História Uma arma chamada amor - Expectativas

Vestidos, saltos, colares e haja paciência. Um volta a mais pelo cabides de roupas brancas e percebo que foi uma ideia meio chata. Do lado esquerdo, Annie me acompanha anunciando que branco é sua cor. 

-A minha é preto, com certeza. -Digo e olho minha calça e blusa preta. 

Lizz está na mesma área de tranquilidade que eu: A preta. Os cabides pendurados pelo teto dançam desajeitados enquanto as pessoas os passam, minha amiga de ala parece vidrada nas opções, passa cada uma devagar.

-Não tem nem alguma ideia? -Pergunto aproximando-me. 

-Nenhuma e estou nervosa, meu irmão que mora no Canadá vem dançar comigo e não tenho ideia. -Diz enquanto seus olhos se enchem de lágrima e desespero. 

-Calma, eu lhe ajudo a arrasar, vai ser o melhor vestido da sua vida. 

Ela sorri pra mim e estende um vestido preto nada muito agradável aos olhos...

-Não.... -Falo com cara de quem comeu e não gostou. 

Ela devolve e puxa outro.

-Esse? -O vestido segurado por suas unhas curtas é bonito, mas não faz o estilo ainda. 

Faço o sinal de próximo e assim continuamos, enquanto ela escolhe um pra me mostrar verifico todos os meus lados, Rose está indo de um lado para o outro revezando entre ver Cinza, azul e vermelho... 

No vermelho Eva olha os vestidos e seus respectivos preços, nada muito alarmante pelo que já vi. 

Kate ou Katie (Que seja) já escolheu o seu, é azul claro e bem bonito. Desenhos em prata marcam sua cintura e busto. 

Pensei ter escolhido o meu num sobressalto, segurei um preto curto mas logo desisto, Lizz escolhe o seu e me mostro, então pego o que seria o meu e lhe mostro.

-EU QUERO! -Diz e agarra o cabide seguindo para o provador. 

-Ok... -Sussurro só pra mim e continuo lá. 

-Ei.- Eva surge do meu lado e me mostra uma peça de roupa. 

Da pra perceber que é um vestido longo e vermelho, seu decote e quase tão grande quanto o mesmo.

-Bonito é, mas isso vai mostrar tudo, não? -Questiono levemente enciumada.

-Talvez. -Ela me provoca da os ombros sorridente e também vai para o provador.

Minha cabeça automaticamente se desliga da loja, irritantemente o enigma do caso volta; Observe pelos olhos no segredo. Então me vem a lembrança do livro, aquele que peguei emprestado ontem com Eva; o de proverbios. 

Aproximo-me de Katie e sussurro em seu ouvido:

-Tenho uma coisa urgente pra fazer. -Abro a mão desocupada dela e coloco 150 Euros. -Escolhe um vestido pra mim? Te devo uma.

-Sério? -Pergunta e se vira pra mim mesmo estando na fila de pagamento.

Cruzo as mãos implorando e ela confirma com a cabeça.

-OBRIGADA. 

Comemoro agradecida e deixo o local.

O mais interessante de hoje foi a escolha da loja, as meninas já conheciam muito bem e curiosamente ficava perto do museu de Arte, segundo informações de terceiros houve o tal ''incidente'' no local mas ninguém tem noção do que foi.

Chegando em frente ao internado, pago tudo certinho para o mototaxista e entro correndo; mesmo de baixo da chuva disparo para dentro, vejo algumas meninas no salão, na biblioteca... Subo as escadas da minha sala com total cuidado.

Arremesso minha bolsa em cima da cama e vou direto para o livro... É sobre provérbios e tem de tudo sobre eles, de vários lugares e etc. Em ordem alfabética, os primeiros ditos populares são do Afeganistão...

(...)

Chegou na letra P e eu já estou de saco cheio, ouvi as meninas entrando animadas em seus quartos faz 1 hora; enquanto eu busco qualquer coisa com a palavra observar, ou olhos, ou qualquer coisa. 

-Ei. Achei um tempo para te entregar. -Kate entra no meu quarto e fecha a porta atrás de si. 

-Obrigada! -Refiro-me a mesma enquanto coloca um enorme saco preto ao meu lado na cama. 

-O que está procurando? -Pergunta verificando a capa do livro e torcendo a sobrancelha. 

-Nem eu sei. - Bufo e me levanto para ver o vestido deixando o livro em cima do seu colo. 

Abro as abinhas do negócio preto e dou de cara com um vestido quase da mesma cor, Preto meio azulado, rodado e curto, no seu meio tem um cinto que faz parte do vestido. É realmente maravilhoso, porém eu tenho 27 anos na cara e não 18. 

-Só pra deixar claro, você sabe que eu tenho 27 anos, não é? -Pergunto pra ela e aponto para o vestido.

-Sei. -Ela sorri por que fez de propósito. 

Tiro a peça de roupa de lá e coloco bem na frente do meu corpo, ela, claro, não estava prestando atenção... Katie deixava o cabelo fino porém de grande quantidade cair nas palavras escritas em preto.

-Hm, gostei disso. Vou ler bem alto pra você.- Kate parece querer me irritar então continua fazendo-me revirar os olhos...- O que não tem solução, solucionado está... O pior cego é aquele que não quer ver... Os olhos são o espelho da alma...

-Ei ei ei, calma. -Peço quase gritando de euforia.- Repete a ultima. 

-Os olhos são o espelho da alma? -Repete sem nenhum sentimento aparente. 

-Sabia que não ia me arrepender em ler isso. -Falo retoricamente e fecho o livro que ainda está no seu colo. -AH, ME SALVOU MESMO SEM SABER! -Abraço-a pelo fogo do momento e vou, saltitante, colocar o vestido no meu pequeno armário. 

Agora é ver o que isso significa.

(...)

-Você precisa vir aqui... -Aviso para o telefone e consequentemente para Paul.

-Calma Angie  você esta á trabalho... -Sua voz é de desaforo mas com verdade.

- Vai ter um baile e outra pessoa lhe explica o resto, fale com petra. 

-Angie...-Me provoca. 

-Sexta venha, por favor. Arruma um nome avisa para o puto do teu chefe e ele manda uma carona. 

-Angelique, Ele também é seu chefe!

-Ah, PAUL, depois desse caso não mais. -Irritada por não poder explicar mais; desligo. 

-Escolheu o vestido do baile, Srta. Romanov? -Cora, nossa diretora chega tão de fininho que quase caí no chão de susto. 

-Ah, sim, com certeza. -Passiva e. Boa menina respondo. 

Parando um pouco para olhá-la vejo seus óculos escuros; é um espelho. Quantos espelhos tem no planeta terra? Sem contar com o uso comum de espelhos de banheiro e quarto? 

-Srta Romanov? -Sem prestar muita atenção nas suas palavras centrei a visão no reflexo. 

-Belo óculos. -Sussurro e deixo-a sozinha no jardim. 

Como esperado o jantar está se encerrando. 

As meninas já saíram ansiosas para mostrar os vestidos mas algo não funciona pra mim... sinto um aperto no peito, daqueles que só quem realmente está encrencada sente. 

Eva... falei tudo com uma só palavra, ela não sabe quem sou eu... não posso contar, mesmo querendo. 

Nada faminta; junto meu fio de dignidade sobre essa mulher e subo as escadas da ala vermelha. 

Dentro da minha gavetinha ao lado da cama (onde se encontra o fundo falso) também armazena o maiô que Eva me deu. 

Dou um pequeno carinho em Raposa e coloco-o. Deixo a gatinha comendo quando saio, o escuro e ausência de pessoas deixa claro que passou das 21. 

Sozinha e imperceptível, caminho nas pedras até o meu reflexo no espelho da superfície da água. É alucinante ver a frase em tudo, parece que estou louca por uma resposta. 

Pé por pé e já estou submersa, correntes mornas desenham meu corpo lá dentro, solto o ar dos meus pulmões e meu corpo bóia inteiramente para a luz da lua. 

-Pegou o gosto por nadar? -Eva aparece em pé, na beira, com um longo sobretudo preto e seus cabelos num coque meio solto.