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História Um vidro quebrado - Capítulo único - Um vidro quebrado


Escrita por: Autora_CaDantas

Notas do Autor


Olá, depois de um bom tempo distante retorno com essa one original.
Algo bastante diferente do que costumo postar. Espero que gostem. Agradeço aos que leram, comentaram, curtiram ou sei lá.
História original minha e somente minha. Como sempre digo, não plagiar. Se gostou que bom, se não gostou, que bom também.
Boa Leitura. ^.^

Capítulo 1 - Capítulo único - Um vidro quebrado


Fanfic / Fanfiction Um vidro quebrado - Capítulo único - Um vidro quebrado

Então, não sei o que acontece, senti meu corpo flutuar por um instante, mas agora me vejo aqui, em um lugar escuro, ouço gritos e lamentações, não lembro quem sou, nem como vim parar aqui. Na minha frente posso ver uma janela quebrada, minhas roupas estão rasgadas e sujas, assim como meu corpo. Não lembro como é meu rosto, tento ir até a janela ver meu reflexo em um pedaço de vidro pendurado, mas não consigo me mover, meu corpo está paralisado, estou ferido, sinto muita dor, mas não sei exatamente onde é. Começo a chorar, mas não sinto as lágrimas em meu rosto, movo levemente minha cabeça por todo aquele quarto escuro e me pergunto, “Estou dopado? Será que fui sequestrado?” Não sei dizer ao certo, só sei dizer que preciso sair daqui. Sinto-me cansado então fecho meus olhos.

Abro-os novamente, mas lá fora continua escuro, tanto quanto aqui dentro. Não sei quanto tempo se passou, mas tudo parece igual antes, frio, escuro, sujo. Meu único foco é a janela com vidro quebrado a minha frente. Tento mover meus braços, me esforço e finalmente consigo, quando encontro forças suficientes me arrasto até a janela e olho por ela, minhas pernas ainda não funcionam e ainda sinto dores. Não consigo ver nada além da janela, tudo está escuro forço minhas vistas, mas não vejo nada. Fico olhando para fora por um bom tempo, tanto tempo que nem sei dizer. Movo minha cabeça e observo que o quarto não tem porta, tem apenas aquela janela e nada mais. Estou sofrendo, posso sentir, olho meu corpo e vejo que minha roupa está completamente suja algo que me parece sangue, procuro em meu corpo por feridas, mas não as encontro, não sei se o sangue é meu ou de outra pessoa, mas sinto dores, dor intensa mas não sei descrever de onde ela vem. Minha cabeça começa a pulsar e sinto uma pontada, levo minhas mãos à minha cabeça e grito, mais como um urro. Em seguida ouço o som de o meu urro reverberar, para em seguida ouvir mais um urro distante, seguido de outro e mais outro. Não sei dizer como, mas não estou só.

Fecho meus olhos uma vez mais, posso ver posso ver alguma coisa...

— Então tio, pode me balançar? - Uma criança me pergunta sentada em um balanço. Respondo com um aceno e balanço a criança algumas vezes, o dia está bonito, posso sentir o sol em minha pele, a criança sorri cada vez que vai mais alto e mais alto e mais alto... Ouço o grito desesperado e um olhar de pavor naquela criança. Por que? O que aconteceu?  Não estou mais no parque, não há mais um balanço. Abro meus olhos, olho pela janela e lá está ele, o mesmo balanço da minha visão, ele está completamente parado, ouço um grito, me pergunto se era a criança, mas não, era um grito diferente, um grito de um adulto. De longe posso ver um forte luz brilhar, tento gritar, chamar, pedir ajuda, mas não consigo, tento me levantar e me arrastar para sair dali pela janela com vidro quebrado, mas não consigo, minhas pernas ainda não me obedecem. Fecho meus olhos uma vez mais e me vejo sentado em um sofá.

— Então, está confortável? – Uma voz doce me pergunta.

— Sim, estou. Muito obrigado.

— Ah! Logo ela estará em casa, quero muito que a conheça.

— Eu também quero conhece-la. – Respondi.

— O pai dela deve deixa-la aqui em instantes. Estou ansiosa e também nervosa. – A mulher me diz. Levanto do sofá e caminho até ela, a abraço reconfortando-a.

— Não fique assim, meu amor, também estou ansioso por conhecer sua filha, sabemos que já estava mais que na hora disso acontecer, um dia ela será minha filha também. – Digo isso e a beijo com carinho e ela sorri.

— Fico feliz que diga isso.

— Eu te amo. – Eu digo.

— Também te amo. – Ela responde e sorri.

Abro mais uma vez meus olhos, mas continuo ali, naquele lugar escuro, sem vida, sujo que agora consigo sentir que fede, fede a coisa morta, a coisa estragada, um cheiro tão ruim que sinto meu estômago embrulhar. Grito uma vez mais de dor, de incerteza. Eu quero sair daqui, mas não sei como nem onde é aqui. Não sei como vim parar aqui, em minha visão eu parecia feliz, parecia amar alguém, mas quem era ela? Seria minha namorada, esposa? E a filha dela, seria a mesma criança do balanço? Senti minha cabeça doer, gritei fechando os olhos e tive outro flash.

Estava agora em um lugar diferente, parecia um apartamento, eu estava deitado na cama, acabando de acordar, vejo a porta abrir lentamente.

— Bom dia meu amor, dormiu bem? – Uma mulher me perguntava, mas aquela não era a mesma da minha visão anterior, quem era ela? Vejo-me sorrindo e me espreguiço.

— Como nunca antes havia dormido. – Eu respondo e ela se joga ao meu lado.

— Precisamos nos vestir, daqui a pouco meu filho estará aqui, quero que você o conheça. – Ela diz e eu sorrio uma vez mais.

— Estou ansioso para isso. – Eu a abraço e ela se aconchega em meus braços.

Abro meus olhos e vejo a luz forte uma vez mais, tento gritar, mas algo me impede, sinto ser puxado para baixo, uma forte dor percorre todo meu corpo, uma dor tão forte que nunca senti antes. Grito, e pela primeira vez eu emito uma palavra e é um xingamento, sim eu xingo, tão alto quanto posso ouvir, grito e xingo uma vez mais e mais até perder minha voz e minhas forças para eu apagar mais uma vez.

— Querido, querido está tudo bem? – Uma mulher me pergunta, mais uma vez não era nenhuma das outras mulheres, vejo o rosto de uma criança na minha frente, ela parece acuada, eu sorrio.

— Sim, está tudo bem. E com você amiguinha? – Estico meu braço e a criança se recolhe atrás das pernas da mulher.

— Ah filha, não precisa se esconder, esse é meu namorado e um dia será seu padrasto, quero que se deem muito bem, então seja educada e o cumprimente. – A pequena menina olha para a mãe e sorri. Ela caminha em minha direção e me abraça eu retribuo e olho para a mãe da menina que sorri, mas não sinto meu sorriso, eu estou sério, apenas sinto o calor do corpo da criança junto ao meu, meu coração palpita e eu aperto aquele minúsculo corpo ainda mais junto ao meu, agora sim eu estou sorrindo.

Sinto o tempo passar, pareço morar naquela casa, conheço tudo ali, a criança já está mais próxima de mim e a mãe parece confiar bastante em mim também.

— Preciso ir pegar meu celular que deixei na casa da minha amiga ontem, será que poderia ficar com a Grace?

— Sim, claro que posso. Nós iremos nos divertir muito, não é mesmo Grace?

— Simmm! – A menina gritou entusiasmada, a mulher sorriu e deixou a casa. Não vejo mais nada, tudo parece muito rápido, ouço o barulho de vidro quebrando, subo e é a janela, a menina está prestes a pular eu corro e a seguro pelos pés, ela grita pela mãe, eu a jogo sobre a cama e tudo se apaga, ouço a porta da frente se abrir, estou no pé da escada e seguro algo pesado, tudo se apaga, vejo a mulher caída aos meus pés, sangue escorre de sua cabeça, sinto algo quente em meu rosto eu lambo o sangue que escorre por ele e sorrio, consigo ver meu reflexo no espelho da sala sujo de sangue, meu rosto está completamente ensanguentado, mas não é meu sangue, eu sorrio de uma forma monstruosa, aquele não sou eu, não posso ser eu! Eu grito e abro os olhos, mais uma vez estou no lugar escuro, olho pelo pedaço de vidro e consigo ver pela primeira vez minha imagem refletida, tenho sangue no rosto, repito a mesma imagem da cena anterior, lambo o sangue que escorre em minha face e sorrio, um sorriso macabro, mas eu gosto, a sensação é boa, olho minhas mãos e nela seguro uma estatueta, é pesada e preta, mas suja de sangue. Sinto dor e grito: “Não sou eu! Não pode ser eu! Não sou assim, não quero ser assim, não posso ser assim! Como vim parar aqui? É castigo? Me deixem ir, apenas me deixem ir!” Mais uma vez eu urro e ouço gritos ao meu redor, gritos tão desesperados quanto os meus.

Vejo a luz se aproximar, cada vez mais e mais perto de mim, sinto um calor que emana dela, alguém traz uma luz a esse lugar escuro. A pessoa se ajoelha, mas não posso ver seu rosto, sua luz me cega.

— Vá embora! – Eu grito.

— Mas você me chamou. – A luz reponde.

— Não, eu não chamei, vá embora você me cega! – Eu grito.

— Você está em um lugar muito escuro, sabe por quê? – A luz me pergunta.

— Me colocaram aqui, eu não fiz nada. – Digo aflito de olhos fechados.

— Abra os olhos, prometo que conseguirá me ver. – Abro os olhos lentamente e consigo ver, é uma mulher, eu a conheço, sei que sim, mas não me lembro, não lembro de onde...

— Foi você, você me colocou aqui! – Digo com ódio em minha voz.

— Não meu caro, eu não o coloquei aqui, seus atos o colocaram aqui. Não me conhece?

— Não, não sei quem você é.

— Eu fui a primeira. – Ela disse e sorriu. – Quando você se lembrar, me chame de volta, mas dessa vez use meu nome.

— Mas qual é seu nome? Hei, volte aqui! – Eu grito vendo ela se afastar sorrindo, aquilo para ela era alguma piada? Não lembro nem quem eu sou, quem será ela? O nome dela? Qual é o meu nome?!

Me sinto confuso, sinto dor, sinto cheiro de podre, movo meus pés, eles finalmente me obedecem, consigo me levantar, ando de um lado a outro, preso naquele quarto, algumas coisas surgem a minha frente, objetos sujos, sujos de sujeira e sangue, vejo uma bola, eu a pego e me sento no chão, ao lado dela um carrinho, eu conheço aquele carrinho, ouço um grito e fecho meus olhos. Vejo-me criança, devo ter nove anos, estou em um quarto que parece ser meu, ouço o grito e vou até a porta, desço a escada e vejo minha mãe sendo estrangulada por meu pai. Eu quero gritar, mas não consigo, meu pai me olha e grita para eu ir embora, eu não vou, continuo observando, ele a solta e vem para cima de mim, eu pego uma faca sobre a mesa, quando ele se abaixa para tira-la de mim eu corto sua garganta, sinto seu sangue jorrar, minha mãe grita e corre até mim.

— O que você fez?! Você matou seu pai? – Ela grita! – O que você fez? – Ela grita uma vez mais, eu solto a faca no chão e corro de volta ao meu quarto, sento no chão e brinco com minha bola e meu carrinho, eles ficam sujos com o sangue quente do meu pai, sinto o sangue escorrer por meu rosto, eu o provo e sorrio. Minha mãe foi presa, acusada de matar meu pai, ela se mata na cadeia e eu passo a viver em um orfanato, cresço passando de lar em lar, de cidade em cidade, até completar dezoito anos.

Vejo-me com uma mulher ela é linda e eu a conheço, sim, eu já a vi, era ela, linda, ela sorria para mim, ela segurava a mão de um menino que tomava um sorvete, ele deixa cair e chora, eu rapidamente o compro outro e entrego, ele sorri feliz e moça agradece. Estamos juntos na casa dela, está escuro, muito escuro, vou até o quarto do menino eu o sufoco com o travesseiro, e o deixo imóvel sobre a cama, ele parece dormir, sigo até o quarto da mulher e com uma faca eu não dou apenas uma eu dou vinte e sete facadas em seu abdome.  O sangue dela jorra para todos os lados e eu sorrio, ela pergunta por que eu fazia aquilo e eu apenas sorria.

Deixei a casa e a cidade e segui para muitas outras, até uma onde eu fiquei nela para sempre.

Já estive ali, foi onde tive meu flash, depois de acertar a mulher com uma estatueta voltei ao quarto da criança, a janela estava quebrada, mas a menina não estava mais lá, olhei pela janela e ela havia pulado, uma patrulha do bairro parava e prestava socorro à menina que gritava, eles entraram na casa e subiram a escada, eu estava encurralado, não tinha para onde fugir, segurei a estatueta firme em minhas mãos, quando abriram a porta do quarto eu gritei e corri para cima deles com a estatueta. Sinto apenas meu corpo bater no chão. Quando abro meus olhos estou no meu lugar obscuro, o quarto é o mesmo, o vidro quebrado, tudo igual, só não tem a porta, sinto dor, eu grito e tudo me vem a mente, sou um assassino, mato mulheres e seus filhos, gosto de sangue, agora me lembro de tudo.

— Celina, eu digo baixinho. – Celina! – Eu agora grito e a luz aparece.

— Você se lembrou. Finalmente você se lembrou.

— Sim, você foi a primeira, mas o primeiro mesmo foi meu pai. – Eu sorri.

— Eu sei, mas ele não foi premeditado, eu sim, meu filho e eu fomos.

— Você que me trancou aqui?

— Não Brian, você mesmo se pôs nesse lugar, aqui é o seu inferno particular, passamos várias vezes por esse momento, você se lembra, me chama e eu venho. Sempre venho na esperança de que você tenha se arrependido de tudo que fez, para assim eu conseguir salva-lo.

— Várias vezes? Me arrepender? – Eu sorrio. – Não me arrependo de nada, todos tiveram o que mereciam. Todos, todos que matei. Me tire daqui! Me tire daqui!

— Não posso, você se colocou aqui, você precisa sair sozinho. Desculpe, mas preciso ir. Acho que quando eu voltar, você não se lembrará de nada mais uma vez.

— Não, sua vagabunda! Volte aqui, me tire daqui! – Eu grito e fecho meus olhos, meu corpo está cansado, eu apago...

Então, não sei o que acontece, senti meu corpo flutuar por um instante, mas agora me vejo aqui, em um lugar escuro, ouço gritos e lamentações, não lembro quem sou, nem como vim parar aqui. Na minha frente posso ver uma janela quebrada, minhas roupas estão rasgadas e sujas, assim como meu corpo. Não lembro como é meu rosto, tento ir até a janela ver meu reflexo em um pedaço de vidro pendurado, mas não consigo me mover, meu corpo está paralisado, estou ferido, sinto muita dor, mas não sei exatamente onde é. Começo a chorar, mas não sinto as lágrimas em meu rosto, movo levemente minha cabeça por todo aquele quarto escuro e me pergunto, “Estou dopado? Será que fui sequestrado?” Não sei dizer ao certo, só sei dizer que preciso sair daqui. Sinto-me cansado então fecho meus olhos.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, se desejarem deixem comentários dizendo o que acharam. Obrigada por lerem.
kissus ^.^


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