POV— Tio Edgar
Estava tudo como o planejado, a música doce e suave guiava pares de danças pelo centro do salão, as serviçais auxiliavam com os aperitivos, a iluminação estava em um tom cuidadoso, deixando um clima agradável para os presentes no baile. Ah, como era bela a visão, mas havia um motivo para me fazer tornar esse baile perfeito e inesquecível, nesse clima nem mesmo o cabeça dura de meu sobrinho resistiria aos encantos de alguma jovem moça.
Pelo menos era o que se passava na minha mente, alguns minutos atrás, sabia que seria difícil, mas não pensei que após apresentar-lhes tantas moças, ele conseguiria arranjar tantas desculpas miseráveis:
—Seus dentes me lembram do Peres. — Como podia comparar uma moça a seu próprio cavalo.
—Ela é muito alta, seria taxado como Rei Baixinho, se ela fosse uma Rainha. — De fato a moça era de uma altura... Não comum.
—Não tem corpo algum. — Não tenho argumentos desta vez. Afinal uma Rainha ainda precisava agradar seu Rei.
—O nariz desta me lembra das maças, que comi nesta tarde. — Desta o repreendi pela segunda vez:
—Não ira encontrar uma moça perfeita August. — Já era a sétima pretendente, estava começando a ficar impaciente, mas não pude discordar o nariz da jovem realmente não era pequeno.
E assim se seguiu ate a decima segunda ou terceira Princesa, pude perceber que August estava começando a ficar sem desculpas, então eu estava quase conseguindo quando ele começou a se levantar dizendo:
—Meu fiel Tio, irei desfrutar da minha festa se me der licença. — Não pude evitar então apenas suspirei e dei um breve aceno com a cabeça.
Mas aquele baile estava apenas começando, ainda havia muitas moças e uma tinha que agrada-lo.
Ele tinha que entender que eu não estaria ali para sempre e querendo ou não ficar sozinho não era uma opção. Um Rei precisa de uma Rainha, não apenas para lhe aquecer na cama, mas como também para aquecer lhe o coração, e o de August infelizmente precisava de muito calor. Deste a morte de seus pais, o garoto não tem mais vontade alguma, a não ser a de me contrariar é logico. Ele permanece calado, e sua paciência é curta, é fácil para ele perder a calma e isso me assusta alguém como ele poderia seguir um caminho traiçoeiro, melancólico e perigoso, e eu desejo profundamente que isso não venha acontecer. É por esse motivo que deve encontrar alguém para lhe fazer bem. E é por isso que eu irei fazer com que uma o agrade nem que tenha que apresenta-lo a todas as princesas desse baile.
Estou procurando ele a um longo tempo, onde um Príncipe pode se esconder em sua própria festa. Ele é inacreditável.
Fui em direção à mesa de aperitivos e pude vê-lo vindo do jardim. Como não pensei no jardim?
Mas paro meus pensamentos, após me deparar com algo que me fez ficar radiante, ele, meu sobrinho carrancudo, sério, de mínima paciência estava sorrindo? Não é possível, eu devia estar delirando. Mas não estava.
Atravesso de um lado do salão, onde me encontrava e vou a sua direção e o paro no seu caminho ao trono:
—Que belo sorriso é este em seu rosto, August? — Não pude evitar perguntar.
—Não sei a que está se referindo. —Assim que me responde o vejo pigarrear e ficar sério novamente, foi breve, mas após ver algo que não via há anos, estou esperançoso.
—O que aconteceu? —Não pude conter minha felicidade, só podia ter sido uma moça, tinha de ser. — Finalmente a primavera chegou ao meu sobrinho? Será isso, já não era sem tempo. Quem é a beldade, que conseguiu deixar um sorriso, na face carrancuda de meu sobrinho? — Eu precisava descobrir quem era a jovem. Ele pareceu irritado, mas eu sabia, que se ele se irritou é porque estou certo.
—Pelos céus Tio. Acho que andou bebericando muitas taças de vinho no baile. —Se alguém me dissesse que meu sobrinho estaria perambulando com um sorriso no rosto, eu realmente acharia o mesmo, só podia ser um pobre coitado bêbado, mas não, eu vi com meus próprios olhos. E estava me contendo para não sair procurando a moça. Aquilo me animava, eu o faria cumprimentar todas as mulheres deste salão ate achar a que o deixara assim.
Estava a um bom tempo talvez quase uma hora tentando convencê-lo a me dizer o motivo do sorriso. Mas ele era imbatível.
Já estava em seu lado no trono pronto para convidar mais moças para se apresentar, depois de desistir da tentativa de me contar sua felicidade, quando escuto alguém ser anunciado.
—Princesa Cecília, de Luvier. — Céus isto é hora para se chegar a um baile, bem não deixa de ser uma Princesa.
Este nome não me é estranho, Luvier, Luvier... Seria possível a filha da Rainha Clara? Quando pousei meus olhos sobre a moça pude notar a semelhança, os mesmos olhos azuis e os mesmos cachos dourados. Herdou a beleza da mãe, de fato, pensei comigo mesmo. Mas espero que não tenha herdado a personalidade.
Em minhas inúmeras festas com meu irmão Rei Pedro VIII, pai de August, visitei o reino de Luvier, conhecemos o Seu Rei, um homem amistoso e simpático, e sua Rainha, uma mulher de semblante calmo, mas fria como pedra, e assim ficou conhecida, a Rainha de Pedra, ate hoje, não se sabe ao certo onde estão aqueles dois, mas dizem as mas línguas que após pegar uma boa quantia em ouro partiram para outro continente. A rainha de Pedra era conhecida não só pela sua frieza, mas também pelos seus cuidados excessivos com os filhos, ela tinha o costume de deixar claro que queria crianças bem educadas, e de fato lembro-me da pequena menininha que escondia um belíssimo sorriso tímido, mas que só demonstrava longe da mãe. E o menino mais velho que já emanava ar de um Futuro Rei.
E agora ali estava aquela jovem, que parecia ter trocado a timidez por uma força e coragem incomparável, estava deslumbrante uma verdadeira Princesa, nem mesmo August a recusaria. E talvez pudesse ter sido aquela jovem que fez meu sobrinho abaixar a guarda mesmo que por pouquíssimo tempo.
E talvez minha pessoa estivesse felizmente certa tendo em vista que assim que seu nome foi dito, meu sobrinho parece ter ficado um pouco inquieto.
E a moça agora atravessava o salão, ignorando qualquer comentário, creio que por sua origem, afinal havia certo tempo que não se ouvia falar dos filhos Perfeitos da Rainha de Pedra.
Mas o que realmente me deixou intrigado ate mais do que quando August sorrira foi ver o breve espanto da moça ao chegar perto do trono, curvar-se direcionando seu olhar de encontro ao de August, eu tive certeza, algo nasceria ali.
POV—Príncipe August
La estava ela, com um olhar de surpresa a meu ver, mas creio que o meu, se comparado ao dela também estava cheio de duvidas. Quem diria que iria incentivar um acordo, com a filha da Rainha de Pedra. Melhor assim penso eu. Sendo filha de uma Rainha, como sua mãe era, seria bem provável que ela seria de uma educação e perfeitos modos exuberantes. Só espero que a mesma não me desaponte, mostrando ser como todas as outras neste salão, mimadas e com conversinhas e risinhos irritantes.
Eu tinha acertado na minha escolha, ela seria uma Rainha perfeita se agisse como a mãe. Indiferente e atenciosa o suficiente para calar as malditas intrigas de um reino que adora bajular ao mesmo que apunha-la pelas costas de seus representantes.
A questão era, qual seriam as condições que aquela jovem teria em mente?
— Boa Noite, Príncipe August, minhas felicitações pelo seu decimo oitavo aniversario. Gostaria de lhe dizer pessoalmente os presentes de meu reino a que venho oferecer, poderia ter um momento em particular com a sua presença, Alteza? — Ela era rápida e educada o suficiente para tirar qualquer linguista de sua mais alta posição isto era um fato. Mas não daria o braço a torce queria saber se realmente ela saberia ser a Rainha Perfeita.
— No momento devo recusar-lhe a proposta, mas quem sabe se souber como me impressionar eu mude de ideia. — Pude ouvir meu Tio bufar ao meu lado, não arrisquei olhar para ele. Apenas mantinha meus olhos fixos na donzela a minha frente.
Ela apenas pareceu pensativa por um breve momento, e então abriu um belíssimo sorriso com seus lábios que estavam em um tom rosa-claro.
E então ela realmente fez algo que me impressionou, não só a mim, como todos ali presentes.
Ela simplesmente caminhou leve e delicada em minha direção, subiu os quatro degraus que me afastavam dos convidados, onde se encontrava meu trono, além de fazer questão de se inclinar vagarosamente, me fazendo contemplar o seu colo com um belo colar e seu busto, que era devidamente... Provocante, e parou deixando seus olhos de encontro aos meus, estava a centímetros de meu rosto, com um olhar sedutor e estimulante demais para meu gosto, apenas me olhou por um breve momento e direcionou seus lábios ao meu ouvido esquerdo sussurrando:
— Sabe muito bem por que estou aqui e a menos que queira se casar com esses projeteis de Princesas, sei que ira falar comigo. Garanto-lhe que ira gostar de minhas condições. — Ela sorriu não puder deixar de soltar um suspiro pesado, notei que meu Tio fez um aceno para iniciar um musica clássica. Sabia o que ele queria, estava sorrindo de orelha a orelha.
Ela então resolveu me torturar, como não podiam ver nossos rostos ela ergueu a mão e tracejou com as pontas dos dedos uma linha imaginaria de meu pescoço ate meu ouvido e voltando para minha nuca, pude sentir sua unha, em um contato mais forte, dar leves arranhões pela mesma.
— Me testar só ira deixa-lo tenso. — Ela sorriu, e mesmo que aqueles toques me faziam realmente ficar inquieto, meu orgulho falava mais alto então mantive meu semblante serio e direcionado para frente, pude senti-la começar a descer seus dedos e sabia que aquilo acabaria me deixando louco então apenas me pronunciei:
—Conseguiu minha atenção Princesa Cecília. —Ela realmente havia conseguido. —Estou impressionado com a sua coragem. —Virei meu rosto ficando poucos centímetros de sua cavidade bucal. — Minha vez de provoca-la, dei um breve e pequeno sorriso, levei minha mão em seu queixo, ela era boa não havia hesitado nem por instante, apenas mantinha os olhos sobre os meus. Ouvir uma musica dar inicio. —Me concede o prazer desta dança?
Por um momento achei que a tinha deixado sem palavras, mas ela apenas sorriu vitoriosa.
—Claro, seria uma honra. —Apenas peguei em sua delicada mão, ela, que agora já havia voltado a sua postura ereta, pôs-se ao meu lado. Então caminhei devagar ao centro do salão, estávamos lado a lado, eu segurava sua mão na altura de nossos rostos. Pude notar que todos começaram a se afastar com reverencias deixando apenas nós centralizados.
A rodopiei fazendo-a parar em minha frente à mesma já estava colocando sua mão livre em meu ombro, e eu colocando a minha e sua cintura, e então iniciamos uma valsa calma e graciosa. Então iniciei a conversa que sabia que era o verdadeiro motivo da dança.
—Então já se decidiu sobre seus termos. —Ela apenas fez um aceno positivo com sua cabeça, mas antes de falar, voltei a dizer. —Peço desculpas por não ter me apresentado adequadamente no jardim.
Ela então sorriu mais uma vez, como aquele sorriso me fazia estremecer, parecia que iria perder o controle de meu corpo a qualquer momento, Estava acostumado a perder a paciência, mas nunca havia perdido a razão.
—De fato fiquei espantada, quando notei que próprio Príncipe havia me oferecido uma ideia como a de um acordo. Mas o que vem ao caso agora é se irei convencê-lo, com minhas condições. —Ela disse me fazendo sair de meus pensamentos.
Há afastei um pouco e lhe girei, em um passo rápido colei nossos corpos novamente.
E seguimos assim apenas trocando olhares e sorrisos.
POV— Tio Edgar
Quando ouvir August pedir para a moça impressiona-lo quis taque-lhe a taça de vinho que carrego em minhas mãos em sua cabeça. Se não fosse pelo movimento da jovem se direcionando ate o trono, eu realmente teria feito.
Pela primeira vez na noite apareceu alguém que eu sabia que o agradaria, e ele me vem com essa conversa de impressionar, ele pensa que me enganar, mas pude ver seus olhos brilharem de entusiasmo e curiosidade pelo que a moça iria fazer. Se ela conseguisse mudar aquela expressão ou tira-lo daquele trono eu iria abrir uma garrafa de vinho branco.
E a jovem realmente o impressionou não só a ele como também, creio eu, que todos no baile.
Quando se inclinou devagar, pude ver os olhos fixos de meu sobrinho, em seu colo, soltei uma risadinha, quem não olharia para aquele farto busto. Então se posicionou e começou a sussurrar em seu ouvido, pude notar o suspiro pesado de August, então acenei para que tocassem uma musica lenta e calma. Talvez aquela situação esquenta-se um pouco. Não conseguia tirar o sorriso de meu rosto era animador ver meu sobrinho naquele estado, completamente a mercê de uma Dama.
Naquele momento me lembrei de meu irmão, August era igualzinho ao pai conseguia manter um semblante serio, mesmo com uma mulher belíssima em suas mãos, se fosse realmente como o pai, eu iria neste exato momento descobrir, Pedro, meu irmão só conseguiu retribuir as provocações de uma única mulher: Vitória, a mãe de August, aquela sim sabia levar um homem a loucura, eu a respeitava, ela havia sido a única que fez Pedro se ajoelhar e se arrepender de seus pecados. Eram um casal Perfeito, sabia que a morte deles havia matado aos poucos a felicidade de meu sobrinho, então quem melhor que a Filha da Rainha de Pedra, para ajuda-lo a encontrar o caminho da felicidade.
Eu só precisava que August respondesse suas provocações para ter certeza que era ela. O motivo do sorriso, que eu ainda não havia esquecido. E então... PIMBA, ele correspondeu pensei por um momento que iria beijar a moça ali mesmo, mas apenas a tirou para dançar. Pude ver outro sorriso em sua face mesmo que esse havia sido mais discreto, estava lá. E eu estava certo era idêntico ao pai, agora tinha que arrumar um jeito de fazê-lo pedi-la em casamento e pronto finalmente poderei festejar em paz. E ir a busca do meu vinho.
POV— Narradora
Todas as atenções estavam voltadas para Cecília e August que dançavam em uma sincronia perfeita. Era possível ouvir as criticas de moças que queriam estar no lugar da Princesa de Luvier, alguns se perguntavam como, ela havia conseguido com tanta facilidade convencer o Príncipe a conversar com ela, outros se perguntavam o que ela havia dito que o deixara naquele estado como se tivesse sido enfeitiçado.
E de fato alguns acreditavam que a jovem devia ter usufruído de magia negra, já que acreditavam que era o verdadeiro motivo de sua mãe ser fria e rancorosa, alguns a chamavam de bruxa. E sendo assim Cecília seria ninguém menos que a filha da Mulher que se envolvia com o mundo oculto. Apenas os mais tolos acreditavam nessas injurias de invejosos.
Ouvia ate mesmo alguns risos e comentários abusivos de homem que falavam que ela havia usado o poder feminino de persuasão.
Nenhuma daquelas bobagens afetava os dois que estavam trocando olhares e poucos sorrisos, raramente notavam-se sussurros entre os dois, que deixavam as outras Princesas, quase ao ponto de se descabelarem de puro ódio e inveja. Mas que fazia os olhos do Velho Tio Edgar, brilharem em uma radiante luz, estava tomando sua quarta taça de vinho, o que não era nada comparado à quantidade diária que o mesmo ingeria, mas o suficiente para poder lembra-lo de que estava certo, quando resolvera que seria Cecília a escolhida.
Neste momento Edgar estava se dirigindo a uma roda de amigos, dentre eles alguns guardas que estavam comentando sobre a troca de turnos para a vigia do baile, e alguns conselheiros do Futuro Rei. Avistou o Conselheiro Basmord, era um amigo de longa data da família, acompanhava o reinado de Rei Pedro VIII, os três já haviam aprontado muito em sua infância, eram como os três mosqueteiros das traquinagens.
—Basmord, o que me diz belo casal não acha? —Edgar disse, repentinamente, fazendo o Conselheiro se assustar e quase engasgar com sua bebida.
—Céus Edgar!— Exclamou o mesmo pelo susto. — Devo concordar talvez o pequeno August tenha encontrado um bom partido, a moça é de muito prestigio e beleza.
—De fato, estou esperançoso, a jovem talvez possa finalmente domar esse garoto. —Edgar disse enquanto observava o Príncipe e a Princesa valsando pelo salão. — Mas vim lhe dizer que já seria útil pensar na data de coroação de August não acha? Quanto mais cedo ele for coroado, mais cedo ira se casar e enfim poderemos viver nossa vida em paz. — Disse soltando uma sonora gargalhada.
—Creio que esteja certo, apesar de saber que apenas quer que o menino tome posse de seu direito para que você meu caro amigo possa festejar em paz não estou certo? —Basmord disse apontando para a taça de vinho na mão de Edgar.
Edgar soltou outra gargalhada. Seu humor era contagiante e indestrutível. Então disse:
—Está certíssimo meu amigo, mas se me permite perguntar qual bebida esta em sua taça? — Disse isso e pode ver o amigo perder a compostura, mas acabou por começar a rir juntamente com Edgar.
Enquanto isso Cecília estava dizendo ao Príncipe após outro rodopio:
—Gostaria de saber se esta disposto a ouvir minhas condições? Afinal a ideia fora de vossa Alteza, creio que não recusaria o pedido de uma Dama, ou recusaria? — Ela disse com os olhos presos no homem a sua frente. Era preciso manter a cabeça inclinada para trás para se referir ao Príncipe já que era notável a diferença de alturas.
—De fato não ouviria se não estivesse impressionado com a sua coragem de agora pouco. E eu digo que de fato é a primeira Dama que eu não recuso esta noite. — Disse ele para a jovem em sua frente, que mesmo tendo uma postura corajosa e imbatível, estava perfeitamente entregue aos braços do Príncipe na dança, ele percebera e estava aproveitando para colar o corpo da moça ainda mais no seu.
—E o que minha pessoa fez para impressionar o Futuro Rei a ponto de me passar àquela brilhante ideia que poderá me fazer livrar dos planos de meu irmão? — Ela sorriu. —Foi o vestido enlameado, os cabelos sujos, ou meu rosto manchado de terra? — Ele não pode evitar sorrir.
—Acho que todos os quesitos, mas teve um em especial. —August fez uma pausa e era possível notar a curiosidade da moça pela sua feição, e então o Príncipe continuou. — Fora os grandes olhos cor de diamante me observando sob a fraca luz da lua no jardim. Além é claro de ter pulado de sua carruagem. —Completou August no fim. —Realmente foi muita ousadia de vossa parte.
Cecília então não pode evitar sorrir e enrubescer um pouco o rosto, mesmo demonstrando força, ainda carregava o doce coração de uma jovem de 16 anos por dentro do peito.
Edgar notando o rosto da moça ficou perdido em seus pensamentos:
“Ora, ora se não é o sorriso escondido da princesinha que eu conheci. Meu sobrinho está cortejando alguém seria isso?”
E então riu como sempre fazia.
POV—Princesa Cecília
Quando ele me pedira para lhe impressionar por um momento pensei que estaria em uma situação ruim, mas então me lembrei de uma das poucas conversas de minha mãe, em que me ensinara que algum dia encontraria alguém especial que valeria a pena se arriscar.
Eu tinha 14 anos. Estava em meus aposentos sentada na beirada de minha cama, e minha mãe estava atrás de mim arrumando meus cachos em uma volumosa e bela trança. Estávamos nos preparando para um baile em comemoração a grande caçada de meu pai, de um urso que havia atacado o reino a algumas semanas. Quando minha mãe me disse:
—Sabe Cecília, muito em breve viajarei com seu pai e seu irmão ira receber a coroa, e você minha querida devera seguir seu caminho e encontrar um bom partido, que lhe de um futuro e seja capaz de trata-la como a Rainha que eu criei para ser. —Disse-me ela indiferente como sempre. E então continuou. — Então irei lhe dizer como conquistar um bom homem. Homens, minha filha, apesar de serem fortes em força, são fracos a mulheres, e é assim que você deve vê-los, deve saber como ganha-los com pura tentação e luxuria, deve saber toca-lo nos lugares certos e usar as palavras certas, assim atingindo seus pontos fracos.
—Pontos fracos? —Perguntei confusa.
—Sim, lugares sensíveis, que podem levar um homem a ter delírios. — Ela me respondeu.
—E onde são esses pontos fracos? —Perguntei curiosa e inocente.
—Ira descobrir com o passa dos anos, e depois de descobri-lo poderá ter o homem que desejar. — Ela respondeu e depois disse ter terminado com meus cabelos e fomos em direção ao baile.
Estava cheio de guardas comemorando, rindo e cantando musicas. Todos se curvaram quando eu minha mãe chegamos e fomos em direção à mesa de banquete. Minha mãe sentou-se ao lado de meu pai, e fiquei observando-a ela salta de vez em quando alguns sorrisos quando meu pai falava algo, e então ela notou meu olhar curioso sobre ela e então sorriu como se me informasse que iria me ensinar o que me dissera em meus aposentos.
E assim ela fez, enquanto meu pai ouvia a historia de um de seus guardas, minha mãe se aproximou e levou sua mão levemente ao ombro de meu pai, deslizou a mesma em direção ao seu rosto o que, pude eu notar, fez que ele esquecesse completamente da historia e voltou-se para ela, seus rostos estavam próximos, mas apenas pude vê-la sussurrando algo em seu ouvido, fazendo meu pai sorrir largamente. O que ela havia dito? Eu fiquei me perguntando quando o vi se despedir de todos na mesa, dizendo que tinha assuntos pessoais para resolver e levou minha mãe com ele, pude notar que a mão de meu pai rodeava a cintura dela, e eles iam juntos a caminho de seus aposentos, então ouvir a mesa explodir em risinhos e comemorações.
Então me lembrando dessa historia, fiz o mesmo com aquele Príncipe em minha frente. Seguir em direção ao seu trono, lentamente me inclinei sobre o mesmo deixando bem claro que queria seduzi-lo, estimulando-o com meus dedos em seu pescoço e sussurrando calmamente em seu ouvido. Notei que ele reagira aos meus toques, e então foi sua vez de provocar-me, pensei que iria selar nossos lábios e aquilo fez meus pelos eriçarem, mas apenas continuei estática, não iria deixa-lo me afetar. E então me convidou para uma dança, só então percebi o doce som de uma musica clássica vinda do salão.
Aceitei, seria minha chance de lhe dizer minhas condições que já martelavam em minha mente. Ele não precisaria saber do acordo, pois a ideia havia sido do mesmo.
Ainda não acreditava que havia sido ele, mas por um momento fiquei feliz, mesmo sendo um casamento planejado, havia medo em meu coração de que teria que casar-me com alguém arrogante, hipócrita e cruel. Mas por algum motivo desconhecido ele me passava uma onde de calma e gentileza, mesmo sendo serio ainda seria melhor do que algum engraçadinho, como os que sempre me perturbavam.
Ele dançava com uma postura excelente, mostrando o verdadeiro Príncipe que era. Eu apenas me entreguei à dança, valsávamos pelo salão, notei ameaças de morte vindo de algumas princesas, mas isso só me fez pensar que a cada minuto que passava estava mais próxima da minha sonhada liberdade, e mesmo que não seria livre no papel, seria na vida e nas aventuras que iria viver.
Estávamos trocando alguns sorrisos e então depois de um rodopio resolvi lhe perguntar:
—Gostaria de saber se esta disposto a ouvir minhas condições? Afinal a ideia fora de vossa Alteza, creio que não recusaria o pedido de uma Dama, ou recusaria? — Perguntei receosa, afinal ainda era apenas um plano tinha que saber se ele iria ou não concordar com meus termos.
—De fato não ouviria se não estivesse impressionado com a sua coragem de agora pouco. E eu digo que de fato é a primeira Dama que eu não recuso esta noite. — Ele disse após colar nossos corpos, pude sentir sua respiração misturar com a minha.
—E o que minha pessoa fez para impressionar o Futuro Rei a ponto de me passar àquela brilhante ideia que poderá me fazer livrar dos planos de meu irmão? — Eu sorri, e lembrei-me da minha aparência terrível no jardim. —Foi o vestido enlameado, os cabelos sujos, ou meu rosto manchado de terra? — Ele então sorriu, acho que por ser tão raras as vezes que sorria, seu rosto ficava ainda mais lindo com aquela feição gentil.
—Acho que todos os quesitos, mas teve um em especial. —Fiquei extremamente curiosa o que será que uma jovem suja e destroçada, teria para atrair um Príncipe. — Fora os grandes olhos cor de diamante me observando sob a fraca luz da lua no jardim. Além é claro de ter pulado de sua carruagem. —O completou no fim. —Realmente foi muita ousadia de vossa parte.
Não pude evitar sorrir e sentir minha pele abaixo de meus olhos começarem a arder levemente. Não sabia que ser irresponsável, atrairia um Príncipe.
E então mais alguns minutos se passaram e a dança se encerrou nos afastamos e então nos curvamos.
Quando ia pergunta-lo sobre nossa conversa, Ezequiel meu cocheiro surgiu fazendo reverencias tanto a mim quanto ao Príncipe, pude ver seu espanto quando provavelmente havia notado que era o homem no jardim. Mas o que fazia aqui?
— Algum problema Ezequiel? — Ele então se voltou para mim e pareceu a meu ver bastante aflito.
—Vossa Alteza, acabo de vim da entrada do castelo.... —Ele parou para respirar parecia ofegante, presumi que o que tentara me dizer era importante já que correu ate mim. E então continuou. — Eu vi o Rei Eric chegando com sua carruagem. Ele mesmo me dissera que não viria ao baile não sei qual motivo da mudança de planos. —Ele parecia tentar se desculpar, mas não era sua culpa.
—Miserável. — Balbuciei baixo, mas pude ver os olhos curiosos do Príncipe August sobre mim, e os de Ezequiel que agora parecia pronto para entrar em desespero. Quando disse a ele. — Tudo bem, Obrigada pela informação, Ezequiel, pode voltar.
Ele então se direcionou a saída novamente, então mantive meus olhos na entrada, mas o Príncipe ao meu lado começou a dizer:
—Rei Eric? Não seria seu irmão que esta forçando a senhorita a arrumar um casamento? —Apenas acenei positivamente continuei a encarar a entrada. — Entendo o motivo da raiva então. Ainda não discutimos sobre os termos de condições, mas será um prazer ser seu cumplice e agir como se já a tivesse escolhido. Já que provavelmente não irei dançar com nenhuma outra moça esta noite. — Ele estava insinuando, que já havia me escolhido, independente de meus termos? Se fosse isso eu gostaria de adiantar tudo aquilo e já dar uma resposta ao meu irmão para que o mesmo me deixasse em paz. Então respondi apressadamente.
— Primeiro: Espere meu aniversário de 17 anos, para casar. Segundo: Não me desrespeite, ou me use como premio. Terceiro: Permitirá que eu viaje. Quarto: Não me trate com indiferença não quero ser casada com uma Pedra. Quinto: Espere eu estar pronta para ter herdeiros.
Ele pareceu surpreso por eu esta falando tão repentinamente, mas me ouviu com calma e em seguida disse:
—São condições aceitáveis e possíveis, mas não sei se me convenceu. —Eu tinha uma carta na manga, pois sabia que ele não aceitaria de primeira, mas estava esperando o momento certo para usa-la.
Quando de repente escutei um anúncio:
—Rei Eric de Luvier e sua Acompanhante Princesa Dália. — Pude sentir meu sangue gelar, além de me irritar ele já havia encontrado uma Rainha? Apenas para me mostrar como ele consegue ser rápido. Isso me irritava, essa sua mania de tentar me vencer e passar por cima de mim em tudo.
Ele então me avistou e demonstrou um largo sorriso, que se desmanchou ao ver o Príncipe August ao meu lado. Não era ele que queria que eu me casasse, qual seria o problema agora?
Pude vê-lo caminhar em direção aonde eu e o Príncipe nos encontrávamos, e então percebi que era o momento para usar o baralho inteiro se queria sair vitoriosa.
—Então, não tem mais nada a dizer? Eles estão se aproximando. — Ele disse em um tom mais baixo.
—Sexto: Meu corpo é completamente seu.
Não houve tempo de ter uma resposta meu Irmão já estava perto o suficiente para nos ouvir, mas pude ver o Príncipe com um olhar sobre mim, fui de encontro aos seus olhos, e por alguma razão pude sentir que significava que ele havia aceitado. Como se nos comunicássemos apenas assim.
Então nossos olhares se cortaram, com a chegada de meu irmão.
—Ora, que surpresa encontrar minha querida irmã ao lado do homenageado da noite. Minhas felicitações Príncipe August, espero que minha irmãzinha não esteja tomando seu precioso tempo com bobagens. —Eu realmente perdia a compostura perto dele, não sabia como tínhamos o mesmo sangue correndo em nossas veias eu o odiava. Então ele estendeu a mão para Príncipe ao meu lado.
Por um momento pensei que não iria aceitar as felicitações, mas então, retirou a mão que estava jogada em suas costas e apertou a mão de Eric.
—Obrigado pela presença, devo lhe dizer que a companhia da Princesa Cecília, me deixa muito feliz. — Pude sentir o desgosto em sua voz, não era a voz doce que me arrepiava quando estávamos conversando e sim uma voz dura e ríspida, mas que ainda havia sido capaz de me atiçar, quando ouvi pela primeira vez meu nome sair de seus lábios.
—Claro! Cecília é uma jovem encantadora. —Ouvir isso dele me causava enjoos.
— Então meu caro Irmão o que faz aqui? E quem seria sua acompanhante? — Perguntei em um tom de voz, claramente irritado, fazendo referencia a moça que apenas observava tudo. Quando segui seus olhos pude notar que averiguava o corpo do Príncipe August, desde os pés a cabeça, e aquilo subitamente me deixara ainda mais irritada.
—Ah, que descuido o meu esta é a Princesa Dália, minha futura Rainha. — A moça corou e soltou um leve sorrisinho, que se desmanchou assim que ela notou que eu a encarava. Então ela apenas se curvou meio sem graça. Então meu irmão continuou. — Apenas vim deixar minhas felicitações e ver como estava irmãzinha. —Ele sorriu cinicamente e eu lhe devolvi o mesmo sorriso falso.
POV—Príncipe August
Quando a Princesa Cecília começou repentinamente a dizer suas condições resolvi ouvi-las atentamente.
— Primeiro: Espere meu aniversário de 17 anos, para casar. Segundo: Não me desrespeite, ou me use como premio. Terceiro: Permitirá que eu viaje. Quarto: Não me trate com indiferença não quero ser casada com uma Pedra. Quinto: Espere eu estar pronta para ter herdeiros.
Não me parecia nada fora do comum, mas também não me mostravam grandes benefícios, afinal querendo ou não se nós nos casássemos iria ter que ficar com ela por um bom tempo e precisava saber se seria chato, divertido, tedioso ou ate mesmo prazeroso. Querendo ou não ainda sou um homem.
—São condições aceitáveis e possíveis, mas não sei se me convenceu. — Sabia que ela ainda teria a me oferecer do contrario todo o meu interesse havia sido em vão.
Quando escutei alguém ser anunciado, na próxima vez, se tiver uma, pedirei ao meu tio para ser mais específico com o horário quando mandasse os convites.
—Rei Eric de Luvier e sua Acompanhante Princesa Dália. — Era o tão falado irmão da jovem ao meu lado, pude perceber que assim que avistou o tal Rei Eric, todo seu corpo ficara tenso.
Seu irmão não parecia ter ficado satisfeito quando me notou ao lado dela, para alguém que queria que ela se casasse.
Aproveitei a oportunidade para fazê-la me impressionar novamente me oferecendo algo importante.
—Então, não tem mais nada a dizer? Eles estão se aproximando. — Disse em um tom mais baixo.
—Sexto: Meu corpo é completamente seu.
Agora sim ouvir algo que fez o meu corpo estremecer de desejo.
Apenas olhei em sua direção, ela pareceu ter compreendido que depois desta sexta opção eu aceitaria.
Então seu irmão finalmente chegou ate nós e disse:
—Ora, que surpresa encontrar minha querida irmã ao lado do homenageado da noite. Minhas felicitações Príncipe August, espero que minha irmãzinha não esteja tomando seu precioso tempo com bobagens. — O achei muito convencido para dizer algo de sua irmã. Era obvio que queria apenas provoca-la, aquilo me irritara. Ele estendeu sua mão em forma de comprimento, pensei em recusar, mais minha educação era melhor que isso.
Retirei minha mão das costas e apertei a do mesmo.
—Obrigado pela presença, devo lhe dizer que a companhia da Princesa Cecília, me deixa muito feliz. —Disse no meu tom de voz habitual: ríspido e de poucos amigos.
—Claro! Cecília é uma jovem encantadora. —Não havia gostado dele, algo me dizia que iria causar problemas.
—Então meu caro Irmão o que faz aqui? E quem seria sua acompanhante? — A Dama ao meu lado perguntou irritada, dando ênfase a palavra acompanhante, pude notar que a mesma mantinha um olhar sedutor sobre mim e que eu fiz pouco caso e não retribui.
—Ah, que descuido o meu esta é a Princesa Dália, minha futura Rainha. — Pude notar o olhar furioso da Princesa Cecília sobre a mesma, que apenas sorriu e depois se curvou. Então Rei Eric continuou. — Apenas vim deixar minhas felicitações e ver como estava irmãzinha. — Ele postou um sorriso falso em seu rosto e ver que Princesa Cecília retribuiu no mesmo desgosto.
Sabia que tinha que fazer algo, para nos afastar daqueles dois, percebi o quanto a Princesa ao meu lado se sentia mal na presença do Irmão, então tive uma ideia que a deixaria feliz e provocaria o tal irmãozinho.
— Se nos der licença, gostaria de levar a Princesa Cecília comigo por um momento. — Ela pareceu aliviada e o irmão intrigado. Não esperei resposta apenas estendi minha mão a ela e a mesma aceitou de imediato, então procurei por um momento meu Tio em meio a todos os convidados e o avistei ao lado do conselheiro Basmord, e quando ele finalmente olhou para mim fiz um sinal para ele e o mesmo entendeu de imediato e quase deu pulinhos indo em direção ao meu trono.
Então a levei ao meu trono, subimos os quatro degraus que o afastava do chão. Todos do baile voltaram seus olhares para nós. Meu Tio fez um sinal e a musica parou. Correu e me entregou um caixinha.
—Princesa Cecília de Luvier, aceitaria a honra de se unir a mim em um matrimonio e se tornar minha Futura Rainha? — Abri a caixinha mostrando um anel de ouro puro com adornos de joias preciosas.
Olhei em seus olhos, ela me retribuiu o olhar, sorriu, o mais belo sorriso que eu já havia visto em minha vida.
—Eu aceito ser sua Rainha.
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