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História Uma Canção de Gelo e Fogo - Capítulo Único


Escrita por: Ventur

Notas do Autor


Está ai minha aposta lançada para o final de GOT, na minha mente sempre foi ela. Espero que apreciem e desculpe qualquer erro futuro, escrevi com pressa e não aprofundei demais as personagens, foi algo raso e sem comprometimento, apenas uma boa distração.

Boa leitura :)

Fire and Blood
https://www.youtube.com/watch?v=Z9lVqYTH2h0

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Uma Canção de Gelo e Fogo - Capítulo Único

O Corvo olhava seu reflexo no espelho, parecia bonito, o cabelo negro estava todo preso para trás como costumava usar, o manto de pelos pretos era pesado e volumoso por baixo da armadura da mesma cor com estampas de lobo de sua Casa. Uma expressão séria estava estampada em seu rosto, apesar da carranca algo em seus olhos deixava transparecer um pouco seu nervosismo e insegurança. Odiava se sentir assim, preso, impotente. Não era a pior coisa do mundo, isso era óbvio, mas aquela noite não estava em seus planos, nunca nada daquilo estivera, para falar bem a verdade. O bastardo do Norte, filho de Ned Stark, de Comandante da Patrulha da Noite a Rei do Norte e daqui a poucos minutos, casado com uma rainha, e não qualquer rainha, para seu pesar.

---- Flashback ----

Jon Snow aguardava de pé, encostado na parede. Olhava a paisagem fria e melancólica de Pedra do Dragão, volta e meia observava os três dragões pairando o lugar, a brisa fria vinda do mar deixava suas bochechas geladas, mas nada que se comparasse ao frio congelante do Norte. Davos estava entretido com o mapa de Westeros esculpido na grande mesa que ficava ao centro da sala de planejamentos. Aguardavam notícias da rainha que já os fizera esperar por um bom tempo. Agora que ele tinha conseguido sua permissão para extrair o vidro de dragão precisava urgentemente voltar para Winterfell, iria reunir um grupo de homens de confiança para cuidarem da extração do minério, enquanto ele estivesse ocupado com assuntos que demandavam mais de sua atenção, pensou em Sansa, esperava que ela estivesse se saindo bem, mas preocupou-se ao mesmo tempo, sabia que a irmã era esperta, no entanto, Mindinho estava sempre ao seu alcance, sussurrando em seu ouvido, isso o irritava, o sentimento de não poder fazer nada com relação a ele era frustrante.

Porém o que mais o deixara pensativo naquela tarde fora a decisão da rainha em lhe ceder o vidro de dragão que Jon tanto precisava. Em um primeiro momento quando a viu precisava admitir que não esperava aquilo, já tinha ouvido histórias da mãe dos dragões, de seus feitos, de sua beleza e até mesmo de seu temperamento difícil, contudo o que ele encontrou foi bem mais do que isso. Ela não era muito alta, o que fazia com que seus cabelos platinados parecessem ainda maiores, ultrapassavam facilmente a cintura, mesmo estando presos, imaginava como ela deveria ficar encantadora com as madeixas soltas e selvagens. A pele alva lembrava um pouco a dele próprio, mas o resto era completamente diferente. Os olhos eram de um violeta sutil e quase poderia se confundir com um azul levemente acinzentado. Quanto ao corpo, Jon sentiu-se um pouco indecente por reparar isso na jovem a sua frente, o pensando de suas curvas o fizera ruborizar. Era sem dúvida a mulher mais linda que já vira na vida.

É claro que o encanto não demorou muito a passar, percebeu que a Targaryen fazia jus a reputação que a precedia, nunca vira mulher mais orgulhosa e irritante que aquela. Embora em seu amago ele fosse da mesma forma, mas é claro que Jon nunca admitiria isso para si mesmo. Ela era extremamente teimosa, preocupando-se com a droga de um trono de ferro e com quem se sentava nele, enquanto perigos muito maiores estavam atrás de muralha e a cada dia chegavam mais perto de Westeros, se não agissem logo, tudo estaria perdido, e não importaria mais quem se sentasse no trono de ferro. Mas a garota de cabelos platinados não parecia entender o que ele falava, muito menos acreditar em sua causa.

Então sentiu-se muito surpreso quando ela aquela tarde decidiu ceder primeiro, esperava que fosse tão teimosa quanto ele, mas não, apesar de saber que havia um dedo de Lord Tyrion nessa história, sentiu-se grato e até um pouco sem jeito por ter sido tão difícil com ela, embora a ideia de que o Norte não iria mais se submeter a reis do Sul ou estrangeiros nesse caso, ainda estivesse forte em sua mente.

Soubera que algo havia acontecido, via de cima da torre a agitação nos Dothraki, mas ninguém no castelo tivera a decência de contar o que havia de errado, pelo menos até meia hora atrás quando a conselheira da rainha, Missandei, pelo que lembrava-se, acompanhou eles até a sala de reuniões dizendo que a rainha e sua Mão queriam falar com ambos antes de liberarem sua volta para Winterfell, a ansiedade estava remoendo o rei do Norte.

Uma agitação veio de perto da porta, mostrando que logo alguém iria chegar ali. Jon endireitou-se olhando fixo para o local. Não demorou para Tyrion atravessar a porta, seguido de Missandei e por último a mãe dos dragões. O coração do Corvo acelerou, não soube se era por inquietação ou pela presença dela ali, era quase desconfortável.

---- Daenerys ----

Andava de um lado para o outro de seu quarto, os passos pesados faziam um som irritante aos ouvidos do anão a sua frente. Daenerys sentia que ela própria poderia cuspir fogo por sua garganta de tanto que seu sangue de dragão fervia em suas entranhas, sentia raiva, raiva de si mesma por ter sido tão estúpida. Já deveria ter aprendido aquela altura do jogo, estava perdendo, os Greyjoy e os Dorneses já estavam perdidos, seus aliados capturados pela rainha usurpadora, e agora para sua situação piorar caíra no plano nos Lannisters, fora enganava. Seus imaculados estavam ou mortos pela frota de Euron Greyjoy ou presos sem suprimentos em Casterly Rock. E para piorar a situação High Garden tinha sido tomada e Ollena Tyrell estava morta, sua única aliada que poderia garantir as provisões para a guerra que estava por vir agora não passava de cinzas, e mais uma vez Cersei Lannister se provou estar a um passo na frente dela. A mãe dos dragões estava ficando sem escolhas, o inverno estava chegando e sabia que seus Dothraki não teriam muito sucesso para lutar em temperaturas baixas demais, mesmo com três dragões, cem mil Dothrakis e dez mil imaculados, além de seus aliados, Daenerys Targaryen estava perdendo.

- Chega de planos inteligentes. – A rainha parou de andar, falando com firmeza para Tyrion. – Preciso agir, antes que perca tudo que me sobrou.

- Concordo, conduto ainda precisamos de aliados e para nossa sorte temos um em potencial bem debaixo de nosso teto. – O anão falava com malicia, um plano maior ainda já estava surgindo em sua mente.

- O rei do Norte. – Daernerys riu de escarnio. – Ele não irá lutar na nossa guerra apenas pedindo ou só por eu ter cedido o vidro de dragão. Ele ainda ousa se recusar a me reconhecer como sua legitima rainha, não vejo opções.

 - E reconhece-lo como rei do Norte também não é uma opção. – A Mão afirmou sentindo a apreensão da rainha. – Porém há uma outra maneira, se o que ele diz é realmente verdade, e reafirmo, se for. – Falou sob o olhar decrescente de Daenerys. – Jon Snow tem razão em dizer que precisamos enfrentar primeiro os inimigos vindos de lá da Muralha. E depois de cumprirmos com nossa parte nesse acordo, Jon e o Norte marcharam conosco para King’s Land.

- E ainda assim continuo em desvantagem, se esse exército for real, irei perder muitos homens, assim como Jon Snow, o que restará para enfrentar sua irmã e seus aliados? – Indagou sem acreditar muito no plano de Tyrion.

- Bom, julgando por ser verdade, se esses...mortos, atravessarem as defesas no Norte, nada restará para Vossa Graça reinar. Mas se não for, Jon Snow terá uma dívida com você. Não é um acordo tão desvantajoso assim.

- E quem me garante que Lord Snow irá cumprir com sua parte? – Questionou com um pouco de cinismo na voz, sua mão lhe respondeu com um pequeno sorriso formando-se em seus lábios.

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Tyrion e Davos permaneceram sentados, enquanto Jon permanecia mais afastado, do outro lado da grande mesa de centro, Daenerys o acompanhava de pé encostada na extremidade da ponta da mesa, Missandei por sua vez ficara perto da porta de saída. Um silencio constrangedor inundou a sala, quebrado apenas pelo pigarreio de Tyrion encorajando a rainha a falar, mas as palavras afiadas pareciam brasa quente em sua garganta, de tanto que a incomodava.  

- Já devem ter percebido a movimentação estranha pelo castelo e claro, minha ausência. – A mulher começou a falar, chamando a atenção do homem de olhos negros. – Peço desculpas pela minha falta de modos, acontece milords que a situação mudou, nas últimas horas recebi notícias de que meus aliados foram atacados pelo exército Lannister, os que não morreram estão desaparecidos. – Falou sem excitação, mesmo devastada por dentro, era possível sentir confiança em sua voz. – Estou sendo totalmente sincera com você Jon Snow pois proponho uma aliança entre nós.

- Estou ouvindo Vossa Graça. – Jon aproximou-se um pouco mais dela, esperança crescia em seu coração.

- Meu Kalasar não pode lutar no extremo inverno por isso ficarão guardando Pedra do Dragão, mas ainda tenho metade dos meus imaculados, o exército de Dorne, a frota Greyjoy restante e é claro, três dragões. – Ela deixou os dragões por último de propósito, sabia que a menção deles faria diferença total ao tom da conversa. – Eles estarão ao seu dispor, assim como minha ajuda. E terá todo o vidro que dragão que precisar como já falamos.

- Em troca de que? – Davos perguntou, os olhos de Jon escureceram mais se é que isso era possível.

- Apoio total do Norte na guerra contra Cersei. – A mãe dos dragões falou com frieza. – É claro que tenho duas condições para tal, a primeira é que antes de mandar todo meu exército para o Norte eu preciso de provas de que o que me diz é verdade, não posso simplesmente arriscar todo meu exército por nada. E a segunda é que se Cersei atacar primeiro que seu exército de mortos você irá honrar o meu chamado com suas tropas do Norte e enfrentar os Lannisters primeiro. – Ela fixou os olhos violetas em Jon Snow, todos o olhavam com expectativa esperando sua resposta.

- É justo. – O rei do Norte disse depois de um tempo de ponderação. Daenerys não expressou o agrado que teve com a aceitação do homem, apesar de estar queimando por dentro.

- Sendo assim Jon Snow...- Aquela parte finalmente tinha chego e a rainha não gostava nada disso, apesar de saber que um dia teria que o fazer para continuar com o reinado Targaryen em Westeros, que fosse então com o rei do Norte. – Proponho selarmos nossa aliança da melhor forma possível, com casamento.

Os olhos de Jon se arregalaram, sentiu que seu corpo começava a suar frio. Por que aquela linda rainha iria querer se casar com um bastardo como ele? Jon não entendia. Davos também parecia surpreso com a proposta, já Tyrion estava satisfeito bebericando um gole de seu vinho, já que o plano tinha sido todo dele, sabia que Daenerys não estava exatamente contente com a proposta, mas ela sabia o que ela melhor para seu reino, ou futuro reino pelo menos.

- Eu não quero ofende-la Vossa Graça, mas não acho que seja preciso tanto... – Jon a olhou aflito. Pela primeira vez a rainha sentiu algo por aquele homem, estava ofendida, já tinha recebido pedidos de casamento de diversos homens importantes e sabia que era cobiça por onde ia, mas pela primeira vez fora ela quem fizera a proposta e aquele bastardo nortenho a estava recusando.

- Tem alguém melhor em mente Lord Snow? – Tyrion zombou do homem de cabelos negros, lamentando a tolice do rapaz.

- Não é isso...- Jon começou alterado, mas fora interrompido pela voz clara da rainha.

- Da mesma forma que você me disse milord, eu também não o conheço, não tenho garantias que irá honrar seu compromisso comigo se voltarmos do Norte vitoriosos ou se eu precisar de seu exército primeiro. – A voz afiada incomodou o rapaz, mais ainda suas insinuações que ele não honrara sua palavra.

- Além do mais isso resolveria nossa situação, nenhum dos dois precisaria ceder. -  Davos falou pela primeira vez, tentando fazer Jon enxergar a razão. – O Norte continuaria tendo seu rei, além de sua rainha é claro.

- E Vossa Graça será rainha legítima dos Sete Reinos pelo sangue, e você milord, rei dos Sete Reinos pelo casamento. – Tyrion completou satisfeito. Jon olhava para ele com incerteza, não lhe interessava nem um pouco casar-se e se tornar rei de Westeros, nem mesmo do Norte ele tinha escolhido, aquilo não era para ele. Mas ainda assim o homem precisava de ajuda para a Longa Noite que estaria por vir, o inverno já estava ali, e quanto mais aliados melhor, além é claro dos dragões, que talvez fosse a chave para derrotar o Rei da Noite de uma vez por todas.

- O que me diz Jon Snow, temos nosso acordo? – Daenerys se voltou para ele com uma expressão quase cínica.

---- Fim do Flashback ----

Agora ele estava de volta a Winterfell, e aquela era a noite de seu casamento. Quando dera a noticia para seus Lords do Norte ele fora fortemente criticado, até mesmo quase perdera o apoio de alguns, porém a situação logo mudou quando Daenerys apareceu com seus dragões sobrevoando Winterfell duas semanas depois de ele ter partido de Pedra do Dragão. Depois da comoção, todos perceberam que ter o apoio da mãe dos dragões era necessário e com o tempo ela ganharia a afeição de seu povo, se restasse alguém para contar história.

Quem mais o desencorajou para esse casamento fora sua irmã Sansa, que era veemente contra aquilo, disse para Jon que mesmo que fingisse que não, ele estava novamente submetendo o Norte a uma rainha no Sul, embora esse casamento fosse apenas fachada, e que ela duvidava muito que um dia Jon governaria os Sete Reinos ao lado de Daenerys, como iguais. Mas o rei acabara logo com o assunto, dizendo que aquilo não lhe dizia respeito e que ele sabia o que estava fazendo. Mas a verdade era que Jon passava noites sem dormir pensando na mesma possibilidade, de se tornar uma sombra por trás da rainha, não temia por sua reputação ou qualquer coisa parecida, mas sim pelo bem-estar nos nortenhos. Deixou os pensamentos sobre isso sumirem como o vento, por hora, ele tinha assuntos mais importantes com o que se preocupar,

O humor de Sansa piorou com a chegada de Daenerys em Winterfell para os preparativos do casamento. A própria rainha, mesma arcou com todas as despesas e além disso trouxe consigo mais previsões para o Norte, não era o bastante para a guerra que estava por vir, mas a ajuda foi mais que bem-vinda por Jon. Mas nem tanto para Sansa que achava toda aquela caridade, como ela mesma dizia, falsa demais.

No entanto o que mais preocupava Jon naquela noite era que estava prestes a se casar com alguém que mal conhecia. Sabia como casamentos arranjados funcionavam, mas nunca pensou que teria que passar por isso algum dia, afinal ele era o bastardo de Ned Stark, ninguém esperava muito dele, então sempre imaginou que um dia conheceria uma moça e que se casaria com ela por sua vontade própria e não pela pressão de outros. A verdade era que apesar da Targaryen estar há alguns dias em sua casa, mal tivera tempo de conversar com ela, a mesma sempre estava com alguém de sua confiança, se não era Tyrion era a sua confidente Missandei, e quando a encontrava sozinha em algumas noites perto da muralha de Winterfell olhando para a infinita escuridão que era a paisagem, Jon apenas a observava, nunca chegando perto o suficiente para não quebrar a magia, por algum motivo achava que qualquer coisa que pudesse falar com ela nunca seria tão perfeito e belo o suficiente como a sensação que tinha ao olhá-la. Os cabelos extremamente brancos voavam para trás por causa da brisa gélida, estava de olhos fechados e a respiração profunda que saia de suas narinas formavam uma pequena neblina a cada sopro, ela parecia apreciar a sensação e Jon achava curioso uma mulher de fogo gostar tanto do gelo.

O casamento não seria nada tão grandioso apesar de tudo, estavam poupando suprimentos para o inverno e gastar uma boa parte em apenas uma noite não agradava nem a Jon ou a Daenerys, pelo menos nisso eles concordavam pensou o rei do Norte. Fora avisado que logo a cerimonia começaria e Jon partiu para encontrar seu destino. Ouvia o galope rápido de seu coração preencher seu ouvido, havia algo na boca de seu estomago, poderia dizer que era a mesma sensação que tinha de minutos antes de uma guerra começar.

Decidiram que o casamento seria do modo antigo, casaria debaixo do grande presepeiro de Winterfell, aos olhos dos Deus Antigos, como era de costume dos Stark. O rapaz mal conseguia manter o sorriso simpático para aqueles que o cumprimentavam ao decorrer de sua passagem até ficar em frente ao mestre da cerimônia, que seria o próprio Sor Davos. Ele lhe deu uma piscadela para encorajar o rapaz, Jon suspirou profundamente, ajeitou-se em seu lugar com as mãos cruzadas atrás nas costas, aguardando a entrada da noiva.

Uma música tocou ao fundo e todos olharam para a entrada do bosque, aos poucos uma figura toda branca começou a surgir através da noite. Por um momento Jon esquecera-se de como respirar e mesmo sem notar seu coração havia desacelerado, a sensação de outrora havia desaparecido e há muito tempo Jon Snow não sabia o que era sentir uma fração de paz interior. Daenerys Targaryen não usava o branco comum das noivas, seu vestido era de um azul muito claro, parecido com o céu, havia adornos dourados nos ombros e na cintura, os braços estavam desnudos e por cima uma grossa capa de pele branca a cobria, porém o que mais se destacava na jovem rainha era o decote que exibia um grande colar de corpo de dragão, se envolvendo do pescoço e descendo até um pouco acima dos seios. O corvo quase não notara Tyrion acompanhando a moça até ele, sentia-se bobo, mas ao mesmo tempo não conseguia desviar o olhar dela, e da mesma forma a Targaryen tinha os olhos fixos em seu futuro marido. Ficaram a frente, esperando que desse início a cerimonia.

- Quem vem até os Deuses nesta noite? – Sor Davos começou em voz alta e clara.

- Daenerys, da Casa Targaryen, veio para se casar. – O Lannister disse simplesmente. – Uma mulher crescida, nobre de nascimento. Apresenta-se para pedir a benção dos Deuses. Quem se apresenta para reivindicá-la? – O anão se dirigiu para Jon.

- Jon...da Casa Stark. – Ele deu um passo à frente e disse com incerteza, ainda não tinha se acostumado com a legitimidade que a rainha lhe concedera, sempre seria um Snow. – Herdeiro de Winterfell e rei no Norte. Quem dá a mão dela?

- Tyrion, na Casa Lannister. – Houve uns murmúrios e Tyrion pode sentir o desprezo das pessoas ali presentes, o que apenas lhe deu mais vontade de estar ali, com o sorriso cínico nos lábios.  – Que é Mão da rainha.

- Vossa Graça, Daenerys Targaryen, você aceita esse homem? – Davos se volta para a moça, enquanto o homem de cabelos negros a olhava com expectativa, ele parecia ser o único ansioso ali, ou pelo menos o único que demonstrava isso.

- Eu aceito esse homem. – Falou sem suspense.

- Pois bem, eu por meio deste, selo essas duas almas, as unindo como uma só pela eternidade. – Davos olhou para Jon, como se esperasse algo, depois de um silencio o rapaz deu levemente de ombros, sem entender. – Você já pode beijar sua noiva.

Ele engoliu em seco, aproximou-se com cautela, esperando que o mero toque o queimasse. Depositou delicadamente uma das mãos no pescoço, deslizando até a nuca, com a outra mão aproximou-a pela cintura. Sentiu-a tremer um pouco sobre seus braços, imaginou se era por causa do frio. Os lábios mal encostaram e palmas, gritos e assovios foram escutados ao longe, não foi um beijo apaixonado ou longo, mal começou e a rainha já afastou-se dele, o rapaz notara algo estranho em seu olhar.

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Estava finalmente casada, mas isso não a fazia se sentir bem. Muito pelo contrário, descobrira que seu marido era um ser muito difícil e solitário, pelo menos com ela, era raro quando ele lhe dirigia uma ou duas palavras. Ela nunca conseguia decifrar o que estava escondido por trás naqueles olhos negros, era frustrante demais. Sempre teve dezenas de homens aos seus pés, mas Jon Snow, ou melhor, Stark agora, não parecia sem um pouco interessado nela, na verdade pensava que ele gostava de ignorá-la e apenas conseguia arrancar algumas palavras dele se fosse para falar sobre as estratégias de guerra ou do treinamento do seu exército.

Daenerys esteve em boa parte de sua festa de casamento tentando conhecer um pouco mais os nortenhos, querendo ou não agora ela era a rainha deles e precisava conhecer seu povo para ser uma boa governante. Quanto ao rei do Norte, ele passara quase todo tempo sentado em seu trono improvisado cheio de peles que ficava no final do salão, dando uma visão ampla de tudo, volte e meia o flagrava olhando para ela, mas quando percebia logo o homem desviava o olhar ou disfarçava bebendo de seu copo. Ela já estava ficando impaciente.

Antes de ele pudesse voltar a observa-la, a mãe dos dragões já tinha sentado ao lado do Corvo.

- Quer dizer que meu marido não aprecia a presença dos meros mortais. – Ela brincou com o fato de Jon ter estado isolado quase a festa toda. – Por que não se junta a nós? -  Inclinou-se para ele, a voz saíra mais sedutora do que pretendia, desconcertando o rapaz por alguns instantes.

- Infelizmente minha senhora...seu marido ainda não aprendeu a habilidosa arte da dança. – Jon admitiu com um pequeno sorriso. – Mas talvez, você possa me ensinar. – Completou quando notara a pequena decepção naqueles olhos violetas, por um momento sentiu que nunca mais gostaria de ver aquilo nos olhos de sua esposa, principalmente se o motivo da decepção era ele. A Targaryen sorriu aceitando o desafio.

- Meus cumprimentos ao casal. – Tyrion apareceu, tirando a atenção da rainha para o anão, que estava ligeiramente alterado, provavelmente devido ao álcool em seu sangue. – Havia me esquecido de como os nortenhos sabem dar festas prazerosas. – O pequeno leão teve que virar a cabeça para um par de garotas bonitas que haviam acabado de passar por ele. Jon achou que aquela não era uma conversa apropriada para uma rainha ouvir, no entanto pareceu que ela já conhecia aquela história tendo em vista que apenas revirou os olhos para o anão.

- Então um brinde a minha Mão, Lord Tyrion, sem ele não estaríamos tendo esse banquete e muito menos essa união. – O anão concordou veemente enquanto bebia e cambaleava um pouco. O Casal riu com a cena.

Daenerys viu quando uma garota de cabelos vermelhos e pele pálida aproximava-se deles, ela a lembrava da irmã mais nova de Jon, Sansa, a qual inclusive a rainha não tinha mais visto depois da cerimônia do casamento.

- Milord.- Ela se curvou deixando Jon ligeiramente desconfortável. – Venho cumprimenta-lo em nome da casa Karstark, todo o Norte se lembra, e lembrará para sempre do sacrifício que o rei do Norte teve que fazer para o bem de seu povo, somos imensamente gratos, meu senhor. – A garota falava com uma devoção exagerada.

Daenerys teve que piscar alguma vezes incrédula, aquela menina estava mesmo dizendo na frente de sua rainha que o casamento era um sacrifício para Jon? Ou estava apenas ignorando completamente sua presença ao lado do rei? A segunda opção parecia a mais provável, a mãe dos dragões olhou para Jon, com indignação, esperando para saber qual seria a resposta dele para aquela ousadia.

- Obrigado Alys. – Incomodado com a situação, fora a única coisa rápida que passou pela mente de Jon, dispensou Alys com um aceno e a ruiva relutantemente se juntou a multidão. Sentiu um olhar o fuzilando, então achou mais sensato não encarar sua esposa naquele momento.  Passaram-se longos minutos até Jon decidir que era o momento para falar com ela. – Então...vai me ensinar agora? – Daenerys virou para encará-lo, sorriu de uma forma que fez o homem temer por sua vida.

- Eu não quero mais fazer isso com você agora. – Antes que Jon pudesse responder ela já tinha saído da cadeira ao lado da sua, juntando-se aos homens no Norte e alguns Dornerses bêbados que arriscavam alguns passos de dança numa melodia agitada. Olhou-a divertir-se e rir com eles, sem olhar para sua direção uma única vez. A atitude o irritou.

- Essa mulher é tão sutil quanto um terremoto. – Reclamou para Tyrion que ainda estava ao seu lado.

- Acredite Jon Snow, você nunca irá se sentir entediado. – Continuaram olhando a garota de cabelos platinados dançar pela pista, seu corpo se movia ao som das batidas e à medida que a música se tornavam mais lenta, sua dança também era, tornando-a muito mais sensual do que de costume para Jon e não só para ele tendo em vista os olhares de a rainha recebia.

- Você acha que eu devo...você sabe. – Tyrion tinha uma expressão confusa no rosto enquanto o rei do Norte enrolava-se com as palavras. – Sabe, fazer com ela...está noite? – O homem tentava deixar o assunto meio vago, apesar de estar corando um pouco, falar sobre isso com o anão era constrangedor, mas já não era de hoje sua preocupação com aquela noite em especial.

- Pelos Deuses homem! Você se casou com uma mulher com sangue de dragão nas veias. – Exclamou o anão como se fosse evidente. – O que você acha Jon? – Tyrion saiu de perto do rei acenando com a mão como se estivesse desistindo da causa, um homem que vira tanta coisa, enfrentara monstros, literalmente voltou da morte e ainda assim era inocente demais com as mulheres.

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O bastardo do Norte era um dos últimos homens a sair do salão, tentara procrastinar ao máximo, talvez ela até já estivesse dormindo. Não era medo o que sentia, ele sabia o que fazer, por assim dizer, mas algo com Daenerys o fazia perder o foco.

Também não queria uma situação tensa entre eles, se ela já o afastou apenas por causa de um simples beijo na cerimônia de seu casamento, imaginou o que aconteceria se ele tentasse algo a mais. Ficara na dúvida com ela. Daenerys Targaryen era sua incógnita.

Parou em frente a porta de seu quarto, olhando a madeira por um longo tempo. “Mate o garoto e deixe o homem nascer Jon Snow.” Lembrou-se nas palavras e Aemon para ele, contexto totalmente diferente, mas bem propício para aquela situação, achou graça do pensamento apesar do nervosismo.

Entrou. A encontrou em pé diante do espelho, seu reflexo o observou entrar e fechar a porta atrás de si. Ela estava com um robe branco, levemente transparente e revelava bem seu corpo, era quase impossível não olhar, gesto que não foi despercebido pele rainha que lhe entregou um olhar diferente. Jon foi até seu guarda roupa, xingando-se mentalmente enquanto estava de costas para ela.

- Achei que nunca mais viria. – Ela comentou quebrando o silencio.

- Estava apenas aproveitando a festa. – Mentiu descaradamente e em segundos a expressão suave dela mudou para uma carranca. – Não é todo dia que você se casa. – Rolou os olhos, que coisa estúpida de se dizer.

- Assim espero.

Jon tirou a armadura, ficando apenas com uma camisa branca larga e calças pretas que se colavam ao seu corpo, mas eram confortáveis e iam até metade dos joelhos. Era estranho trocar de roupa na frente de alguém, mesmo este alguém sendo sua esposa. Quando virou a viu mais próxima a ele, com os braços cruzados em frente ao peito.

- Quem era a mulher de cabelos vermelhos que falou com você? – Perguntou diretamente.

- Alys Karstark. – Respondeu simplesmente, mas pelo silencio de usa esposa ela esperava por mais informações. – É uma das Ladys do Norte, vassala da Casa Stark como todos os outros. – Jon tentou ser o mais breve possível.

- E você já se deitou com ela? – Seu rosto era impassível, mas desejava profundamente que a resposta fosse não.

- É claro que não! – Jon enraiveceu-se com a pergunta absurda.

- Do jeito que a garota te olhava parecia que estava pronta para se jogar na sua cama com um estalar de dedos seu. – Daenerys podia sentir o rosto ficando quente, deu um passo à frente ficando mais próxima ao rei do Norte.

- O seu ci...- Jon baixou o tom da voz, dizer ciúmes parecia muito presunçoso de sua parte. – A sua desconfiança te deixa cega, o que viu foi gratidão, apenas isso.

- Não foi um Karstark que seu irmão Robb matou por traição? – Ela trincou os dentes. – Não imagino o porquê de ela estar agradecida a você. – Falou com insinuação.

- Parece que anda sabendo demais sobre meu povo e seus conflitos, por que? – Jon aproximou-se com certeza suspeita da Targaryen.

- São meu povo agora também! Ou já se esqueceu? – Ficaram próximos o bastante para poderem sentir o cheiro um do outro, o olhar tenso de Jon era sustentado pelos raivosos de Daenerys. Ele se afastou dela, dando um longo suspiro cansado.

- Ela era filha de Lord Karstark, todos os outros Lords no Norte me aconselharam a entregar o castelo Karstark para outro que não tivesse se aliado aos Bolton como eles, mas não acredito que devamos julgar os filhos baseados nos erros de seus pais. – A mulher pensou que aquela era uma história familiar. – Então resolvi que o certo era deixar o castelo para quem era seu de fato, é por isso que ela é grata a mim. – Apesar de Jon sempre notar olhares diferentes por parte da jovem depois daquele dia, mas não achou apropriado contar para sua esposa naquele momento.

- Saiba que não irei tolerar traições de sua parte, meu rei. – Não estava mais tão irritada quanto antes, mas não conseguiu deixar seu orgulho de lado, queria deixar bem claro para ele que ela não seria como outras rainhas do passado, ou ele seria somente dela, ou não seria de mais ninguém.

Jon não respondeu, por um instante a encarou, pensando se todas as noites de sua vida seriam assim a partir de agora. Teria que se preparar para o temperamento daquela mulher. O homem deixou-a, indo para perto da cama, colocando sua espada, que ainda estava em sua mão, encostada ao seu lado da cama, sentiu aqueles olhos violetas o seguindo atentamente. Ouviu uma risada de escárnio.

- Está com medo Jon Snow? – Provocou usando o “Snow” de propósito.

- Com você agindo feito uma louca. – Não era algo incomum, Jon aprendera a dormir sempre com sua espada por perto quando ainda estava na Patrulha da Noite. Mas decidiu rebater a provocação. – Eu deveria temer mesmo. – Antes que pudesse se virar com sua expressão mais cínica para a rainha, ele já estava sendo empurrado para cima da cama, sentiu o peso da Targaryen todo em seu corpo e se sentiu estranho, inquieto. Fora pego de surpresa com o tapa no rosto que levou, mas não demorou muito até ele conseguiu agarrar seus dois pulsos, fazendo-a parar.

- Jamais me chame de louca, jamais. – Disse alterada, pela primeira vez viu expressões reais em seu rosto, os olhos lacrimejavam eram agora de um violeta profundo, escuros como duas pedras ametistas. A expressão “Rei Louco” passou pela mente de Jon e ele entendeu seu erro.

O Corvo a empurrou para baixo ficando por cima da moça, tentou encostar o menos possível seu corpo contra o dela. O robe que ela usava caiu um pouco para o lado e rapidamente a loira cruzou os braços protegendo os seios desnudos. Jon a admirava, ela era tão linda, os cabelos selvagens estavam completamente soltos, como ele imaginou na primeira vez que a vira, caiam suavemente por seus ombros e se esparramavam pela cama, era sua esposa e mesmo assim parecia tão longe de seu alcance.

Ele pegou uma de suas mãos e forçou para cima, mesmo com ela tentando ao máximo prender sua mão junto ao peito.

- Nunca sem o meu consentimento Jon Snow! – Vocifero com ira estampada eu seu rosto. Ele levou a mão até os lábios calmamente e a beijou suavemente, fazendo-a estreitar os olhos e relaxar um pouco.

- Me perdoe. – A voz saiu rouca e baixa aos ouvidos da rainha. – Eu lhe fiz uma promessa essa noite minha rainha, eu nunca irei me deitar com outra mulher, nunca irei trair sua confiança, eu serei apenas seu e a partir dessa noite eu irei amá-la, pela eternidade. – As palavras saíram de sua garganta com tanta facilidade que até mesmo Jon surpreendeu-se. – E um Stark nunca quebra uma promessa.

O rei do Norte sentiu profundamente que precisava beijar os lábios carnudos de sua esposa, pegou-se olhando para eles no mínimo umas três vezes esperando uma resposta dela que nunca veio. Daenerys passou as mãos pelos braços dele até chegar a nuca, não se importando agora com os seios descobertos, ela notou a luxuria através dos olhos negros de seu marido e gostou disso mais do que o normal, queria ser desejada por Jon. Mordeu levemente o lábio inferior antes de puxar o homem para si, fazendo seus lábios se encontrarem pela segunda vez naquela noite.

Os lábios frios dele foram totalmente aquecidos por ela, a língua pedindo passagem para aprofundar o beijo que Jon o fez sem resistência. Seu sabor para ele era agridoce, assim como ela, amargo no começo e por fim completamente doce, Jon soube naquele instante que nunca mais iria querer beijar outros lábios se não os dela.

Suas mãos enroscavam-se no cabelo platinado que o lembrava de um lugar quente e seguro, onde ele poderia ficar sempre que o frio do inverno o quisesse tomar. Deixou que seu corpo caísse, entrelaçando suas pernas com as dela, sentindo a pele macia tocar na sua. Ela o beijou no pescoço e o rapaz sentiu aquele arrepio familiar em seu ventre, seu corpo o traia, deixando mais do que obvio seu desejo pela rainha.

Daenerys correu sua mão pelo peito de seu marido por cima da camisa, passando pelo abdome até chegar na cintura, sem cerimonias ela esticou o tecido da calça colocando sua mão para dentro da mesma e acariciou o membro rígido do homem. Jon arfou com o contato direto soltando um gemido de prazer pela garota. A rainha sorriu com malicia entre os beijos vorazes que trocavam. Ela subiu suas mãos até a camisa dele, mas foi parada rapidamente, com as mãos do homem segurando seus pulsos.

- Não. – Ele a soltou, saindo de cima da moça, ficando de joelhos na cama. – Desculpe...eu não posso. – Jon desviou o olhar envergonhado, Daenerys franziu o cenho sem entender.

- Por que não pode?  - Ela perguntou suavemente, não estava irritada ou algo do gênero, via o conflito interno nos olhos do rapaz, mas não o motivo. – O que há de errado? – Perguntou se sentando.

- E-eu não posso...- Falou negando com a cabeça, parecendo distante de alguma forma.

- Está tudo bem. – Ela aproximou-se, virando o rosto dele para olha-la. Sorriu levemente. – Pode me contar Jon.

Aquele sorriso, de alguma forma o lembrava de suas memórias de infância, onde, apesar de tudo, era seguro e brilhante como o céu azul. Ele confiou naquele sorriso e ainda mais na dona dele. Jon lentamente tirou a camisa, jogando o tecido para o chão do quarto, não olhou diretamente para a Targaryen, não queria ver o olhar de asco naqueles olhos que tanto o cativavam.

- Sei que não é uma visão agradável. – Disse antes de finalmente encará-la, não havia repulsa ou algo parecido, mas talvez curiosidade. Ela aproximou-se mais, as pontas de seus dedos roçavam a pele imperfeita cheia de cicatrizes, cada elevação uma facada, uma história por trás da traição imperdoável. No seu coração estava a maior cicatriz pelo que ela pode notar.

- Então a história da facada no coração não era apenas um modo de falar. – Ela sussurrou mais para si mesma do que para Jon, lembrou de Tyrion falando do drama dos nortenhos.

- Infelizmente não. – Riu sem entusiasmo. Daenerys passou seu olhar novamente para o rosto de Jon.

- Venha, deite-se comigo e me conte o que aconteceu. – A rainha o guiou, até se deitarem lado a lado.

Jon contou a traição da Patrulha da Noite e como seu juramente tinha terminado, ela escutava tudo atentamente, o que o encorajou a contar até mesmo de sua infância em Winterfell sendo um bastardo de Ned Stark, sua relação com seus irmãos e com a falecida Lady de Winterfell. Contou de suas aventuras para lá da Muralha, mencionou Ygritte algumas vezes, mas a mulher não pareceu ter raiva como teve com Alys, então continuou. E logo depois fora a vez da Targaryen contar sua história desde o momento que fora vendida para Khal Drogo até o momento de seu retorno a Westeros.

Ele sentiu uma raiva sem sentido do irmão Viserys, e não gostou do tal Daario Naharis, mas decidiu não comentar nada a respeito e somente ouvi-la falar. De alguma forma pensou que gostaria de estar lá para protege-la, cuidar dela, mas sabia que a mãe dos dragões não precisava que ninguém cuidasse dela mesma, era autossuficiente demais para isso. A Khaleesi dos Dothraki era uma mulher incrível aos olhos de Snow, renascida do fogo e das cinzas, literalmente. Sofrera tanto desde de sua adolescência, que apesar do humor ácido muitas vezes, era impossível não sentir empatia pela moça.

Jon apreciava sua companhia e sentiu que gostaria de saber tudo sobre a mulher ao seu lado, era fascinante ouvir histórias de lugares distantes, campinas vastas e desertos tão quentes como o frio do Norte, a pele levemente bronzeada da rainha fazia jus a isso, em contraste com a sua própria, Jon parecia como a neve. Imaginou se um dia depois de tudo aquilo acabar ele poderia conhecer tais lugares ao lado de sua rainha.

- Acha mesmo um sacrifício estar casado comigo? – Ela perguntou depois de uma longa risada com algo que Jon havia dito, estava virada para ele com a cabeça apoiada nos braços.

- Eu acho que seria um tolo se achasse que é. – O corvo respondeu com simplicidade, olhava para o teto pensativo. – Estou casado com a rainha dos Sete Reinos, Mãe dos Dragões e a mulher mais linda de Westeros. – A encarou, pela primeira vez vira a Targaryen ruborizar levemente. – O que mais eu poderia querer? – Sorriu.

- Creio que tivemos muita sorte Jon Snow. – Sussurrou com um olhar cumplice que Jon captou. – Eles permaneceram em silencio por um determinado momento até a rainha o questioná-lo mais uma vez. – Por que não falava comigo? Nas noites em que me via pelos muros daqui?

Jon sentiu-se pego em flagrante, não imaginava que ela sempre soubera dele, observando-a, temeu que ela pudesse ver isto de forma errada, ele não era nenhum perseguidor ou algo do tipo.

- Eu não sei, acho que você estava muito distante para alguém como eu. – O homem virou também para ela, ficando frente a frente. – Qualquer coisa que eu pensasse em fazer ou dizer não parecia bom o suficiente. Acho que eu não queria quebrar o encanto.

 - Ainda se sente assim?

- Um pouco. – Admitiu com um sorriso amarelo.

- Então não sinta Jon Snow. – Disse baixinho, encarando seus grandes olhos ônix. O olhar intenso vez Jon arrepiar.

Com certa incerteza ele se aproximou-se mais dela na cama, o quarto parecia mais frio que o normal, e ele sabia que iria se sentir mais quente se tivesse o corpo dela colado ao seu. O fogo da lareira estava quase apagado, deixando o quarto quase escuro por completo. Ele pôs uma das mãos em cima do ombro da moça, a respiração calma dela o deixou mais confiante para o que desejava fazer, deslizou e tecido fino do robe para baixo, sem pressa.

O toque frio de Jon lhe causava sensações estranhas, diferente do fogo selvagem que ela estava acostumada. Encolheu-se debaixo de suas mãos fria, logo seu corpo inteiro estava ao relevo, desnudo, o tecido que a cobria havia caído pela cama. Ela o deixava acaricia-la enquanto apenas o observava, seus olhos negros percorriam seu corpo, conhecendo cada pequeno detalhe. Tremeu com as sensações que seu marido lhe causava, ele pareceu perceber pois no instante seguinte estava em cima dela, o contato de pele contra pele a aqueceu.

Suas bocas se encontraram apenas uma vez, rapidamente, enquanto Jon beijava seu pescoço, descendo para a mandíbula e clavícula. Passou rapidamente pelos seios, a provocando, um protesto involuntário saiu da garganta da rainha. Sua língua passou suavemente pela barriga e abaixo do umbigo, mordiscando o local. Então ele desceu ainda mais, fazendo a mulher ficar curiosa, olhou para baixo e encontrou os olhos maliciosos de Jon.

Ela nunca tinha recebido um beijo naquela parte mais intima de seu corpo. No começo sentiu certeza estranheza com o ato, mas a cada movimento deleitável que ele fazia com a língua, a rainha sentia mais ondas de prazer atingirem seu corpo, a sensação inebriante de estar completamente relaxada começou aos poucos, timidamente e sem avisar a extasiou, dos pés à cabeça ela pode sentir a vibração. Jon apertou firme suas coxas quando Daenerys gemeu em alto e bom tom, imaginou que toda Winterfell poderia ter ouvindo-a.

- Isso é o que os nortenhos fazem? – Mordeu o lábio ainda ofegante puxando Jon para cima de si.

-Não, só eu.  – Sorriu enquanto a beijava. Desceu suas mãos até o cós de sua calça, desamarrou a pequena corda do cinto, ajudando-o a se livrar da última peça de roupa que os separava. Num movimento rápido a mulher se pôs por cima do rei. Ela pode sentir o membro rígido contra seu baixo ventre. Jon a colocou sentada em seu colo, Dany se abaixou lentamente, querendo sentir cada pedacinho da sensação de ser preenchida por ele.

O rei gemeu em seu ouvido quando ela começou com os movimentos de vai e vem, ele se sentou para poder dar atenção aos seios da garota dessa vez, beijava, lambia e mordia levemente. Agarrou a polpa da bunda da moça, guiando seus movimentos. Jon olhava a expressão de prazer de sua esposa e gostava demasiadamente de proporcionar isso a ela. Ele se controlava até então, mas no momento que a Targaryen olhou-o de cima, algo ascendeu em Snow, uma chama longínqua, escondida por baixo de uma camada de gelo. Os olhos num violeta profundo, a boca levemente aberta, as curvas de seu corpo que se encaixavam perfeitamente em suas mãos, as sobrancelhas arqueadas, quase o desafiando.

Tirou-a de seu colo, jogando-a no meio da cama, por cima dos vários travesseiros, a penetrou profundamente como se a gana de fazê-la sua fosse muito mais urgente e muito mais voraz agora. Sentiu as costas arderem com os arranhões dela, mas não se importou, o prazer do momento era maior do que qualquer dor.

Naquela noite o rei e a rainha não viram quando o sol nascera, nada era mais importante do que ficar o dia inteiro na cama um com o outro, trocavam beijos e cariciais a maior parte do tempo e conversavam quando estavam cansados demais para repetir o ato. Ouviram mais tarde batidas de Tryon e Davos na porta, preocupados se nenhum dos dois havias se matado ainda, Jon tratou de expulsa-los depois de explicar de tudo estava bem, ao menos por enquanto.

 

Dias depois...

 

Havia se passado quase duas semanas depois do casamento. Winterfell estava funcionando vigorosamente. A cada dia mais e mais suprimentos vinham para que o Norte pudesse suportar a grande guerra. O rei tratava de treinar os futuros soldados contra os Outros, mesmo alguns Dothrakis mais corajosos e fieis decidiram lutar no frio com sua rainha, ela mesma havia ensinado algumas palavras para Jon não ficar tão perdido com eles. Daenerys fez questão de ficar encarregada de fabricar as armas com o vidro de dragão e soube que havia tirado um grande peso das costas de Jon. Ela sentia-se diferente em relação a ele ultimamente. As vezes no decorrer do dia pegava-se pensando em seu marido, preocupava-se com ele quando o rei precisava sair de Winterfell. E era inexplicável o que sentia quando ele a olhava de longe pelos pátios de Winterfell quando se encontravam ou ainda mais quando ela estava em seus braços em sua cama, se sentia ansiosa, como se seu coração pudesse parar de bater a qualquer segundo e internamente, ela desejava que Jon se sentisse da mesma forma.

Fora em uma das manhãs mais frias que ela passara no Norte, que acordou assustada com batidas fortes na porta de seu quarto. Olhou para o homem atrás de si que dormia silenciosamente aconchegado em seus longos cabelos.

- Jon. – Tirou o braço dele de cima de sua cintura, ele murmurou algo inteligível, mas não abriu os olhos. – Jon tem alguém na porta. – Ela o sacudiu com mais força, no mesmo instante que a batida na porta fora repetida. O corvo abriu os olhos negros quase no mesmo instante, levantou cambaleando da cama, pegou o seu robe e o vestiu a caminho da porta. Daenerys sentiu subitamente o frio a atingir. O rei abriu a porta e atrás dela um guarda surgira, ofegante e nervoso.

- Vossa Graça, tem algo que o senhor precisa ver.

Jon correu até o pátio, havia uma multidão de gente lá, todos em volta de algo. Ele abriu passagem entre todos até que chegou ao meio, a pessoa que ele viu o paralisou, um misto de sensações passava pelo coração do rei.

- Olá Jon. – Bran cumprimentou impassível, algo vindo atrás de Jon chamou-lhe a atenção, em meio a tantas cabeças morenas e ruivas, um cabelo platinado se destacava, ele a reconheceu de imediato de suas visões. A garota Targaryen passou pelo mesmo caminho que Jon fizera e se posicionara atrás dele, procurou a mão de Jon se agarrando a ele, olhando com confusão de Bran para Jon. Bran sorriu, o destino agia de formas estranhas. – Preciso te contar algo.

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Um ano depois...

 

O coração dela pesava, sentia-se congelar, literalmente, naquela caverna. Corria o mais rápido que aguentava, sendo puxada por Jon. Seu corpo estava mole, fraco e seu espirito destruído. Lembrou da imagem de Drogon sendo morto pelo Rei da Noite, e voltando como algo que ela nunca tinha visto antes, era monstruoso. E agora o dragão de gelo tinha literalmente devorado os dois irmãos, Viserys e Rhaegal, seus filhos estavam mortos.

Jon agora era a única coisa que ainda a mantinha de pé, respirando. A caverna escura era tão gélida que a mulher quase não conseguia mais andar, parecia que correr lhe causava ainda mais frio, o fogo do seu sangue de dragão estava congelado em suas veias. Ela estava paralisada. Quase todo seu exército estava preste a perecer, perderam muitas vidas importantes naquela noite, e seu coração estava partido, Dothrakis, homens do Norte, imaculados, todos se foram.

A guerra estava um caos lá fora, quando Daenerys caiu de Rhaegal Jon a viu de longe caída na neve, correu ao seu alcance, agarrou seu braço e fugiu para achar um lugar seguro, ela era sua prioridade agora e a manteria segura. Correram do Rei da Noite montado em seu agora dragão de gelo e conseguiram se esquivar de sua rajada pulando para dentro de uma caverna húmida.

- Jon...pare, eu não consigo mais. – Gemeu de forma dolorosa, sentia uma profunda dor em suas costelas, achava que tinha quebrado alguma, mas nada se comparava com a dor de ter Rhaegal morto, seu último dragão. Jon parou ofegante e desnorteado, olhou para ela indeciso, mas desembainhou Garra Longa de sua cintura, entregando-a para Daenerys. – Não...não...não Jon por favor. – Ela já tinha entendido.

- Hey, olhe para mim, está tudo bem...tudo bem. – A confortou com seu abraço, queria que o momento nunca terminasse, eterniza-lo na memória, pois sabia que seria seus últimos instantes com ela. Odiava ver aquele traço de tristeza em seus olhos, odiava ter que ser assim. – Eu preciso que faça isso por mim, por nós.

- Não, e-eu não quero que seja eu, eu não posso fazer isso, não consigo. – Daenerys achou que nunca tinha chorado tanto em sua vida como naquele dia, a vista era quase embaçada e a voz mal saia.

- Escute, Daenerys Targaryen. – Jon segurou em seus ombros fazendo-a encará-lo. – Nascida da tormenta, Mãe dos Dragões, Rainha dos Sete Reinos. – Limpou suas lagrimas da bochecha com o polegar. -...meu único amor. Tem que ser você, sempre foi você e eu preciso que seja você. - Acariciou o ventre da sua esposa suavemente, por dentro Jon sentia a dor do rosto que nunca conheceria, dos primeiros passos que nunca veria ou da risada que nunca iria ouvir. – Eu preciso que você salve o mundo amor.

A mão que Daenerys segurava a espada tremia, mal conseguia a deixar levantada. Jon a aproximou, encostando sua testa na dela, de olhos fechados os dois sentiam mais do que palavras poderiam descrever. O rei a puxou para um beijo urgente e voraz, queria sentir cada pedaço de sua boca, sentir pela última vez seu cheiro inebriante, a pele macia por baixo de suas mãos ásperas. O gosto de sal de suas lagrimas era notável. Pensou uma vez que teria medo da morte, e um dia sentira quando fora deixado sangrando, sozinho no frio. Mas agora a morte lhe acolheria e seu destino naquela terra estaria cumprido. Não, não era medo o que sentia e sim apenas calma, Jon sabia que ela faria o que era certo, ele confiava nela, confiava em sua esposa, na mãe de seu filho, na sua rainha.

- Avy jorrãelan. – Ela sussurrou perto de seu ouvido.

O baque não foi grande, ele continuava de olhos fechados e o gosto de sal aumentou eu sua boca assim como o gosto de metal que aparecia sutilmente. Não havia dor. Abriu os olhos, encontrou Daenerys chorando mais do que antes, mordia os lábios com força a ponto de sangrar, tocou seu rosto e sorriu, sua última lembrança daquela vida seria o rosto de sua amada e estava feliz por isso.

A mãe dos dragões sentia o liquido quente escorrer pelas mãos, o cheiro característico invadiu seu olfato. Uma luz começou a brilhar singelamente, mas a cada segundo aumentava-se mais e mais, ela percebeu que não era apenas uma luz e sim o fogo, o fogo Targaryen que Jon carregara a vida toda dentro de si, um fogo azul.  Era a mistura perfeita de fogo e sangue. A espada brilhava mais e mais, ofuscando sua visão, um grande tremor veio a seguir, impactando tudo ao seu redor, logo após os ventos do inverno sopraram de forma sobrenatural diante dela afastando tudo que havia em volta. Suas roupas estavam em chamas, ela estava em chamas, contudo nada fora mais forte e estrondoso que o grito que saíra de sua garganta, o lamento da viúva que faria até mesmo o Rei da Noite temer e que fez toda Westeros e todo o mundo conhecer quem era Daenerys Targaryen.


Notas Finais


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