Melissa On.
- E porque você está aqui e não cuidando da minha irmã? - Ela perguntou seca e séria, arregalei os olhos.
Eu tossi constrangida e dei um sorriso falso.
- E-eu, hm.. - Sim, eu estava muito nervosa. Pigarrei e a encarei da mesma forma que ela me encarava. - Estou fazendo companhia pro Malik. - Disse mais firme, ela assentiu.
- Acho que agora você já pode ir pra casa. - Disse também firme, olhei pro Malik e percebi o mesmo surpreso com a atitude da irmã.
- Tá. - Olhei pro Zayn e ele negou com a cabeça. - Tchau Malik, depois nos falamos. - Sorri meiga e fui ao meu carro. Era engraçado, a Doniya era exatamente o Zayn na versão mulher, fria e grossa. Cheguei na casa dos Malik e fui recebida por um abraço de Wal, ela estava tão nervosa que tremia.
- Mel, diz, como está minha mãe?! - Perguntou rápido, me sentei no sofá e a olhei preocupada.
- Eu falei com o médico, sua mãe corre risco Wal. - Terminei de dizer isso, ela caiu sentada no sofá chorando fui ao seu lado e a abracei.
- Não sei o que eu faço, a Safaa não fala de outra coisa e toda vez que eu digo algo ela diz que tem medo da mamãe morrer, minha irmã mais velha chegou e só piora a situação. - Ela chegava a soluçar, a abracei mais forte. - Nessa casa, sou eu quem tem que estar dizendo 'vai ficar tudo bem' mas não sei se vai, eu nunca sei. Ninguém me escuta, ninguém me diz a mesma coisa! - Ela tapou o rosto.
- Vai ficar tudo bem! - Eu segurei as mãos dela, ela me encarou e sorriu.
- Não precisa dizer isso porquê ninguém me diz isso! - Ela disse rindo, eu sorri.
- É sério, sua mãe vai ficar bem. - Sorri assegurando ela.
- Você tem que falar com a Safaa, ela agarrou um urso maior que ela e não quer mais soltar. - Ela disse debochada, eu gargalhei alto.
- Temos que tentar distraí-lá. - Eu disse baixinho, a Wal assentiu. Fui até o quarto da Safaa e dei três batidinhas. - Princesinha, eu posso entrar? - Perguntei calma. Ela abriu a porta com literalmente um urso grande.
- Oi tia Lissa. - Disse sem animação e foi até sua cama se ajoelhando sobre ela, ela juntou as mãozinhas e fechou os olhinhos. - Abençoa todos Senhor, principalmente minha mamãe, ela está dodói no hospital e precisa bastante. Dê forças a minha irmã Wal, ela finge ser a mais forte, mas todos sabemos que não é. Abençoa meu mano, o Zayn, ele é um dos que mais estão sofrendo mesmo não mostrando. Abençoa minha irmã mais velha, ela pode ser do jeito dela, mas é minha irmã. E abençoa a tia Lissa, ela é a pessoa que está dando força pra todos. Amém. - Quando ela terminou de dizer isso, eu estava chorando. Ela veio até a minha pessoa e abraçou meus joelhos. Limpei as lágrimas que caiam e me abaixei a abraçando mais forte.
- Vai ficar tudo bem, pode ter certeza! - Eu disse no seu ouvido. Ela assentiu, a peguei no colo e coloquei sentada na cama. - Então o que faremos hoje? - Perguntei.
- Vamos brincar de polly? - Perguntou sorrindo. Fiz uma careta. - Que tal cabeleireiro? - Ela perguntou sorrindo, eu ri.
- Dá última vez que eu brinquei disso o Zayn quase me matou. - Ela riu, estava tão distraída com a risada dela que me assustei ao ouvir a barriga da mesma roncar. - Que tal fazermos algo pra você comer? - Perguntei pensativa.
- Bolo de chocolate! - Gritou, peguei-a no colo novamente e fomos correndo lá embaixo. Ela gargalhava a cada pulo que eu dava.
- O que vocês estão fazendo? - Wal perguntou com seu celular em mãos.
- Ainda nada, mas faremos bolo de chocolate! - Eu exclamei.
- Posso ajudar? - Ela perguntou eu sorri e assenti.
- Qualquer ajuda é bem-vinda. - Falei e fomos até a cozinha, comecei a olhar os balcões para achar os ingredientes, nenhuma das duas estava me ajudando. - Ei, vocês moram aqui, e não eu! - Falei divertida, elas riram e me ajudaram a achar as coisas. - Ao trabalho! - Falei sorridente, começamos a quebrar os ovos, eu quebrei dois e Wal quebrou um, pedi pra Wal me alcançar a manteiga, ela me alcançou.
- Tia Lissa, falta a fari...- Safaa parou no meio da frase, vi que Wal estava com a mão na boca querendo rir, olhei pra Safaa e ela estava com os olhinhos arregalados. - nha. - Completou a frase, olhei para o chão e dei um gritinho fino, a farinha estava toda no chão, olhei pra Safaa que ria, comecei a rir também e com o efeito Wal gargalhava junto conosco.
- Que bagunça. - Disse Wal horrorizada, gargalhamos mais uma vez.
- Eu pego o outro pacote que tem de farinha, depois eu pago sua mãe. - Falei, fui em direção ao balcão mas no meio do caminho eu escorreguei fazendo a Safaa gritar de tanto rir e a Wal riu tanto que faltou ar, olhei brava pras duas. - Estão rindo de mim? - Perguntei travessa, peguei um pouco de farinha e joguei na Wal que também pegou um pouco na Safaa. Sorri e as duas me olharam irritadas.
- Isso vai ter volta! - Wal disse e pegou no chão atirando de volta, eu desviei mas acabei sendo acertada pela Safaa. Peguei mais farinha e fui até a Safaa e coloquei em seu cabelo e nariz, Wal riu mas foi acertada por sua irmã também. Isso acabou virando guerra de farinha.
- Mas que merda está acontecendo aqui?! - Escutamos um grito fino vindo da porta da cozinha, arregalei os olhos e nós três olhamos em direção da voz. Doniya. Fodeu.
- Estamos fazendo um bolo. - Wal disse como se fosse óbvio, Doniya riu sarcástica.
- Vocês estão gastando dinheiro, isso sim. - Ela disse rude. - Você está gastando dinheiro. - Ela disse me encarando.
- Olha, eu pago, eu limpo, não precisa disso tudo na frente das suas irmãs. - Eu disse também rude.
- Mas se eu não falar quem vai fazer isso? - Ela perguntou.
- Sua mãe, é ela quem paga o meu salário. - Eu disse.
Foda-se, ela não te paga pra ti vir fazer bagunça na cozinha dela, ela te paga pra ti cuidar das minhas irmãs. E isso é uma coisa que você não faz direito. - Ela disse, eu me assustei com tamanha brutalidade que ela disse. - Meninas, as duas, vão tomar banho. - Ela disse me encarando.
- Mas.. - Wal ia dizer, mas foi interrompida.
- Mas nada. Agora. - Disse seca, as duas passaram por ela de cabeça baixa, ela veio em minha direção. - Você, arrume isso! - Ela disse, bom, eu não vou discordar. Assenti e peguei a vassoura.
(...)
O tempo passava e as meninas já haviam ido dormir, Doniya subiu para o quarto da mãe e não saiu mais, as meninas vieram aqui embaixo e me ajudaram a arrumar tudo, e depois ficamos olhando TV. Olhamos vários filmes até eu colocá-las na cama. Desci as escadas e me deparei com um Zayn cansado. Ele me olhou e deu um sorriso de canto.
- Oi.. - Disse eu ri.
- Oi Zayn. - Falei.
- Vou lá em cima tomar um banho, depois desço. - Disse eu assenti.
Sentei no sofá e comecei a olhar minhas redes sociais, nada de interessante. Olhei pra TV e estava dando The Vampire Diaries, respirei fundo e continuei olhando. Vi que Doniya desceu e foi direto para a cozinha, ela voltou com um copo em mãos e se sentou no outro sofá, ela pegou o controle e mudou de canal.
- Ei, eu estava olhando. - Eu disse calma.
- E aí? - Ela me olhou.
- E aí que eu estava aqui primeiro. - Eu disse óbvia.
- Tá, e eu não ligo. - Ela tomou um gole do líquido que havia no copo. Bufei e encarei a TV, ela ainda me olhava. - Você não se acha de mais não? - Perguntou.
- Oi? - Olhei confusa pra ela. - Oi tudo bem? Agora responde minha pergunta. - Ela disse.
- Não, não acho. - Eu disse.
- Pois eu acho. - Ela disse seca.
- Tá, isso é sua opinião. - Eu falei no mesmo tom.
- Mas a casa é minha. - Ela disse rude, eu sorri cínica e ela arqueou uma sobrancelha.
- Você mora aqui? Não. E eu aposto que vivo mais aqui do que você! -Falei sem desmontar o sorriso do rosto. Ela se levantou bruscamente.
- Uma empregadinha como você tem que viver aqui mesmo, limpando a sujeira que uma criança faz. -Disse com raiva. Me levantei também.
- Existe uma diferença grande de babá pra empregada. - Eu disse brincalhona e ela arqueou a sobrancelha novamente, e virou o conteúdo do copo que tinha em mãos no chão.
- Limpa. - Mandou seca e séria.
- Não. - Respondi no mesmo tom de voz que ela.
- Eu não estou pedindo, não sei se você percebeu, eu estou mandando. - Falou sombria.
- Você não manda em mim.
- Mas minha mãe manda, e como eu sou a mais velha daqui, eu mando. - Enfatizou o ''mãe''.
- Eu não vou limpar. Eu cuido da sua irmã, e não da sua casa. -Falei.
- Agora! - Gritou. Eu recuei dois passos com o grito. - Estou mandando, droga! -Disse com o tom de voz ainda elevado.
- Não! - Escutamos um grito alto e grosso vindo da escada. Doniya olhou assustada para ele.
- Você tá ai há muito tempo? - Perguntou amedrontada.
- Tempo suficiente para ver o que você se tornou. - Zayn disse sério. Ele veio em nossa direção e parou na minha frente. - Qual o teu problema? - Questionou seco.
- O meu problema? É ela quem implica comigo desde que eu cheguei! - Falou exaltada, me fazendo rir.
- Eu? Lá no hospital você foi muito piranha comigo, sem nem me conhecer. -Falei.
- De que você me chamou? Vagabunda! -Ela ia vindo na minha direção para me bater, mas o Zayn empurrou a irmã para trás.
- Se você encostar nela, eu finjo que tu é homem e quebro a tua cara. - Zayn disse frio, e me assustou. Doniya deu um grito e subiu as escadas correndo. Zayn virou para mim, e tinha um sorriso desenhado nos lábios.
- Você bateria nela mesmo?! - Perguntei ainda assustada.
- Não, só pra assustar mesmo. - Riu de leve. Ele passou os braços em volta da minha cintura me levando para perto dele.
- Obrigada. - Agradeci tímida.
- Eu prometi que não deixaria nada te machucar. - Falou. - Não deixe, nunca, que te menosprezem assim! - Falou irritado.
- É, mas querendo ou não, ela é filha da minha chefe. - Eu disse e ele riu.
- Eu também sou. - Fingiu pensar. - Eu ordeno que você me beije! - Falou sério, mas logo depois sorriu.
- Seu pedido é uma ordem. - Falei sorrindo. Ele me puxou para mais perto ainda, e eu fiquei na pontinha do pé.
O beijo era quente e cheio de paixão. Nenhum beijo foi assim, muito quente. Nos separamos, percebi que deixei ele vermelho. Ele riu.
-Uau! - Exclamou fascinado, me fazendo rir.
(...)
Fui para casa pensando. Minha vida deu uma reviravolta incrível nesses últimos meses. Há alguns meses, eu odiava o Malik, e hoje, bom, hoje eu já meio que amo, - Estranho né, eu sei. - e eu não sei se o mesmo gosta de mim da mesma forma. Deitei cansada e dormi igual a uma pedra.
(...)
Acordei eram mais ou menos 9:45 da manhã, segundo dia que eu falto aula, levantei e fui até o banheiro. Escovei os dentes e fui até a minha cozinha, fiz um lanche básico e voltei ao meu quarto e me vesti. Assim que eu saí de casa, fui direto ao meu carro, seguindo em direção ao hospital.
Cheguei la e encontrei Zayn bebendo água em um bebedouro, me aproximei calmamente por trás e cobri seus olhos.
- Adivinha quem é.
- Mel. - Riu-se. Virou e me deu um beijo na bochecha seguido de um abraço.
- Acertou.
- Adivinha a noticia que eu acabei de receber? - Abriu um sorriso de orelha a orelha. - Minha mãe está se recuperando bem, e já pode receber visitas. Vai ficar tudo bem!
Abracei-lhe instintivamente e ele me abraçou mais forte ainda.
- Eu vou passar em casa, pegar umas roupas e tomar um banho. Você fica com ela?
- Claro.
Ele foi saindo e eu me dirigi ao quarto. Sentei ao lado da Trisha e senti uma necessidade de agradecer, mesmo que ela ainda estivesse desacordada, pelo que ela já fez por mim. Talvez ela nem perceba, mas ela me ajudou muito.
- Então, Oi Dona Trisha, talvez a senhora não me escute, mas eu queria agradecer, de verdade. Obrigada por me dar um emprego, e por confiar em mim para cuidar da sua pequena, mesmo eu não cuidando nem de mim. Obrigada... - Fui interrompida por um pigarreio atrás de mim.
Me virei e vi um Zayn escorado na porta, com um leve sorriso desenhado nos lábios.
- Eu tinha esquecido meu celular aqui.
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