rei Tommen está morto e agora a rainha é Cersei pela casa Lannister. — Pegou mais um ponto e colocou sobre Rochedo Casterly — Jaime Lannister é o senhor de Rochedo, mas está em Porto Real. — Pegou outro ponto e colocou sobre o Norte. — Roose Bolton está morto, assim como seu filho bastardo que morreu numa batalha pelo Norte contra a família Stark.

— E não estão todos mortos?

— O bastardo de Eddard Stark, Jon Snow desertou da Patrulha da Noite e com Sansa Stark — Varys trocou olhares com Tyrion — tomaram o norte com o apoio de algumas casas, selvagens e do Vale. Agora Jon Snow é protetor e o chamam por lá de Rei do Norte. E Mindinho é o protetor do Vale.

Equanto falava Dany observou tudo com atenção.

— Euron Greyjoy construiu uma grande frota de navios e promete seguir para Essos em busca de vossa graça.

— E precisamos de alianças.

— Pretende que eu me case com esse senhor do Vale?

— Lorde Petyr não é homem para vossa graça. — Tyrion observou atentamente o mapa e pegou os pontos de Rochedo Casterly e do Norte.

— Podemos nos aliar a casa Lannister, mas não acho que um casamento com Jaime seja a melhor escolha.

— Ainda temos o Rei do Norte.

— O homem se auto denomina rei. Eu deveria descer lá com meus dragões e mostrar-lhes a verdadeira Rainha.

— Minha rainha, não temos dúvida de que convenceria a todos sem esforços, no entanto meus planos são outros. Conheci Jon Snow e Sansa Stark, e Theon Greyjoy também os conhece bem. Confesso que o antigo rei era um garoto prepotente e Ned Stark deu toda sua honra na semente de Jon Snow. Sansa sempre foi uma menina sonhadora, mas a mais sofredora até onde me lembro, afinal ela teve de se casar comigo.

Daenerys o olhou surpresa. Não sabia que o pequeno homem de Lannister já tinha se casado, mas não perguntaria sobre isso, não agora.

— Acredito que o Norte tem mais a nos oferecer como aliados do que como inimigos. Se conquistarmos o Norte teremos o Vale de Arryn. Por mais que eu não confie em Lorde Petyr.

— E que tipo de aliança você está falando?

— O tipo mais comum. O Norte é grande, teríamos a aliança de um Lannister e um Stark. De uma Targaryan e um...

— Snow. Pretende que eu me case com um bastardo?

— Pretendo casá-la com um Rei.

— Ele não é rei até que eu diga.

— Para o Norte ele é o rei. Eles não a conhecem, vossa magestade, e nunca se aliariam aos Lannister ou aos Frey ou aos Greyjoy novamente.

— Curioso. — Ela caminhou ao redor da grande mesa. — Eu tenho um Lannister e muitos Greyjoy.

— Vossa graça veio para Westeros sabendo dos riscos, sabendo que precisaria de alianças e alianças precisam de casamentos para se mostrarem fortes e verdadeiras. O que os Nortenhos ganhariam em troca de uma aliança com uma Targaryen?

— O direito de viver.

— Não vai conseguir aliados fiéis se ameaçá-los, vai conseguir aliados medrosos, e esses são o pior tipo.

Daenerys olhou uma última vez para o mapa no Norte, onde Winterfell parecia grande e fria, em seguida balançou a cabeça. Ela sabia que Tyrion a convenceria desde o começo, ele sempre conseguia, mas ela ainda podia modificar.

— Da última vez que o vi, Jon Snow era um jovem muito bonito. Algumas garotas o olhavam disfarçadamente por ele ser um bastardo, mas não duvide, vossa graça, eu mesmo se fosse uma garota poderia cair nos encantos de Jon Snow.

— Me casarei com este que se autointitula Rei do Norte e o transformarei no Rei dos sete reinos, mas quero uma audiência com ele antes de qualquer coisa. Assim que o encontrar quero falar apenas com ele. Vou fazê-lo ver que eu sou a Rainha e ele nunca vai sentar no Trono de Ferro no meu lugar.

Daenerys tentou criar uma imagem para o jovem em sua cabeça, mas tudo que via era um homem com cabeça de lobo olhando para ela sentado em um trono de gelo. Não conhecia este que se autointitula Rei do Norte, mas não gostava dele, ou do fato de ele querer para si algo que sempre pertenceu a ela. Para ela, era mais um de seus inimigos que precisava destruir. Cersei Lannister também sentava em um trono e a chamavam de Rainha, mas ninguém estava oferecendo uma oferta de casamento. Jon Snow é um nome que agrada a Tyrion Lannister e isso era suficiente para ela, até que se prove o contrário. Um passo errado e Drogon vai mostrar-lhes a vingança dos Targaryen sobre os Stark.

Mas ainda tinha algo que a incomodava. Seu irmão Rhaegar algum dia amou Lyanna Stark? E ela algum dia o amou? Talvez os Stark e os Targaryen não nasceram para estar do mesmo lado da guerra, ou compartilhar a mesma cama. 

— Ninguém espera que ele o faça. O trono é dos Targaryen, ele não é um Targaryen.

— Ele nem é um Stark. — Varys inteveio e Dany sorriu.

— O que pretende fazer Tyrion?

— Vou para o Norte.

— Você é a Mão da Rainha, não pode ir.

— Devo ir minha rainha, conheço aqueles dois Stark, e mandar qualquer outro seria indigno deles.

— Então vamos todos.

— E chamar a atenção de todos com seus dragões? Cersei ficaria uma fera se descobrisse que alguém quer tirar o trono dela tão cedo e por mais que eu ame ver minha irmã irritada, não precisamos disso agora, precisamos atacar as Ilhas de Ferro primeiro.

Tyrion observou o mapa e Daenerys percebeu quando ele bebeu o vinho que tinha tido uma ideia.

— Varys, como está Correrrio?

— Com os Frey.

— Os Frey estão com os Lannister.

— Mas Walder Frey está morto.

— Ótimo. Eis o meu plano. Vamos para o Norte, eu primeiro para tentar a aliança, quando conseguir, porque eu vou conseguir, vocês irão logo para Winterfell. Depois do casamento iremos com o exército dos Stark, Martell, Tyrell e Imaculados para Correrrio e ficaremos lá para atacarmos Pyke. Depois de conquistar as Ilhas de Ferro, vamos para Porto Real com todos os exércitos atacando por todos os lados.

— E os Dothraki?

— Ficam aqui. Não vão aguentar mais viagens de barco, e teremos homens suficiente para atacar as Ilhas de Ferro, os Dothraki esperam por Porto Real.

— E os meus Dragões.

— Leve-os. Até lá, Cersei já saberá mesmo.