História Um Tempo de Lobos e Dragões - Jon II

Jon

Brienne e Podric estavam conversando com Sansa do outro lado do pátio enquanto Fantasma uivava ao passo que os portões de Winterfell se abriram. Então um homem entrou a cavalo segurando um estandarte que Jon Snow nunca tinha visto alguém usando durante toda a vida. O dragão vermelho de três cabeças sobre um fundo negro da casa Targaryen.

Fantasma ficou inquieto até que uma de suas mãos baixaram até sua cabeça acariciando o pelo branco e a outra pegou a carta que o vassalo Targaryen segurava.

— Disseram-me para entregar nas mãos do Rei do Norte. — Davos estava ao lado do homem, e foi ele que disse quem era Jon. O homem fez uma reverência e saiu sobre seu cavalo na direção das estalagens.

Jon Snow caminhou ao lado de Davos para o grande salão com Fantasma o seguindo logo atrás. Ele tirou o selo Targaryen e leu a carta em voz alta.

"Vossa Graça, informo-lhe que estou indo ao Norte, em nome de Daenerys Targaryen a rainha de direito dos Sete Reinos, para tratar de assuntos que interessam a ambos. Quando esta carta estiver em suas mãos já devo estar a uma semana de Winterfell. - Seu amigo, Tyrion Lannister."

— Amigo? — Davos perguntou desconfiado.

— Tyrion Lannister não é meu inimigo. — Disse simplesmente.

Devo considerá-lo um amigo então?, pensou.

— Vossa graça sabe do que poderia se tratar esse assunto?

— Guerra. — É o mais provável. A guerra do Norte por mais que seja a mais perigosa, é a mais ignorada pelos sulistas, simplesmente não se importam ou não tem nenhum conhecimento sobre. Tyrion Lannister não é diferente, passou tanto tempo em outro continente que não faz a menor ideia de que guerra ainda tem de travar.

— A guerra do lado errado. Eles lutam no Sul quando deveriam estar lutando no Norte.

— Sim, Davos, mas eles não sabem disso. Meistre Aemon foi o único Targaryen que conheci, e achei que seria o último.

Mate o menino, Jon Snow, e deixe o homem nascer. - As palavras de Meistre Aemon ainda pesavam em sua mente e coração, foi seu último conselho.

— O que vai fazer com ele?

— Oferecer-lhe um bom quarto e comida em nossas mesas.

— É um Lannister!

— Jon? — Sansa entrou com seu vestido com o lobo gigante de Winterfell bordado. — Soube que recebeu uma carta.

Jon trocou olhares com Davos. As notícias demoravam chegar na Muralha mais que em qualquer outro lugar, mas soube que Sansa tinha se casado com Tyrion e não sabia se para ela aquela seria uma boa notícia. Mas não esconderia dela, era a Stark em Winterfell e verdadeira Senhora da casa. Jon Snow estendeu o braço e deixou que ela lesse a carta.

— Lorde Tyrion, — Murmurou antes de levantar os olhos. —  foi muito amável comigo enquanto estava em Porto Real. Mesmo depois do casamento, sempre me respeitou e nunca me tocou. Mas é um homem inteligente e quando diz que o assunto nos interessa, talvez interesse mais a ele que qualquer outro, e isso nos dá uma pequena vantagem quando ele chegar. Mas não vou mentir Jon, se Lorde Tyrion quiser uma aliança com os Stark pela casa Targaryen ele a terá.

— Há quanto tempo os Stark e os Targaryen não estão juntos? — Davos perguntou retoricamente. — Parece que este vai ser um grande dia.

Jon Snow olhou dentro dos olhos de Sansa, queria ver a sinceridade nela, ele tinha seu próprio jeito de enxergar Tyrion, um homem inteligente e rico em conhecimento, sem dúvidas Jon lembra que sua sombra sempre era maior que a de todos os outros, porque por dentro ele era um gigante.

Oito dias depois os portões de Winterfell se abriram para Lorde Tyrion Lannister e sua pequena frota de homens Targaryen. Jon Snow foi avisado de sua chegada e já o esperava nos salões. O pequeno homem caminhou a frente dos outros e sorriu genuinamente.

— Vossa graça. Lady Sansa.

— Lorde Tyrion, seja bem vindo e espero que sinta-se em casa.

— A última vez que estive aqui não fui tão bem recebido, mas os deuses são sábios. — Tyrion rolou os olhos por todo o salão e encarou por alguns segundos Tormund, mas um brilho desconhecido se intalou em seus olhos quando encarou o homem das cebolas.

— Sor Davos. — Exclamou com surpresa. —A última vez que ouvi falar do senhor estava ao lado do Rei Stannis.

— E o senhor ao lado do Rei Joffrey.

— Agora os dois estão mortos, parece que não escolhemos certo na primeira vez. Mas tivemos uma segunda chance. O senhor encontra-se agora ao lado de Jon Snow, o Rei do Norte. E eu ao lado de Daenerys Targaryen e seus muitos nomes e títulos, entre eles rainha de direito dos Sete Reinos.

— Na carta que nos enviou o senhor disse que falaria sobre um assunto que interessaria a ambos.

— Sim, Lady Sansa, mas vamos ter tempo para isso, não pretendo que minha viagem ao Norte seja curta. O que aconteceu de grave para que o honrado Lorde Snow quebrasse seus votos da Patrulha da Noite? Cansou-se de lutar contra gramequins e snarks?

— Não quebrei nenhum voto.

— Então mudaram os votos da patrulha da noite depois de milhares de anos para que o senhor pudesse sair?

— Vossa Graça. — Davos o corrigiu. — Ele era o Lorde Comandante e agora é um Rei, Lorde Tyrion.

 — Sabia que o bastardo de Ned Stark não estava destinado a congelar os órgão naquela muralha. Seu tio Benjen apareceu? Não, acredito que não. Deve ter lutado com todos os tipos de gato-das-sombras, e lobos e Gramequins e Snarks para lá da muralha.

— Ou Caminhantes brancos e Selvagens.

— O que aconteceu Lorde Snow?

Jon Snow mordeu o lábio e respirou fundo, aquele era um assunto que ele não gostava de recordar. Todos as noites antes de dormir ele via os rostos dos irmãos. "Pela Patrulha" eles diziam. Até que Olly aparecia e cravava a adaga em seu coração arrancado seu último suspiro de vida.

— Esse é um assunto que vossa graça não se sente confortável em falar. — Sansa interveio e Tyrion abriu um pequeno sorriso de compreensão.

— Então falaremos sobre outros assuntos: Guerras e alianças. Fogo e sangue.